Formada em 2009, no estado do Rio Grande do Sul, o Save Our Souls é ainda uma banda jovem, mas que desde o início mostra grande potencial e seriedade em seu trabalho. Após shows abrindo para bandas de renome como Kamelot e Nightwish e um EP lançado, o SOS partiu para o próximo passo, que foi a gravação do seu debut, "The Otherside", que acabou, durante o processo de composição, se transformando em um álbum conceitual, onde o personagem principal, Dr. Lynch, em meio a suas frustrações, descobre um espelho que o leva para um "outro lado", criado a partir do seu reflexo, e a partir dai, quando retorna, ele confronta-se novamente com suas frustrações, mas sob uma nova ótica.
Um trabalho que mostra uma banda madura e que ainda vai render muito mais. Confira a entrevista com a vocalista e tecladista Melissa Ironn e saiba mais sobre esta grata revelação brasileira, e ainda mais detalhes do seu álbum de estreia e o Symphonic Metal "cinematográfico" do SOS!
RtM: Qual a
sensação de ter o primeiro full-lenght lançado e como vocês estão sentindo a
receptividade nessas primeiras semanas pós lançamento?
Melissa: Estamos muito felizes pelo
resultado do nosso trabalho, por chegar até aqui. O Lançamento do primeiro
álbum é o que realmente apresenta a banda para o mercado como um todo, público,
mídia, etc. Por isso, a sensação que temos sempre é de que, apesar da banda
estar na ativa desde 2009 e já ter um trabalho de estúdio anterior que foi a EP
“Find The Way”, sentimos que agora é o início de uma longa jornada de trabalho
duro para um progresso contínuo. Firmamos um compromisso ainda maior com a
própria banda, com público e tudo mais que se relaciona a isso. Este álbum é o
primeiro input para o desenvolvimento de uma possível carreira, para a
construção de um futuro. Estamos cientes de que é só o início.
RtM: A banda
trabalhou bastante no álbum, pelo que pudemos acompanhar, amadurecendo, tanto
as composições, como vocês próprios como músicos. Gostaria que vocês fizessem
um balanço desse período de produção, composição e que culminou no lançamento
propriamente dito.
Melissa: Na verdade, primeiro nós
fizemos as composições e somente após veio a decisão definitiva de gravar o
álbum. As composições já estavam todas prontas, e elas não sofreram alteração
no processo de gravação. Mas sim, ao ver as músicas tomando forma sentimos a
necessidade de aprimorar questões como execução, por exemplo, mesmo porque a
percepção que tínhamos das nossas músicas dentro de um estúdio de ensaio onde
se tem um determinado ambiente, se transformou muito quando nos deparamos com
uma estrutura totalmente diferente daquela em estúdio de gravação e que nos
proporcionou outra visão das nossas músicas.
RtM: Legal, bem interessante! E complementando sobre a produção, escolhas de timbres, etc?
Melissa: E também questões de produção foram desenvolvidas, como escolher os timbres, que recursos utilizar para extrair o melhor som possível, a exemplo da utilização de softwares para simular os instrumentos de uma orquestra que foi a decisão que tomei com os teclados. Foi um grande aprendizado, uma experiência totalmente diferente. Foi preciso um grande amadurecimento para conduzir toda a situação, inclusive do próprio lançamento. Não podíamos oferecer qualquer trabalho e nem mesmo apresenta-lo de qualquer forma. Houve um esforço conjunto para que tudo fosse o mais profissional possível.
RtM: Legal, bem interessante! E complementando sobre a produção, escolhas de timbres, etc?
Melissa: E também questões de produção foram desenvolvidas, como escolher os timbres, que recursos utilizar para extrair o melhor som possível, a exemplo da utilização de softwares para simular os instrumentos de uma orquestra que foi a decisão que tomei com os teclados. Foi um grande aprendizado, uma experiência totalmente diferente. Foi preciso um grande amadurecimento para conduzir toda a situação, inclusive do próprio lançamento. Não podíamos oferecer qualquer trabalho e nem mesmo apresenta-lo de qualquer forma. Houve um esforço conjunto para que tudo fosse o mais profissional possível.
RtM: Você poderia falar um pouco mais sobre o conceito e a história do álbum? De onde surgiu a inspiração para a história?
Melissa: Questões de comportamento e
personalidade do homem são temas recorrentes em nossas composições que hoje
integram o “The Otherside”. Inicialmente as composições não foram feitas
pensando no conceito que se tem hoje. Mas percebemos que todos os temas convergiam
e então se pensou em construir algo maior, um conceito artístico completo que
envolve não só o personagem Dr. Lynch, mas mesmo a produção gráfica e tudo
mais. Houve um desejo de construir algo mais complexo e coeso então
aproveitamos o que já estava debaixo de nossos olhos, a oportunidade de
construir um conceito a partir das composições que já tínhamos em mãos.
RtM: Interessante, então a história foi sendo montada a partir dessa percepção que vocês tiveram sobre os temas que já tinham em mãos.
Melissa: As letras das músicas tratam de sentimentos, comportamentos, questões de personalidade que são inerentes à condição humana. Por isso existem músicas no álbum que tratam de ganância, ambição, dissimulação, esperança, coisas que fazem de nós seres humanos. Quando na história que contamos sobre o Dr. Lynch, ele se depara com o espelho e passa a compreender que a “Teoria de Tudo”, a teoria que explicaria porque somos o que somos está no autoconhecimento, ele compreendeu que todas essas características supracitadas, assim como muitas outras, são o que nos torna humanos, é o que rege a sociedade, como ela se constitui da maneira como ela é. Não há como negar a natureza humana, precisamos compreender porque agimos da maneira como agimos para buscar a evolução dessa condição e resolver os problemas que nós mesmos causamos por meio dessas características, como o preconceito, a desigualdade...
Melissa: As letras das músicas tratam de sentimentos, comportamentos, questões de personalidade que são inerentes à condição humana. Por isso existem músicas no álbum que tratam de ganância, ambição, dissimulação, esperança, coisas que fazem de nós seres humanos. Quando na história que contamos sobre o Dr. Lynch, ele se depara com o espelho e passa a compreender que a “Teoria de Tudo”, a teoria que explicaria porque somos o que somos está no autoconhecimento, ele compreendeu que todas essas características supracitadas, assim como muitas outras, são o que nos torna humanos, é o que rege a sociedade, como ela se constitui da maneira como ela é. Não há como negar a natureza humana, precisamos compreender porque agimos da maneira como agimos para buscar a evolução dessa condição e resolver os problemas que nós mesmos causamos por meio dessas características, como o preconceito, a desigualdade...
RtM: Uma história
conceitual, também pede uma parte musical que transmita o clima e as situações
de cada parte da história. Legal saber mais desses detalhes de como vocês foram trabalhando essa
parte lírica e musical.
Melissa: Como dito na questão anterior,
a parte lírica e também musical já existiam antes mesmo do conceito. Mas o que
fez com que tudo caminhasse rumo ao álbum se tornar conceitual foi a nossa
maneira de compor sempre integrando a mensagem presente na letra da música com
a parte musical. A música precisa realmente transmitir de todas as formas a
mensagem que se quer passar. Por isso, cada uma tem um clima bem específico,
pois cada uma transmite uma mensagem.
RtM: Qual é o mais
trabalhoso na sua visão, um álbum conceitual ou um, digamos, convencional?
Melissa: Acredito que seja mais trabalhoso
um álbum conceitual porque tudo tem que estar bem coeso, tem que se ter cuidado
para que a história realmente esteja conectada com as músicas. No caso do “The
Otherside” o que fizemos foi realmente arriscado porque criamos o conceito a
partir das músicas, fizemos o processo inverso. Normalmente se espera que
primeira se desenvolva o conceito para depois as composições sejam feitas de
acordo. Mas felizmente, conseguimos atingir o objetivo. Para o próximo trabalho
vamos fazer dessa forma, primeiro constituímos o tema bem estruturado e então
estamos desenvolvendo as composições.
RtM: Deu pra notar também, que todos participam das composições, e acredito que isso contribui para as diversas nuances e influências que podemos encontrar no álbum, gostaria que vocês falassem sobre isso.
Melissa: Eu acredito que a música se
caracteriza por cada detalhe. Normalmente as composições começam a partir de
alguma ideia qualquer de algum dos integrantes, pode ser um riff de guitarra,
pode ser uma melodia de voz, pode ser qualquer coisa. A partir disso, todos nós
acrescentamos nossa personalidade a partir de cada um dos elementos que
trazemos para a música.
O momento em que todos trabalhamos juntos na composição dentro um estúdio de ensaio é quando realmente a música passa a ser nossa, de toda a banda, cada um trazendo um pouquinho de si, desenvolvendo as ideias em conjunto. Acredito que isso nos torna uma banda, ninguém está sozinho ali conduzindo a situação, estamos trabalhando juntos, se não cada um teria um trabalho solo e contrataria músicas para executar suas composições! Hehehehe
RtM: E aproveitando, o que você poderia falar sobre as suas influências ou inspirações musicais?
Melissa: E sobre nossas influências e inspirações, essas são as mais diversas. Nunca pensamos em seguir um estilo pré-determinado ou específico. Cada um tem suas preferências, por isso, tem influências do heavy e trash metal nos riffs de guitarra, elementos do Prog na cozinha, e os teclados são inspirados em trilha cinematográfica, gosto muito mesmo de trilha sonora de filmes. O resultado da nossa identidade é a soma das nossas diferenças que transitam nos mais diversos subgêneros do Metal e além do próprio gênero.
O momento em que todos trabalhamos juntos na composição dentro um estúdio de ensaio é quando realmente a música passa a ser nossa, de toda a banda, cada um trazendo um pouquinho de si, desenvolvendo as ideias em conjunto. Acredito que isso nos torna uma banda, ninguém está sozinho ali conduzindo a situação, estamos trabalhando juntos, se não cada um teria um trabalho solo e contrataria músicas para executar suas composições! Hehehehe
RtM: E aproveitando, o que você poderia falar sobre as suas influências ou inspirações musicais?
Melissa: E sobre nossas influências e inspirações, essas são as mais diversas. Nunca pensamos em seguir um estilo pré-determinado ou específico. Cada um tem suas preferências, por isso, tem influências do heavy e trash metal nos riffs de guitarra, elementos do Prog na cozinha, e os teclados são inspirados em trilha cinematográfica, gosto muito mesmo de trilha sonora de filmes. O resultado da nossa identidade é a soma das nossas diferenças que transitam nos mais diversos subgêneros do Metal e além do próprio gênero.
RtM: Falando sobre as músicas, dois destaques para mim são a abertura “Another Life” e “The Sound of Heart”, que também mostram a versatilidade da banda, além da habilidade em passar bastante emoção às composições, e com certeza demonstra o potencial que a banda ainda tem a mostrar nos próximos anos. Gostaria que vocês comentassem um pouco mais sobre essas duas canções.
Melissa: São duas composições bem
diferentes, com mensagens bem diferentes entre si. “Another Life” trata das
pessoas que sentem aquele vazio interno pela necessidade de autoafirmação.
Pessoas que precisam tentar se enquadrar em um grupo e por isso mudam o tempo
todo e não conseguem olhar para si mesmas e se aceitarem com sua singularidade
e isso, por vezes, acaba prejudicando as pessoas ao redor. Por isso é uma
música que tem grande parte dela um clima bastante melancólico, é uma musica
que tem uma cadência proposital para isso, mas que depois passa para um momento
mais agressivo onde se faz uma crítica a esse tipo de comportamento pela visão
de quem é prejudicado por esse tipo de comportamento.
Já 'The Sound
Of Heart” é uma música de trata de esperança e motivação. Em suma, a mensagem
central é de que cada um tem aquilo que o motiva e que nos momentos de
dificuldade basta ouvir o som do coração (que é essa motivação) para voltar a
ter esperança e forças para seguir em frente. Esta precisava realmente ser uma
canção emotiva.
RtM: Falando em
diversidade e versatilidade, gostaria que vocês também comentassem a respeito
de outra que me chamou muito a atenção foi a “Dark Enigma”, que passeia por
diversos climas, sendo muito cativante do início ao fim, e aí também mostra uma
qualidade, além dessa diversidade e versatilidade, pois nem todos conseguem
manter interessante uma faixa com duração mais longa.
Melissa: Diversidade e versatilidade
são duas coisas que gostamos muito! Hehehehe Embora haja uma necessidade de se
ter uma estrutura básica nas composições, como estrofe, pré-refrão, refrão,
etc, isso não significa que tudo tem que ser exatamente igual, que a música
tenha que começar e terminar exatamente da mesma forma, apenas se repetindo
essas estruturas.
“Dark Enigma” tem uma estrutura básica, mas se pensou desde o início que esta seria uma música que exploraria diversos elementos e que teria climas diversos. Possui uma grande letra, que inclusive teve que ser adaptada para não ficar demasiadamente longa, e essa lírica explora diversos momentos, por isso a necessidade de passear por diversos climas. Mas temos sempre o cuidado para que tudo esteja muito conectado, não queremos músicas parecendo colcha de retalhos! Acredito que seja por isso que ela se mantém interessante do início ao fim.
“Dark Enigma” tem uma estrutura básica, mas se pensou desde o início que esta seria uma música que exploraria diversos elementos e que teria climas diversos. Possui uma grande letra, que inclusive teve que ser adaptada para não ficar demasiadamente longa, e essa lírica explora diversos momentos, por isso a necessidade de passear por diversos climas. Mas temos sempre o cuidado para que tudo esteja muito conectado, não queremos músicas parecendo colcha de retalhos! Acredito que seja por isso que ela se mantém interessante do início ao fim.
RtM: Como uma banda ainda relativamente nova, como vocês veem a cena atual, o que melhorou e o que piorou para as bandas, principalmente as mais novas, e que questões e fatores devem ser levados em conta para conquistar seu espaço e alcançar relevância no cenário?
Melissa: Um ponto bastante positivo que
eu considero é que, ainda existe algum amadorismo, mas em geral as bandas estão
se profissionalizando muito! A qualidade e diversidade de material tem
surpreendido bastante! Felizmente, vejo que apesar das controvérsias da cena, o
Brasil está começando a querer deixar de simplesmente replicar o que já existe
e está passando a produzir mais material autoral.
Ainda há muito o que desenvolver nesse sentido, shows com bandas cover por exemplo, são muito mais frequentes porque transmitem uma certa segurança aos donos de bares e casas de shows por já existir um público garantido para atração. Mas quem sabe daqui a um tempo essa mudança cultural que incentiva a produção intelectual também passe a refletir positivamente nessa questão.
Ainda há muito o que desenvolver nesse sentido, shows com bandas cover por exemplo, são muito mais frequentes porque transmitem uma certa segurança aos donos de bares e casas de shows por já existir um público garantido para atração. Mas quem sabe daqui a um tempo essa mudança cultural que incentiva a produção intelectual também passe a refletir positivamente nessa questão.
RtM: Com tantos
subestilos e subdivisões no Metal, você acredita que o fã de Metal hoje possui
uma mente mais aberta?
Melissa: Talvez em relação ao passado.
Mas observando somente a atualizada, nem tanto, infelizmente... É só observar o
que ocorreu nas redes sociais neste período onde tivemos o Rock In Rio
acontecendo. Tinha pessoas preocupadas em criticar as bandas de que não gosta e
exaltar as de sua preferência. E eu fiquei me perguntando: Será que as pessoas
não podem simplesmente assistir o show de sua preferência e respeitar os
demais? Se não gosta, não olha, e pronto... Como disse anteriormente, eu sinto
que estamos em um momento de transformação sim, mas é só o começo. Ainda existe
aquela minoria que incomoda bastante que se preocupa mais em apontar e criticar
os trabalhos de que não gosta do que manter o respeito e a boa educação, e o
pior de tudo é que na maioria dos casos, essa minoria julga o livro pela capa e
do trabalho dos outros sem sequer conhecer.
Cada um tem um gosto pessoal, mas precisamos ainda aprender a conviver com as diferenças.
Cada um tem um gosto pessoal, mas precisamos ainda aprender a conviver com as diferenças.
RtM: Os planos para a banda para este final de 2015 e para 2016?
Melissa: Vamos seguir divulgando o “The
Otherside” pelos mais diversos canais, nãos só nacionais, mas internacionais
também, na medida do possível, e também fazer mais alguns shows para levar às
pessoas o nosso trabalho. Mas este foi só o começo, então já estamos cheios de
vontade, trabalhando em novas composições para um próximo trabalho.
RtM: Pessoal, muito
obrigado pela atenção, parabéns pela grande estreia, e fica o espaço para sua
mensagem aos leitores e aos fãs, e, claro, para quem ainda vai conhecer o
trabalho do SOS.
Melissa: Obrigada! Nós que agradecemos
pelo espaço. O “The Otherside” está disponível para audição gratuita no nosso
SoundCloud oficial, bem como para venda, tanto em formato digital como físico.
Vale a pena dar uma conferida no material! Devemos confiar mais no potencial
artístico do nosso país e não deixar morrer a cena.
Entrevista: Carlos Garcia
Entrevista: Carlos Garcia
Label: Shinigami Records
Line-up:
Melissa Ironn – vocals & keyboards
Marlon Lago – guitars & vocals
Jackson Harvello – bass
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