Apreciadores do Heavy
Metal, sob seus variados estilos, ainda insistem e acreditam que uma boa música
se prevalece pela sua extensividade e durabilidade de tempo, prevalecendo mais
postura técnica e ousadia no momento de compor um trabalho ou no momento de
registrar uma canção. Mas, por pensamentos despojados, isso já virou
carta fora do baralho, e a simplicidade e a perseverança, ambos no papel de
fã ou de músico, se tornam sinônimos de força e persistência, não precisando de
quaisquer ambições na hora de fazer algo. Pretenção da minha parte, o Bloodwork
deve ter pensado nessa analogia, e isso se resume em “Just Let Me Rot”, disco
de estreia da banda.
Para aqueles que me
conhecem há um bom tempo, o meu gosto dentro da música pesada é bem diverso,
centrando atenções especiais para as novidades que estão sempre surgindo, mas,
às vezes, o Death Metal é colocado para escanteio da minha parte, pois poucas bandas têm trazido algo relevante e me conquistam logo na primeira audição. Ouvindo “Just Let Me
Rot”, de maneira aferrada, encontro tudo o que eu mais espero em se tratando do
gênero: guitarras arrojadas, da dupla Deleon Vith/Rafael Lubini, e vocais
guturais bem profundos e raivosos do ‘front-man’ Fabiano Werle, encaixado
pelo ótimo desempenho rítmico de Henrique Joner (baixo) e Felipe Nienow
(bateria). Sintetizando, o disco é Metal Extremo sem fim, ruínas sonoras devastadoras regadas temáticas ‘sexo gore’. Aos fãs de Cannibal
Corpse e Morbid Angel, o registro irá cair com uma luva.
Apesar de garimpar
passagens que transitam do mais sujo, flertando dosagens mais ‘old school’ até
ao mais limpo, a fisionomia sonora, produzido por Sebastian Carsin (também
responsável pela mixagem e masterização) e gravado no Hurricane Studios, é de
uma qualidade abundante, sem ter que adicionar nenhum efeito penetrante,
atribuindo timbres triturantes, perfeito para ouvir em volume
altíssimo. Interessante apontar também é que, em um único registro, há quatro
selos diferentes que ajudaram a lançar a obra (algo bastante inovador), entre
eles a conceituada Rapture Records. Por fim, a ilustração gráfica foi explanada
pelo Marcos Miller, imprimindo o conceito das letras do disco através de sua
arte.
O Death Metal tem
suas intervenções e fidelidades, algumas bandas optando por seguir uma postura
mais integral e outras mais trabalhadas, mas dentro de “Just Let Me Rot”, o
Bloodwork, vindo diretamente da terra dos pampas, propõem lemas diretivos e sem
rodeios, pleiteando, como dito no começo da resenha, dosagens intensas e
agressivas, tudo dentro do contexto devastador e impiedoso, sem inferioridades
que nivelam ao andamento baixo, já que o disco está dentro da vivenda de 21
minutos de duração.
“Defacating Broken
Glass” abre o CD de forma rápida e abrasiva, possuído por riffs brutais e
ríspidos, com vocais agonizantes que flertam a técnica mais rasgada no momento
do refrão, onde Fabiano Werle cita o nome da música com clamor; sem
pausas parar tomar um ar, “Cunt Suffocation” segue a mesma intensidade da faixa
de abertura, dando ênfase para a ensurdecedora levada de bateria e um dinamismo nos arranjos vocais, provindo arpejos
de guitarra bem legais na ponte final.
“Asphyxiant Cum Load”
dita passagens mais arrastadas e densas, não perdendo o refinamento pesado de
ambos os instrumentos, caprichado por um solo de guitarra extravagante; de
forma mais concisa e cadenciada, “Suck My Cut Finger” trás rigores sóbrios e
soturnos à tona, principalmente nos
solos e dos vocais que chegam dar um certo medo (se tratando de uma pessoa como
eu, é difícil levar susto com algumas coisas); “Human Slaughterhouse” mete os
dois pés no peito com um ‘blast beats’ frenético, impondo decorrentes levadas
ligeiras vinda das seis cordas da dupla Deleon Vith e Rafael Lubini, que
fizeram um grande trabalho neste disco.
Para a demolição
ficar completa, os destaques ficam por conta de “Rotten 69” (um minuto de pura
selvageria e violência), “Necro Sex Club” (impossível não bater cabeça no
momento da audição da faixa) e “Toothed Vagina” (título bem peculiar, não?).
A cada dia, eu vou
tendo mais orgulho das novidades que estão aparecendo dentro do Metal nacional.
E o Bloodwork é, dentro vários nomes, mais um que ganhou o meu respeito daqui
pra frente.
Texto: Gabriel
Arruda
Edição/Revisão: Carlos
Garcia
Fotos: Divulgação
Ficha Técnica
Banda: Bloodwork
Álbum: Just
Let Me Rot
Ano: 2014
Estilo: Death
Metal
País: Brasil
Gravadora: Rapture
Records
Assessoria: MS
Metal Agency
Formação
Fabiano
Werle (vocal)
Deleon
Vith (guitarra)
Rafael
Lubini (guitarra)
Henrique
Joner (baixo)
Felipe
Nienow (bateria)
Track-List
01. Defecating Broken Glass
02. Cunt Suffocation
03. Asphyxiant Cum Load
04. Suck my Cut Finger
05. Human Slaughterhouse
06. Rotten 69
07. Necro Sex Club
08. Toothed Vagina
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