“A primeira:
Estratégica e sublime, fortificada de infame veludilho, roxa, espancada e íntima...”. *
Noite de 27 de setembro de 2015,
um domingo que encerrou um ciclo chuvoso, mofado e úmido que banhou a região.
As condições ainda não eram totalmente favoráveis e o tempo ainda não havia
proporcionado uma boa receptividade para o grande fenômeno que estava para
acontecer. No céu era anunciada uma super Lua, alinhado a um eclipse lunar que
traria coloração vermelha à Lua: Lua de Sangue. Justamente logo na mesma noite
em que o Moonspell se apresentou em São Leopoldo, coincidência pura (será
mesmo?).
Enquanto a Spleenful (banda que
abriu o espetáculo) se posicionava ao palco e acertava os últimos detalhes, o
frontman da Moonspell recebeu cuidadosa e educadamente boa parte do público que
adquiriu o seu livro de poesias chamado: “Purgatorial”. Trocou rápidas
palavras, autografou o livro (e algumas capas de CD) e tirou fotos. Foi algo
bem rápido mesmo, o tempo era curto e a banda de abertura estava prestes a
começar a qualquer momento. Mas o que impressionou desde o começo, foi à
simpatia e a educação com a qual, Fernando Ribeiro recebeu os fãs que
conseguiram ser atendidos antes do show.
Tudo acertado no salão principal
da Sociedade Orpheu e a noite tinha que começar, havia uma pequena multidão
sedenta pelas negras invocações sonoras. O ritual profano teve início através
das melodias da banda porto-alegrense Spleenful. Abrir a noite para um show
internacional não é uma tarefa muito fácil, e essa dificuldade potencializa ao
máximo, quando a banda de abertura, é fã da banda principal. Mas a Spleenful
pisou firme no palco, e pra não deixar dúvidas disso, abriu a noite com “Burleske
Liebesträum”. Rápida e precisa no começo, logo após alguns minutos, se
transforma em compassada e apaixonante execução. Há antíteses entre os vocais,
e ela compõe a perfeição dos opositores: o bom e o ruim, o alto e o baixo, a
terra e o ar... Céu e inferno!
A Spleenful não ousou em um set numeroso, mas
conquistou cada segundo que lhe valeu, um dos pontos altos aconteceu durante “Absinthe
Love Affairs”, momento em que Aline Mallmann (Tribal Fusion Bellydance) subiu
ao palco e embriagou o público em um sedutor e suave bailar. De fato, a
apresentação da Spleenful superou as expectativas e deixou bem claro a razão de
ter sido convidada para abrir o show do Moonspell. Sonoridade coesa e
equilibrada a banda consolidou uma apresentação impecável e nos trouxe músicas
com uma presença maior do que a representam no disco. Tiago Alano emplacou a
noite e mostrou ao público que faz jus ao posto, sem utilizar pedal para o
vocal e nem distorção (um reverb leve na mesa de som, e mais nada), vociferou
seu gutural fraseado. Ainda como um presente ao estilo “première session” para
os que estiveram no Orpheu domingo, a banda trouxe duas músicas ainda não
lançadas: “Noir” e “Winter Solstice Dream”.
Durante a apresentação, a Spleenful aproveitou
para coletar material de vídeo, que irá compor o próximo clipe da banda,
Parabéns!
Spleenful:
Tiago Alano - Vocals
Bia Giovanella - Vocals
Desmond Quevedo – Guitars
Elias Mendes – Guitars
Carlos Ricardo – Bass
Everton Soares Manso – Keyboard
Daniel Vilanova – Drums
Setlist:
01 – Burleske Liebesträum + Bittersweet
02 – Noir
03 – Absinthe Love Affairs
04 – Winter Solstice Dream
“Quem souber falar em silêncio,
Andar sem deixar rastros, Viver nos intervalos da chuva...
...Sabe que pode chegar aqui e
ser bem recebido” *
Após um rápido Setup de palco, é
chegada a hora da atração principal. A intro de “La Baphomette” irrompe o
silencio da Sociedade Orpheu, ao primeiro batucar da música, o som fez parecer
que o peito iria rachar ao meio. Mike Garcia foi o primeiro a pisar o palco e
posicionado à bateria, lançou o olhar aos demais como se estivesse falando em
pensamento:
- “Tudo
pronto podem vir!”
Um a um os integrantes da banda
foram assumindo seus lugares, Fernando Ribeiro foi o último a escalar os três
degraus até o palco. Como de costume, vestia seu casaco negro e no rosto usava um
semblante infernal, como se fosse um vampiro que habita um castelo do vale do
D’ouro. Hora do show!
Respire (fundo) e expire... Chega
“Breathe (Until We Are No More)” para dar início ao banquete sonoro. Todo o
carinho e educação que foi vista durante o autógrafo dos livros, antes do show
começar, foi continuado enquanto a banda estava no palco. A terceira execução
da noite, já foi um convite ao clássico, do “Memorial” (2006) veio “Finisterra”.
O que parece ser “Neologismo” na realidade tem explicação na idade média, tempo
em que se pensava que Portugal era o “fim da terra” (e era mesmo! Época em que
a geografia só conhecia a Europa). Com pescoço “formigando” chega “Nigth
Eternal”, pra validar o início da contusão. Algumas noites antes (tarde, para
falar a verdade), o Moonspell havia se apresentado no Rio de Janeiro, palco do
Rock in Rio, certamente perceberam um público de encher os olhos. Mas duvido
extremamente que tenha enchido o coração da banda, como aconteceu em São Leo
(São Hell, como disse o próprio Fernando). Em lusitanas frases o vocalista
deixou nítido o quanto estavam felizes com o retorno que estavam recebendo dos
fãs, o quanto é bom tocar para um público que sabe exatamente o que está
acontecendo no palco e, principalmente, como é bom tocar no Rio Grande do Sul!
Imaginava-se que o álbum “Extinct” (2015) seria mais favorecido nessa noite,
mas a verdade foi outra. Os álbuns mais visitados durante a noite foram o “Irreligious”
(1996) e o “Wolfheart” (1995). Clássicos certamente muito esperados na
apresentação, claro que o trabalho novo figurou no set, mas foi uma aparição
bem controlada.
Alegria de uns, muita alegria
para a maioria! Mesmo neste instante percebemos que a banda teve essa
preocupação e saciar essa "sede" dos fãs. E se caso fossem
questionados, os fãs ainda diriam que faltou muita coisa no set (provavelmente
faltou mesmo), pois o histórico, tradicionalismo e repertório da banda,
renderiam um show de 3 horas, tranquilamente (já pensou um show de aniversário
do “Wolfheart”, tocado na integra?).
Aconteceram algumas surpresas muito agradáveis durante a noite, uma
delas foi o surgimento da “Scorpion Flower” passeando pelo set. Mesmo sem o
acompanhamento da Anneke van Giersbergen, a versão foi matadora. Outra foi a
presença da inesperada “An Eurotic Alchemy”, teclado marcante em sua intro e
groovada da metade em diante, momentos em que Aires Pereira (se) fez perceber o
poderoso baixo. E como outro momento de surpresa, mais próximo do final do show
o vocalista da banda veste a camiseta do Clube Esportivo Aimoré, que alguém
alcançou para o Fernando. Fantástico, te cuida Cerâmica Futebol Clube!
Antes de fechar a noite, Fernando
desceu do palco e passeou entre o palco e o público e apertou mãos, ganhou (e
distribuiu) curtos abraços e jorrou simpatia. Para encerrar os encantos da
noite, a trinca matadora que veio para inflamar a apresentação: “Ataegina” (com
direito a dança folk no palco), “An Eurotic Alchemy” e “Alma Mater”. Ainda na
volta do encore rolou “Everything Invaded” e “Full Moon Madness” para não
deixar pedra sobre pedra.
Pontos especiais que merecem
ressalte: A iluminação quase apresentou um show à parte, não fosse a absurda
sincronia com o show e o som que esteve em um volume bem desejável (+ou- 110 db
na “Finisterra”) e não “embolou” em nada as músicas. Parabéns a todos
envolvidos entre produção, promoção e técnica do show, certamente os fãs
tiveram uma noite e tanto. Após o show, havia um ônibus disponível para os fãs
que precisassem deslocamento até Porto Alegre, totalmente grátis!
Aguardamos uma nova chance de poder
presenciar esse momento mágico, mais uma vez. E lembrem-se: “You’re all welcome
under the moonspell!”.
Cobertura por: Uillian Vargas
Fotos: Diogo Nunes
Revisão/edição: Renato Sanson
Moonspell:
Fernando Ribeiro - Vocal
Ricardo Amorim - Guitar
Pedro Paixão – Keyboard, Sampler,
guitar
Aires Pereira - Bass
Mike Gaspar – Drums
Setlist:
Breathe (Until We Are No More) (Extinct)
Extinct (Extinct)
Finisterra (Memorial)
Night Eternal (Night Eternal)
Opium (Irreligious)
Awake! (Irreligious)
The Last of Us (Extinct)
Raven Claws (Irreligious)
Scorpion Flower (Night Eternal)
Em Nome do Medo (Alpha Noir)
Vampiria (Wolfheart)
Mephisto (Irreligious)
Ataegina (Wolfheart)
An Eurotic Alchemy (Wolfheart)
Alma Mater (Wolfheart)
Everything Invaded (The Antidote)
Full Moon Madness (Irreligious)
*Trechos de poesias retiradas do
livro “Purgatorial”.
O que: Show da Banda Moonspell – Road To
Extinction Brazil
Local: Sociedade Orpheu – São Leopoldo/RS
Data: 27/09/2015
Moonspell no Facebook: https://www.facebook.com/moonspellband
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