segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Acima de Tudo, Musicalidade: Hangar Acústico

Hangar explorando outras possibilidades com sua música

O que diferencia as grandes bandas com seus grandes músicos de tantas outras estagnadas ano após ano, disco após disco, é, sobretudo a ousadia e o desejo de fazer aquilo que julgam ser o melhor para si e para os fãs.

A banda Hangar é uma dessas. Começando como um grupo com muito Power Metal (ajudado muito pelo timbre de voz do primeiro vocalista Mike Polchowicz), a banda foi ousando, modificando e, ao meu ver, melhorando seu som a cada disco.

Vieram então grandes sucessos, como “The Reason of Your Convition” (2007) e “Infallible” (2009), que colocaram a banda definitivamente como uma das principais do Brasil, conquistando admiradores para além do Heavy Metal e sendo aquela que mais está presente com os fãs, tocando onde quer que seja, levando sempre a qualidade de seu som a quem queira ouvir.

Mas uma das sinas da banda é em relação aos vocalistas que, tendo grandes nomes como Nando Fernandes (ex-Cavalo Vapor) e Humberto Sobrinho (Glory Opera), infelizmente não consegue se firmar com algum deles por mais de um disco e uma turnê.

Assim, poucas semanas antes do lançamento do novo disco, Humberto deixou a banda, para surpresa dos fãs e dos próprios músicos, que acreditavam terem encontrado aquele que anos a fio seria o frontman da banda de Aquiles Priester (bateria, ex-Angra), Nando Mello (baixo), Eduardo Martinez (guitarra, Lapide) e Fábio Laguna (teclados, ex-Angra).

Tão logo puderam, encontraram então André Leite (Iahweh), o quarto vocalista da banda em 5 discos, já que seus vocais entraram em “Acoustic, But Plugged In!” (2011), lançado oficialmente na Expomusic 2011 em São Paulo, mas já a venda nos shows anteriores no Rio Grande do Sul (confira a resenha da primeira vez do vocalista na banda aqui).

E o trabalho, que se tratando de Hangar é garantia de qualidade, tanto musical quanto visualmente, consegue impressionar até quem não esperava nada além de excelência.

Diante de um disco com uma arte tão simples e ao mesmo tempo marcante, temos 15 canções tocadas em versões acústicas, apresentando releituras das principais composições da banda, desde o inicio da carreira (com a perfeita “Angel of the Stereo”, do disco “Last Time” de 1999) até a inédita “Haunted By Your Ghosts”, gravada especialmente para o álbum e já se tornando um grande hit da banda, sendo a música de trabalho do álbum.


Banda espera ter encontrado estabilidade na formação com André Leite efetivado como vocalista

Estão lá canções que figuram nos shows e podem ser consideradas clássicas, como “One More Chance” (abrindo o álbum), “The Reason of Your Conviction” (incrível como aquela “paulada” de som pesado foi traduzida para bases mais “calmas”) e “Time to Forget”, a bela balada de “Infallible” e que ficou muito bem nessa nova roupagem.

Falar de cada uma seria um equívoco, porque as 14 releituras mostram que o Hangar está mais preocupado com a musicalidade e com a flexibilidade do que com o que se quer ouvir deles, já que muita gente pensa ser impossível qualquer tipo de Metal em versão acústica.

Para estes, indico o álbum aqui em questão. Ouça “To Tame a Land” e diga se não é de arrepiar todos os cabelos, tamanha a melodia e sinceridade do som, que é considerado por aqueles que acompanham a banda desde seu início um dos maiores clássicos (cantados até hoje por Mike). Ouça também “Angel of the Stereo” e veja se não há elementos como violinos, percussão e toda o clima da música original.

Não posso terminar a resenha sem destacar “Dreaming of Black Waves” que, na minha opinião, ganhou um arranjo mais interessante que o hit original, especialmente pelos backing vocals de toda a banda ao término dela (algo que foi incluído nas apresentações ao vivo plugadas), ou ainda “Your Skin and Bones” e “Call me in the Name of Death”, ambas do disco de 2007 e que, nos novos arranjos e na voz de André Leite, ficaram com um clima ainda mais “dark”, soturno, de uma beleza rara, provando que André foi um achado para a banda, digno de se agarrar com as duas mãos e nunca deixa-lo ir embora.

Da parte gráfica, elaborada pelo Aquiles e concebida pela artista Vanessa Döi, temos o principal instrumento do disco, o violão, em destaque, e é controlando esses que Eduardo Martinez e Nando Mello (no seu baixo acústico) dão um show a parte, beirando a perfeição.

Da parte da dupla ex-Angra (e há muito já não precisamos associá-los à antiga banda), Fábio Laguna tem bem destacado seus teclados, naquela viagem que é o único na face da terra que faz sem soar exagerado ou fora de contexto, com improvisações de cair o queixo e, claro, o mestre das baquetas Aquiles Priester, 5º melhor do mundo no quesito Prog e, não a toa, um dos selecionados para a audição com o Dream Theater (e pensar que tem gente que diz que ele fez feio lá...).

André é a atração principal, não apenas pela novidade, mas pelo seu carisma (quem já teve o prazer de conhece-lo sabe do que estou falando) e personalidade, não desvirtuando as músicas de seus antecessores e soltando o gogó com grande precisão, harmonia, e tudo o mais que o colocam nesse posto cobiçado e daonde já está respondendo a altura.

Para não me estender mais ainda, fica os parabéns San Santiago, que tocou todas as percussões do disco, bem como Theo Vieira, que volta a participar de um disco da banda, cantando em algumas das faixas. Além deles, Célio Barros toca a viola da gamba em duas faixas.

Este ainda não é o sucessor de “Infallible” (2009), que parece que sai só em 2012, mas é, definitivamente, um trabalho que faz jus a esse quinteto brasileiro que sabe o significado da palavra MÚSICA.


Texto: Eduardo Cadore

Fotos: Renan Facciolo e Divulgação


Ficha Técnica

Banda: Hangar

Álbum: Acoustic, But Plugged In!

Ano: 2011

País: Brasil

Tipo: Prog Metal/Heavy Metal (acústico)


Formação

André Leite (Vocal)

Eduardo Martinez (Violão)

Nando Mello (Baixo acústico)

Fábio Laguna (teclados)

Aquiles Priester (Bateria)


Tracklist

01. One More Chance
02. Solitary Mind
03. Haunted by your Ghosts
04. Based on a True Story
05. Infallible Emperor (1956)
06. Angel of the Stereo
07. Your Skin and Bones
08. The Reason of your Conviction
09. Time to Forget
10. Call me in the Name of Death
11. To Tame a Land
12. Dreaming of Black Waves
13. Colorblind
14. Forgive the Pain
15.
Inside your Soul


Assista o vídeo de trabalho do álbum aqui.

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domingo, 2 de outubro de 2011

Almah e o Trabalho Mais Verdadeiro do Eduardo Falaschi

Almah mostra que agora busca ser uma das principais bandas do Metal nacional

No meio de tanta polêmica envolvendo Rock in Rio, a performance abaixo do esperado por parte do Edu Falaschi (vocal) com o Angra, e as suas declarações dizendo que vai se afastar dos vocais por algum tempo, é até meio estranho ouvir esse novo álbum do Almah, pois o mesmo transparece sinceridade, e esta claro que ali é onde o vocalista se sente em casa e pode revelar seu verdadeiro eu. Hoje é correto afirmar que o Almah é a banda do Edu e não o Angra, onde ele ficava tentando atingir notas que não são as dele e mesmo assim sofria graves criticas dos fãs.

Desde os studios reports que a banda foi deixando no Youtube ficava claro que esse álbum seria muito diferente de seus antecessores, o autointitulado “Almah” de 2006 e o poderoso “Fragile Equality” de 2008, entre outros fatores, a banda estava procurando uma sonoridade única e o time de músicos excelente estava bem entrosado, é impossível não ver o Almah como um dream team já que temos Edu Falaschi (vocais) e Felipe Andreoli (baixo) do Angra, além de Paulo Schroeber (também Astafix) e Marcelo Barbosa (Khallice) nas guitarras e Marcelo Moreira (bateria, Burning in Hell).

Quando foi revelada a parte gráfica, houve mais polêmica, pois ela fugia totalmente dos padrões normais do estilo e até mesmo das capas usadas pela banda, pois “Motion” (2011) possui uma arte inspirada em fotos reais com efeitos de fotografia. Um trabalho muito bonito, mas que já deixou o ouvinte intrigado com o que ele vai ouvir naquele material.

Um dueto de guitarras que deixariam Adrian Smith e Dave Murray (Iron Maiden) orgulhosos serve de intro para “Hypnotized” que é a música mais pesada que até mesmo os fãs poderiam esperar. Já que não é novidade os trabalhos abrirem com pedradas como “King” (do primeiro disco, ainda apenas um projeto com músicos convidados) ou “Birds of Prey” (do disco de 2008), só que agora as barreiras foram quebradas e Edu usa e abusa dos vocais mais agressivos, lembrando muito a época do Symbols. Sensação essa que se confirma com “Living And Drifting”, ou “Trace Of Trait” (primeira música de trabalho).

A cada faixa as inovações se apresentam seja como em “Days of the New” que tem um groove e ares meio stoner, sendo que as guitarras nos remetem aos trabalhos do grande Black Label Society. Ou então “When And Why” que finaliza o álbum com uma sessão acústica que dá aquela calmaria após a porrada que você ouviu, mas a sonoridade vai buscar influências em estilos do rock mais sulista. Parece meio fora da sintonia do álbum, mas é um final digno de nota.

Não poderia deixar de citar em uma resenha desse novo trabalho as participações especiais que são totalmente dispares, mas por incrível que pareça soaram totalmente naturais e ajudaram o CD a manter o ouvinte tão fascinado. Primeiramente em “Zombies Dictator” que, para desespero dos fãs mais tradicionais, se aproxima muito do Metalcore, mas consegue resultados muito interessantes nos duetos entre Falaschi e Victor Cutrale (Fúria Inc.,) e a outra em “Daydream Lucidity” onde Thiago Bianchi (Karma, Shaman) auxilia a voz de Edu nos refrões, mas se engana quem espera uma música mais melódica, pois a tendência do “Motion” é mantida, ou seja, uma música pesada cheia de quebra de andamentos e com um refrão que foi feita para se cantar junto nos shows.

Como citei no inicio dessa resenha, aparentemente o Almah finalmente achou seu caminho e tem tudo para se tornar mais uma grande banda para representar o Brasil no exterior (inclusive pouco antes do lançamento aqui, a banda fez shows acústicos pelo Japão, além de programas de TV).

Agora ficamos na torcida para que Edu passe logo por essa fase ruim e volte para os palcos, seja com o Almah, seja com o Angra.


Texto: Harley

Revisão/edição: Eduardo Cadore

Ficha Técnica

Banda: Almah

Álbum: Motion

Ano: 2011

País: Brasil

Tipo: Prog/Power Metal


Formação

Edu Falaschi (Vocal)

Felipe Andreoli (Baixo)

Paulo Schroeber (Guitarra)

Marcelo Barbosa (Guitarra)

Marcelo Moreira (Bateria)


Tracklist
01 Hypnotized
02 Living And Drifting
03 Days Of The New
04 Bullets On The Altar
05 Zombies Dictator
06 Trace Of Trait
07 Soul Alight
08 Late Night in ’85
09 Daydream Lucidity
10 When And Why

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Assista o video oficial de “Trace of Trait”.


Compre o disco “Motion” pela Die Hard aqui.

Obscure Festival Abalando o Centro do Rio Grande do Sul

A cidade de Santa Maria/RS é conhecida pelo espaço que oferece às suas bandas e de outras cidades semanalmente em pequenos shows e festivais, para a alegria dos rockers e headbangers de lá.

Mas é lá também que acontece um dos mais tradicionais festivais de música extrema do estado, o Obscure Festival, que nesta edição de 2011 está, mais uma vez, caprichando no cast das bandas.

No dia 08 de outubro, se apresentam no Macondo Lugar 4 nomes de peso da cena nacional e argentina, sendo as bandas Distraught (Thrash Metal de Porto Alegre/RS), Infector Cell (Thrash Metal de São Paulo/SP), Mental Horror (Death Metal de Porto Alegre/RS) e a atração internacional Climatic Terra (Buenos Aires/ARG).

Preparando novo disco, Distraught se apresenta novamente em Santa Maria

Esse quarteto de bandas irá, definitivamente, por abaixo o Macondo Lugar e conta com a presença dos bangers sedentos por Thrash/Death Metal de qualidade.

Uma das atrações mais esperadas é a volta à cidade da Distraught, provavelmente o maior nome do Thrash Metal do Rio Grande do Sul. O grupo ainda divulga seu último disco, o aclamado “Unnatural Displayer of Art” (2009), e mostrará ao vivo o que o Thrash Metal pode fazer, enquanto prepara novo álbum. Confira o convite da banda para o show aqui.

Também da capital gaúcha, a Mental Horror volta a tocar no Obscure seu Death Metal brutal, rápido e agressivo, que os colocam entre os grupos mais pesados do estado.

Direto de São Paulo/SP, a Infector Cell vem ao estado e se apresenta com seu Death Metal tradicional, executado com precisão e violência.

Climatic Terra (ARG) trará seu Death Metal Melódico na linha de bandas como Arch Enemy para o Brasil

Para marcar o festival com atração internacional, a banda Climatic Terra, da Argentina, se apresenta no festival (dois dias após, divide novamente o palco com a Distraught em Porto Alegre) e traz seu Death Metal Melódico, sendo bastante comparada com o Arch Enemy, tamanha a qualidade de seus integrantes, além da presença feminina de Nadia El Shobkshy, que não deixa devendo em nada a musa europeia Angela Gossow. Inclusive, foi a banda de abertura da única apresentação do Carcass na Argentina.

Os argentinos vem divulgar seu disco “Earth Pollution” (2011) que ainda não é devidamente conhecido aqui no Brasil, mas história que deve mudar com a passagem da banda por aqui.

Mesmo para quem não mora em Santa Maria, o deslocamento até lá para conferir ao vivo esta nova edição do Obscure Festival já se justifica pela qualidade das bandas, especialmente em se tratando de som extremo, tão presente no país, mas muitas vezes difícil de conferir bandas ao vivo com qualidade.


Texto: Eduardo Cadore

Fotos: Divulgação


Informações adicionais

Ingressos antecipados ao valor de R$ 10,00 e na hora R$15,00.


Local: Macondo Lugar - Serafim Valandro, 643 Santa Maria/RS

Infos: evandromaccoletivo@gmail.com ou zeneto.qmc@gmail.com e fones (55)99267900 ou (55)96512048



Conheça o quarteto de bandas que fará tremer o centro do RS


Distraught

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A banda tocando ao vivo “Killing in Silence”


Climatic Terra

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Vídeo clipe de “Liars”

Montagem com “Someday”


Mental Horror

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Banda ao vivo em outra edição do Obscure
Vídeo não oficialmente lançado


Infector Cell

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sábado, 1 de outubro de 2011

Técnica, Sentimento e Criatividade: Uma Combinação Perfeita

Underpain, mais um grande nome da capital do Brasil

Com apenas três anos de existência os brasilienses do UnderPain vem ganhando cada vez mais destaque na cena nacional, ainda mais depois do lançamento de seu primeiro álbum “Edless Circle” (2010).

Com uma grande produção e composições de tirar o fôlego, estamos diante de uma banda que tem tudo para ganhar o mundo e ser uma das melhores bandas nacionais que já tivemos.

Pegue toda a emoção que o Evergrey coloca em suas músicas e toda técnica que o Symphony X esbanja e você vai ter UnderPain com muito sentimento, feeling e técnica com composições pra lá de complexas e bem arranjadas.

“Endless Circle” abre o álbum mostrando a que vieram com grandes teclados e riffs avassaladores e uma complexidade fora do normal e com Thiago Bueno esbanjando sentimento com linhas vocais de tirar o fôlego.

Já em “Haze” podemos dizer que é a faixa mais moderna do álbum com grandes riffs, mas não tão rápida, prezando mais pelo peso e andamentos mais cadenciados, dando grande destaque ao baixista Anderson Souza que mostra muita técnica em seu instrumento e ao tecladista Carlos Fides que não seria nenhum exagero dizer que ele é um dos melhores do Brasil em seu instrumento.

Dando continuidade, “Dry The Evil” mostra riffs inspiradíssimos e solos altamente técnicos de Ivan Melo que alia muito bem técnica com criatividade e, novamente, temos o destaque do vocalista Thiago Bueno que dá um show a parte nesta faixa mostrando muita técnica em aliar partes mais agressivas e melódicas e com um senso de interpretação incrível.

“Against The World” mostra toda técnica deste quinteto, que conta com o grande baterista Kayo John (Ex-Dark Avenger, Valhalla, Amonicide, Harllequin) que mostra muita técnica e criatividade dando um grande equilíbrio nas composições.

Para fechar o álbum, a bela “This Feeling” deixa um ar de despedida, tocada apenas no violão e bela voz de Thiago de fundo, dando um clima todo especial.

Eis ai mais uma grande surpresa da nossa cena nacional, com um grande álbum, com uma produção de primeira e, não só isso, com composições e músicos que não devem nada aos gringos.


Texto: Renato Sanson

Revisão/edição: Eduardo Cadore

Fotos: Divulgação e Felipe Bueno


Ficha Técnica

Banda: Underpain

Álbum: Endless Circle

Ano: 2010

País: Brasil

Tipo: Prog Metal/Prog/Power Metal


Formação

Thiago Bueno (vocal)

Ivan Melo (Guitarra)

Carlos Fides (Teclados)

Anderson Souza (Baixo)

Kayo John (Bateria)


Tracklist

01 - Endless Circle

02 - Wait and Receive

03 – Haze

04 - Fallen

05 - Dry the Evil

06 - Back of the Darkness

07 - Stell you are

08 - Against

09 - This Feeling


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Assista o video oficial da faixa-título aqui.

E relembre o vídeo de “Forever” do disco anterior aqui.