quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Depois da Tempestade a Calmaria: Angra Com Novo Álbum Remete ao Início da Carreira
Indiscutivelmente o Angra é um dos maiores nomes da cena Power/Prog Metal mundial, e o grande nome nacional quando o assunto é tal tipo de som.
A banda também é marcada por algumas tempestades que, ao longo de seus quase 20 anos, permitiram que o grupo lançasse apenas sete discos de estúdios, embora com muita qualidade e que sempre fazia valer a pena esperar tanto tempo.
Quase a exemplo de 1999, quando a banda se separou devido à divergências com o empresário e membro fundador Antônio Pirani, em 2008 o grupo “deu um tempo”, deixando os fãs preocupados quanto ao destino da banda. Porém, o susto foi maior do que as mudanças que se anunciavam, que seria a saída de Aquiles Priester (que passaria a se dedicar ao Hangar) e a volta de seu sucessor Ricardo Confessori na bateria.
Depois de 4 anos sem material inédito, os paulistas lançaram há algumas semanas o single “Arising Thunder” (confira resenha aqui no blog), que, confesso, me deixou um pouco decepcionado nas primeiras audições, embora com o tempo fosse possível perceber suas qualidades. Entretanto, a ansiedade pelo sétimo disco acabou quando lançaram “Aqua” (2010), álbum com 10 faixas conceitual baseado na obra “Tempestade” de William Shakespeare. O disco já foi lançado no Brasil de forma independente.
Com todas as forças voltadas para o Angra, Edu Falaschi (Vocal), Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt (Guitarras), Felipe Andreoli (Baixo) e Ricardo Confessori (Bateria) trazem no novo disco a perfeita mescla do som da primeira fase da banda, especialmente dos discos “Angels Cry” (1993) e “Holy Land” (1996) com um pouco da fase atual da banda, especialmente no que diz respeito à “Temple of Shadows” (2004) .
A dupla de guitarras trazem de volta os riffs característicos da primeira fase do grupo, enquanto deixam de lado o tom mais pesado realizado no álbum “Aurora Consurgens” (2006), mas retomam a velocidade de músicas como “Carry On” e “Nova Era” (mas não espera músicas semelhantes), especialmente no single “Arising Thunder”, canção que lembra o que o grupo tem feito nos últimos anos.
Mas para quem acredita que o disco está mais simples, tome cuidado pois a banda tem apostado na complexidade, com mais passagens sinfônicas, com teclados marcantes, incluindo violinos e piano. A introdução “Viderunt Te Aque” já mostra isso.
As melodias estão presentes. Embora não possua nenhuma balada mais comercial como “Bleeding Heart” (do ep “Hunters And Prey” de 2002) e “Wishing Well” (de “Temple of Shadows” no ano de 2004), a bela e quase perfeita “Lease of Life” dá conta muito bem de um momento mais melódico e calmo, com um belo jogo de backing vocals, numa perfeita atuação de Falaschi. Vale salientar o abuso de piano nessa faixa, que dá um clima todo especial.
Ainda na calmaria, porém muito soturna, “Ashes” encerra o disco, remetendo à algo presente em “Holy Land” (como em “Silence and Distance”), bem como à música que marcou a segunda fase do grupo, “Visions Prelude”, embora mais pesada.
“Awake From Darkness” é um dos grandes destaques do disco. Nela, ainda encontramos muito do que fora feito no penúltimo álbum da banda, mas também com o que o grupo produzia no inicio da carreira. Talvez essa faixa sintetize melhor essa mescla do passado com o presente. Grande canção!
Bastante progressiva, temos “The Rage of Waters”. Destaque para Andreoli (baixo), que traz uns lances bem interessantes, assim como Confessori uma percussão marcante. Também segue a linha “Spirit of the Air”, mas mais ritmada que a anterior, dando um clima legal, leve para a música. Vale salientar as ótimas passagens acústicas que demonstram porque Loureiro e Bittencourt são referências no estilo.
Para mim, uma das gratas surpresas e que provavelmente se tornará um dos maiores hits do disco, caindo na graça do povo, é “Hollow”. A música começa bem progressiva, com peso, com um ótimo trabalho de Confessori, para cair na letra e riffs inspiradíssimos.
Obviamente que não falta aquela canção mais soturna, dramática, que tão bem fica no vocal de Falaschi. Estou falando de “Monster in Her Eyes”. Novamente, não se trata de uma balada comercial, mas trágica, afinal, é de uma obra (a última) de Shakespeare que o grupo se baseou para as composições.
Remetendo bastante à “Temple of Shadows”, principalmente pela passagem acústica e percursão, “Weaknes of a Man” é outra grande composição, com refrão impossível de deixar de cantar (confira os backing vocals perfeitos).
Vale salientar as participações especiais das cantoras Débora Reis e Annah Flavia (banda Izi). Aliás, também cantam como backing vocal no álbum Zeca, irmão de Loureiro e Tito Falaschi, irmão do vocalista Edu.
De maneira geral, tenho visto as pessoas divididas em relação ao álbum: quem acompanhou a fase de “Rebirth” (2001) em diante, se decepcionou, enquanto os que acompanham e/ou preferem a fase inicial, ficaram felizes com a volta de alguns elementos que foram deixados de lado nos últimos discos.
Particularmente, gostei muito de “Aqua” (2010). Tive minhas expectativas superadas, com um disco que marca uma nova fase para o grupo, não por se tratar da terceira grande formação do grupo, mas por mesclar as fases do passado e olhar para o futuro.
Agora é esperar que a banda possa fazer uma turnê mais extensa na sua terra natal e que possamos ver essa nova era do Angra, orgulho nacional.
Stay on the Road
Texto: EddieHead
Ficha Técnica
Banda: Angra
Álbum: Aqua
Ano: 2010
País: Brasil
Tipo: Power/Prog Metal
Compre no site: http://www.reigninmetal.net/angra-aqua-chegando-em-agosto-na-reign-in-metal.html
Formação
Rafael Bittencourt (Guitarra)
Kiko Loureiro (Guitarra)
Ricardo Confessori (Bateria)
Edu Falaschi (Vocal)
Felipe Andreoli (Baixo)
Tracklist
01. Viderunt Te Aquæ
02. Arising Thunder
03. Awake From Darkness
04. Lease Of Life
05. The Rage Of The Waters
06. Spirit Of The Air
07. Hollow
08. A Monster In Her Eyes
09. Weakness Of A Man
10. Ashes
11. Lease of Life Remix (Bônus Japonês)
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7 comentários:
Angra já era...perderam a capacidade criativa...virou banda comum.Mt aquém de Angels Cry, Holy Land, ou mesmo Rebirth!
é..não empolga mais...
MT POKO PARA OQ JÁ CRIARAM NO PASSADO.A UNICA COISA Q REMETE AO INICIO DE CARREIRA É A VOLTA DO CONFESSORI. NOTA 4,5
Estou muito curiosa para escutar esse novo álbum!!! \o/
Pois é. Muito cedo pra dizer se o disco é ou não um clássico na carreira da banda. Particularmente gostei. Estava um pouco cansado da banda muito pesada e ultrarápida. Acho que nesses moldes só mesmo Temple of Shadows ficou ótimo (aliás, meu disco preferido).
O público fica bastante exigente. Aconteceu com o Maiden, depois de Seventh Son, a banda não tinha pra onde expandir mais, tornar-se mais complexa (naquele período). O mesmo, eu penso, aconteceu com o Angra agora.Gostei dessa mudança da sonoridade, músicas mais "parelhas" sem muitas firulas...vlw galera pelos comentários. Fiquem a vontade aí. vlw
Gostei bastante desse novo cd,esperava menos.
Eu ouvira comentários horrorosos sobre o "Aqua" e para minha grata surpresa, depois de ouvir o álbum constatei que tem gente que só sabe criticar o trabalho dos outros.#prontofalei
Adorei o Aqua,está entre meus CDS do Angra prediletos.Gosto de todas as músicas.
Não estou entrando na questão André Matos x Edu Falaschi que admito prefiro o primeiro.
Não vejo a hora de ver a banda se apresentando aqui em Porto Alegre dia 05/12.
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