sábado, 14 de maio de 2016

Entrevista – Carro Bomba: Valendo a Pena a Espera


No underground brasileiro sempre há dificuldades para conseguir espaço e reconhecimento dentro da mídia, ainda mais se tratando de bandas que não recebem apoio de gravadoras ou de alguma ajuda de distribuição vinda por fora etc. Mas apesar de todos os percalços que há por esse caminho, as bandas nunca perdem o prazer de fazer o que gosta. E após os 12 anos, com 5 discos lançados, o Carro Bomba irá gravar o seu primeiro DVD neste sábado, às 21hrs, no Sesc Belenzinho.

Para falar sobre esse dia especial, o baterista Heitor Shewchenko teve um tempinho para conversar com o Road to Metal e convidar todo mundo para estar na gravação do DVD.

Road to Metal: Antes de tudo, quero agradecer por essa oportunidade de estar falando com você. Logo de cara, gostaria de saber como surgiu à oportunidade de estar gravando o primeiro DVD da carreira do Carro Bomba após 12 anos em atividade?

Heitor: Bom, primeiro quero agradecer a galera do Road to Metal e a você, Gabriel. Então, a ideia de fazer o DVD agora é porque a gente sempre quis fazer um DVD tocando ao vivo, mas nós somos uma banda independente e sempre fomos praticamente. Teve uma época que tivemos um acordo de distribuição, mas era só isso e fizemos tudo com o nosso próprio bolso. E a gente sempre quis fazer uma coisa decente, bem feita e bem estruturada, então por isso que demorou, porque a gente foi buscando a melhor oportunidade. E realmente ela surgiu agora, com uma estrutura totalmente diferente, com estúdio novo do Marcello e do Soneca. E apareceu o show do Sesc, que tem uma estrutura excelente e o cachê alto, então a gente só conseguiu fazer agora por falta de grana mesmo.

RtM: O local escolhido pra gravar o DVD foi o Sesc Belenzinho, que é bastante acessível, perto de um metrô e que da pra todo mundo ir, independente da faixa etária. Por qual motivos vocês escolheram o Sesc para fazer a gravação desse DVD?

Heitor: Primeiro, pela estrutura, e o Sesc é um lugar que facilita muito para as pessoas e para a acústica do DVD. E o Sesc é o melhor lugar que tem hoje em dia pra tocar no Brasil, então eles tratam a gente como músicos de verdade, eles pagam honestamente, eles tratam a gente com tudo o que precisamos pra fazer o show em questão de estrutura, equipamento... Eles têm equipe, cada pessoa faz uma coisa lá, não é o mesmo cara que tem que produzir tudo. Então eles têm uma estrutura, eles têm dinheiro e eles conseguem bancar o espetáculo mesmo. Não tem lugar melhor, tanto é que conseguimos uma estrutura excelente pra fazer o DVD. E é um lugar familiar também, onde as pessoas podem levar os filhos e as crianças pra irem assistir o show, que é uma coisa que, normalmente, não pode acontecer, porque os shows sempre acontecem tarde. E o Sesc é bem mais cedo, então a criançada, filhos (as) dos metaleiros vão poder acompanhar os pais.

"A banda está realmente nessa, de ser uma máquina que não para, não parou até agora e não vai ser agora que a gente vai parar. Esse DVD vai ser um divisor de águas, pra dar um novo gás na banda e pra ter muito mais anos de vida."

RtM: E sobre a respeito de como vai ser esse show, vai ter alguma novidade em especifico, no setlist ou algo parecido?

Heitor: O setlist vai ser um resumo dos 5 discos, meio que estivesse finalizando a turnê do “Pragas Urbanas”, pontuando a turnê com esse DVD, aumentando o repertório pra fazer esse show. E de novidade, vamos ter os convidados, que é o Clemente Nascimento (Os Inocentes/Plebe Rude), Edu Ardanuy (Dr. Sin) e o Ton Cremon (King Bird). Como a gente vai lançar um CD totalmente de inéditas, talvez bastante próximo ao DVD, resolvemos não colocar nenhuma música inédita no DVD, porque estamos trabalhando ainda nas músicas, mas já estamos com umas 6 composições prontas. E como serão muito próximos os lançamentos, deixamos as inéditas só para o CD.

RtM: Falando sobre as participações, o que cada um deles vai fazer no decorrer da apresentação?

Heitor: O Edu vai tocar guitarra, que é a melhor coisa que ele faz, um dos melhores guitarristas do Brasil. É uma influência pra mim, pessoalmente. O Dr. Sin é uma das influências que eu tenho desde pequeno, então está sendo um sonho realizado em gravar alguma coisa com o Edu. Conhecemo-nos de estrada há muito tempo, mas é a primeira vez que a gente vai conseguir tocar junto, e o estilo dele tem tudo a ver com o nosso. O Clemente vai tocar guitarra e vai cantar. E ele tem tudo a ver com o Carro Bomba, em questão do Os Inocentes, com o conteúdo das letras: abordamos muitas coisas parecidas, temos as mesmas ideias, raivas e os discursos são bem parecidos. E o Ton Cremon, que é um excelente vocalista! Ele é novo na cena, acabou de entrar, recentemente, no King Bird. E o King Bird também é uma banda que está na estrada com a gente muito tempo e que batalha pelo som próprio, então faz todo sentindo colocar o Ton Cremon, e a voz dele se encaixa muito bem no Carro Bomba.


RtM: Sei que ainda é cedo, mas o DVD já vai estar disponível mais ou menos quando?

Heitor: A ideia é lançar o DVD ainda esse ano, vemos isso bem possível. Lançar talvez em agosto ou por ai, pra gente já poder entrar em estúdio em dezembro pra gravar o novo disco, então todo o processo está na nossa mão, de mixagem e masterização. E vamos ter a equipe que vai estar junto com a gente, mas nós que vamos fazer tudo. Esperamos que seja o mais rápido possível pra não apagar muito o fogo da gravação, então agosto é uma previsão bastante otimista e espero que role.

RtM: O nome que vai batizar o DVD não seria mais justo, “A Máquina Não Para”, faixa que dá abertura ao mais recente disco do Carro Bomba, “Pragas Urbanas” (2014). A banda está nesse ritmo de não parar?

Heitor: Sim. A banda tem 12 anos, mas não tem a menor intenção de parar. Fazemos isso porque gostamos muito e o nosso público dá muito apoio pra gente. Ninguém depende da banda pra sobreviver, porque, até mesmo, seria muito difícil, pois a situação está bem ruim no cenário underground no Rock do Brasil e do Metal. Então a gente faz por simples prazer, e estamos se divertindo muito, sempre damos risadas, sempre adoramos viajar e os shows são sempre muito prazerosos. E a banda está realmente nessa, de ser uma máquina que não para, não parou até agora e não vai ser agora que a gente vai parar. Esse DVD vai ser um divisor de águas, pra dar um novo gás na banda e pra ter muito mais anos de vida.


RtM: Falando sobre o “Pragas Urbanas”, como está sendo a repercussão do disco, que desde o álbum “Nervoso” (2008), vocês colocaram mais energia e peso no som da banda dali até o mais recente disco, tanto é que vocês acabaram ganhando o jargão de Thrash N’ Roll pelos chinelos. Esse título incentiva a banda no momento das composições?

Heitor: Estilos a gente vem adotando, e com certeza o “Pragas Urbanas” é o disco mais pesado que lançamos. É uma tendência que a gente vem adotando mesmo por gosto e por influências que a gente tem. Ouvíamos muitas bandas parecidas, mas cada um tem uma influência diferente, especifica, que trouxe pra banda. O Rogério, quando entrou na banda, trouxe uma coisa diferente e eu, quando entrei, trouxe uma coisa diferente. Temos ficado cada vez mais pesados. E esse jargão, título que deram pra gente, nunca tinha pensado, mas que depois a gente adotou. E realmente tem sentido o Thrash N’ Roll pra gente, porque temos esse pé no Thrash Metal, mas é uma banda de Rock pesado. E a gente achou super engraçado e super incomum esse título de Thrash N’ Roll, não sendo uma coisa que dita o som, mas tem tudo a ver com a gente.

RtM: O novo disco, que ainda está em fase de pré-produção, como ele vai soar? Você falou que há músicas prontas, e o Pompeu e Heros, do Korzus, vão ficar à frente da produção novamente?

Heitor: Temos já músicas prontas, ele está nessa onda pesada, com algumas coisas mais rápidas e algumas coisas mais pra trás. Vai ter uma variação grande, que não vai ser a mesma coisa que o “Pragas Urbanas”. Vai ser um disco do Carro Bomba, mas vai ser um Carro Bomba novo, nada muito extremo. Não sabemos quem vai produzir o disco, porque a gravação vai rolar agora no nosso novo QG, que é o estúdio do Marcello e do Soneca, que estão com um dos melhores estúdios do Brasil. Vamos fazer tudo por conta própria e tudo na nossa nova casa, mas não sabemos quem a gente vai trazer. A possibilidade de trazermos uma pessoa de fora é muito interessante pra ter um olhar diferente, porque por dentro da banda, ficamos com alguma venda em alguns pontos. A possibilidade do Heros e do Pompeu produzirem o disco é grande, porque eles são grandes parceiros nossos e tem dado muito certo essa parceria.

RtM: E desde 2008, após o lançamento do “Nervoso”, você vem assumindo as baquetas da banda. Como você observa, até então, em 8 anos, a sua atuação dentro do Carro Bomba?

Heitor: Eu entrei no Carro Bomba pra fazer o lançamento do disco “Nervoso”. O Fernando, o outro batera, ele gravou o disco, mas não chegou a lançar. O "Nervoso" eu meio que considero um disco meu, porque eu que criei esse disco, e pai é quem cria. Eu senti que trouxe uma pegada diferente pro Carro Bomba, na questão da bateria, que casou muito com o estilo que o Marcello gosta de fazer riffs e essas coisas. Eu sou um cara muito viciado em pedal duplo e dois bumbos, sempre gostei muito de ouvir e tocar com essa ferramenta. Eu tento fugir um pouco do óbvio do pedal duplo, e o estilo do Marcello também tenta fugir um pouco do óbvio da guitarra e do Metal rítmico, que a gente acabou encaixando muito bem. Além de eu ser um batera que toca muito forte e muito pesado, tem tudo a ver com o Carro Bomba. 

E os ensaios nossos são sempre muito altos e o shows também, o que faz o som ficar mais pesado ainda. Eu acho que trouxe um gás novo porque, apesar de tudo, sou muito mais novo que os caras. Temos as mesmas influências, mas eu também trago algumas coisas que eles não conheciam e outras coisas mais modernas por conta da minha idade, então eu trouxe um gás novo pra banda e um estilo que casou muito bem. E eu acho que, em questão de convivência, o encaixe foi perfeito! A gente se dá muito bem, e a unidade do Carro Bomba, a partir do momento que eu entrei, começou a se tornar, aos poucos, eu, o Marcello e o Rogério, a compor muita coisa juntos. O encaixe foi perfeito e não poderia estar mais feliz estando na banda, e eu acho que sou o melhor batera que existe dentro do Carro Bomba.

" 'Pragas Urbanas' é o disco mais pesado que lançamos. É uma tendência que a gente vem adotando mesmo por gosto e por influências que a gente tem. Ouvíamos muitas bandas parecidas, mas cada um tem uma influência diferente, especifica, que trouxe pra banda"

RtM: O Carro Bomba é nacionalmente conhecido por cantar músicas em português. E essa atitude vem se tornando relevante novamente graças a vocês, havendo grandes bandas surgindo querendo cantar Heavy Metal com a nossa língua. De certa forma, vocês usam a banda como um incentivo para as bandas mais novas apostarem nas composições em português?

Heitor: Com certeza! Não é que a gente criou uma cena nova e nenhum estilo novo, mas acho que demos coragem da galera falar que o Metal em português rola sim. Mas uma coisa que a gente sempre prezou, e sempre falamos em entrevistas, é que fazemos muita questão de que seja muito bem feita a letra, que fuja dos clichês, porque em português é muito difícil deixar tosco, porque está todo mundo entendendo o que você está falando. Começou a surgir uma galera que veio falar com a gente, que teve coragem de fazer um som em português e, inclusive, encontramos com algumas dessas bandas na estrada. E as influências são dessas bandas antigas do Brasil mesmo, porque o português é uma língua muito rítmica, o povo brasileiro gosta muito de cantar. E não é todo mundo que manja o inglês, então fazer o som em português é uma coisa que ajuda todo mundo. E eu acho que a gente tem que ter a nossa língua forte no meio musical, então essa onda do Metal em português tem sido muito relevante pra gente. É muito gratificante, porque tem bandas que falam que ajudamos a mudar de língua e voltar para o português.

RtM: Sobre o momento atual da música, como vocês enxergam o cenário underground de hoje, no meio de tantas bandas covers e não tendo espaço pra banda própria tocar? E também sobre o download ilegal e das plataformas digitais, que atinge de forma negativa, por um lado, a venda do CD?

Heitor: Pra começar, pelas plataformas digitais, é uma coisa que só tem a ajudar as bandas independentes, porque antigamente você tinha um grande problema de espaço em prateleiras de discos, porque se você tinha um acordo de distribuição, às vezes, você tinha que ser engolido por alguma gravadora grande. Mas, hoje em dia, é muito difícil qualquer artista ganhar dinheiro realmente com as vendas de discos. O pessoal tem ganhado dinheiro com a venda digital, mas a principal fonte de renda de qualquer artista é o show. A distribuição digital, gratuita ou não, tem ajudado as bandas a alcançarem lugares que nunca foram possíveis, por exemplo, somos uma banda de São Paulo, já tocamos em Tocantins, Roraima... E são lugares que, sem a internet, não teríamos chegado. 

A questão de atrapalhar, atrapalha a gravadora muquirana que explora o artista, porque o artista, em si, tem sua fonte de renda com os shows. E é a única coisa que interessa pra gente. O CD a gente vende, sempre tentamos fazer por um preço mais barato possível, porque sabemos que o povo gosta de ter o CD físico e eles sabem que ajudam a gente. E também porque a galera gosta de colecionar, porque o nosso público veio da época do CD. A distribuição da internet é muito boa e ajuda a gente a fazer mais shows. E eu acho que todas as bandas, hoje em dia, ajudam as bandas a fazerem mais shows, tendo a possibilidade de fazer videoclipes e distribuir de graça. E isso é uma coisa que ajuda qualquer cena, eu acho.


RtM: E os shows?

Heitor: O lance da falta de espaço é realmente o que está acontecendo, você tem um desequilíbrio muito grande hoje em dia, porque você tem bandas excelentes que não tem espaço pra tocar. Aqui em São Paulo, por exemplo, perdemos grandes lugares icônicos, tipo o Blackmore Rock Bar, que fechou. Então estamos perdendo mais espaços, apesar do Blackmore e o Manifesto serem os grandes pontos de terem muita banda cover, são lugares que abrem espaço pras bandas autorais.

"A distribuição digital, gratuita ou não, tem ajudado as bandas a alcançarem lugares que nunca foram possíveis, por exemplo, somos uma banda de São Paulo, já tocamos em Tocantins, Roraima... E são lugares que, sem a internet, não teríamos chegado. "

RtM: Também tem o Gillan’ Inn...

Heitor: Tem o Gillan’s Inn também, que é bem novo. Mas o Gillan’s Inn eu não sei dizer se é boato, mas eu ouvir dizer que também está passando por dificuldade. Eu acho que é um pouco de culpa do público e um pouco de culpa dessa vangloriação do cover, das pessoas que querem ser o próprio artista. Isso ai é uma coisa que rouba um pouco o espaço. E a música no Brasil nunca foi uma arte muito respeitada, tanto é que você tem nos bares, hoje em dia, 90% dos músicos que tocam em bares não são músicos de verdade, eles simplesmente pegam o instrumento no final de semana e fazem o show, o que tira o espaço dos músicos profissionais e daqueles caras que se dedicam, gastam dinheiro com aula, gasta dinheiro com instrumento caro e que tenta viver disso. Mas também é um pouco de culpa do público, porque rola uma "rumadolescência", pois parece que o pessoal quer saber o que vai ouvir, então eles vão atrás das bandas covers, o que prejudica a cena em geral.

RtM: Heitor, quero agradecer novamente a oportunidade de ter batido esse papo rápido com você. Deixo o espaço para uma mensagem final e também para fazer o convite para todos estarem hoje, no Sesc Belenzinho, prestigiando esse dia tão especial para o Carro Bomba.

Heitor: É isso ai Gabriel! Obrigado pelo espaço e pela entrevista! Obrigado à galera do Road to Metal, valeu ai pela audiência! O convite está mais do que dado!  Neste sábado vamos fazer um marco na história do Rock brasileiro e do Metal em português, que com certeza vai abrir portas pra uma galera nova que está a fim de fazer Heavy Metal em português. E com certeza vai levar a banda em outro patamar, então quem quer fazer parte da nossa história e da história do Rock, que é de todos nós, é só chegar lá no Sesc Belenzinho para fazer parte da gravação do nosso DVD. A gente dá muito valor a todo mundo e a quem estiver lá, os nossos fãs e nossos amigos de estrada. Então é isso, colem lá no Sesc Belenzinho, ajudem a gente a marcar esse dia extremamente especial para o Rock brasileiro, que vai ser muito, muito foda!


Entrevista: Gabriel Arruda

Edição/Revisão: Renato Gimli Sanson 

Contatos:

segunda-feira, 9 de maio de 2016

M PIRE OF EVIL – Revisitando o passado com classe




Este disco é uma compilação de músicas do VENOM, aqui regravadas com uma produção atualizada, mas mantendo a potência, crueza e peso característicos da banda. Foram revisitados sons dos discos "Temples Of Ice", "Prime Evil" e "The Waste Lands", todos do início dos anos 90.

Como mencionado no início "Crucified" traz uma produção ‘crua’ mas com uma perfeita audição de todos os instrumentos (esta versão foi remasterizada especialmente para este lançamento na América do Sul), denotando às músicas uma impressão ‘na cara’, potencializando sobremaneira seus efeitos.

A trinca que abre o álbum é de alto calibre: “Temples Of Ice”, “Parasite” e “Kissing The Beast”. Já numa linha um pouco diferente vem “Blackened Are The Priests”, um som mais trampadão; “Carnivorous” vem com riffs nervosos e vocais doentios; “Black Legions” e “Need To Kill” são puro Speed, com destaque pro batera Marc que mostra boa desenvoltura.





“Wolverine” traz bons solos; “Crucified” dá uma amenizada na velocidade e cadencia o álbum, antes de terminar com dois sons inéditos: “Demone” e “Taking It All”. A primeira é um soco na cara, pedrada quase Death Metal. A segunda também apresenta rifferama e vocais ensandecidos característicos de Tony “Demolition Man” Dolan.Mesmo se tratando de uma Compilação, o álbum é uma boa pedida para os fãs ou para aqueles que não conhecem muito da fase com Tony. 

O batera Marc “JXN” Jackson faz um trampo estupendo, tocando com técnica e pegada firmes. Mantas faz o que sempre fez, despeja riffs e toca com afinco, é impressionante a capacidade de extrair um peso avassalador de suas seis cordas.

Enfim, Crucified é um baita disco de Metal, independente da subdivisão que aprecias.


Texto: Marcello Camargo
Edição: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação


Banda: M Pire Of Evil
Álbum: “Crucified”
Estilo: Death/Thrash Metal
País: Inglaterra
Selo: Shinigami Records



Line-up:
Tony “Demolition Man” Dolan – Vocals/Bass
Mantas – Guitars
Marc “JXN” Jackson – Drums


Track List
Temples of Ice
Parasite
Kissing the Beast
Blackened are the Priests
Carnivorous
Black Legions
Need to Kill
Wolverine
Cucified
Demone
Taking All



quinta-feira, 5 de maio de 2016

Deep Purple: Mais História na Terra do Sol Nascente




Qual fã do Deep Purple não venera o lendário "Made in Japan" (1972), que registra a primeira passagem da banda pelo Japão? Aliás, álbum que todo fã de Classic Rock e Heavy Metal deve ter na coleção, e marca essa história do Purple com relação aos seus tradicionais e clássicos discos ao vivo, além de ser o mais bem sucedido ao vivo do ingleses em termos de vendas, tendo diversos discos de ouro e platina.

Mas o interessante é que no Japão ele não teve disco de ouro, alcançando essa marca com o segundo "Live" por lá, o "Last Concert In Japan" (77), bom, fato é que é um país onde a banda possui um grande público, o qual é conhecido por ser um ávido consumidor do som pesado em geral, e em 2015 o Deep Purple solta o terceiro álbum ao vivo na terra do sol nascente, "....To the Rising Sun (In Tokyo)", disponibilizado aqui neste primeiro semestre de 2016 via Shinigami Records, assim como "From the Setting Sun...(in Wacken)", tendo os brasileiros acesso a edição nacional desses lançamentos simultâneos da banda em 2015 (disponíveis em CD duplo e DVD), com a mesma qualidade de som e imagem, e o melhor, com preço bem mais acessível.


Se "....To the Rising Sun" vai alcançar o mesmo sucesso dos seus antecessores, não sei, não é provável, afinal estamos em uma outra era, onde os álbuns físicos já não alcançam as vendas de outrora, mas uma coisa posso afirmar, é um ótimo álbum, que traz uma bela apresentação desses mestres. É uma banda que quando toca, quando vemos no palco, transmite aquela sensação de que realmente os caras estão curtindo o que estão fazendo, nos passa aquele feeling, como nós, ouvintes mais "experientes" (para não dizer "mais velhos"), gostam de dizer "uma banda real, com música de verdade, que tocam de verdade!".

O legal também desses dois álbuns ao vivo, são as vibrações e os set lists levemente diferentes, pois se no Wacken o show é ao ar livre, com uma diversidade de fãs vindos de várias partes do mundo, em Tokyo o show é em local fechado, e é de uma certa maneira mais introspectivo, embora seja estranho dizer isso de um show com alguns milhares de pessoas, mas são as diferenças de cultura, o público japonês é mais comedido geralmente, mas é isso mesmo, no Wacken foi mais explosivo, por conta do enorme e diverso público, de ser a primeira vez da banda no festival, enquanto que no Budokan mais introspectivo, e com o set contando com músicas mais "progressivas" do mais recente álbum, "Now What?!".


Se em "From the Setting Sun...." eles abrem com "Highway Star", afinal sendo a primeira vez lá, e com muita gente que certamente estava vendo, ou até conhecendo a banda pela primeira vez, não dava pra deixar essa de fora, em "....To the Rising Sun" a progressiva "Apres Vous" é que abre o espetáculo, e, assim como as demais músicas mais novas, ganhou mais força ao vivo. 

"Uncommon Man" também aparece no set no Japão, faixa composta em homenagem a Jon Lord, assim como "Above and Beyond", presente em ambos os shows, e durante a execução imagens do tecladista vão aparecendo no telão, e é impossível não causar comoção e saudade. Falando em imagens, o DVD conta com muitas câmeras que captaram ângulos muito legais São 12 câmeras em HD), permitindo que sintamos e observemos mais detalhadamente e mais de perto a performance dos músicos.


Vários outros clássicos e mais músicas do álbum novo se misturam, para deleite do público, diante de toda a classe e história desses senhores. Então temos clássicos consagrados como "The Mule", que também está lá no lendário "Made in Japan", "Smoke on the Water", "Black Night" e as mais jovens da família, como "Vincent Price" e "Hell to Pay", tudo regido com maestria, feeling e classe, diante de uma plateia, que embora na maior parte do tempo mais contida, percebe-se a satisfação e emoção por presenciar tamanha lenda.

Adquira os dois álbuns ao vivo (estão disponíveis os DVDs e CDs duplos), pois vale totalmente a pena. Valeria só pelo fato de ser mais um registro impecável de uma banda que realmente faz do palco seu habitat (claro que a energia explosiva dos primeiros anos foi sendo substituída por mais experiência), pois em estúdio qualquer pode se passar pelo que não é, mas além disso, são dois grandes shows, cada um com características e vibrações diferentes, pelo local, variedade de público e diferenças culturais. 


Resenha: Carlos Garcia

Ficha Técnica:
Banda: Deep Purple
Álbum: "...To the Rising Sun (Live Tokyo)" 2015
País: Inglaterra
Estilo: Classic Rock, Hard Rock
Selo: ear Music/Shinigami Records



Disco 01
  1. Apres Vous
  2. Into The Fire
  3. Hard Lovin Man
  4. Strange Kind Of Woman
  5. Vincent Price
  6. Contact Lost
  7. Uncommon Man
  8. The Well-Dressed Guitar
  9. The Mule
  10. Above And Beyond
  11. Lazy


Disco 02

  1. Hell To Pay
  2. Don Airey's Solo
  3. Perfect Strangers
  4. Space Truckin
  5. Smoke On The Water
  6. Green Onions / Hush 
  7. Black Night



terça-feira, 3 de maio de 2016

Silver Mammoth: O Antigo Ainda Sendo Atual



Apreensivos por tantas coisas novas que surgem em pleno século atual, a aquelas pessoas que nunca deixam de prolificar as sua raízes dentro do Rock, mostrando sinais de que o gênero não mudou nada, continuando atual (como sempre), não deixando de inovar em certas coisas. E para entender que o tradicional Hard Rock setentista, carregando também algumas peças do Classic Rock, eis que surge Silver Mammoth, quarteto paulistano que acaba de lançar “Mindlomania”.

Para quem é fã, principalmente de Deep Purple e Uriah Heep, “Mindlomania” é um prato cheio para o fã que se mantém fiel às influências setentistas. E nele há de tudo o que se possa imaginar em se tratando de pegada clássica dentro do Rock, abrangendo riffs de guitarras pesados, arranjos cristalinos de hammond um trabalho vocal diversificado, transitando também a ambientes psicodélicos, sem deixar de se esquivar de momentos mais viajantes, o que é habitual pra quem teve o prazer de viver aquela época.


A produção, assinada por Marcelo Izzo e Rafael Agostini, e a mixagem/masterização, que ficou a cargo do Hugo “agogô” Silva, traz uma sonoridade limpa e moderna no seu devido ponto. Afinal, os músicos passam o clima ‘ao vivo’ a cada momento do disco, traçando em nossas mentes como era gravar um disco na década de 70, que era justamente dessa forma. A capa enverga tons diversificados, caracterizado pelo charme psicodélico da banda. E mais uma vez o artista João Duarte caprichou com sua habilidade, explicitando o que o quarteto passa através da arte.

Aqui tudo é feito com amor e carinho, havendo a preocupação da banda em presentear os ouvintes, tanto da antiga e nova geração,com músicas acessíveis sem que elas soem forçadas, não precisando de exageros técnicos para mostrar os quão bons e capazes são o Marcelo Izzo (vocal), Marcelo Izzo Jr. (guitarra e backing vocals), Chakal (baixo) e Vinnie Rabello (bateria), não se esquecendo do Rafael Agostino, que fez um trabalho brilhante no Hammond, Moog, Mellatron e Piano. Em suma, a banda fez o disco da maneira que o estilo pede, e “Mindlomania” entra como um dos principais registros atuais de Rock Clássico do Brasil.

Dentre os destaques, começamos logo pela primeira faixa, “Bewitched”, que chega ditando regras com o peso das guitarras e da parte rítmica (prestem atenção na bateria), preenchidas por belas melodias vocais e ótimos arranjos de hammond; a faixa-titulo, “Mindlomania”, é destacada pelas variações vocais, que ora chega lembrar o Dan McCafferty, do Nazareth, na hora que chegam os refrãos vibrantes, que são cadenciados pelo peso das guitarras; “The Time Has Come” vem num andamento mais meio tempo, seguindo uma pegada mais orgânica e intimista, conduzidos por guitarras harmonizadas e pelo ‘feeling’            vindo do hammond.


Pra deixar o clima mais divertido, “Liars” traz o lado Rock ‘n’ Roll do quarteto de forma abrasiva, e apesar de ser simples e direta, traz arranjos inteligíveis e técnicos. E a parte rítmica é surpreendente, principalmente do baixo; no mesmo terreno, “Madman Doc” reserva momentos de pura festa já numa pega mais clássica do Rock ‘n’ Roll, sendo perfeita pra tocar em qualquer ‘baile’. E o trabalho de piano deixou a música ainda mais cintilante.

Após um instrumental cheio de psicodelismo com a “The Gave, The Hole, The Escape”, “Sadness” arrasta o quarteirão com riffs robustos, não deixando sumir o esmorecer das melodias. Os arranjos vocais se sobressaem novamente, e intercalam o mais melódico ao agressivo; “Shining Star” é uma balada atmosférica, bem no estilo Black Sabbath, tendo somente melodias acústicas e instrumentos de percussão como base; “Wild Wolf” mostra um inicio gracioso, mas que depois cresce com os riffs ganchudos, que vão progredindo durante a parte rítmica; “Shock Therapy” aborda passagens diversificadas, tanto que é a faixa mais longa do disco, existindo um dinamismo cheio de classe dos músicos, que mais uma vez capricharam nos arranjos de guitarra e teclado.

Durante esses 4 anos de atividades, o Silver Mammoth crava, de vez, o seu nome na história do Hard Rock e Classic Rock nacional, tendo muita lenha pra queimar lançando ótimos discos no futuro.

Texto: Gabriel Arruda
Edição/Revisão: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: Silver Mammoth
Álbum: Mindlomania
Ano: 2015
Estilo: Hard Rock/Classic Rock
Gravadora: Ms Metal Records/Voice Music
Assessoria: Ms Metal Agency



Formação
Marcelo Izzo (vocal)
Marcelo Izzo Jr. (guitarra)
Chakal (baixo)
Vinnie Rabello (bateria)

Track-List
01. Bewitched
02. Mindlomania
03. The Time Has Come
04. Liars
05. MadmanDoc
06. The Cave, The Hole, The Escape
07. Sadness
08. Shining Star
09. Wild Wolf
10. ShockTherapy

Contatos