quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Cobertura de Show – Blind Guardian: Retornando a Taverna Rio Grandense! (06/10/15 - Bar Opinião - POA/RS)


A vinda de grandes nomes do Heavy Metal mundial ao Sul do país já é mais que obrigatório, mas tem algumas bandas que de fato adoram vir ao Rio Grande do Sul, e uma delas certamente é a banda alemã Blind Guardian, que retorna a Porto Alegre pela 4° vez, mais precisamente quatro anos depois de seu último show na capital gaúcha.

Sendo assim, o local escolhido não poderia ser menos que o templo sagrado do estado, o Bar Opinião, que recebia a banda mais uma vez na terça-feira do dia 06/10. Confesso que não esperava um grande público, devido aos diversos shows pela região em um curto espaço de tempo. Mas me enganei feio, pois ao chegar no Opinião já podíamos avistar uma bela fila, prometendo casa cheia para mais este grande show.

O Guardian vem divulgando seu mais recente trabalho “Beyond the Red Mirror” (15), e traz ao Brasil a “Beyond the Red Mirror Brasil 2015”, com o total de sete datas, e POA sendo o terceiro show desta tour.


Após a abertura dos portões (19h:30min para o pessoal do que adquiriu o Hotpass e 20h para os demais fãs), não demora muito para o Bar estar tomado pelos fãs dos Bardos (algo em torno de 1000 pessoas), e a ansiedade era visível, além de ter um certo encontro de gerações, os fãs mais novos da banda com os que já são da velha escola (no meu caso, esse foi o meu 3° show do Blind).

E muito se falava de como seria o setlist, pois é evidente a reestruturação que a banda faz a cada tour e a cada show, está tour mesmo, ao acompanhar os sets muitas surpresas inesperadas eram vistas, e restava aguardarmos para ver o que eles prepararam para o público gaúcho.

Então chegado a hora, e pontualmente às 21h as luzes se apagam, a introdução ecoa nos PA’s e é hora de visitarmos a Terra Média! “The Ninth Wave” (do novo disco) abre os trabalhos, com o tecladista Matthias Wiesner sendo o primeiro a entrar em cena e receber as calorosas boas vindas dos fãs, seguido de Frederik Ehmke (bateria), Barend Curbois (baixo), Marcus Siepen (guitarra), André Olbrich (guitarra) e por fim, o mestre Hansi Kürsch, fazendo a galera ir a loucura.


E ir acompanhando a banda, mostrando que o material novo está na ponta da língua. Pós os intensos nove minutos da primeira música, Hansi salda a todos, e anuncia um dos grandes clássicos do Guardian, “Banish from Sanctuary” (“Follow the Blind” – 89), fazendo a casa explodir, e todos cantarem juntos o seu refrão mais que empolgante, deixando os músicos bem impressionados com tamanha empolgação.

Para quem já foi a algum show do Blind Guardian ou acompanha a banda ao vivo por CD’s ou DVD’s, sabem de uma peculiaridade, que Hansi na maioria das músicas sempre as anuncia fazendo aquela breve pausa, onde interage bastante com o público, e novamente em Porto Alegre não seria diferente, o que deixa a apresentação com um ar mais intimista, onde todos os músicos esbanjavam muito carisma, em um show praticamente perfeito.

Seguindo as cantigas medievais, uma das mais aclamadas da noite, “Nightfall”. E nem é preciso dizer como foi a explosão dos fãs em seu refrão, onde Hansi tinha os presentes na mão, e chamou muito atenção a sua boa forma ao vivo, mesmo que atualmente não alcance os tons de antes se mostrou muito acima do esperado, sem contar a banda que o acompanha, tendo ao seu lado André e Marcus, uma junção perfeita em termos de guitarras melódicas, onde um dá à tona da melodia e o outro o peso e agressividade dos riffs.


Eu como um fã do material antigo do Blind, de fato ainda não me acostumei com os lançamentos pós o “Nightfall in Middle-Earth” (98), e era chegada a hora de algumas composições mais recentes entrarem em cena, mas o que me chamou a atenção, que o show não esfriou, pois sim, os fãs mais novos adoram as composições atuais da Guardian, que tomou um direcionamento diferente desde “A Night at the Opera” (02).

Então a trinca a seguir com “Fly” (“A Twist in the Myth” 06), “Tanelorn (Into the Void)” (“At the Edge of Time” – 10) e “Prophecies” (“Beyond the Red Mirror” – 15), manteve o show fervendo, e fiquei realmente impressionado, pois agrada e muito a galera mais nova, o que é muito bacana, com todos cantando seus refrãos pomposos, decorando cada parte dos riffs, solos, viradas na batera, o que nós deixa com uma esperança que esse público tão fervoroso não se apague.

Após esse momento que privilegiou os últimos lançamentos, era hora da trinca que agradaria os fãs mais “velhos”, que começaria com uma grande surpresa “The Last Candle” (“Tales From the Twilight World” – 90), o que fez todos enlouquecerem com o seu começo apoteótico: “Guardian, Guardian, Guardian of the Blind” cantado em uníssono, sendo quase ensurdecedor!


Mas “The Last Candle” guardava mais uma surpresa, mas antes vale mencionar o entrosamento de André e Marcus, e também os belos backing vocals, que ganharam o apoio de Matthias e Barend, deixando o clima mais que épico, transformando o Opinião em uma Taverna de Bardos!

É estranho a parte final de uma música ser a mais aguardada, mas podemos dizer que ao vivo “The Last Candle” passa esse sentimento, pois quando chega ao seu fim é hora do couro interminável de “Somebody's out there, I feel there's somebody”, que foi repetido incansavelmente pelos fãs, com todos da banda abrindo um grande sorriso de orelha a orelha, vendo aquela devoção sem fim dos gaúchos!

Seguindo a trinca mágica, a semi - balada “Lord of the Rings”, e todo o seu poder emocional, onde a emoção falou mais alto e foi difícil conter as lagrimas. Assim como em “Time Stands Still (at the Iron Hill)”, que fez quem ainda tinha um pouco de voz ficar sem, tamanha energia que está música passa, com as guitarras pegando fogo, e com Barend esmerilhando seu contrabaixo!


Se os fãs mais antigos achavam que esse seria o ápice do show, felizmente se enganaram, pois mais clássicos tomaram forma, e os gritos por “Majesty” (“Battalions of Fear” – 87) já eram altos, e quando Hansi fez menção que não estava ouvindo, ficou claro o que todos queriam ouvir naquele momento, então a poderosa “Majesty” tomou conta, com seus riffs destruidores, e Hansi dando um show nos vocais, a única ressalva, seria mesmo a performance do baterista Frederik, é perceptível que ele adapta certos arranjos criados por Thomas Stauch, para o seu modo de tocar, mas tem músicas que ele muda totalmente essas linhas, e “Majesty” é uma delas, onde é possível notar claramente essa tal mudança, que me gerou bastante estranheza.

Mas passado este pequeno detalhe, impossível cantar o refrão de “Majesty” e não se sentir numa batalha, é como se fosse o chamado para a guerra dos Senhor do Anéis!


E para fechar a primeira parte do show uma das faixas que não esperava ouvir, mas que caiu perfeitamente no espetáculo, a épica “And the Story Ends” (“Imaginations from the Other Side” – 95).

Após uma breve saída dos músicos do palco, a banda retorna para o primeiro Encore da noite, iniciando com “Wheel of Time” (“At the Edge of Time” – 10), “Twilight of the Gods” (“Beyond the Red Mirror” – 15) e a arrasa quarteirão “Valhalla” (“Follow the Blind” – 89), que lavou a alma dos fãs, com a galera repetindo ao comando de Hansi incansavelmente o seu refrão ao final.

 Valhalla – Deliverance Why've you ever forgotten me?


Então temos o famoso “final fake” e a galera começa a cantar de forma abismal a bela “The Bard's Song - In the Forest”, e ainda com a galera cantando e as luzes apagadas, começa a introdução “War of Wrath”, aí já sabíamos o que esperar, “Into the Storm”, certamente uma das melhores músicas do Guardião Cego, e que fez o Opinião incendiar de vez!

Como já estávamos no final do show, sabíamos que “Mirror Mirror” poderia vir na sequência para finalizar a apresentação, mas quando é colocado no palco dois banquinhos e Marcus e André trocam suas guitarras por violões, a emoção toma conta novamente e “The Bard's Song - In the Forest” toma forma. Bela, genial e emotiva, um momento fantástico que antecedia o final com a já carimbada “Mirror Mirror”, fazendo a alegria tanto dos fãs mais velhos como dos mais atuais.


Um show genial, que beirou a perfeição, agradando a gregos e troianos, mostrando uma banda em plena forma e que tem um dos melhores shows de Power Metal do mundo!

Vale ressaltar o jogo de iluminação do show, como a estrutura de palco com uma bateria lindíssima e um pano de fundo magnifico, que trazia a capa de “Beyond the Red Mirror”, deixando o show ainda mais incrível, pois a cada música parecia que um novo cenário surgia devido ao belo jogo de luzes, sem contar o som que estava muito bem equalizado, pode-se notar o microfone de Hansi um pouco mais baixo nos minutos iniciais, mas que foi sanado logo em seguida, não tendo nenhum problema técnico que fosse perceptível aos olhos dos fãs.


Mais uma vez parabéns a Abstratti Produtora pela bela produção e profissionalismo de sempre.

Agora é aguardar mais 4 ou 5 anos para ver se os Bardos retornam a Taverna do Sul!


Cobertura por: Renato Sanson
Fotos: Diogo Nunes

Setlist pego pela fã Walessa Maron, que fez a gentileza de nos enviar uma foto do mesmo



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