Onde cabem as Américas, cabe o mundo.
Uma
casa que despeja esplendor, espaço e infraestrutura digna do nome que sustenta.
Com capacidade para oito mil pessoas o Espaço das Américas (reinaugurado em
2012) contou com uma equipe numerosa de seguranças e muito bem treinada. Em
outro momento, prestando todo suporte aos seguranças, uma equipe de bombeiros e
socorristas que estiveram presentes durante o show.
Praticamente
não precisaram entrar em ação, salvo algum fã que insistiu em fumar dentro do
local. O evento estava bem sinalizado quanto às questões que dizem respeito a
este assunto. Pois bem, foi um cigarro bem caro. A escolha da casa para
realizar o Metal All Stars 2014, foi
perfeita. Nas demais situações correu tudo de forma excelente: Credenciamento, recepção,
condução até a área reservada à imprensa e no durante o show. Parabéns para
toda equipe da casa, o Brasil precisa de mais casas de show com essa qualidade
e respeito.
Hora de fritar borracha no asfalto.
A
noite teve inicio com as bandas que foram responsáveis por incendiar o estopim.
Primeiramente chega ao palco a brasileira Capadocia. Abriram com três de suas
composições: “Survival Instinct”, “Everybody Hates Everybody” e “Lord of
Chaos”. Na sequência emendaram o clássico do Metallica “Blackened”.
Deste
ponto em diante já se pode sentir a temperatura se elevar no ambiente, agitaram
pularam e mostraram o motivo de terem sidos colocados no palco das estrelas. Fizeram
mais algumas músicas sempre com a energia atingindo níveis máximos, Gustavo Togneti
(baixo) arriscou perder os dred’s da cabeça de tanto “bangear”. Já partindo
para finalização da apresentação dispararam um medley do poderoso Slayer, “Spirits
in Black” e “Ghost of War”.
Setlist Capadocia:
1 - Survival Instinct
2 - Everybody Hates Everybody
3 - Lord OF Chaos
4 - Blackened (Metallica)
5 - Stay Awake
6 - Leaders in the Fog
7 - Standing Still
8 - Spirit in Black - Ghost of
War (Slayer)
9
- Snake Skin
Após
a Capadocia sair do palco, era chegada a hora da Project 46 tomar a responsabilidade de seguir “amaciando” o público
para o que estava por vir. Na ativa desde 2008, a jovem banda vem arrastando
uma legião de fãs e isto se justifica pela qualidade sonora, postura de palco e
as composições.
No
próprio Facebook da banda, eles se autodescrevem como “Metal Soco na Cara”.
Bom, quem viu a apresentação da banda no Metal Allstars 2014, entendeu
perfeitamente a razão deste título. Caio MacBeserra (vocal) comandou a frente
de guerra da Wall Of Death ao som de “Acorda Pra Vida”. Foi impressionante ver
o Espaço das Américas dividido ao meio por alguns segundos. Um show no palco e
fora dele, distribuindo simpatia e apertos de mãos antes do show para quem
estivesse pela pista. Parabéns a Project 46, esperamos vê-los em breve
novamente, pois são motivos de orgulho para o Metal nacional.
Setlist Project 46:
1 - Violência Gratuita
2
- Desordem E Progresso
3
- Vergonha Na Cara
4
- No Rastro Do Medo
5
- Na Vala
6
- Empedrado
7
- Impunidade
8
- Foda-se
9
- Acorda Pra Vida
Palco
devidamente aquecido é chegada a hora de trazer a terceira banda de abertura. Com
experiência de mais de 30 anos de palco e estrada, o Korzus inicia a
apresentação com um único objetivo: Puxar o pino da granada e promover uma
verdadeira sessão de “descarrego”, tamanha a sensação de alma lavada sentida
após a apresentação da banda.
Os
músicos tomam o palco sem muita explicação, mas logo nas primeiras pausas entre
as músicas, Marcello Pompeu (Vocal) pergunta para o público se eles não
estavam notando nada de estranho com a Korzus naquela noite. Dick Siebert não estava com o baixo nas mãos, alias as mesmas mãos
impossibilitaram de trabalhar, por conta de um acidente envolvendo os tendões,
mas isso não quer dizer que ele não deu as caras na noite.
No
lugar do maior headbanger do Brasil (segundo Pompeu) entrou o Marcelo “Soldado”
Nejem (que já esteve ao lado da Korzus na década de 90). Não ver o Dick no
palco no início da noite, foi uma grande surpresa. Porém ouvir o Soldado no
palco foi uma grande e agradável sensação. O Korzus “encerrou o começo” da
noite em clima de alta octanagem e de muita elevação de adrenalina. Confesso
que senti falta da “Vampiro”, música que compõe o trabalho mais recente “Legion”,
mas definitivamente o Korzus fez o show da noite, patrolando os demais como se
fosse um tanque de guerra russo T-90, disparando à queima-roupas.
Setlist Korzus:
1 - Lifeline
2 - Raise Your Soul
3 - What Are You Looking For
4 - Bleeding Pride
5 - Never Die
6 - Correria (com Bill Hudson)
7 - Intro / Agony
8 - Internally
9 - Guilty Silence
10 - Truth
11 – Legion
A
constelação.
Pois bem, chegou o momento mais esperado da noite, hora de reposicionar os holofotes com potência máxima. O palco da casa manteve a tradição dos velhos teatros do passado, conservando a cortina que dá grandeza maior ao começo de cada show. Dessa vez a cortina se abre e quem está no palco é David Ellefson (Megadeth), Ross “The Boss” (ex-Manowar), Kobra Paige (Kobra and the Lotus) e na bateria Rodrigo Oliveira (Korzus). Ellefson e Ross fizeram a sonoridade brotar pelos poros e aparentemente sem precisar cometer nenhum esforço, simplesmente à música era parte dos deles, tal como fosse um olhar, um sorriso ou um suspiro.
Kobra
sempre enérgica indo de um lado para o outro do palco e interagindo frequentemente
com a multidão. Abriram a apresentação com um clássico do Manowar “Kings of
Metal” (se bem que chamar uma ou outra música de “clássico” é até injustiça).
Exalando sensualidade e beleza, Kobra ao mesmo tempo, frágil e imponente no
palco, comandou a apresentação com maestria. Durante a execução da “Symphony of
Destruction”, o público em coro realizou o tradicional chamado ao Megadeth,
sonoramente entre um riff e outro.
Setlist Kobra Paige:
1 - Kings of Metal (Manowar)
2 - Fear of the Dark (Iron
Maiden)
3 - Hail and Kill (Manowar)
4 - Symphony of Destruction
(Megadeth)
Após finalizar esse bloco, Kobra chama
novo vocalista ao palco, era a vez da lenda, Geoff Tate. Ele que esteve desde
1982 até 2012 como frontman do Queensrÿche, fez uma breve apresentação, porém
não menos enérgica e apoteótica que a anterior. Neste caso, a experiência falou
mais alto. Ainda acompanhado por Ross, Ellefson e Vinny Appice, Tate trouxe
mais um convidado ao palco: Kiko Loureiro (Angra).
Setlist Geoff Tate:
1 - Neon Knights (Black Sabbath)
2 - Jet City Woman (Queensrÿche)
Sai
à lenda para dar lugar ao ícone do Metal progressivo. James Labrie assume para
uma apresentação rápida também. Ainda assim, fez questão de reforçar o time e
trouxe ao palco Bill Hudson e Felipe Andreoli, dois convidados de peso. Fez a
galera bater cabeça com a “I Got You”, mas foi com “Pull me Under” que a turma,
uníssona, fez com que o salão soubesse que, naquela noite, ninguém estava lá
para brincadeiras. Talvez movido pela empolgação, Labrie em alguns momentos
elevou tanto a voz que ela soou aguda em demasiado.
Setlist James Labrie:
Labrie
encerra sua participação e se despede do palco, como se houvesse esquecido algo
ele retorna apressado e anuncia Max Cavalera. Alias da mesma maneira que Labrie
retornou ao palco para anunciá-lo, Max toma o mesmo (como se houvesse esquecido
algo) não trazendo nada nas mãos, além dos dedos. Parecia como se estivesse
faltando algo e até que então ele se pronuncia:
“-
Desculpa ai galera, mas não sei onde está minha guitarra. Acho que ficou no
hotel, hoje vai ser só voz, blz!” A guitarra ficaria à cargos do Ross.
Quando
de repente entra um roadie correndo no palco e entrega a guitarra pro Max.
Brincadeira ou não, foi muito engraçado e arrancou algumas risadas e bons
momentos pra turma (a cara de alívio do Max ao ver a guitarra, me diz que não
era brincadeira).
Bom,
tudo onde deveria estar então hora de despejar a desgraceira, mas não antes de
estender a bandeira do Brasil sobre o degrau ao fundo do palco, ao lado da
bateria do Rodrigo Oliveira. Choque de gerações no palco proporcionou um
momento único, Ross The Boss tentando achar a “Roots Bloody Roots” na guitarra
para acompanhar Max.
Deve
ter pensado: “Como ele compôs isso?”. E para finalizar o massacre, Max
personifica uma locomotiva tocando “The Ace Of Spades”, suportado por Ross The
Boss e David Ellefson (haja coração).
Setlist Max Cavalera:
1 - Roots Bloody Roots
(Sepultura)
2 - Eye for an Eye (Soulfly)
3 - Ace of Spades (Motörhead)
Para
encerrar a noite, assume o palco Zakk (Ogro da montanha) Wylde. O guitarrista
não “entra” no palco, é como se o palco fosse possuído pela presença do
artista. Nesta noite entendi um pouco do que os fãs do artista sentem quando o
ouvem ou presenciam suas execuções.
Todos
os shows anteriores foram de grandeza infinita, mas se o “durante a noite” foi
dessa imensidão, o “encerramento” só poderia ser passível de um verdadeiro
cataclisma de riffs magnéticos proferidos pelo Sr. Zakk (meus novos ouvidos
“Zakkianos”, talvez me reclamassem um pouco da duração dos riffs. Mas Ok, estou
no caminho).
Certamente
foi o ponto alto da noite, já que o público respondeu a apresentação do
guitarrista com muito mais energia. Isso é de fácil explicação, pois para cada
quatro coletes da BLS, se via uma camiseta de outra banda. Wylde esteve no
palco acompanhado de Rob "Blasko" Nicholson no baixo e Vinny Appice
na batera.
Setlist Zakk Wylde:
1 - Into the Void (Black
Sabbath)
2 - Fairies Wear Boots (Black
Sabbath)
3 - N.I.B. (Black Sabbath)
4 - Snowblind (Black Sabbath)
5 - War Pigs (Black Sabbath)
O
Metal All Stars 2014, encerrou a noite com satisfação. Não total por conta de
alguns cancelamentos que ocorreram nas 48h que antecederam o espetáculo. Obvio
que por conta dos cancelamentos o Meet and Greet foi prejudicado. Enquanto
esperava a liberação para imprensa, cheguei a ouvir alguém uniformizado pelo
Metal All Stars 2014 falando para um fã que havia adquirido o Meet:
“- Se você perdeu o interesse no Meet porque
seu artista não veio, tenta estorno na fatura do cartão. Os artistas estarão no
palco essa noite, mas pra nós, vocês é que são as estrelas aqui e não podem ser
lesados.”
Tão
logo souberam dos cancelamentos, a produtora do Metal All Stars emitiu um
comunicado dizendo que, para quem quisesse trocar o ingresso pelo dinheiro, era
só se dirigir à bilheteria e realizar o procedimento. Enfim, existem vários
canais exaurindo esse assunto, não há necessidade de retornar nesse ponto. O
que presenciamos foi uma produtora que está disposta a negociar com os clientes
que não ficaram satisfeitos.
O
Maior número dos artistas esteve presente e o que vimos foram nossas bandas
nacionais arrasando em uma noite que ficou entalhada nos pergaminhos do Metal.
Pois
que venham muitos pela frente, só esperamos estar por lá novamente. Parabéns à Top
Entretenimento, Espaço das Américas e todos os Metalheads que fizeram da noite
do dia 22 de novembro de 2014, uma noite inesquecível.
Cobertura por: Uillian Vargas
Fotos: Uillian Vargas
Edição/revisão: Renato Sanson
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