terça-feira, 23 de dezembro de 2014

2014, Uma Retrospectiva, Pela Visão dos Redatores do Road - Parte I (Fernanda Vidotto)

2014, O Ano das Máscaras Caírem.



Em suma, o ser humano no geral tem como regra “natural” o amadurecimento. Impreterivelmente ao término de cada ciclo percorrido, nos voltamos para uma retrospectiva sobre os acontecimentos internos e externos que ocorreram. E não seria diferente dentro da música pesada.

Creio que o ano de 2014, assim como  escancarado pelo título, foi o ano das máscaras caírem, o que é positivo e negativo.

Positivo, pois podemos ver realmente a sujeira e consertamos até mesmo nossas próprias faltas. (Lembre se sempre : Ao apontar um dedo na "ferida de alguém", esteja ciente de que não tem a mesma falha.)

E negativo:  Nunca vi tanta ignorância, preconceito, xenofobia, e mais alguns déspotas desfilando dentro e fora das redes sociais e eventos suas “verdades absurdas e ABSOLUTAS”.

Nunca senti tanto o peso da letra de “Metal Desunido” nas minhas costas moídas.
Estamos entrando em colapso.


Grandes ícones da música pesada nacional distribuindo farpas por NENHUMA RAZÃO, ofendendo as pessoas por simples “DISCORDÂNCIA” Política.

Ódio gratuito contra regiões, misoginia, racismo.
Não que tenhamos que ser “a família feliz”, afinal todos temos nossas restrições e coisas que não agradam (Seria utópico dizer que se GOSTA DE TUDO), porém esse ano passou dos limites aceitáveis.

Senti repulsa, vergonha de ser headbanger ao lado desse antro de podridão.
Onde não existe respeito mútuo, ali haverá caos. E não meu amigo, o caos e sua teoria só se fez boa ao Lendário Dissection (R.I.P Jon – MESTRE) e nada mais.

Quem fala o que quer, infelizmente pode ouvir o que não quer. Não é na base do quanto  pior, melhor. Não é na base do puxa saquismo, nem de puxar o tapete dos outros que a coisa funciona.

Em uma guerra TODOS PERDEM.

Outro fator à ser citado foi a picaretagem e falta de compromisso dos rip offs, vulgo “promotores” e “produtores”, que deixaram a imagem do Brasil manchada. E não é no “VAMO QUE VAMO” que a coisa funciona. Não é empurrando com a barriga até ver aonde chegará, não é falando uma coisa e vivenciando outra. O que você faz atinge uma pessoa, e o que você se propõe à fazer (e não faz com o mínimo de senso atinge, dez, vinte outras).


E eu quero esquecer o fracasso da espera de mais de uma década para assistir ao Carcass e ao Venom. Em contrapartida, vi o fortalecimento de várias bandas que realmente estão batalhando e acrescentando e muito ao mundo "metal".

Quero "não esquecer”, alertar que ninguém é cego e todos nós vemos quem luta do nosso lado e quem, ao contrário, faz ameaças contra as bandas e tenta calar a realidade. O grito das pessoas afetadas é maior do que o silêncio comprado de alguns. Pode se enganar todos por algum tempo mas não todos por todo o tempo do mundo. E mais, mentir para si mesmo é pior do que mentir para todos.

Devemos ter a responsabilidade de procurarmos a realidade, com frieza e discernir sempre o que realmente é legítimo do que é um jogo de interesses de uma minoria, que só quer ver o circo pegar fogo. Minoria essa, que depois de “pintar e bordar” some com a mesma rapidez que surgiu.

Sinto extrema falta dos  tempos das cartas, aonde podíamos criar vínculos um com o outro, sinto falta daquela amistosa demora para recebermos uma fita k7, que era muitas vezes regravada e passada aos diversos amigos e amigas que tivessem interesse em conhecer o material, e sem um questionamento. Se você tinha interesse, era bem-vindo.



Acho que devemos nos voltar nesse ano que termina às nossas raízes, ao tempo que não existia tanta necessidade de uma ostentação exacerbada.
Devemos voltar sim ao tempo que éramos mais "SER" e não "TER".
Devemos voltar a SER mais coração, a TER mais irmandade dentro do Metal e fora dele (Ou seja, respeito).

Não sei em qual região, ou mesmo país você estará lendo esse texto agora, eu não sei o que você está passando no momento, mas se você acredita que o Metal é algo que nos torna pessoas mais conscientes, iconoclastas e anti dogmas, mediante ao mundo a cada dia mais alienado... você é meu irmão, você é minha irmã.

Que o Metal seja mais do que música, que ele seja a nossa vida, nossa ideologia, fonte inesgotável de força.  E que com isso brindemos ao próximo ano.

Saúdo à todos os meus irmãos e irmãs do Metal!



Agradecimentos especiais:

À Equipe Road to Metal, por ser a primeira "casa" que me abriu portas, e acreditou no meu potencial.
Aos integrantes e amigos e suas respectivas hordas, bandas, produtoras, selos, zines e webzines do grupo“Laudo Extreme Bullying”
Aos integrantes e amigos da Page “Female Metalheads United “
Aos assessores, zines, revistas, rádios, e bandas que tenho contato dentro e fora do Brasil.
Aos amigos e amigas que me ensinam tanto dentro do Metal e fora.
A todos que passaram por minha vida, e independente dos motivos por não estarem mais presentes, sabem a importância que tiveram.
E aos meus familiares, em especial à minha amada avó. (R.I.P)


"Quem deixar de ser, NUNCA foi. A essência é algo que transpassa o tempo." - Nanda



Texto: Fernanda Vidotto
Revisão: Caco Garcia
Edição: Caco/Nanda

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