quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Deep Purple: "Machine Head Facts", 20 Curiosidades/Fatos do Clássico

Capa do Disco "Machine Head"

Hoje em dia são inúmeros os recursos disponíveis em termos de equipamentos para produção de um álbum, porém, nada adianta sem o tal feeling, e o abuso da tecnologia, que inclusive serve para mascarar defeitos e limitações, muitas vezes é utilizado tão exageradamente que torna a música plástica, sem vida, e ainda faz parecer que muitos soem praticamente iguais, mesmos timbres...clones!

Certeza absoluta que muitos que gravam CDs hoje, não sairiam "das caixas" em tempos em que os dinossauros começavam a dominar a terra! Sim, gravar álbuns em condições adversas, praticamente ao vivo, com pegada, alma, música orgânica, com feeling, por gente que realmente sabia tocar seus instrumentos.

Será que tinham em mente o clássico absoluto que gravariam?
Alguns dos grandes clássicos do Rock e Metal, foram gravados assim, com alma, e por isso são clássicos, sentimos a música. E um desses clássicos, aproveitando também a passagem do Purple pelo Brasil no mês passado, é "Machine Head", que possui ali uma coleção de faixas definitivas. Pois bem, em conversa com amigos, acabamos lembrando algumas particularidades desta obra, e aí relembro algumas, que muitos de vocês que estão lendo, devem saber, ou já devem ter lido, mas talvez encontrem algo de novo, e também há os mais jovens, que possam aqui descobrir um pouco mais, as o intuito principal, é fazer uma matéria estilo bate papo com amigos, e incentivar uma divertida discussão, assim como nasceu esta matéria!


 Vamos lá, aos fatos:

- Em Dezembro de 1971, o Deep Purple partiu rumo a Suíça, para gravar o seu sexto álbum de estúdio, sucessor de "Fireball", e o terceiro com a MK II. Por que na Suíça? Por recomendação dos seus contadores e advogados, a fim de ter menos despesas com impostos, resolveram então gravar fora da Inglaterra;

E o som não pode parar...

-  O Purple faria shows nos EUA no final de 71, porém, devido a Ian Gillan ter contraído hepatite, os shows foram cancelados, então, tudo conspirou para Montreaux;

- Enquanto esperava a recuperação de Gillan, e aproveitando tempo disponibilizado pelo cancelamento dos shows nos EUA, Ritchie Blackmore começou a escrever alguma coisa, e foram nascendo "Space Truckin'" e "Smoke on the Water";

- Martin Birch, foi escolhido para ser o engenheiro de som. Nome que virou lenda, produzindo e trabalhando como engenheiro de som, além do Purple, grandes álbuns de bandas como Blue Öyster Cult, Black Sabbath, Jeff Beck, Faces, Iron Maiden, Rainbow e Fleetwood Mac, pra citar alguns;

Ruínas do Mountreaux Casino
- "Machine Head" seria então gravado no Montreaux Casino, e o trabalho começaria após uma apresentação de Frank Zappa lá, e, bom, todo mundo lembra o que aconteceu, alguém disparou um sinalizador e o teto suspenso do casino pegou fogo, fato esse que inspirou a letra e foi devidamente relatado em "Smoke on the Water";

- O famoso estúdio móvel dos Rolling Stones, que foi locado pelo Purple para utilização do equipamento, também estava estacionado no local;

- A banda e mais alguns amigos e membros da equipe, terminaram aquela noite do show de Zappa, à beira de um lago próximo, assistindo o casino queimar, e preocupados com o  estúdio móvel dos Stones, que estava estacionado perto do casino, que acabou sendo "tostado";

- Sem condições de usar o Casino, e após o insucesso no teatro local "The |Pavillion", devido a reclamação dos vizinhos, o que levou a polícia a tirá-los do lugar, a solução foi o Grand Hotel, pelo distância de qualquer vizinho, e em pleno inverno, o que facilitou de estar meio deserto, então a banda se enfurnou nos corredores, utilizando colchões e cobertores como isolação, até conseguir o som ideal nas sessões;

- Tudo foi feito ao vivo, sem overdubs, o que se ouviu no álbum, não foi retocado posteriormente;

- "Never Before", foi a faixa que a banda apostou que seria a ideal para o primeiro single, sentindo que teria um apelo comercial, porém, não foi o que ocorreu, e provavelmente é uma das menos lembradas;

- Por outro lado, "When a Blind Man Cries", faixa adorada pelos fãs, e muito presente nas apresentações ao vivo, não entrou no álbum, e é porque Blackmore não gostava dela, simplesmente;

- E "Smoke on the Water" não estava prevista para entrar no álbum, mas após mostrarem para Claude Nobs (fundador do festival de Montreaux), este disse que aquilo era incrível e tinha que estar no álbum, e se não bastasse (veja que interessante, como estava escrita a história desse clássico), os Warners (donos da gravadora do Purple na época) convenceram a banda que "Smoke on the Water" deveria ser o single, e que  "Never Before", que era a escolhida pela banda, não teria o mesmo potencial. Foram lançados singles com as duas faixas, e sabemos que os Warners entendiam de negócios!;

- Em "Space Truckin'", Gillan lembra que a banda pensou que seria moderno viver na era espacial, então a ideia de ser um "caminhoneiro espacial", como oposto de um caminhoneiro terreno, era interessante;

- E  sobre o riff de "Space Truckin'", Blackmore disse que o lembrava o tema da série "Batman", dos anos 60;


Estúdio Móvel dos Stones

- Ainda sobre "Smoke on the Water", o título surgiu quando Roger Glover acordou com as palavras, alguns dias após o incêndio no Casino, contando que simplesmente veio aquela frase à sua mente, e levou a ideia para Ian Gillan, e das mãos dos dois, nasceu a letra toda, nascendo também o modo que até hoje trabalham, co-escrevendo as músicas;

- A grande abertura, com "Highway Star", e seu famoso solo, já impressionam de cara, e é uma das melhores aberturas de todos os tempos, e sobre o solo, Blackmore confessa que talvez tenha sido o único solo que ele trabalhou em cima, pois sempre foi muito espontâneo com seus solos;

- A banda levou três semanas para concluir as gravações, fazendo praticamente tudo em um take...menos Ian Paice, que perfeccionista, conforme relatou Blackmore em documentário, tocava 10 takes ou mais...e quando Ritchie e Lord largavam seus instrumentos, Paice ainda ficava insistindo por só mais um take!

- Em 25 de março de 1972, "Machine Head" foi lançado, atingindo o primeiro lugar nas paradas britânicas na primeira semana, permanecendo no top 40 por cerca de 20 semanas;

- Nos EUA, chegou ao sétimo lugar, ficando nas paradas por cerca de dois anos;

- Estima-se que o álbum, nos seus 40 anos de vida, já ganhou mais de 50 versões em vinil;

Um pouquinho de uma história cheia de curiosidades, desde o inusitado "estúdio" nos corredores do Grand Hotel de Montreaux, até a história das faixas que o compõe e todos os personagens envolvidos. Para saber mais, recomendo o documentário "Deep Purple - The Making of Machine Head (Eagle Rock DVD - 2002) e  Deu vontade de ouvir o álbum agora!


Um pouco de ar puro após a correria.


Texto: Carlos "Caco" Garcia
Edição, Revisão e Pitacos: Nanda Vidotto
Fontes: Memória, "DVD The Making Of Machine Head", "Classic Rock Magazine Archives"



Track list do vinil original:

Side one             
  
1.            "Highway Star"               6:05
2.            "Maybe I'm a Leo"          4:51
3.            "Pictures of Home"         5:03
4.            "Never Before"               3:56

Side two             

5.            "Smoke on the Water"    5:40
6.            "Lazy"                            7:19
7.            "Space Truckin'"             4:31








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