Quem dera existisse uma máquina do tempo, para poder retornar aos anos 80 e sentir na pele como eram aqueles anos dourados do Hard/Heavy. Eram tantas bandas e artistas da época que estavam estourando que não é fácil dizer quem eram os melhores, porque havia uma infinidade de estilos (musicais e visuais) completamente diferentes.
Um desses
personagens, que viveu e experimentou de perto as glórias daqueles áureos anos
é Ron Keel. Conhecido
pelos seus trabalhos com o Steeler e em seguida com o Keel, no qual gravou dois
grandes álbuns, “The Right To Rock” e “The Final Frontier”, conquistou seu
espaço dentro Heavy Metal e Hard Rock não só pela qualidade de sua música, mas também
pela sua simplicidade e a atitude que tem com o público.
Neste ano de
2014, ele lançou o seu primeiro trabalho solo, sob o nome de “Metal Cowboy”, unindo
o seu lado “Cowboy” com o do Heavy Metal
e Hard Rock, além de mostrar demais influências de outros gêneros no qual Ron
cresceu ouvindo.
Nesta
entrevista, ele fala tudo sobre o álbum "Metal Cowboy", também sobre seu passado glorioso, onde
experimentou o sucesso e trabalhou com lendas como Gene Simmons e Yngwie Malmsteen. (For English Version Clic Here)
Road to Metal: "Metal Cowboy" é o disco que marca a sua estreia como artista solo. Mas, pelo que eu imagino, não é fácil compor um álbum totalmente sozinho, muito diferente quando se tem colegas de banda ajudando, mas também, por outro lado, pode-se explorar outras influências, fazer algo mais pessoal. Gostaríamos que você falasse sobre essa experiência, de fazer um álbum solo.
Ron Keel:
"Metal Cowboy" é um tipo de trabalho muito pessoal, o primeiro álbum
da minha carreira que eu escrevi todas as músicas e criei um novo estilo de
música que combina o meu amor pelo heavy metal com o meu coração cowboy. Eu
ainda sou, como sempre na minha vida, motivado pelo desejo de fazer música e
desafiar-me a criar algo especial. A música deve ser forte o suficiente para levantar-se
contra as críticas, a passagem do tempo, e ir além das últimas tendências e
modismos e eu acho que nós entregamos um clássico atemporal com "Metal
Cowboy".
RtM: Você teve um
planejamento especial antes do disco começar a ser gravado? Já vinha trabalhando
as canções há algum tempo?
RK: O Keel
estava em turnê na Europa em 2012, e eu estava no ônibus da turnê sentado à
mesa com o meu bom amigo, o guitarrista do Keel Bryan Jay. Ele olhou e me e
disse: "Você deve ser apenas o Cowboy Metal, que é o que você é." E
uma luz acendeu dentro de mim quando eu percebi que ele estava realmente certo,
e naquele momento eu tomei a decisão de fazer isso. Logo depois disso, eu
comecei a escrever canções para o álbum, e foi como uma viagem para as partes
mais profundas do meu “eu”. Eu queria ser honesto, me expressar, contar minhas
histórias, mas eu também queria que os riffs fossem fortes, os vocais altos, e
o som teria de captar todas essas peças da minha personalidade.
RtM: As pessoas
focam mais nos discos que você gravou com o Keel, mas muitos não sabem que você
tem grandes influências do Southern Rock e música Country, que são bem
explícitas em "Metal Cowboy".
No seu ponto de vista, pode-se considerar que esse disco é um material
importante paras os fãs que não conhecem esse seu lado mais Southern/Country e
Classic Rock?
RK: Eu adoro
música. Eu cresci em uma época em que
tudo era chamado apenas de Rrock & Roll, ouvindo Judas Priest e Lynyrd
Skynyrd! Black Sabbath e The Eagles, de modo que este estilo é muito
confortável para mim, me sinto em casa. "Metal Cowboy" é importante
para mim, e eu sou muito grato aos fãs que o abraçaram e estão desfrutando
desta música.
RtM: Quando eu (Gabriel Arruda) coloquei o disco pra ouvir pela primeira vez, tudo soou perfeito. A produção e
as composições estão excelentes! A minha preferida, em especial, é a The Last
Ride. Qual faixa e que você definiria como a mais importante desse disco?
Inclusive tem um amigo seu daqui do Brasil que disse que esse é o melhor disco
do ano.
RK: Obrigado,
eu amo "The Last Ride" e também, é difícil pra mim escolher uma
favorita, mas eu acho que ela e "My Bad" são as duas músicas que
realmente capturam o que Ron Keel e "Metal Cowboy" representam!
Também apreciei os elogios sobre a produção e composições. Eu queria grandes
canções, não apenas músicas boas, e eu queria uma produção que soasse tão bem
quanto os álbuns que eu amo ouvir, e eu acho que nós alcançamos esses objetivos
com este projeto.
RtM: Ao ouvir
atentamente o disco, eu percebi que ele tem praticamente de tudo: Hard, Heavy,
Southern, Blues e Classic Rock. Mas o título do álbum, "Metal
Cowboy", me fez ficar com certa dúvida: Esse título é para o fã ter uma
ideia de como é a sonoridade do disco?
RK:
Outro grande elogio, obrigado. "Metal Cowboy" é mais do que apenas o
título do álbum, é quem eu sou! Mas eu acho que ele descreve a música
perfeitamente em duas palavras. Talvez se nós lançarmos a versão em vinil,
podemos incluir todo o título na capa: – “Hard Rockin’ Southern Country Metal
Blues Cowboy” – Ha!
RtM: As músicas
desse disco possuem bastante técnica, destacando a qualidade dos músicos, ainda mais sendo
recheado de influências que vão desde o Hard, Heavy, Southern, Blues e Classic
Rock, conforme toquei na pergunta anterior. Como foi a escolha das pessoas
certas para tocarem no disco, e se você ficou satisfeito com o resultado final?
RK: Acredite,
se eu não estivesse satisfeito, eu não teria lançado. Ao longo da minha
carreira, eu tenho sido muito afortunado por ter trabalhado com tantos grandes
músicos, como os caras do Keel, minhas bandas Iron Horse e Steeler, o projeto
Saber Tiger no Japão, só com muita sorte. O mesmo é verdadeiro para "Metal
Cowboy" que apresenta Mike Vanderhule(Y & T) na bateria, Frank
Hannon(Tesla) na guitarra, tantos outros (a lista completa de créditos do álbum
está em http://ronkeel.com), mas é
importante dizer que todos no álbum não são apenas grandes músicos ou cantores,
mas bons amigos também. Fazer um álbum é
como ter uma festa, e você deseja convidar seus melhores amigos para aparecerem
e comemorar com você!
RtM: O Gabriel
falou de suas favoritas, e eu, Carlos, gostaria de falar de uma das minhas
preferidas, a "What Would Skynyrd Do". Logo que peguei o álbum, foi a
primeira música que ouvi, justamente pelo título! Gostaria que você comentasse mais
sobre essa música, e sobre a influência do Lynyrd Skynyrd em sua música.
RK: Eu amo
essa banda, e, em minha opinião, há dois Skynyrds, o line up clássico original e
o line up atual. Eu amo ambos, mas eu sou um grande fã de seus álbuns mais
recentes, dos últimos 15 anos, e eles têm uma pegada mais Hard Rock agora, bem
como são capazes de escrever canções que têm fortes mensagens como "God
& Guns", "Edge Of Forever", "Something To Live
For". Mas minha canção vai mais além do que somente a música deles, pois o
Skynyrd teve que suportar algumas das experiências mais trágicas e comoventes que a vida pode aprontar para eles, e eles ainda sobrevivem , eles continuam
a trabalhar duro, eles ainda lançam grandes álbuns e fazem grandes shows, e
isso tudo foi a inspiração por trás da minha canção “What Would Skynyrd do".
RtM: E se você
pudesse escolher algumas pessoas para tocar em um futuro álbum, quem gostaria de
ter ao seu lado em estúdio? Algumas de suas influências ou alguns de seus
heróis?
RK: Eu montei
o time para "Metal Cowboy" num piscar de olhos, foi uma combinação
mágica de talentos. Um sonho é trabalhar com Gene Simmons mais uma vez, que
produziu "The Right To Rock" e "The Final Frontier" para o
Keel. Outro sonho é gravar um álbum de “Metal Cowboy” e tocar todos os
instrumentos sozinho. Eu acho que seria meu testamento final.
RtM: Não podemos
esquecer, é claro, da participação da sua esposa, Renee Keel, fazendo alguns
backing vocals em determinadas faixas. E também do vocalista Paul Shortino, do
King Kobra, fazendo dueto na música "Singers, Hookers & Thieves". Como surgiu a ideia de ter a sua esposa participando do disco, e também de chamar o Paul Shortino?
RK: Renee é
parte de tudo o que faço, e ela é a razão pela qual eu ainda estou lutando para
ter sucesso e excelência. Ela é um verdadeiro espírito musical com uma grande
voz e compreensão da harmonia, ela não está nas gravações só porque ela é minha
esposa, ela tem seus méritos. Paul Shortino é um dos meus melhores amigos, e um
dos melhores cantores do negócio, por isso foi realmente demais ter esse dueto
com ele. Ele produziu meus vocais no último álbum do Keel, "Streets Of Rock & Roll", temos
uma amizade muito especial que eu estimo e ele foi matador em “Singers, Hookers
& Thieves ".
RtM: Acompanhado do
lançamento desse disco, você também lançou a sua auto-biografia, que leva o
nome de "Even Keel - Life On The Streets Of Rock N' Roll". Como o
livro ainda não foi lançado aqui no Brasil, não posso ainda dizer nada a
respeito (risos). Mas para ficar com certa curiosidade, o quê os brasileiros
podem esperar desse livro?
RK: O livro está
sendo lançado em todo o mundo, e nós vendemos muitos deles para os fãs no
Brasil. Agradeço aos fãs que o compraram e espero que eles gostem de minhas
histórias e minha jornada em palavras. O livro é um relato muito honesto da
minha vida, desde a infância até os dias de glória dos anos 80 para os bares de
cowboy e a reunião com o Keel. Tomei uma abordagem diferente, não atingindo
ninguém, exceto a mim mesmo, eu conto minha história honestamente sem bater em
companheiros de banda, ex-mulheres ou ex-namoradas. O objetivo era criar um
livro divertido e interessante, compartilhando as histórias que me fizeram quem
eu sou.
RtM: E um pouco de
história agora! Sobre os primeiros anos, com a banda Steeler. O que você pode
dizer sobre a experiência com a banda, e de trabalhar ao lado de Yngwie
Malmsteen também?
RK: O Steeler
foi obviamente muito importante para a minha carreira, o álbum é um grande
marco no Metal e com uma vida própria. Eu conto toda a história no meu livro,
mais do que temos espaço aqui, mas foi uma experiência incrível fazer parte
dessa cena de Hollywood em 1982, 1983 ...
Quanto a
trabalhar com Malmsteen, tivemos nossas diferenças, mas nós compartilhamos um
momento muito especial na história do Rock juntos e vamos estar sempre unidos
pelo fato de que foi o seu primeiro álbum e meu primeiro álbum.
RtM: Após o fim do
Steeler você formou o Keel, e trabalhou com Gene Simmons, vivendo os anos
dourados do Har Rock nos anos 80, vendendo muitos álbuns, clips na MTV...Como foram
esses anos para você, artística e financeiramente falando, e se você vê hoje
algo que deveria ter feito de diferente e que poderia ajudar a banda a ter
chegado num patamar ainda maior?
RK: Aqueles
anos foram um sonho para mim, e o sucesso que tivemos me permitiu continuar a
viver esse sonho por trinta anos. Para um garoto que cresceu nas ruas do lado
pobre da cidade, alcançar meu objetivo de ser uma estrela do rock foi além de
incrível!! É claro que haviam algumas decisões da gravadora por mim, que,
provavelmente, prejudicaram nossas chances de chegar onde queríamos, mas se o álbum
do Keel, o "Streets Of Rock & Roll" de 2010, fosse lançado na
década de 80 eu não tenho nenhuma dúvida de que teria sido multi- platinado.
RtM: E quanto ao
futuro? Já está nos planos um novo álbum do Keel? Ou quem sabe continuar em
carreira solo?
RK: Eu estou
em uma montanha russa, vivendo a vida com a velocidade do Rock & Roll. Vou
continuar a gritar tão alto quanto eu puder, criar música, entreter as pessoas,
e espero vê-los em turnê em um futuro próximo !
RtM: Ron, muito
obrigado pela sua atenção, obrigado por sua música também! Este espaço final é
para você enviar sua mensagem aos fãs
brasileiros, e aos fãs ao redor do mundo!
RK: Por muitos
anos, o apoio dos nossos fãs no Brasil tem sido uma grande fonte de inspiração,
espero que possamos visita-los, vê-los face a face, abraça-los e apertar suas
mãos, e compartilhar um pouco de música e bons momentos. Obrigado por tudo que
vocês me deram, Ron Keel ama vocês!!! Encontre-me em http://ronkeel.com
Entrevista: Gabriel Arruda & Carlos Garcia
Intro: Gabriel Arruda
Tradução/Revisão: Carlos Garcia
Edição: Carlos Garcia
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