sábado, 12 de setembro de 2015

Bloodwork: Lúbrica Brutalidade



 
Apreciadores do Heavy Metal, sob seus variados estilos, ainda insistem e acreditam que uma boa música se prevalece pela sua extensividade e durabilidade de tempo, prevalecendo mais postura técnica e ousadia no momento de compor um trabalho ou no momento de registrar uma canção. Mas, por pensamentos despojados, isso já virou carta fora do baralho, e a simplicidade e a perseverança, ambos no papel de fã ou de músico, se tornam sinônimos de força e persistência, não precisando de quaisquer ambições na hora de fazer algo. Pretenção da minha parte, o Bloodwork deve ter pensado nessa analogia, e isso se resume em “Just Let Me Rot”, disco de estreia da banda.

 

Para aqueles que me conhecem há um bom tempo, o meu gosto dentro da música pesada é bem diverso, centrando atenções especiais para as novidades que estão sempre surgindo, mas, às vezes, o Death Metal é colocado para escanteio da minha parte, pois poucas bandas têm trazido algo relevante e me conquistam logo na primeira audição. Ouvindo “Just Let Me Rot”, de maneira aferrada, encontro tudo o que eu mais espero em se tratando do gênero: guitarras arrojadas, da dupla Deleon Vith/Rafael Lubini, e vocais guturais bem profundos e raivosos do ‘front-man’ Fabiano Werle, encaixado pelo ótimo desempenho rítmico de Henrique Joner (baixo) e Felipe Nienow (bateria). Sintetizando, o disco é Metal Extremo sem fim, ruínas sonoras devastadoras regadas temáticas ‘sexo gore’. Aos fãs de Cannibal Corpse e Morbid Angel, o registro irá cair com uma luva.




Apesar de garimpar passagens que transitam do mais sujo, flertando dosagens mais ‘old school’ até ao mais limpo, a fisionomia sonora, produzido por Sebastian Carsin (também responsável pela mixagem e masterização) e gravado no Hurricane Studios, é de uma qualidade abundante, sem ter que adicionar nenhum efeito penetrante, atribuindo timbres triturantes, perfeito para ouvir em volume altíssimo. Interessante apontar também é que, em um único registro, há quatro selos diferentes que ajudaram a lançar a obra (algo bastante inovador), entre eles a conceituada Rapture Records. Por fim, a ilustração gráfica foi explanada pelo Marcos Miller, imprimindo o conceito das letras do disco através de sua arte.



O Death Metal tem suas intervenções e fidelidades, algumas bandas optando por seguir uma postura mais integral e outras mais trabalhadas, mas dentro de “Just Let Me Rot”, o Bloodwork, vindo diretamente da terra dos pampas, propõem lemas diretivos e sem rodeios, pleiteando, como dito no começo da resenha, dosagens intensas e agressivas, tudo dentro do contexto devastador e impiedoso, sem inferioridades que nivelam ao andamento baixo, já que o disco está dentro da vivenda de 21 minutos de duração. 




“Defacating Broken Glass” abre o CD de forma rápida e abrasiva, possuído por riffs brutais e ríspidos, com vocais agonizantes que flertam a técnica mais rasgada no momento do refrão, onde Fabiano Werle cita o nome da música com clamor; sem pausas parar tomar um ar, “Cunt Suffocation” segue a mesma intensidade da faixa de abertura, dando ênfase para a ensurdecedora levada de bateria e um dinamismo nos arranjos vocais, provindo arpejos de guitarra bem legais na ponte final.



“Asphyxiant Cum Load” dita passagens mais arrastadas e densas, não perdendo o refinamento pesado de ambos os instrumentos, caprichado por um solo de guitarra extravagante; de forma mais concisa e cadenciada, “Suck My Cut Finger” trás rigores sóbrios e soturnos à tona, principalmente  nos solos e dos vocais que chegam dar um certo medo (se tratando de uma pessoa como eu, é difícil levar susto com algumas coisas); “Human Slaughterhouse” mete os dois pés no peito com um ‘blast beats’ frenético, impondo decorrentes levadas ligeiras vinda das seis cordas da dupla Deleon Vith e Rafael Lubini, que fizeram um grande trabalho neste disco.



Para a demolição ficar completa, os destaques ficam por conta de “Rotten 69” (um minuto de pura selvageria e violência), “Necro Sex Club” (impossível não bater cabeça no momento da audição da faixa) e “Toothed Vagina” (título bem peculiar, não?).



A cada dia, eu vou tendo mais orgulho das novidades que estão aparecendo dentro do Metal nacional. E o Bloodwork é, dentro vários nomes, mais um que ganhou o meu respeito daqui pra frente.




Texto: Gabriel Arruda

Edição/Revisão: Carlos Garcia

Fotos: Divulgação




Ficha Técnica



Banda: Bloodwork

Álbum: Just Let Me Rot

Ano: 2014

Estilo: Death Metal

País: Brasil

Gravadora: Rapture Records

Assessoria: MS Metal Agency





Formação



Fabiano Werle (vocal)

Deleon Vith (guitarra)

Rafael Lubini (guitarra)

Henrique Joner (baixo)

Felipe Nienow (bateria)



Track-List



01. Defecating Broken Glass

02. Cunt Suffocation

03. Asphyxiant Cum Load

04. Suck my Cut Finger

05. Human Slaughterhouse

06. Rotten 69

07. Necro Sex Club

08. Toothed Vagina



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