quinta-feira, 1 de maio de 2025

Cobertura de Show: Judas Priest & Queensrÿche – 20/04/2025 – Vibra/SP

Judas Priest e Queensrÿche no Vibra São Paulo: Uma noite histórica de Heavy Metal

No dia seguinte ao Monsters of Rock, São Paulo foi novamente palco de um encontro épico de titãs do heavy metal. No Vibra São Paulo, a Mercury Concerts apresentou duas potências do gênero: Queensrÿche e Judas Priest, em performances que, mesmo após o intenso festival, provaram que o metal nunca descansa — e o público também não.


Queensrÿche: técnica, carisma e uma voz que impressiona

Pontualmente às 19h, com “The Mob Rules”, do Black Sabbath, tocando no som mecânico, o Queensrÿche subiu ao palco abrindo com a clássica “Queen of the Reich”, repetindo a escolha da noite anterior no festival. Em seguida, a faixa-título do aclamado Operation: Mindcrime foi recebida com entusiasmo, com o público cantando em uníssono.

Sem pausas, a sequência seguiu com “Walk in the Shadows”, com a banda — formada por Todd La Torre (vocais), Michael Wilton e Mike Stone (guitarras), Casey Grillo (bateria) e Eddie Jackson (baixo) — demonstrando entrosamento absoluto.

“Breaking the Silence” surgiu como grata surpresa no set, já que não havia sido tocada no Monsters. Aqui, cabe um destaque especial: Todd La Torre entregou uma performance vocal irrepreensível, com potência e precisão.

Em “I Don’t Believe in Love”, no entanto, o grito inicial soou um tanto artificial, com indícios de playback. Ainda assim, a recepção foi calorosa — é um dos maiores sucessos da banda. Em um momento de interação, Todd pediu que as luzes fossem acesas para ver o público e perguntou quem estava vendo o Queensrÿche ao vivo pela primeira vez. Saudou os fãs e também prestou respeito ao “poderoso Judas Priest”, atração principal da noite.

Na sequência, “Warning” manteve o ritmo elevado e “The Lady Wore Black”, que também não estava presente no set do Monsters, trouxe uma chuva de celulares em gravação, marcando um dos pontos altos da apresentação. A semelhança do timbre de Todd com o de Geoff Tate em sua juventude é realmente impressionante.

“The Needle Lies” trouxe de volta o peso do Operation: Mindcrime. A esperada sequência “The Mission” e “Nightrider” foi substituída por um momento intimista em que Todd convidou o guitarrista ao centro do palco e puxou o público para cantar “Take Hold of the Flame”.

Com “Empire”, a banda encaminhou-se para a reta final. Durante a faixa, Todd apresentou os membros da formação. “Screaming in Digital” (do Rage for Order) e a poderosa “Eyes of a Stranger” fecharam a impecável apresentação, deixando um gostinho de quero mais. O Queensrÿche segue em turnê na América Latina com shows no Chile e na Argentina, e torcemos por um retorno breve ao Brasil.


Queensrÿche – setlist:

Queen of the Reich

Operation: Mindcrime

Walk in the Shadows

Breaking the Silence

I Don't Believe in Love

Warning

The Lady Wore Black

The Needle Lies

Take Hold of the Flame

Empire

Screaming in Digital

Eyes of a Stranger





Judas Priest: uma aula de Heavy Metal ao vivo

Quando os primeiros acordes de “War Pigs” do Black Sabbath ecoaram no som ambiente, era claro que o momento do Judas Priest se aproximava. Após a introdução da tour “Clarionissa” tocar, o hino “Panic Attack”, do último trabalho da banda, Invincible Shield, deu início ao espetáculo com impacto: o pano caiu e a banda já estava a postos, sendo recebida por gritos eufóricos.

Sem dar respiro, emendaram com o clássico “You’ve Got Another Thing Comin’”, que levou o público ao delírio com pulos e coros. Rob Halford aplaudiu o público e, após saudar a plateia com um “Vocês estão prontos?”, puxou “Rapid Fire”, que abriu uma roda que permaneceu acesa por boa parte do show.

Na sequência, veio a inevitável “Breaking the Law”, que provocou um dos momentos mais emocionantes da noite: o público cantando as linhas de guitarra durante os trechos instrumentais. Um verdadeiro espetáculo de devoção.

A dobradinha “Riding on the Wind” e “Love Bites” manteve o nível lá no alto, com direito a trechos da letra e imagens do filme Nosferatu nos telões. “Devil’s Child” manteve a performance afiada da banda, que impressiona pela entrega e vitalidade após décadas de estrada.

Uma grata surpresa foi “Saints in Hell”, ausente do set no festival. Com visuais infernais e iluminação vermelha, o clima foi perfeito. Ainda que parte do público demonstrasse cansaço, possivelmente reflexo do dia anterior, a força dos clássicos reenergizava os presentes. Vale destacar: é sempre louvável ver fãs casuais comparecendo e, quem sabe, se tornando novos seguidores fiéis da banda.

Pequenos deslizes de Faulkner na guitarra passaram quase despercebidos — e, na verdade, reforçam a autenticidade de uma banda que ainda toca “na raça”, sem cliques ou backing tracks excessivos. Há, talvez, algum uso pontual de delay nos vocais de Halford, mas nada que comprometesse.

“Crown of Horns” trouxe mais um destaque do novo álbum, com Scott Travis literalmente “brincando” com as baquetas entre as batidas. A clássica “Sinner” reacendeu a roda entre os fãs old school.

“Turbo Lover” foi acompanhada por um verdadeiro mar de celulares e por um coro impressionante do público. Em seguida, Halford sentou-se em um banquinho improvisado e, em tom de conversa, agradeceu pela presença de todos e celebrou a longevidade da banda. Ao mencionar os álbuns do Judas - com exceção daqueles que contam com Ripper Owens nos vocais -, foi saudado com entusiasmo a cada nome citado, culminando na execução de “Invincible Shield”, com o icônico tridente da banda descendo do alto do palco.

“Victim of Changes” manteve a intensidade, com Scott Travis brilhando em cada virada. Em um momento lúdico, Halford brincou com o público, em um “duelo” vocal à la Freddie Mercury. Após agradecer, o grupo executou “The Green Manalishi (With the Two Prong Crown)”, cover do Fleetwood Mac que há muito já ganhou identidade própria com o Priest.

Ao se encaminhar para o fim, veio o momento mais esperado: Scott Travis saudou o público e perguntou o que todos queriam ouvir. A resposta foi unânime: “Painkiller”. Com uma introdução explosiva, foi o ápice da noite, um dos momentos mais intensos do heavy metal ao vivo.

Para o bis, a introdução de “The Hellion” já entregava o que seguiria: “Electric Eye”, mais um clássico absoluto. O som de motores antecipava “Hell Bent for Leather”, com Halford em sua tradicional Harley no palco.

A noite foi encerrada com “Living After Midnight”, colocando um ponto final em uma aula de heavy metal, com presença de palco, técnica, e, acima de tudo, paixão pelo que fazem. O Judas Priest mostrou que continua no topo — e que ali deve permanecer por muito tempo. A imagem final dos telões trazia a frase: “The Priest Will be Back” (O Priest retornará), e assim esperamos ansiosamente.









Texto: Jessica Tahnne Valentim

Fotos: Ricardo Matsukawa

Edição/Revisão: Gabriel Arruda


Realização: Mercury Concerts

Press: Catto Comunicação


Judas Priest – setlist:

Clarionissa (Tour Intro) - *no som mecânico

Panic Attack

You've Got Another Thing Comin'

Rapid Fire

Breaking the Law

Riding on the Wind

Love Bites

Devil's Child

Saints in Hell

Crown of Horns

Sinner

Turbo Lover

Invincible Shield

Victim of Changes

The Green Manalishi (With the Two Prong Crown) (Fleetwood Mac cover)

Painkiller 

Bis

The Hellion

Electric Eye

Hell Bent for Leather

Living After Midnight

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