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sexta-feira, 18 de março de 2016

Tellus Terror: A Vitória do Mixed Metal Styles




O Tellus Terror surgiu com uma proposta complexa, tanto na parte sonora como nos temas da letras, e logo de primeira, talvez não seja fácil digerir o Metal praticado pelo grupo, é fato que tudo que é novo e diferente vai causar certa surpresa de início, mas a qualidade é que vai ditar onde essa novidade vai chegar, e no caso do Tellus Terror o impacto é extremamente positivo, e a proposta da banda recebeu, e vem recebendo, muitos elogios, por parte de público e imprensa especializada.  (English Version HERE)

Denominando sua sonoridade com o rótulo M.M.S. (Mixed Metal Styles), a fim de passar uma ideia  da liberdade que a banda possui em criar sua música, deixando a criatividade fluir, transitando pelo Metal em geral, com peso, extremismo, complexidade e melodia. O resultado pode ser conferido no seu debut com "EZ Life DV8" (2014), álbum conceitual e complexo, mostrando a proposta da banda, que é essa liberdade musical e tratar de temas 100% comuns a humanidade, independente de classe social, raça, credo ou religião.

Felipe Borges, vocalista e compositor, conversou com o Road e falamos, entre outros assuntos, sobre a excelente repercussão do álbum de estreia, um pouco mais a respeito do seu conceito, e ainda sobre o novo trabalho que está em processo de composição. Confira!

Felipe Borges
RtM: Passado algum tempo do lançamento de "EZ Life DV8", como você analisa os resultados obtidos com o álbum, o qual recebeu muitas resenhas positivas aqui e lá fora, inclusive sendo citado em várias listas de melhores do ano?
Felipe Borges: A visão que tenho sobre isso, é que realmente funciona quando uma banda trabalha duro, e se dedica a criar um álbum de Metal, que se tornou parte da nossa história Brasileira com o Metal, assim como milhares de outras bandas fizeram, fazem e farão. Tudo isso é bem bacana, e me traz a sensação de querer trabalhar mais e mais, e isso está refletindo no novo álbum que estamos compondo.

RtM: Quanto a elogiada temática do álbum, o que o levou a optar por esse tema, que é, claro, algo que intriga bastante a humanidade, essas questões de onde viemos, para onde vamos, estamos sozinhos no universo...etc? E que tipo de pesquisa e material você se cercou para realizar as composições, sendo um tema tão extenso e complexo?
Felipe Borges: Quando eu fui acionado por dois ex membros da banda a pensar em criar uma banda de Metal extremo, a primeira coisa que falei foi:
- Só vou criar uma banda e voltar a cantar, se for para falar de coisas que sejam 100% comuns as pessoas, independente da religião delas, classe social, raça, opção sexual etc...
E daí eu criei o nome Tellus Terror (Tellus é planeta Terra em Latim), para viabilizar essa base que eu tinha em mente de temáticas. O álbum "EZ Life DV8", eu planejei toda a temática desde o início da banda, passei a ler sobre alguns assuntos que afetaram e afetam o nosso planeta etc... e o produto final foi esse. Uma viagem incontestável que iguala todos os seres Humanos pelo simples fato de morarmos aqui. 
Um álbum ("EZ Life DV8"), que ao meu ver, mostra o quanto um Sheik da Arábia e um Mendigo da Central do Brasil tem em comum, e que nós não somos nada perto da imensidão que há planeta afora no cosmos.


RtM: E para quem ainda está conhecendo a banda, e a partir daqui está tendo contato com o Tellus Terror, gostaria que você resumisse o conceito do álbum, e também falasse sobre a sonoridade da banda para o leitor que a está conhecendo agora.
Felipe Borges: O conceito do "EZ Life DV8" (Leiam “Easy Life Deviate”), começa falando sobre como tudo começou, conforme o entendimento da nossa espécie, falando sobre como os universos, galáxias, planetas e formas de vida foram criadas, sobre o que a nossa espécie faz com o Planeta, retratando fenômenos naturais surpreendentes como o Equinócio, refletindo sobre como seria o Panorama do fim dos tempos, até a conclusão de que atualmente a nossa raça não é capaz de determinar como será o nosso fim ou futuro.
No meio do conceito, eu tive a ideia tambem de criar uma música fantasiosa chamada "Brain Technology Part 1" (This Is Where It Starts...), onde ao longo dos álbuns lançados, eu sempre farei a sequência da Brain Technology, contando uma história à parte.
Eu também imaginava uma banda onde nada prendesse o processo de composição, pois temas complexos, necessitam de músicas complexas no que se diz, a não usar somente um estilo, mas sim, usar de todos os estilos de Metal, e com isso eu tive a ideia do M.M.S. (Mixed Metal Styles).


RtM: Dentro do tema tratado no álbum, qual desses "enigmas" em especial mais lhe fascinam?
Felipe Borges: Em especial pensar sobre o que há além do universo... se nós somos como pequenos átomos vivendo em algum corpo gigante, se nosso universo faz parte na verdade de um multiverso, onde eles formam um corpo celeste muito além do que podemos sequer imaginar, ou se algum dia alguma espécie mais desenvolvida do que nós, virá nos visitar, e contar sobre coisas inimagináveis...Por que estamos aqui? Por que existimos?

RtM: E dada a extensão do tema, você pensa em dar uma continuidade nos próximos álbuns?
Felipe Borges: Esse segundo álbum que estamos compondo, é completamente diferente do primeiro, em termos de conceito. Ele será conceitual e cronológico, trazendo uma outra temática muito forte e que eu nunca vi sendo abordada antes por uma banda de extremo. Espero que vocês gostem!


RtM: Tocando no assunto do novo álbum, o que mais pode adiantar a respeito dele? Pode nos dar algum "spoiler"? hehehe!!
Felipe Borges: Sim. Estamos no processo de composição do novo álbum, e o mesmo terá 12 faixas, seguindo o mesmo estilo do primeiro álbum, porem muito mais desenvolvido e maduro. Posso garantir que está ficando muito bom!
Uma dica do que será abordado de forma conceitual e fonológica, é que ele mostrará claramente como coisas tão boas e sinceras podem se tornar os seus piores temores quando em excesso ou mal interpretados etc...

RtM: E a respeito do rótulo Mixed Metal Styles que vocês utilizaram para definir a sonoridade do Tellus Terror (afinal todo mundo adora procurar rotular as bandas - e até é compreensível, para haver uma referência-  então vocês já facilitaram, he he he!) , essa questão causou curiosidade? Como você sentiu que o pessoal recebeu e entendeu a proposta?
Felipe Borges: Esse rótulo criado causou bastante curiosidade, e assim que lancei essa ideia, fomos muito criticados e pouco elogiados.
Mas nos mantivemos firmes nessa escolha, e aos poucos as pessoas começaram a entender e passaram a gostar inclusive.
 Cheguei a receber mensagens dizendo que isso era babaquice de adolescente, e a minha resposta foi simples:
- Prefiro brincar de adolescente babaca, seguir em frente sempre, e mostrar meu trabalho, do que ser um fracassado que morreu na estrada e agora fica sentado ás sombras resmungando, e que não faz porra nenhuma para ninguém. Vá a merda! Para mim só vence quem persiste e batalha sem olhar para trás!


RtM: Diante de tanta oferta, tantas bandas que surgem, as facilidades dos canais disponibilizados na internet, que fatores você acha que são cruciais para uma banda buscar seu lugar e se destacar no cenário?
Felipe Borges: Essa pergunta é bem interessante e ao mesmo tempo dá vez a uma opinião que eu tenho, que se você fizer mais do mesmo, as pessoas vão cada vez mais notar que o que era novo e original agora é velho e se repete, e vão buscar novidades. Isso é parte da evolução natural das coisas.
Busque ser original, tenha influências boas como das bandas de Metal da década de 80, 90 até as mais atuais, e crie o seu próprio som usando todas essas bases porém visando o futuro. Sem dúvida você se destacará na multidão, MAS o principal!! Se dediquem a musica de verdade, pensem se vocês realmente amam o que fazem, e se dediquem sem pensar em parar ou desistir.
Todos somos capazes por igual, mas só cresce quem luta!


RtM: E como você vê esse cenário? É possível, ou um dia será viável viver apenas do trabalho com uma banda de Metal hoje em dia? Alguns poucos conseguiram. O que falta para mais bandas atingirem um status maior?
Felipe Borges: Falta profissionalismo!
Viver o Underground é legal, mas profissionalizar o underground é essencial para sermos vistos com bons olhos nos países lá fora, onde o Metal é tratado de forma profissional.
 Aqui temos alguns produtores merdas que queimam nosso nome lá fora, temos bandas arrumando confusão com outras bandas por banalidades, público que só falta dar o rabo para banda que vem de fora, só pelo fato de ser gringa.
Chamo isso de síndrome do sem cultura, que inconscientemente pensa que se der apoio total ao que vem de fora, ele será diferente. Arrume a sua própria casa para viver melhor porra! A casa dos gringos já está brilhando porra! Apoie o que está aqui caralho!

Ensaios para o novo álbum
RtM: Aquela coisa de viver ainda uma "síndrome de vira-latas", na ideia que tudo que vem de fora é melhor.
Felipe Borges: Temos também os que só vão aos shows de banda gringa, porque realmente eles acham que as bandas locais são uma bosta e ele quer ver show de qualidade. O fato é que as bandas do Brasil são boas pra caralho. O que fode as bandas são os produtores safados e filhos da puta que nem um pão com mortadela querem dar para as bandas. Só querem dinheiro da bilheteria e ir embora.
Como que uma banda vai ter um bom som, com um Backline de merda, que nem mendigo da Europa aceitaria como esmola? Poucos são os que prestam aqui no nosso país.
Quando um produtor faz a porra do show decentemente, o show lota, fica foda, os equipos são foda, as bandas detonam no palco e ganham cachê, o público bebe pra caralho, vomitam no banheiro felizes de estarem ali, curtem pra caralho, se divertem até altas madrugadas, vão pra casa trepar e dormem felizes. É simples!


RtM: Além do Tellus Terror, muitas bandas criativas vêm surgindo, sendo difícil rotular algumas, chegando naquela conclusão que é melhor chamar todas simplesmente de Metal. Que bandas novas vêm chamando sua atenção e porquê? Você procura ouvir e busca conhecer novas bandas?
Felipe Borges: Temos tantas bandas novas, e excelentes, que buscam sua própria sonoridade dentro do Metal, que fica até dificil destacar algumas. São várias! Todas as que entram em contato, e compartilham seus materiais eu escuto, e passo a admirar o trabalho delas.


RtM: Felipe, Obrigado pela atenção, esperamos em breve conversar novamente, logo que o novo álbum seja lançado. Fica o espaço final para o seu recado, e também mensagem aos fãs e leitores.
Felipe Borges: Muito obrigado mesmo pelo espaço, e agradeço a todas as pessoas que tiraram um tempo para ler esta entrevista. Espero vê-los na estrada em breve!


Entrevista: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação
Assessoria: Metal Media



"EZ Life DV8" released in 2014
Logo, symbol an album by Seth Siro Anton
Mixed and Mastered at Studio Fredman (Sweden)
Produced by Felipe Borges, Tellus Terror and Fernando Campos


Tellus Terror are:
Felipe Borges - All Vocals, Wederson Felix - Lead and Rhythm Guitars, Nelson Magalhães - Lead and Rhythm Guitars, Arthur Chebec - Bass, Ramon Montenegro - Keyboards and Synthesizers, Thiago Rafael - Drums and Percussions.


Canais oficiais:
Official website
Soundcloud 
Facebook
Youtube




terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Entrevista: Warrel Dane - Passado, Presente e Futuro


Warrel Dane provavelmente é um dos mais cultuados vocalistas do Metal moderno, sendo membro fundador do Serpent's Knight, Sanctuary e do Nevermore, bandas que foram evoluindo e criando um número fiel de admiradores e seguidores, sendo também influência para muitas bandas mais jovens, que se inspiraram principalmente no Progressive Thrash ou Modern Thrash feito pelo Nevermore, mas também muitos esperavam um possível novo trabalho com o Sanctuary, que acabou tendo um fim prematuro, no começo dos anos 90, devido a pressões de gravadora na época em que o Grunge aparecia como a nova aposta comercial, principalmente na cidade natal da banda, Seattle. 

O Sanctuary deixou dois álbuns que se tornaram cult, e após o seu fim, Warrel e Jim Sheppard fundaram o Nevermore, e após 8 álbuns e construir uma história marcante, a banda também acaba se separando em 2011, após a saída de Jeff Loomis e Van Williams, e a partir daí, ficou mais forte a possibilidade de um novo Sanctuary, o que ocorreu em 2014. Conversamos com Warrel Dane, que esteve no Brasil ano passado em shows solo e retorna agora ao final de janeiro para mais apresentações, para saber um pouco mais dessas histórias com o Sanctuary e Nevermore, inclusive curiosidades sobre as gravações, como os álbuns que sofreram influências de fantasmas e de tequila durante suas composições, a vez que foi confundido com Doro Pesch, e também fala sobre seu próximo solo e possibilidade de um novo álbum do Nevermore! Curioso? Confira agora mesmo.



RtM: Bom, pra começar, como foi a transição, deixando o Nevermore e retornando com o Sanctuary após tantos anos, foi uma transição fácil?
Warrel Dane: Foi realmente fácil, depois de toda a merda que rolou com o Nevermore. Foi realmente fácil, o que mais posso dizer?

RtM: E como se deu esse retorno propriamente dito, como foi sendo planejado?
WD: Bom, nos simplesmente decidimos fazer música junta novamente, não havia nenhum plano maligno por trás (risos), simplesmente nos reunimos, então nós começamos a compor, e as coisas foram acontecendo.



RtM: E como o sentimento de reunirem-se novamente, depois de tantos anos.
WD: (Risos)...Foi como reatar com uma ex-namorada, sabe como é o sentimento. Foi bem legal, começamos a sair juntos, ir a festas, conversar...foi bem fácil. Nos conhecemos há muito tempo, mas não vínhamos nos falando muito, claro.

  
RtM: Os fãs “Die Hard” esperavam talvez algo perto dos primeiros álbuns, mas o álbum "The Year the Sun Died" mostra um Sanctuary atual, com ideias novas. Vocês pensaram ou tiveram algum planejamento prévio de como deveriam soar?
WD: Bom , alguns anos se passaram, então não você não poderia esperar outro “Refuge Denied” ou “Into Mirror Black”,  cada álbum nosso é completamente diferente, não queremos nos repetir, cada um é um passo à frente. Alguns poderiam esperar eu berrando como um porco sendo tosquiado, que nem no “Refuge Denied”, claro, isso não iria acontecer (risos), não estamos mais em 1987, pareceria meio tolo agora.

RtM: A respeito das composições em "The Year the Sun Died", você acredita que seriam as melhores que você escreveu até agora?
WD: É difícil dizer, cada álbum tem sua época, e cada um você espera que seja melhor que o anterior. É preciso coloca-los em linha, e com certeza este álbum é mais maduro, assim como “Into the Mirror Black” foi um passo além de “Refuge Denied”. Cada um é um passo a mais na direção correta.


RtM: Sobre seus vocais, são bem diferentes nos álbuns do Sanctuary (especialmente os 2 primeiros) e do Nevermore. No novo álbum acredito que suas linhas vocais estejam mais próximas do que você fez no Nevermore, assim como as guitarras também tem algo de sua banda anterior. Sua voz, naturalmente pela evolução e maturidade, mas também para estar, digamos, em uma região mais confortável para sua voz?  O que você acha?
WD: (ri um pouco), pessoalmente acho que “The Year the Sun Died” não tem nada a ver com Nevermore, acho que as guitarras, a música é completamente “fuckin’” diferente, e acho que a maioria associa minha voz ao som do Nevermore, então acho que por isso as pessoas poderiam dizem “Oh meu Deus, soa como Nevermore!”. Por isso fico bravo com algumas entrevistas.
Na Europa por exemplo disseram “Isto não é um álbum do Sanctuary, é um álbum do Nevermore!” Oh shit! É um álbum do Sanctuary! É quase toda a banda original! Não soa como Nevermore. Então não tem nada a ver, você associou por causa da minha voz.


RtM: E a Tour com Warlock e Megadeth. E como foi a história que acabaram confundindo você com a Doro? É verdade?
WD: (rindo muito)...É verdade, fui confundido com ela umas duas vezes, acho que porque temos os cabelos bem parecidos (risos). Aconteceu algumas vezes, o Sanctuary era a primeira banda a tocar, então eu subi ao palco e as pessoas gritaram: “Doro! Doro!”...e aí quando percebiam “O quê? É um cara!” (risos). Mas, a tour foi louca! Uma das primeiras que fizemos, foi uma tour longa, muita coisa louca aconteceu, então não poderia nem falar aqui, muita coisa devassa (risos). Mas foi muito legal viajar com Doro, pois ela é uma pessoa adorável, a “Rockstar” mais legal do mundo, muito legal e respeitosa com todos. A parte legal da tour é que todo mundo estava meio que apaixonado por ela, especialmente...bom...bom alguns caras de cada banda estavam caidinhos por ela (risos), e ela sabia, naturalmente. Mas fato é que ela não saiu com ninguém na tour.

Sanctuary

RtM: São apenas 3 álbuns na discografia, mas para quem vai conhecer o Sanctuary, qual álbum você recomendaria para começar?
WD: Acho que “Into the Mirror”, seria um bom começo. Ali nós começamos a focar em escrever canções memoráveis e não só mostrar habilidades técnicas, como fizemos em “Refuge Denied” tudo se encaixa melhor. É, eu começaria com ele.


RtM: E nos anos 90, com o crescimento do Grunge, principalmente em sua cidade, Seattle, que foi tipo uma meca do movimento,inclusive com a banda encerrando as atividades. Como foi para vocês essa época?
WD: Foi frustrante, porque naquele ponto, se você estava em Seattle o Heavy Metal era uma palavra suja, ninguém queria saber. A cena estava lá ainda, foi duro para as bandas, o Metal sempre esteve lá, mas não havia mais respeito.  As pessoas te colocavam pra baixo, e tocar Metal era, tipo, como uma coisa ruim. Bandas como Alice in Chains, acho que eles são uma banda de Metal, eles estavam no meio daquilo, mas eles eram Metal, mas de repente “Ah, esses caras são grunge!” .


RtM: Você é amigo deles, certo?
WD: Sim, os conheço,  Eu lembro, antes de gravarem o primeiro álbum,  tinha esse lugar em Seattle, o Music Bank, as bandas costumavam ensaiar, eu e Jimmy costumávamos a sair por aí, com o Lenny e também o Lane (Staley, vocalista fundador do Alice In Chains, falecido em 2002), tocávamos covers, lembro de tocarmos "Battle of Angels" (do primeiro álbum do Sanctuary), e Lane a cantava, é algo que nunca esquecerei. Muito estranho... (faz uma pausa)...e ..yeah..


RtM: Ok, vamos lá...Ano passado vc esteve no Brasil, fazendo shows e celebrando 15 anos do álbum “Dead Heart...”,  fale pra gente como foram as gravações desse disco, quando vocês trabalharam pela primeira vez com Andy Sneap?
WD: Gravamos em El Paso (Texas), muito perto da fronteira do México. Lembro que dirigíamos cerca de 5 minutos e estávamos lá.  Algo que aprendemos rápido na fronteira, foi que um litro de tequila era muito barato, foi algo realmente perigoso (risos). Não saberia dizer quantas garrafas de tequila vazias haviam no estúdio. As gravações foram movidas a tequila! Andy Sneap também estava envolvido no consumo (risos). Um período louco pro Nevermore. Muita bebida, fora de controle às vezes (risos). Foi a primeira vez que trabalhamos com ele. O que posso de dizer de Andy é que ele nos exigia muito, muito mesmo, para que tivéssemos a melhor performance possível, que algumas vezes a gente ficava meio que possesso: “Como assim fazer melhor??” aí ele rebatia:  “Vocês podem fazer melhor!”... e nós: “O quê!!??”. (risos) Normalmente ele estava certo.  Um grande produtor, então acabamos fazendo o próximo com ele, e o próximo... Um grande cara.



RtM: "Dreaming Neon Black" foi um álbum mais dark e pesado, você acha que foram na direção correta naquele momento?
WD: Bom sabíamos que estávamos fazendo algo certo, foi definitivamente um progresso a partir de “Politics of Ecstasy”. Bom, era obviamente um álbum conceitual. Levou um bom tempo para produzi-lo, porque estávamos meio assustados, estávamos meio que neuróticos na questão de estarmos aptos de superar “Politics”, que chamou muito a atenção. Estávamos preocupados em fazer outro bom álbum, então tiramos um bom tempo para compô-lo. E Nosso tempo foi bem aplicado, acredito, pois todos disseram que foi um álbum melhor. Acho que foi mais ou menos como quando iniciamos “Dead Heart in a Dead World”, pensamos “Como faremos isso de novo!”, mas foi um álbum que veio fácil, “Dead Heart” foi mais fácil, por alguma razão. “Dreaming Neon” foi muito difícil, “Dead Heart” foi  “pretty fuckin’ easy”!.


RtM: Bom, e quanto a “Enemies of Reality” teve alguma controvérsia com a produção de Kelly Gray, e vocês não ficaram muito satisfeitos, então Andy Sneap foi chamado para remasterizar o álbum. O que exatamente houve?
WD: Bom, foi interessante trabalhar com Kelly, um cara legal, mas nenhum de nós ficou satisfeito. Foi um álbum que teve recursos limitados, a gravadora, Century Media, nos pressionava bastante por um novo contrato, e nós não queríamos, porque vimos as vendas crescerem a cada álbum, queríamos mais liberdade, e “Enemies” foi o último do contrato. 

Queríamos ver o que acontecia, como um próximo se sairia, para aí então negociar outro contrato. Eles queriam que assinássemos de qualquer maneira a renovação, mas nós relutamos, então eles ficaram “putos”, então acabaram cortando muitas coisas. Após lançado, o álbum foi muito bem, decidimos renovar o contrato, e então eles concordaram que o álbum não soava bem: “Ok, sabemos que ‘Enemies’ soa uma merda!” (Risos), e aí chamaram Andy para remixá-lo. E nós (Usando tom irônico): “Obrigado!! Muito Obrigado” (Risos)


RtM: E os álbuns "This Godless Endeavor" e “ The Obsidian Conspiracy”, qual sua opinião a respeito deles, e qual seu favorito?
WD: Não estou bem certo, entende como é, cada álbum é como um filho seu, é difícil escolher um favorito entre eles. Exceto “Dreaming Neon Black”, ele é meu favorito do Nevermore.  Bom, “Godless” foi um passo adiante, e com Andy, uma grande experiência, gastamos 2 meses nessa fazenda na Inglaterra, era muita antiga, acho que foi construída no século XVI ou XVII.. o lugar era mal-assombrado, definitivamente havia fantasmas lá. Estavam por lá durante as gravações. Eram fantasmas de mulheres, de alguma maneira eu sentia isso. E a mãe de Andy Sneap me contou sobre as histórias das mulheres que viveram lá, quantas gerações foram donas da fazenda, havia essa presença forte feminina. E isso tipo que influenciou as letras, inspiradas por alguns meses vivendo em uma fazenda mal assombrada.

RtM: Você estava escrevendo material para um novo Nevermore? Pode haver um retorno da banda em algum momento?
WD: Sim, eu escrevi algumas coisas, e pretendo usar. Claro que quero fazer outro álbum do Nevermore com Jeff. Não sei se ele estaria interessado, então... ele está no Arch Enemy, então deve estar ganhando mais dinheiro hoje do que ganhamos com o Nevermore, bom pra ele, daí não sei se ele teria uma motivação. Bom, eu faria, yeah, mas não sei se os demais estariam dispostos, então...


RtM: Em 2008 você lançou seu solo, "Praises to the War Machine", e a respeito de um novo, você tem planos para isso? Os músicos brasileiros que lhe acompanharam na tour solo ano passado estarão nessa?
WD: Estamos trabalhando nisso, vai ser brutalmente pesado, algumas novas covers, e espere algo mais louco que “Praises to the War Machine”, algumas coisas Goth, e coisas realmente obscuras, coisas que você não esperaria em um álbum de Metal, e sim, vai ser feito com esses caras.

RtM: Gostaria que você falasse sobre a recepção aqui no Brasil, quando você veio para os shows solo, para tocar com músicos daqui e tudo,  e também sobre a tour na Europa com músicos brasileiros.
WD: A primeira vez que fui pro Brasil estava incrivelmente nervoso. Vim sozinho, jamais tinha encontrado antes nenhumas das pessoas envolvidas, nunca tinha trabalhado com o promotor. Realmente nervoso. Mas um par de dias após, estava completamente confortável, e tive a certeza que havia tomado a decisão certa de vir, trabalhar com músicos brasileiros. Funcionou tão bem que pensei, porque não fazer alguns shows na Europa. 12 shows na Grécia, foi realmente algo fora do comum, normalmente as bandas tocam dois ou três. Até fiquei apreensivo de início, mas tudo correu muito bem, e queremos eventualmente fazer novamente, na Grécia, espero. Estamos nos preparando para uma nova tour na Europa, em abril e maio, acho que vai ser interessante.

RtM: Sobre os conceitos que você utiliza nas letras, abordando política, sociologia, filosofia, etc, o que você faz para manter suas ideias, digamos frescas ou atualizadas?
WD: Como vou responder essa...bom, não sei se mantenho minhas ideias “frescas” neste ponto agora (risos), continuo me repetindo....não sei...é uma pergunta difícil.


RtM: E sobre suas influências, falando sobre seu início, quando usava notas mais altas, e agora com o passar do tempo, mudando seu estilo. Como foi moldando seu modo de cantar através dos anos?

WD: Bom, he he, todo vocalista, bem, sua voz muda através dos anos, sempre está mudando, e você tem que ir se adaptando. Quando você é jovem, claro, canta completamente diferente de quando você passa dos 30. Muda, certamente muda. Poucos cantores mantém a voz que tinham na sua juventude, eu acho (risos). Somente acontece, estou confortável com a voz que tenho agora,  só espero que não fique muito mais grave! hahaha (completa, “engrossando” mais a voz)


RtM: Obrigado Dane, fica o espaço para sua mensagem aos fãs, que aguardam seus shows no Brasil a partir do final deste mês.
WD: Estou indo, me aguardem! Para encerrar eu gostaria de dizer, por favor, criem sua própria religião, pois as que temos agora não funcionam mais! (risos)
 

Entrevista: Gabriel Arruda
Tradução: Carlos Garcia
Introdução e Edição: Carlos Garcia


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