Quando nos prendemos a uma confabulação sobre o Heavy Metal nacional, é difícil deixar escapulir o nome do Angra. Afinal, com 23 anos de estrada, a banda é uma das fiadoras em alastrar o Metal do Brasil ao redor do globo, sendo, ao lado do Sepultura, um dos principais nomes do gênero de origem tupiniquim. E mesmo quem não os veneram ou não gostam, o respeito é sempre grandioso, já que, só de nome, possui status fortes. E usando uma frase do ex-vocalista da banda, Edu Falaschi: “Pode mudar a formação toda que, se tiver o logotipo, o pessoal vai comparecer nos shows.” Mas vários problemas, tanto interno e externo, estorvou a banda a ir muito mais além do que está, e a nuvem negra apareceu novamente em 2010, logo após o lançamento do "Aqua", e que se agravou em 2011, na vexatória apresentação no Rock In Rio, que acabou se resultando, no ano seguinte, a saída do Edu do posto de ‘front-man’.
De um 2012 “sabático”
e um 2013 de lavar a alma, o Angra teve que arregaçar as mangas e resolver
várias pendências antes de voltar aos palcos. Um imaginável desfecho sempre foi
um fantasma que incomodou os integrantes depois de tudo que passaram entre 2010
e 2011, principalmente do fundador-membro Rafael Bittencourt, que possui um
carinho enorme com seus fãs. E graças às músicas impactantes, e de fãs que
carrega uma paixão desde a fundação da “deusa do fogo”, a banda aniquilou
qualquer dúvida de quem achava que o Angra deveria acabar, independente de quem
estaria cantando, já que o posto de vocalista foi cenicamente mudado mais uma
vez, tendo as importantes passagens de André Matos e Edu Falaschi.
A reconstrução começou no início de 2013, a começar pelo posto de vocalista, que se encontrava vago desde a saída do Edu. A intenção, desde o começo, sempre foi montar um ‘reality-show’ para escolher quem seria a nova voz do Angra, dando-se em conta que a prioridade era dar atenção ao talento dos brasileiros, mas, no mesmo ano, com um convite para tocar no cruzeiro “70000 Tons Of Metal”, a banda teve que achar um vocalista urgentemente, e através dos organizadores do cruzeiro, foi sugerido o italiano Fabio Lione (Rhapsody Of Fire, Vision Divine), com a intenção apenas de cumprir esse compromisso. Mas devido aos comentários positivos, acabaram resolvendo recrutá-lo para participar da “Angels Cry - 20th Anniversary Tour”, que foi documentado em DVD com o show gravado em São Paulo. E a estabilização do Fabio no Angra não foi só apenas pelo profissionalismo dele, a simpatia e a boa comunicação com o público, já que ele tem o espirito latino, foi essencial pra que ele caísse na graça dos fãs e tê-los na palma da mão facilmente. Na minha visão, respeitando o André Matos e o Edu, Fabio Lione é o que mais se encaixa no perfil da banda.
A reconstrução começou no início de 2013, a começar pelo posto de vocalista, que se encontrava vago desde a saída do Edu. A intenção, desde o começo, sempre foi montar um ‘reality-show’ para escolher quem seria a nova voz do Angra, dando-se em conta que a prioridade era dar atenção ao talento dos brasileiros, mas, no mesmo ano, com um convite para tocar no cruzeiro “70000 Tons Of Metal”, a banda teve que achar um vocalista urgentemente, e através dos organizadores do cruzeiro, foi sugerido o italiano Fabio Lione (Rhapsody Of Fire, Vision Divine), com a intenção apenas de cumprir esse compromisso. Mas devido aos comentários positivos, acabaram resolvendo recrutá-lo para participar da “Angels Cry - 20th Anniversary Tour”, que foi documentado em DVD com o show gravado em São Paulo. E a estabilização do Fabio no Angra não foi só apenas pelo profissionalismo dele, a simpatia e a boa comunicação com o público, já que ele tem o espirito latino, foi essencial pra que ele caísse na graça dos fãs e tê-los na palma da mão facilmente. Na minha visão, respeitando o André Matos e o Edu, Fabio Lione é o que mais se encaixa no perfil da banda.
A “Angels Cry – 20th
Anniversary Tour”, turnê de celebração aos 20 anos de lançamento do ‘debut’
álbum “Angels Cry” (1993), foi à oportunidade dos fãs poderem ver o Angra ao
vivo novamente, que teve passagens por diversos cantos do Brasil, América
Látina e com shows super lotados. A turnê também não seria o que foi devido a
uma grande pessoa, o nada menos que Paulo Baron, um dos nomes mais importantes
no mundo do ‘show-business’, empresário da banda há dois anos e que faz as
coisas de maneira correta e com seriedade. A volta do Angra se deve muito a ele
também, considerando uma espécie de 6º membro.
Passados quatro anos sem apresentar nenhum material inédito, era hora de todos se juntarem para compor músicas novas, e a projeção de como o novo Angra iria soar em estúdio foi muito intensa, lembrando que os dois últimos lançamentos ("Aqua" e "Aurora Consurgens") ficaram bem abaixo do esperado. E, claro, como o Lione iria se comportar diante de seu primeiro trabalho na banda? Na certa, os fãs do Rhapsdoy, imaginavam, de maneira escancarada, que o novo álbum ia ser voltado ao que o Lione está acostumado a trabalhar na sua banda. Já os fãs do Angra tiveram mais perseverança, confiabilidade de seria um trabalho inovador e diferente do que foi produzido nos últimos anos. E é bem isso que encontramos em “Secret Garden”, que além de marcar a estreia do Lione em um ‘Full-Lenght ‘, também traz o jovem baterista Bruno Valverde assumindo as baquetas.
Passados quatro anos sem apresentar nenhum material inédito, era hora de todos se juntarem para compor músicas novas, e a projeção de como o novo Angra iria soar em estúdio foi muito intensa, lembrando que os dois últimos lançamentos ("Aqua" e "Aurora Consurgens") ficaram bem abaixo do esperado. E, claro, como o Lione iria se comportar diante de seu primeiro trabalho na banda? Na certa, os fãs do Rhapsdoy, imaginavam, de maneira escancarada, que o novo álbum ia ser voltado ao que o Lione está acostumado a trabalhar na sua banda. Já os fãs do Angra tiveram mais perseverança, confiabilidade de seria um trabalho inovador e diferente do que foi produzido nos últimos anos. E é bem isso que encontramos em “Secret Garden”, que além de marcar a estreia do Lione em um ‘Full-Lenght ‘, também traz o jovem baterista Bruno Valverde assumindo as baquetas.
Passagens sombrias,
obscuras, melodiosas e até elementos de música Pop, fazem do “Secret Garden” um
disco moderno e contemporâneo, quem ouvir pela primeira vez irá querer
escutar com mais frequência, até porque, em partes, o disco foge dos clichês do
Power Metal Melódico, mas nunca deixando o DNA do Angra de lado, que é colocar
ritmos brasileiros aqui e ali, e um pouco da influencia do Prog Metal também,
fatores esses que tornaram a banda referência mundial. E pra quem já gosta dos
trabalhos nas guitarras do Kiko Loureiro e do Rafael Bittencourt passará a
gostar mais ainda, pois, na minha visão, “Secret Garden” é o trabalho mais rico
na parte guitarrística, com riffs indomáveis e repugnantes.
Como aconteceu em trabalhos como “Rebirth” (2001) e “Temple Of Shadows” (2004), o Angra voltou novamente pra Europa para gravar o “Secret Garden”, e a ungida pessoa pra assessorar a produção foi o sueco Jens Bogren, que conseguiu decifrar muito bem a intensão da banda, retribuindo com uma mixagem esplendorosa. O resultado não podia ser outro, é só consultar o currículo dele pra saber toda a diferença; e na pré-produção a banda ganhou um extra especial, que foi gerenciado pelo renomado produtor Roy-Z, o qual prioriza as principais características do artista e sabe tirar o melhor de cada um. Nas partes de composição e elaboração de arranjos, a presença dele foi fundamental.
Como aconteceu em trabalhos como “Rebirth” (2001) e “Temple Of Shadows” (2004), o Angra voltou novamente pra Europa para gravar o “Secret Garden”, e a ungida pessoa pra assessorar a produção foi o sueco Jens Bogren, que conseguiu decifrar muito bem a intensão da banda, retribuindo com uma mixagem esplendorosa. O resultado não podia ser outro, é só consultar o currículo dele pra saber toda a diferença; e na pré-produção a banda ganhou um extra especial, que foi gerenciado pelo renomado produtor Roy-Z, o qual prioriza as principais características do artista e sabe tirar o melhor de cada um. Nas partes de composição e elaboração de arranjos, a presença dele foi fundamental.
Logo que adquiri o
álbum, já fui pulando para terceira faixa, devido à relevância das duas
primeiras. A faixa na qual eu me refiro é a “Final Light”, uma das minhas
preferidas, com direito a riffs bem insanos e assombrosos. Vale ressaltar o
trabalho do baixista Felipe Andreoli, que segura bem à bronca com um som bem
grave e agudo, acolitado pela luxuosa voz do Lione. Caso alguém se interessa em
descobrir o conceito das letras, especialmente desta faixa, irá deparar o que a
banda estava passando no passado. O refrão reflete isso com clareza: “All the
answers only led us to the edge/A final light never came and never will/So we
fall and rise and walk again/The matter still prevails/The final light is the
path and not the end.” Traduzido pro português: “Todas as respostas só nos
levaram até o limite/Uma luz final nunca veio e nunca virá/Então nós caímos e
levantamos e andamos de novo/A questão ainda prevalece/A luz final é o caminho
e não o fim/Não é o fim.”
“Newborn Me” possui
um “QI” de Prog Metal e um refrão magistral, prevalecendo novamente o trabalho
das guitarras do Kiko e do Rafael, que é um dos momentos mais singulares
durante a execução da faixa. Os ritmos brasileiros, o maracatu, por assim
dizer, aparecem de forma rápida na ponte final da música vinda de passagens de
música latina, também. E quando nos deparamos com o título da faixa, da pra perceber
o relato de uma nova fase do Angra; “Storm Of Emotions” é uma ‘power-ballad’,
que começa de forma amigável e maciça. Ela vai se construindo aos poucos até chegar
no refrão explosivo e titânico, que ganha um bônus com o ótimo trabalho vocal do
Rafael e do Lione cantando muito, como sempre.
E falando do
fundador-membro, no “Secret Garden” o guitarrista Rafael Bittencourt aproveitou
a oportunidade de apresentar os seus dotes como vocalista em um disco do Angra.
“Bittencourt Project” foi o seu primeiro trabalho como músico solista onde há
linhas vocais do próprio, e na faixa “Violet Sky” mostra um timbre de voz bem
mais maduro e aperfeiçoado, que vai desde o mais grave e até alcançando notas
mais altas. Em suma, a faixa tem riffs bem distorcidos e grooveados, mas que
ganha melodia conforme o andamento; “Upper Levels” da uma economizada no peso
para aprimorar a parte técnica dos músicos, englobando mais equilíbrio e feeling,
com o Felipe dando um show nas seis cordas de seu baixo, não esquecendo, claro,
do talentoso baterista Bruno Alverde, que além de tocar Thrash, Power e Death
Metal, consegui imprimir as suas influências de Jazz e Fusion dentro do Heavy
Metal. E uma coincidência legal: o baterista reside na mesma cidade deste
que vos escreve.
As participações
especiais femininas são um dos momentos mais engomados no álbum, começando pela
ditame participação da rainha do Heavy Metal, Doro Pesch, em “Crushing Room”.
Quando a voz da alemã está presente em qualquer trabalho, ou em algum show, não
há erros pra serem apontados. O dueto bem caprichado com o Rafael, a mescla de
música Pop com Heavy Metal e solos marcantes, são os pontos mais soberbos na
canção; a outra participação é a da bela cantora Simone Simons (Epica), que
canta inteiramente a faixa título, enfocando passagens mais épicas e
sinfônicas.
Demais destaques
ficam por conta de “Black Hearted Soul” (rápida e certeira, com solos bem
trincados do Kiko) e “Perfect Symmetry” (tendo belas orquestrações), segue um
pouco dos padrões que o público estava acostumado a ver da banda; e o disco
fecha a tampa com a bela balada acústica, “Silent Call”, onde o Rafael volta ao
vocal principal. Pra mim, ela já virou clássica e é indispensável na lista de
melhores músicas do Angra.
Se o “Secret Garden”
poderá vir a ser considerado uma obra-prima eu não sei, mas que o disco vai ser
lembrando por muitos não só pelo renascimento do grupo, mas também pelas mudanças que trouxe, sejam na formação ou na sonoridade.
O convite está feito pra
você entrar nesse jardim secreto!
Texto: Gabriel Arruda
Edição/revisão: Carlos Garcia
Fotos: Henrique Grandi
Ficha Técnica
Banda: Angra
Álbum: Secret Garden
Produção: Jens Bogren
Pré-produção: Roy-Z
Ano: 2015
Estilo: Power e Progessive Metal
País: Brasil
Selo: E-ar Music
Formação:
Fabio Lione (vocal)
Kiko Loureiro
(guitarra)
Rafael Bittencourt
(guitarra/vocal)
Felipe Andreoli
(baixo)
Bruno Valverde
(bateria)
Track-List
01.
Newborn
Me
02.
Black
Hearted Soul
03.
Final
Light
04.
Storm
Of Emotions
05.
Violent
Sky
06.
Secret
Garden (feat. Simone Simons)
07.
Upper
Levels
08.
Crushing
Room (feat. Doro Pesch)
09.
Perfect
Symmetry
10.
Silent
Call
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