O WASP aquele, dos anos 80, que chamava a atenção e chocava os mais puristas com suas apresentações teatrais (com direito a modelos nuas, carne crua, encenações de tortura, etc) e muitas letras de cunho sexual, inclusive transformando-se também um dos alvos favoritos da PMRC (organização que buscava a censura e controle de músicas, supostamente de cunho sexual ou violento, aumentando o controle dos pais quanto o acesso dos jovens à material com esse conteúdo, com vários álbuns tendo receber uma etiqueta "Parental Advisory", o que acabou também, para desespero da PMRC, se transformando em mais publicidade para os artistas), com o tempo foi se transformando e, assim como o visual mais sóbrio, o conteúdo das letras também foi mudando, e podemos colocar aí o álbum "The Headless Children" (89) como um divisor, marcando essa mudança na sonoridade e atitude, claro, tudo isso em função do seu mentor, Blackie Lawless, pois o WASP é Lawless, não podemos negar. No mesmo ano a banda se separou, e em 1992, o que era para ser um álbum solo de Lawless, foi lançado sob o nome WASP, tornando-se a sua obra-prima, o aclamado "Crimson Idol", trabalho conceitual.
Desde então, entre diversas trocas de integrantes, Lawless vem lançando álbuns regularmente, e mantendo a banda relevante, com bons álbuns como as duas partes de "The Neon God" (2004) e "Babylon" (2009), o último álbum de estúdio até 2015, onde finalmente vê a luz do dia o novo trabalho, "Golgotha", que vem sendo produzido desde 2011 (nesse ínterim Lawless ainda teve que se submeter a uma cirurgia, devido a fratura na perna).
Sobre o processo de composição, abro parênteses para algumas palavras bem legais de Blackie Lawless: "Uma coisa que
você aprende ao longo dos anos no processo de composição, é que depois das
músicas começarem a tomar forma, elas começarão a falar com você e elas vão te
dizer onde elas querem ir. O truque é aprender a ouvir quando elas falam."
Lutando contra a ansiedade e expectativa de ouvir um novo trabalho de pois de 6 anos, hora de colocar a bolacha rodar. Pois bem, nos primeiros acordes de "Scream", a faixa de abertura de "Golgotha", já é possível identificar que é WASP que está tocando, as melodias, a voz característica de Lawless, os backing vocals, o refrão ganchudo e uma pegada pesada, ótima escolha para abertura. Nada de invenções ou complicações, é WASP! e é muito bom!
"Last Runaway" tem uma melodia mais "leve", numa levada bem Hard Rock, agradável e cativante, e a na letra Lawless fala a respeito dos tempos que passou dificuldades em Hollywood, sendo praticamente um sem-teto por um período; "Shotgun" também vem bem "comercial", com melodias até bem manjadas, porém muito legais, e mostrando que o velho Lawless forjou uma bela coleção de melodias e refrãos "grudentos" nesses últimos tempos, coisa que sempre foi um mestre.
"Miss You" é uma balada interpretada com bastante emoção, naquela conhecida fórmula das baladas Metal, que cresce no refrão, aquele solo mais longo, melódico e profundo, aliás, um belo solo de autoria de Doug Blair. Uma curiosidade, conforme o vocalista conta no site oficial, foi a primeira música que escreveu para "Crimson Idol", que junto a mais duas outras, não entrou no álbum, e agora foi a primeira a ser gravada para este novo álbum.
"Fallen Under" soa introspectiva e vai ganhando em emoção e peso, destacando um belo trabalho de Dupke na bateria, bom...do refrão nem preciso falar; "Slaves of the New World Order" começa com melodias de vocais acompanhadas pelo teclado (tem uns hammonds bem colocados, que aliás, aparecem em várias faixas), para em seguida entrar em um andamento cavalgado, riffs, bases e alternância de ritmos bem tradicionais, e até um coro "hey hey! hey hey!", com certeza você já ouviu algo assim, inclusive em álbuns do próprio WASP, mas é isso, é feito por quem sabe!
"Eyes of My Maker", traz mais boas melodias e refrãos, e também um ar "saudosista", presente por todo o trabalho, o que quero reafirmar é o que disse no início, é WASP, com todas aquelas características que conhecemos. Cadenciada, a música segue o padrão do álbum, que é mais introspectivo num todo, com as canções seguindo esse ritmo mais cadenciado, mais "balada", mas jamais sendo cansativo, assim como "Hero of the World", que segue uma levada semelhante.
"Golgotha", a faixa título, é épica, praticamente uma "power ballad", com estrutura e melodias de certa forma simples, assim como as demais músicas do álbum, porém com um senso melódico feito por quem realmente sabe, destacando o grande refrão e os vocais marcantes de Lawless, que, se não tem grandes variações ou recursos, tem o principal que é a personalidade e o feeling.
Um álbum em que o fã do WASP vai encontrar tudo o que espera, refrãos e
melodias cativantes, Heavy/Hard sem invenções ou instrumental
mirabolante, afinal, quem disse que música boa precisa ser complicada?
Muito pelo contrário! E 33 anos de carreira não são 3! Obrigado Blackie Lawless por nos dar o que esperamos, a boa música do grande WASP!
Texto: Carlos Garcia
Banda: W.A.S.P.
Álbum: Golgotha (2015)
País: EUA
Estilo: Heavy/Hard
SElo: Napalm Records
Line-up:
Blackie
Lawless - Vocals, Guitarist
Mike Duda -
Bass Guitar
Doug Blair - Lead Guitar
Mike Dupke -
Drums
Track listing
Scream
Last Runaway
Shotgun
Miss You
Fallen Under
Slaves Of The New World Order
Eyes Of My Maker
Hero Of The World
Golgotha
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