quarta-feira, 20 de junho de 2012

Entrevista: Fortress - Quebrando Barreiras

Conversamos com a banda de Florianópolis/SC
De Florianópolis/SC, numa cena em ascensão, encontra-se a banda Fortress, formada por Marcelo Zibetti (vocal), Marcelo Rosa (guitarra), Pierre Buchmann (Baixo), Jarlisson Jaty (bateria), que, em pouco mais de um ano, já mostra que tem uma base sonora impecável.
Donos de um único lançamento até agora, o EP “Shatter This Prision” (2011), a jovem banda passou por mudança na formação, com a chegada de novo baterista, além de vários shows pela capital de Santa Catarina e prepara as gravações de seu debut.
Conversamos com exclusividade com Zibetti, Rosa, Ferreira e Buchmann, que, sempre muito profissionais, responderam algumas perguntas para o Road to Metal, falando da temática do EP, de como foi o trabalho de composição, tanto sonora quanto gráfica (com o renomado artista Gustavo Sazes), a chegada de Jarlisson, a cena de Floripa, e muito mais, que você confere abaixo.
Road to Metal: Olá rapaziada, como estão? Um prazer podermos conversar com a banda, finalmente. Tenho visto que a banda tem se apresentado com certeza regularidade aí em Florianópolis/SC. Como foram os shows e como está a agenda do grupo atualmente?
Marcelo Rosa: Olá Eduardo! Primeiramente gostaríamos de agradecer o convite para esta entrevista e parabenizar o Road to Metal pelo excelente trabalho que vocês estão desenvolvendo em prol do Metal nas suas mais diversas vertentes.
Os shows que realizamos recentemente foram excelentes, pois tivemos uma ótima recepção e interação do público nestes shows. E estes shows têm sido fundamentais, pois estamos testando ao vivo músicas novas que estarão presentes no nosso primeiro álbum.

Banda segue divulgando seu EP e novas composições que estarão no disco de estreia
RtM: Vocês possuem uma história bastante recente, pois surgiram em 2011 e, já de cara, lançaram um EP e trabalharam forte na divulgação. Conte-nos um pouco sobre como a formação da época se encontrou. Como chegaram a formar a Fortress e com qual objetivo?
Marcelo Rosa: A banda completou, agora em junho, 1 ano e 6 meses de existência. Eu, o Pierre Buchmann e o ex-baterista Rafael Dachary já tocávamos juntos em alguns projetos covers, mas paralelamente tínhamos uma vontade muito grande de compor e gravar algo que mesclasse nossas influências, sem seguir uma linha muito específica. Então no começo de 2011, começamos a compor e posteriormente convidamos o Marcello Zibetti para assumir os vocais, pois já conhecíamos o trabalho dele em outros projetos. Com a formação estabelecida focamos em compor e ensaiar, com o objetivo de gravar em setembro de 2011. Porém, após as gravações, sentimos a necessidade de incluir outra guitarra, e na hora pensei no Alvim Ferreira, pois além dele ser um excelente músico é um grande amigo meu de longa data. Posteriormente o Rafael saiu da banda e o Jarlisson assumiu o posto de baterista.

Banda pretende iniciar gravação do disco de estreia ainda este ano
RtM: O baixista Pierre Buchmann vivia em Ijuí/RS. Muitos anos atrás vi sua antiga banda, a Horyon, tocar e lembro que era uma “revolução” sonora o que os caras faziam por aqui. Fiquei positivamente surpreso em saber que o cara seguiu tocando, agora com a Fortress. Como tem sido conviver agora numa realidade de uma capital e fazendo esse Metal encorpado que a banda apresenta?
Pierre Buchmann: Naquela época eu era bem moleque e só queria saber de tocar, não me preocupava com mais nada. Com a Horyon gravamos um EP, tocamos em vários festivais e nos preocupávamos em fazer a coisa bem feita, mas não entendia como funcionava o mercado musical, nem ligava pra isso, só queria tocar. Agora é tudo muito diferente, morei um período em São Paulo e atualmente em Florianópolis, e hoje me vejo mais maduro, consigo compreender melhor as coisas. No Fortress é tudo muito profissional, nos preocupamos com mínimos detalhes, temos reuniões semanais, cada passo é discutido por todos, isso é o grande diferencial.
Pierre Buchmann (baixo)
RtM: O EP “Shatter This Prison” saiu com duas composições, uma arte gráfica incrível de Gustavo Sazes (famoso mundialmente por trabalhar com as maiores bandas da atualidade) e uma produção de alto nível do Adair Daumfenbach (trabalhou com Hangar, Holiness, Trayce, etc). Como foi o processo de gravação das canções? E conte-nos um pouco como é trabalhar com esses dois grandes nomes da arte e da produção, respectivamente?
Marcello Zibetti: O processo de gravação foi, ao mesmo tempo, muito agradável e trabalhoso. Nós chegamos em São Paulo após uma viagem de ônibus que durou 11 horas e algumas horas depois já estávamos no estúdio para iniciar a gravação das baterias. Isso reflete como foram os cinco dias que ficamos por lá. Muito trabalho e pouco descanso. Íamos para o hotel de madrugada apenas para dormir, pois ficávamos o dia inteiro gravando. Mas com certeza, todo esse empenho valeu a pena, pois o resultado final nos agradou bastante.
Bom, falando sobre o Gustavo Sazes. Eu fico impressionado com a capacidade criativa que esse cara tem. E isso pode ser percebido nos inúmeros trabalhos que ele fez, sempre com alta qualidade. No nosso caso, deixamos livre para ele criar o que quisesse. Enviamos a letra da faixa título do EP e, em cima disso, ele criou todo o conceito baseado em sua própria interpretação sobre a mesma. Com certeza, foi uma ótima escolha e ao ver os clientes que o Sazes possui, pois você percebe que o reconhecimento dele não é por acaso. 
Sobre o Adair, podemos dizer que ele tem grande influência na estética final das músicas. Ele é um cara que sabe extrair o melhor de cada um e consegue tirar timbres absurdos dos instrumentos. Além de tudo, é uma pessoa muito atenta ao que vem acontecendo no mercado e sabe dar um direcionamento ideal para cada banda. Além de todas essas qualidades, é um cara muito engajado na união da cena metal.

Banda diante de um ótimo público
RtM: E o nome do EP? Qual a prisão que vocês querem quebrar, ou que o mundo precisa quebrar?
Marcelo Rosa: A letra está relacionada com o fato de você ir à busca do que acredita e derrubar certos muros, grades ou de “quebrar prisões” psicológicas que te impedem de realizar um objetivo, um sonho...
RtM: A faixa-título do EP mostra a banda apresentando uma sonoridade bastante complexa, mas construindo bem cada uma das partes com técnica e melodia. Quem a compôs e qual é a relação com a arte gráfica?
Marcelo Rosa: O responsável pelo embrião da parte instrumental da música foi o Pierre. Ele trouxe os riffs principais, eu adicionei alguns riffs e cuidei dos arranjos. O embrião da letra é de minha autoria, mas de uma maneira geral todos contribuíram tanto na parte instrumental como na construção da letra. E o responsável por fazer a conexão entre o conteúdo abordado na letra com a arte gráfica foi o mestre Gustavo Sazes, como o próprio Marcello Zibetti falou anteriormente.
O novo integrante
RtM: Como tem sido tocar com um novo integrante, o baterista Jarlisson Jaty?
Marcelo Rosa: Tem sido muito legal tocar com o Jarlisson, pois ele tem uma técnica e pegada excelentes. A única dificuldade que temos enfrentado é a distância, pois ele mora em Curitiba(PR) e nós em Florianópolis(SC), então é difícil ensaiar com a frequência que gostaríamos. Mas sempre fazemos o possível para driblar qualquer eventual obstáculo.
RtM: Falando nos membros da banda, sabemos que o Marcelo Rosa (guitarra) e o baterista Jarlisson Jaty também dão aulas de música em instituições. Quais são as atividades relacionadas à música dos integrantes da Fortress fora da banda?
Alvim Ferreira: Os outros membros desenvolvem atividades não relacionadas à música. Eu sou empresário do ramo de alimentação animal, Marcello Zibetti (Vocal) trabalha com Design gráfico e o Pierre Burchmann (Baixo), trabalha em uma rádio AM de Florianópolis. Porém todos os três sempre desenvolveram, em paralelo, atividades relacionadas à música tocando com outras bandas, organizando eventos culturais, sempre trabalhando em prol da cena underground da região.
RtM: “A New Consciousness” traz um lado mais pesado da banda. Nota-se influências de Thrash Metal, especialmente nos vocais mais agressivos. Qual a proposta da canção na parte lírica?
Marcello Zibetti: Acredito que a agressividade presente em "A New Consciousness" reflete a sua mensagem central. Porém, apesar de agressiva, essa mensagem é, em sua essência, positiva, serve como alerta para as pessoas. Um alerta que evidencia como as coisas são impostas à sociedade atualmente seja através de crenças intolerantes, de padrões estéticos e comportamentais ditados pela mídia, de políticos inescrupulosos, entre tantos outros. Os vocais agressivos sintetizam o sentimento de insatisfação, revolta e desprezo por todos esses pontos negativos, enquanto os trechos com vocal limpo tratam de mensagens de reflexão, sugerindo que as pessoas acordem para uma nova consciência, e busquem uma identidade própria, sendo elas mesmas.
RtM: Para quem talvez nunca os tenham ouvido, como vocês poderiam apresentar o som e filosofia do grupo? Que influências vocês possuem que poderiam dar uma ideia aos ouvintes?
Pierre Buchmann: Cada integrante da banda tem uma identidade própria, os gostos são muito variados, e o interessante disso é que a gente consegue misturar tudo, todas as influências e o resultado é o som do Fortress. Na banda todos tem abertura para criar e trazer suas ideias, sempre foi à filosofia do grupo, procuramos não nos rotular embora tenhamos elementos que passam pelo Heavy, Thrash, Metalcore e até mesmo Death Metal.
Marcelo Zibetti
RtM: Como está a cena Metal na região de Florianópolis? Quando estive aí pude conferir uma edição de um festival gospel e pipocaram bandas de qualidade dessa filosofia. De um modo geral, como vocês veem a cena dessa região?
Alvim Ferreira: Infelizmente a cena da grande Florianópolis sempre foi um pouco deficiente, eram poucas bandas de qualidade, consequência da falta de espaço para este tipo de som, a cena acabava se reduzindo a shows de som cover.
Porém, nos últimos dois anos, com o início das atividades da Célula Cultural Mané Paulo, uma casa de show e cultura na ilha, a cena começou a se modificar lentamente e tem conseguido agregar pessoas interessadas em fomentar a cultura underground de Florianópolis.
RtM: Por fim, quais são os planos para este resto de ano e o próximo? Podemos esperar para quando o primeiro disco completo da Fortress? Agradecemos a acolhida e deixem uma mensagem final para quem leu a entrevista. Stay on the Road!
Marcelo Rosa: Pretendemos entrar em estúdio em dezembro deste ano para gravar nosso primeiro álbum, e a previsão de lançamento do mesmo é para o começo do ano de 2013. Mais uma vez gostaríamos de agradecer a você Eduardo Cadore, toda a equipe do Road To Metal e todas as pessoas que sempre estão nos apoiando de todas as formas. Todo esse apoio tem nos dado muita força para seguir em frente. Fiquem ligados nas novidades na nossa página no Facebook (www.facebook.com/FortressBR).

Entrevista: Eduardo Cadore
Revisão/edição: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação e Rock no Tobata

Capa de Gustavo Sazes
Leia a resenha do EP aqui.

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