Há algumas semanas escrevi aqui sobre o primeiro single e música que apresentava o Dream Theater com nova formação, agora sem seu maior líder, o baterista e co-fundador Mike Portnoy. Na ocasião, a resenha foi negativa, já que minhas expectativas não haviam sido superadas, algo que o Dream Theater sempre consegue fazer.
Porém, com o novo disco já lançado, a história mudou. Pude compreender que “On the Backs of Angels”, música do single e aquela que abre o novo trabalho da banda, se encaixa perfeitamente no restante de “A Dramatic Turn of Events” (2011), disco que traz, pela primeira vez, outro baterista que não Portnoy, no caso, o talentoso Mike Mangini (Annihilator, Extreme, Steve Vai).
A história toda da saída de Portnoy, seu super grupo no Adrenaline Mob, além das “viúvas de Portnoy” que também deixaram a banda com sua saída, tudo isso poderia ser justificativa para o título do álbum.
Mas como o novo líder John Petrucci (guitarra) deixou claro, o 11º trabalho em estúdio dos norte-americanos fala da contemporaneidade, dos eventos que mudam a vida das pessoas (guerra, terremotos, etc), conforme entrevista para a edição deste mês da Roadie Crew.
A verdade é que a banda prova, neste disco, que encontrou o substituto certo (o melhor dentre os selecionados para a audição, que contou até com o Aquiles Priester, do Hangar) para o posto que jamais foi imaginado ser deixado por Portnoy.
Mike Mangini já manja (trocadilho infame, rs) da coisa e não é nenhum novato. Mesmo que boa parte das linhas de bateria já estivesse elaboradas por Petrucci (que as gravou de forma eletrônica), Mangini já pode colocar alguns de seus elementos, mas fugindo muito pouco do que o “velho Mike” fazia.
Mike Mangini estreia em estúdio com o Dream Theater
Mas, como todo álbum do Dream Theater, não é apenas um músico que se destaca. James LaBrie (vocal) canta como sempre, mostrando seu lado melodioso e não querendo soar muito pesado (não estamos diante de outro “Train of Thought”). John Myung (baixo), além de escrever sua primeira letra em mais de uma década, está lá, sempre efetivo e fazendo seu trabalho, embora seu auge tenha sido nos anos 90 (onde seu baixo possuía maior destaque nas músicas). Jordan Rudess (teclados) traz seu trabalho mais intenso. Provavelmente nenhum disco com seus teclados desde que entrou na banda possua tanta presença de efeitos eletrônicos, sons de pianos e afins.
O disco, em suas 9 faixas, traz o mesmo Dream Theater dos últimos anos, embora alguns climas mais anos 90 estejam presentes. Mas, de cara, notamos maior destaque para os teclados, inclusive com passagens quase sinfônicas, como no já citado single e em “Build Me Up, Break Me Down”.
Aliás, esta segunda faixa do álbum pode assustar de inicio os fãs mais radicais, afinal, Rudess resolveu abusar dos efeitos eletrônicos, incluindo também o uso de bateria eletrônica e modeladores de voz. Mas o resultado, pessoal, é uma das melhores canções da banda no disco, bastante empolgante, com riffs certeiros de Petrucci.
De praxe, temos belas canções calmas, soturnas, como “Far From Heaven”. Começando aquele clima com piano, violinos, o belo vocal de James, para trazer uma melodia muito bonita e que tem agradado bastante os fãs em geral. Da mesma forma, “Beneath the Surface”, que fecha o disco, é o grande destaque, na minha opinião, pois é a canção mais bonita que a banda fez desde “Through Her Eyes” (do disco de 1999 “Scenes From a Memory”). Simplesmente de se emocionar ouvindo e viajando na letra.
A banda abusou de canções longas que já é de praxe. No álbum, entre as mais longas está “Bridges In The Sky”, com seus mais de 11 minutos e com um começo totalmente fora dos padrões da banda. Os corais e o clima mórbido, está mais para uma introdução do Rhapsody of Fire. Sinceramente, não combinou nada com a banda. Mas a cosia melhora com o peso que Petrucci traz na guitarra e a agressividade de Mangini na bateria (resquícios de seu tempo no Annihilator).
Petrucci agora lidera a banda, compondo quase todas as músicas do novo álbum
Por falar em Petrucci, o cara escreveu praticamente todas as músicas, algo que fez pela primeira vez, já que Portnoy também era um dos mais ativos nas composições. Embora essa constatação, o discurso da banda é de que todos participaram do processo de composição. Bom, difícil de acreditar, mas está valendo.
Outras que merecem menção são “Lost Not Forgotten” (outra canção longa e cheia de quebras de ritmos), “Breaking All Illusions” (única letra feita por Myung), que é a mais longa do álbum, mas um dos pontos fortes do álbum. Ouvindo-a de olhos fechados, não tem como não imaginar o velho Mike nas baquetas, tamanha a semelhança entre a forma de tocar entre ambos. Mas o que se destaca na música são os teclados e o belo refrão, cuja melodia nos prende.
Ao contrário do que a banda falava, não estamos diante do melhor álbum de sua carreira. Longe disso. Clássicos como “Images and Words” (1992) e “Falling Into infinity” (1997) não voltam, mesmo com a leve tentativa em “A Dramatic Turn of Events”.
Mas este trabalho, diante de todas as mudanças e toda a novela que levou o foco para outro lado que não a música, prova que o Dream Theater pode seguir com a nova formação sem decepcionar os antigos e novos fãs, apostando um pouco mais na simplicidade (sim, a banda já fez álbuns mais doidos).
Texto: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação
Ficha Técnica
Banda: Dream Theater
Álbum: A Dramatic Turn of Events
Ano: 2011
País: EUA
Tipo: Metal Progressivo
Selo: Roadrunner Records
Formação
James LaBrie (Vocal)
John Petrucci (Guitarra)
John Myung (Baixo)
Jordan Rudess (Teclados)
Mike Mangini (Bateria e Percussão)
Tracklist
1. On the Backs of Angels
2. Build Me Up, Break Me Down
3. Lost Not Forgotten
4. This Is the Life
5. Bridges in the Sky
6. Outcry
7. Far from Heaven
8. Breaking All Illusions
9. Beneath the Surface
2. Build Me Up, Break Me Down
3. Lost Not Forgotten
4. This Is the Life
5. Bridges in the Sky
6. Outcry
7. Far from Heaven
8. Breaking All Illusions
9. Beneath the Surface
Assista o vídeo do single clicando aqui.
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Um comentário:
grande resenha na real o Dt me impressionou com esse album parecendo um gretes hits ja que tem todas as formulas dos albuns passados mas ao mesmo tempo com inovações só falta nos vemos o mangini ao vivo aqui no sul hein??sera que rola em 2012??
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