"Ragnarøkkr" é o mais recente registro do Asgard, grupo oriundo desde meados dos anos
80, que mistura sem medo folk medieval com o Heavy Metal. Diria até que as
guitarras e bateria servem mais de apelo extra. Emolduram composições que não
hesitam no uso de flautas, samples de teclado remetendo instrumentos medievais
e cânticos também daquele período.
"Trance-Preparation" tem um começo extremamente
metaleiro com o teclado mais progressivo. Logo em seguida há uma entrecortada
de cantoria barda sob batidas celtas. Franco Violo conduz as coisas como um Ian
Anderson para em seguida as sessões de heavy metal voltarem com força total.
Toma conta um palm mute de guitarra solando numa penta menor encerrando com
tappings. A guitarra se funde ao lado folk da canção e retorna ao princípio
para fechar com chave de ouro.
"Rituals" toca uma batida tribal em contraste de
flauta e alguma corneta medieval distorcida. O vocalista abre caminho para uma
passagem sombria reforçada pela guitarra e blast beat. A guitarra dá uma
revisada na melodia do começo para
depois gerar fraseados flutuantes ajudados pela harmonia leve do
sintetizador. Uma gaita de foles conversa com a guitarra. São interlúdios para
um recomeço meio cara de "canção pirata".
"The Night Of The Wild-Boar" tem levada melódica,
um pop cara de musical. Instrumentos se empilham no objetivo de criar um forro
pro canto. Apesar disso, tanto harmonia quanto melodia soam exóticas.
"Visions" é a mais metal, tem um climão de
batalha, seus vários riffs são costurados por melodias sintetizadas.
"Shaman" é iniciada por uma flauta, seu começo é
extremamente tranquilo. Aos poucos atinge um clima obscuro como se o ouvinte
entrasse num lugar servido de mistérios. As guitarras soam como um sino
martelado. A canção no final cai numa fúria progressiva.
"Battle" ecoa uma espécie de cravo cristalino,
chocalhos e acordes ressonantes na guitarra. A primeira parte se encaixaria
perfeitamente num videogame. Violo puxa uma direção Serj Tankian. Na segunda
metade, os teclados geram harmonias parecendo corais de igreja e a guitarra
distorcida gera clima macabro. Apesar de não ser frenética, ela passa um clima
de sofrimento enquanto escapam algumas ideias dançantes como se tudo não fosse
encenação de um épico.
"Anrufung" tem um início cerimonial. Na outra
metade vira uma dança folclórica repaginada para o peso do metal.
"Ragnarøkkr" uma das mais progressivas, fecha o
disco de modo sombrio e melancólico, o guitarrista Andrea Gottoli e o
tecladista Albert Ambrosi parecem mais livres para soltarem suas ideias.
Analisando tudo, o álbum despeja muitos conceitos e não faz
cerimônias em costurá-los abruptamente. O andamento de tudo é ondulado, não há
espaço para descanso. Algumas coisas poderiam ser melhor desenvolvidas mas são
logo jogadas para trás, com sorte relembradas nos momentos finais das
faixas. Alguns samples no sintetizador
me incomodaram um pouco, muito artificiais, acredito que espantem parte dos
ouvintes também.
É uma experiência diferente. Canto e melodias conservam o
espírito dos antigos trovadores e os integrantes manipulam isso com novos
recursos tecnológicos. O resultado soa
inusitado. O registro é mais indicado para aqueles que já curtem trilhas
sonoras épicas e metal progressivo. O excesso de informação e escolha de
timbres pode afugentar a maioria.
Texto: Alex Matos (Canal Rock Idol)
Edição: Carlos Garcia
Selo: Pride & Joy Music
Nenhum comentário:
Postar um comentário