Em julho do ano passado, o
vocalista Edu Falaschi tomou a decisão – depois de 12 anos a frente do Angra – de
realizar uma turnê relembrando a sua trajetória na banda executando músicas do “Rebirth”
e “Temple Of Shadows”, registros esses que são considerados (pra muitos) marcos
no Heavy Metal nacional. A investida obteve resultados fora do imaginado,
trazendo motivação para uma turnê mais completa, que rodou o Brasil inteiro,
desde dezembro até janeiro, com 23 datas, terminando no dia 21/01 (domingo)
para um Carioca Club lotado, ocasionando o 10º ‘sold-out’ dessa aventura.
Debaixo de sol e chuva forte,
além de músicas do repertório sendo reproduzida ao lado do bar do Carioca, a
fila não parava de dobrar até chegar o horário da abertura da casa, gretada às
18h10. E já com um grande público inserido no local, convenho aos paulistanos
do Acid Tree fazer as honras de abertura, às 18h55. Formado por Ed Marsen
(Vocal/Guitarra), Ivo Fantini (Baixo) e Giorgio Karatchuk (Bateria), o
power-trio encantou todo mundo com sua classe musical regado de influências dos
anos 70, que vai desde o progressivo, psicodélico e até o peso do Black Sabbath,
não deixando a desejar em questão de versatilidade e técnica.
Após uma introdução
arrepiante, “Arkan”, presente no EP de estreia da banda, colocou peso e espanto
logo de começo, mostrando uma boa dicção de ritmos e caminhos opressores.
Surpresos com o tamanho de gente, “Barren Lands” e “Sweet Insanity” (músicas
que estarão no próximo trabalho) tiveram calorosa recepção, ficando evidentes
as principais intervenções que ambos colocam pra dentro da banda, esbanjando
andamentos intensos e rápidos numa imensa variabilidade técnica. “Adrift”
deixou o clima do show harmonioso e requintado, mas foi em “Caged Sun” que o
trio colocou a casa abaixo, onde – num determinado tempo da música – o
baterista Giorgio Karatchuk se deslocava nas laterais do palco batendo com um
dos seus pratos, encerrando o rápido set de maneira calorosa com direito a
“Ole, Ole”.
Casa completamente cheia e sem
espaço nenhum para se mexer, “In Excelsis” – intro que abre o disco “Rebirth”
–, ecoava no sistema sonoro da casa, às 20h30, preparando todo o contentamento
pra “Nova Era”, “Acid Rain” (remetendo o DVD “Live In São Paulo”, de 2002) e
“Eyes Of Christ” (nunca executada ao vivo na época de Edu no Angra). Essa
trinca evidenciou que os fãs estavam profundamente unidos com o vocalista,
vendo todos ali cantando e se emocionando a pleno êxtase. E o restante da banda,
formado por Diogo Mafra e Roberto Barros (guitarras), Raphael Dafras (baixo),
Fabio Laguna (teclados) e Aquiles Priester (bateria), continuam super afiados.
O set seguiu em frente com a
veloz “Running Alone” e da encantadora “Wishing Well”, sendo a primeira do
álbum “Temple Of Shadows” a figurar no repertório, que contagiou todos com suas
melodias graciosas e deslumbrantes.
Participações especiais eram
aguardadas na noite, e os primeiros convidados a serem chamados foram o
vocalista Thiago Bianchi e o tecladista Junior Carelli, ambos da Noturnall, que
meteram ficha em “Angels and Demons,”, partindo de imediato pra comovente “Heroes
Of Sand”. “Late Redeptiom” cumpriu o que esperávamos quando ela é executada ao
vivo, onde o público cantou fortemente os versos interpretados pelo Milton
Nascimento, virando no momento mais épico e lindo da noite.
A metade do set reservou
muitos clássicos, a primeira delas é “Unholy Wars”, que deixou o Carioca Club
ainda mais quente e fervoroso com o calor da música, fora o sistema de som
apresentar algumas oscilações. O restante ficou por conta das memoráveis
“Arising Thunder”, “Millennium Sun” e “Bleeding Heart”, tendo – nessa última –
a participação do vocalista Alirio Netto, combinando perfeitamente sua harmonia
de voz nesta bela balada, havendo ai um pequeno apagão nos PA’s nas partes
finais.
“The Shadow Hunter” empolgou
de forma obstinada, levando milhares com as mãos para o alto. E foi
surpreendente ver Edu metendo um altíssimo agudo no final da canção, deixando
muitos espantados e enlouquecidos com a atitude do próprio, mostrando que ele
ainda continua em plena forma. Além disso, ele encarnou o personagem (“O
Caçador de Sombras”) que está na temática da música, vestido com um longo
sobretudo e chapéu escuro.
“Live And Learn” relembrou
mais uma inesquecível lembrança do EP “Hunters And Prey”, mas que acarretou em
problemas no microfone do Edu, normalizando tudo nos versos finais, não tirando
– de forma alguma – a energia que o público estava sentindo.
Depois de muito espera, chegou
a tão esperada participação da noite. Perguntado se alguém estava no show que o
Angra fez, em 2005, no Via Funchal, Edu chamou ao palco uma das pessoas que fez
participação daquela apresentação: Kai Hansen (Helloween, Gamma Ray, Unisonic),
que dividiu vozes na marcante “The Temple Of Hate”. Dali em diante, o show
tomou outra proporção, aumentando o grau de impulso em “Rebellion In Dreamland”
(Gamma Ray), contando com as vozes de Bruno Sutter e da baixista Tonka Raven,
explodindo completamente à noite com “I Want Out” (Helloween).
Antes de partir para o Bis,
Edu lembrou os princípios da “Rebirth Of Shadows Tour”, que teve inicio no ano
passado em Lima, no Peru. Mas, depois de um puxão de orelha do vocalista Joe
Lynn Tunner (Deep Purple, Rainbow, Yngwie J. Malmsteen), tudo se tornou mais
amplo e extenso. Logo que terminou a apresentação dos integrantes, Aquiles Priester
tomou a frente do palco pra testar o “Fala Galera” (meme inventando pelo
baterista e que cruzou todos os estados em boa parte da turnê) ao público de
São Paulo. E depois da contagem (até 3), o Carioca virou um verdadeiro
terremoto, parecendo um estádio de futebol lotado com milhares de torcedores
gritando gol, encerrando suas palavras pra rasgar elogios ao Edu.
Restava somente um convidado para
terminar o seleto de participações, e está ultima foi a mais significativa para
Edu, que não segurou as lagrimas e a emoção ao chamar seu irmão, Tito Falaschi,
para cantar “Rebirth”, fechando com chave-de-ouro com “Spread Your Fire”.
Noite pra ficar marcada na
história! E olha que não para por aqui: entre abril e maio será dado à largada
para terceira parte da turnê.
Texto:
Gabriel
Arruda
Fotos:
Dener
Ariani
Edição/Revisão:
Renato
Sanson
Acid
Tree
1. Arkan
2. Barren
Lands
3. Sweet
Insanity
4. Adrift
5. Caged
Sun
Edu
Falaschi
1. In
Excelsis / Nova Era
2. Acid
Rain
3. Eyes
of Christ
4. Running
Alone
5. Wishing
Well
6. Angels
and Demons (Thiago Bianchi e Junior Carelli)
7. Heroes
Of Sand
8. Late
Redemption
9. Unholy
Wars
***Drum Solo***
10. Arising
Thunder
11. Millennium
Sun
12. Bleeding
Heart (Alirio Netto)
13. The
Shadow Hunter
14. Live
and Learn
15. The
Temple Of Hate (Kai Hansen)
16. Rebellion
In Dreamlan (Gamma Ray - Kai Hansen, Bruno Sutter, Tonka Raven)
17. I Want
Out (Helloween – Kai Hansen, Tonka Raven)
***Bis***
18. Rebirth
(Tito Falaschi)
19. Deus
Le Volt / Spread Your Fire
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