domingo, 19 de julho de 2020

Segregatorum: melodioso, intrincado e soturno


Resenha por: Renato Sanson


O Doom Metal sempre teve aquele “pezinho” no Death Metal e quando misturados, a sinergia entre os estilos se torna latente. Podemos reparar isso nos grandes nomes dessa fusão como: November’s Doom, Paradise Lost e Moonspell.

Os gaúchos de Carlos Barbosa da Segregatorum são adeptos a tal “mistura” e apresentam em seu Debut – “Lemarchand's Dominus” (20) – um ótimo Death/Doom Metal regado a melodias soturnas, peso, passagens intrincadas e cadenciadas.

A influência de Paradise Lost é notável, assim como a dos portugueses do Moonspell, em especial nas linhas vocais, mas as estruturas das composições casam com tais influencias e é possível enxergar nitidamente a personalidade da banda em cada parede composicional.


As variações rítmicas chamam a atenção, a chuva de riffs e melodias são despejadas com muita naturalidade, e as alternâncias entre cadencia e certa fluidez mais ríspida tornam a audição rica em detalhes, não soando cansativa, mas sim diversificada. Porém nada disso seria possível se não tivéssemos uma produção de alto nível e “Lemarchand's Dominus” traz está excelente lapidação em suas lacunas, mas sem soar artificial. Méritos do produtor Ernani Savaris.

A parte gráfica da bolacha também se destaca, a capa em si desenvolvida pelo vocalista Lucas faz menção aos sete pecados capitais e toda forma de imperfeições e falhas humanas, casando perfeitamente com o tema lírico do álbum.

A Segregatorum marcha muito bem em sua estreia e já coloca o seu pelotão de frente pronto para a batalha, quem sabe se distanciando um pouco mais de suas influencias podem com toda a certeza alçar voos maiores.

Tracklist:
1 - Gli Scultori Di Carni
2 - Lemarchand’s Dominus
3 - We Have Eternity To Know Your Flesh
4 - Hex Ov N’Guize
5 - Purge Ov The Carnal Sins Through Transcendental Tortures
6 - Nemecic Inferi
7 - More Than Eyes Can See
8 - Nourished Wounds (Elysium part 1)
9 - Initium Dolorum
10 - Threnody

Links:


Formação:
Carlos Acosta - Bateria
Cristian Gedoz - Guitarra Solo
Lucas Carbonera - Baixo
Lucas Lazzarotto - Vocais
Luiz Felipe Flores - Guitarra Base

sábado, 18 de julho de 2020

Cerberus: "Não existiria nada no Metal se não existisse o público"

Entrevista por: Renato Sanson


Músico entrevistado: Nicolas Cardoso (vocalista) – Banda: Cerberus de Torres/RS


2015 foi o ano de lançamento da Demo “Legacy”. O material trouxe uma boa resposta do público?

Agradeço ao Road To Metal por essa oportunidade e desejo que continuemos muito fortes nessa luta pelo Heavy Metal Tradicional. Nós saudamos vocês! Bom, o que eu posso te dizer sobre tua pergunta é aquilo que ouvimos da boca das próprias pessoas nos pós SHOW descendo dos palcos. TODOS sempre trouxeram críticas incríveis. Não houve um show sequer que não tenhamos sido abordados pelas pessoas e parabenizados como a melhor banda que tocou no evento daquela noite. Em nossas apresentações, enquanto nossa intro toca, nos reunimos fechados em círculo em cima do palco, nós quatro, um olhando na cara do outro, e reafirmamos para nós mesmos que vamos fazer o melhor show que aquelas pessoas vão ver na noite. Não admitimos nos apresentar ao vivo sem chutar bundas. Enquanto tocamos ao vivo nós gostamos de olhar no olho de cada um lá em baixo, de fazê-los sentir o que sentimos. Não existiria nada no Metal se não existisse o público, eles são brutais. São tudo para nós!

Se alguém nos acha ruim ou não curte o som nunca veio me dizer. Até porque se alguém não gostar do que fazemos não daremos a mínima. Continuaremos fazendo o que acreditamos independente de críticas. É assim que o verdadeiro Metal deve ser.



Lembro que nesta época o material foi gravado exclusivamente para a banda Hibria levar junto para a sua turnê asiática. Como surgiu está oportunidade?

Eu, Nicolas Cardoso, aprendi tudo que sei em matéria de voz com o Iuri Sanson (ex-vocalista do Hibria). Somos amigos e ele como um dos melhores seres humanos que já conheci na época comentou comigo da viagem que eles fariam, me oferecendo a oportunidade de levar alguns CD's nossos para o público e produtores japoneses. Os retornos foram bem interessantes! Somos orgulhosos de termos uma bandeira fincada em terras asiáticas. Na nossa Demo a produção das vozes foi feita pelo Iuri, e tem até algumas vozes dele lá. Prêmio para quem descobrir aonde.


São dez anos de estrada e de tributo ao Dio a Cerberus passou ao som autoral. Como foi está transição?

Faz dez anos do nosso primeiro show no Steel Festival em Criciúma - Santa Catarina. Temos orgulho de termos sido figurinha carimbada neste que foi o maior evento de Metal do extremo sul catarinense. Não é qualquer evento que tem mais de cinquenta edições além de realizações MENSAIS! Tu conheces algum produtor que organizou perto de 12 eventos underground num ano? O Geni - Produtor do STEEL FESTIVAL e owner no selo mais brutal que existe no Brasil, o RAPTURE RECORDS - é o cara! Somos muito gratos a ele! Assim como não é qualquer banda que tem dez anos DE PALCO. Ensaiar na garagem e brincar em frente ao computador não conta! Somos uma banda de verdade e não uma banda de estúdio ou internet. Nosso lugar é na estrada! Com a galera!

Sobre o processo de composição foi algo bem natural. Nós fazíamos covers variados de clássicos do Heavy Metal nos primeiros anos, mas DIO sempre foi uma paixão de todos na banda, performamos com orgulho alguns shows como TRIBUTO AO DIO (maior vocalista que já caminhou sobre a terra) e isso realmente colaborou muito para formar nossa identidade. Honestamente eu desconfio que o nosso guitarrista deveria fazer um teste de DNA (esse cara deve ser filho do Tony Iommi), ele simplesmente pega a guitarra e solta riffs incríveis um atrás do outro. Felizmente temos essa vantagem, os sons geralmente vêm dos riffs do Cristian Nunes e eu meto voz e letra em cima, depois aprumamos os outros instrumentos e linhas complementares. Nós temos músicas compostas desde 2010, temos material que acabou não indo para a Demo que foi composta e que vai performar no nosso CD full deste ano.


O retorno da Demo e das apresentações fizeram a banda seguir em outro nível, já que neste período realizaram aberturas importantes como Dr. Sin e Paul Dianno, certo?

Sim de fato a Demo abriu muitos caminhos. Tivemos o prazer de abrir o maior show de Metal que já existiu em nossa cidade natal, Paul Dianno, além de termos sido convidados para abrir o show de encerramento do Dr. Sin pela própria organização do evento.

Tivemos um retorno bem legal sobre a DEMO LEGACY dos irmãos Busic e do Edu. Os caras adoraram! Entregamos cópias em mãos para eles e o Edu (maior guitarrista brasileiro) autografou a guita do Cristian Nunes. Temos contato até hoje.


Algo que chama a atenção na Cerberus é a estabilidade em sua formação. Neste período ativo vocês tiveram apenas uma troca de integrante!

Sim! Nós acreditamos na longevidade e estabilidade das bandas como um fator determinante para uma melhor sonoridade. Ter uma banda por muitos anos é difícil, mais difícil ainda é mantê-la unida. Nós tivemos dois outros baixistas além do atual, Rodrigo, infelizmente o nosso primeiro baixista decidiu ir tocar Hard Rock e o segundo casou-se e mudou de cidade. Pretendemos morrer com essa formação.


Em relação ao Debut, já temos uma previsão de lançamento? Como estão as gravações do mesmo?

Entraríamos em estúdio no começo do ano, em março. Era quando o produtor do estúdio teria agenda livre para nos receber. Mas devido ao Covid-19 paralisamos os trabalhos e reajustamos a data para dezembro deste ano. Estamos sujeitos a questão global, mas o tempo está ao nosso favor, é como fazer um bom vinho, quanto mais tempo passar mais brutais as músicas ficarão. Algumas músicas estão totalmente prontas e outras estamos em fase final de produção de guias para a gravação profissional.


A Cerberus executa um Heavy Metal Tradicional forte e intenso. Remetendo a grandes nomes do estilo como Grave Digger e Manowar. Em termos líricos qual será a influência e direcionamento para o primeiro álbum oficial?

Nós temos uma grande influência em toda a escola de Heavy Metal Tradicional. Os supracitados obviamente compõem posição elementar na nossa identidade, mas não dá para deixar de fora Accept e Judas Priest. Estão enganados aqueles que pensam que apresentamos tudo que sabíamos fazer no nosso DEMO CD. O nosso álbum de estreia será GRANDIOSO, PODEROSO E BRUTAL!


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domingo, 12 de julho de 2020

Requiem’s Sathana: obscuro, experimental e brutal


Resenha por: Renato Sanson


O Black Metal em si é visto não apenas como um estilo musical, mas sim como uma filosofia de vida, trazendo o impacto em sua sonoridade ríspida com letras desafiadoras para muitos. Mas engana-se quem pensa que o estilo se limita, e muito já vimos o experimentalismo se aliar ao som negro e pútrido.

A Requiem’s Sathana de Novo Hamburgo do Rio Grande do Sul traz essa proposta, com a faceta do Black Metal, a velocidade do Death e o experimentalismo, com passagens intrincadas e progressivas, o que deixa o Debut autointitulado – lançado neste ano (20) – bem diversificado.

O trio gaúcho se uniu em 2017, porém experiência é o que não falta em suas lacunas já que os músicos são figurinhas carimbadas do underground extremo com passagens por bandas como: Bloodwork e Dyingbreed.

São apenas cinco faixas com o trabalho tendo a duração de um pouco mais de quarenta minutos, o que você já pode imaginar o que terá das composições ao apertar o play, pois esqueça aquele som sujo e muitas vezes tosco do Black Metal old school de meados dos anos 90, mas sim hinos longos e cheios de variações, tendo até mesmo flerte com o Heavy Metal Tradicional, mantendo a estética obscura, mas com diversificações que fazem toda a diferença em sua sonoridade que vai na contramão do estilo.

A produção do álbum é de alto nível e muito cristalina. Não deixando você perder nenhuma alternância entre as músicas, além é claro, do peso na dose certa para a proposta. A parte gráfica com uma arte em preto e branco traz essa obscuridade e intensidade que a Requiem’s Sathana mostra em sua musicalidade, casando perfeitamente com sua estética.

Fãs de Enslaved, Dimmu Borgir, Paradise Lost e afins, deleitem-se, pois é mais que um prato cheio.

Ótima estreia!


Links:

Formação:
Rex Mendax (baixo)
Rex Guture (vocal)
Rex Inferii (guitarra)

Tracklist:
01 Legion
02 Perfect Silence
03 Now It’s War
04 Mordgier
05 Requiem’s Sathana

sábado, 11 de julho de 2020

Initiate Decay: aguardando o fim de um caos para o caos sonoro continuar


 Entrevista por: Renato Sanson


Músico entrevistado: Tiago Vargas (baixo/vocal) – Banda: Initiate Decay de Esteio/RS

Dois anos já se passaram desde o lançamento do EP “Awaken the Extinction”. Teremos material novo em breve?

Teremos sim. Na verdade, antes deste imprevisto relativo ao covid-19 já tínhamos planejado para esse ano a gravação de um full-lenght, o qual estávamos com mais de 80% do material concluído. A ideia é retomar a pré-produção deste trabalho o quanto antes. Porém, estamos aguardando uma normalização deste atual cenário de pandemia, que infelizmente pegou desprevenido não apenas nós, mas também muitas outras bandas e produtores.

De quarteto a trio (a banda teve a saída do guitarrista/vocalista Diego Araújo). O que muda esteticamente no som da banda?

Esteticamente o nosso som se compõe para duas guitarras. Trabalhamos bastante com dobras intervalares, e levadas polifônicas com as guitarras trabalhando de forma bastante abrangente. Nossa ideia é adicionar novamente um quarto integrante. Durante algum tempo, o Wagner Santos da banda Revogar esteve substituindo o Diego Araújo, chegou a fazer alguns shows conosco, mas infelizmente não conseguimos conciliar as agendas.

Após a saída do Wagner chegamos a realizar alguns shows como trio, adaptamos alguns arranjos no baixo para cobrir a ausência desta segunda guitarra. Mas pretendemos em breve anunciar um novo integrante para a segunda guitarra.


Musicalmente o som do Initiate Decay é o mais ríspido Death Metal, mas com passagens altamente técnicas e estruturadas. Como funciona o processo criativo?

Parte do processo ocorre individualmente e parte em estúdio. Contudo, dentro de estúdio. Geralmente eu e o Aires trazemos uma estrutura mais maturada para as músicas e o Alexandre realiza os arranjos em estúdio. Nós gostamos muito de trazer vida e significado à música tanto nas variações rítmicas quanto riffs alternados, para moldar a música de fato, diferente do padrão convencional de composição.

2020 e a pandemia. Um ano praticamente para se esquecer – ou não – o que vocês tiraram de positivo de todo esse caos?

Como eu consigo ficar em casa sem tornar isso um problema, eu consegui me organizar para me focar de forma produtiva tanto na música quanto em outros projetos pessoais que estavam na gaveta. Musicalmente tenho trabalhando letras e composições tanto do Initiate Decay quanto do Carcinosi (que é a outra banda que eu atuo), além também de gravar áudio e vídeo de covers no molde “at home” com amigos de outras bandas. Além da música, no âmbito tecnológico sigo também trabalhando em projetos como edição de vídeos, lyric vídeos, elaboração de sites, lojas virtuais, etc. Tudo uma questão de tentar utilizar o tempo da forma mais produtiva possível.

Entre nós da banda, mesmo que a distância, seguimos conversando constantemente. O Aires e o Alexandre também seguem utilizando o tempo disponível de forma produtiva.


O EP “Awaken the Extinction” foi lançado de forma independente no formato físico. Qual a importância de ainda ter o lançamento físico ao meio das facilidades do mundo digital?

O formato físico ainda se faz necessário. Principalmente para boa parte do nosso público que ainda considera o material físico um artefato de valor. Eu particularmente vejo o CD físico como algo necessário. Estamos numa fase de transição, mas o CD físico ainda é necessário. Embora não mais como antes, ainda assim, existem números expressivos de vendas de CDs tanto em lojas físicas quanto lojas virtuais.

Em termos de repercussão, o EP alcançou o seu objetivo?

Podemos dizer que sim. Pois conseguimos dar ênfase ao nome da banda que foi formada em 2016. Conseguimos divulgar o EP em muitos países da América Latina e Europa. Inclusive o encarte do EP foi destacado como um dos melhores das bandas da américa latina. Tivemos resultados muito positivo e expressivos para uma banda com pouco tempo de vida.


Pensando lá na frente em 2021, quais os planos futuros para o Initiate Decay?

Queremos dar continuidade a composição das novas músicas e a produção deste novo full-lenght. E assim que possível divulgar novidades do nosso line up e principalmente voltar a pisar nos palcos novamente.


Links:



sábado, 4 de julho de 2020

Noldor: “Acredito que nenhum horror consegue ser tão brutal quanto os criados por nós mesmos”


Entrevista por: Renato Sanson


Músico entrevistado: Patrick Marçal (one-man-band) – Projeto: Noldor de São Paulo/SP


São cinco álbuns de estúdio e uma proposta sonora voltada ao Death Metal Melódico. Conte-nos sobre a trajetória da Noldor até o presente momento.

A Noldor desde o começo eu imaginei dentro do gênero death metal melódico, até por questões de influencias, é um gênero bem flexível, você pode adicionar riffs e grooves pesados sem deixar de lado os refrões com melodias mais “grudentas”.

Essa ideia partiu quando eu estava no colégio ainda, em 2014, não encontrava ninguém para montar uma banda, e então decidi fazer tudo sozinho mesmo, eu sempre tive contato com softwares de produção musical, então não foi algo tão complicado no inicio.

O primeiro álbum teve um feedback legal e então decidi continuar a compor, mesmo tendo algumas dificuldades com mixagem e masterização que parecia um bicho de 7 cabeças para mim na época, eu fui seguindo essa trajetória até a sonoridade que a Noldor se encontra hoje, não só na produção, mas em composição também, busquei sempre manter uma característica para não perder a originalidade da proposta inicial.


A Noldor é uma one-man-band. Quais as facilidades e dificuldades de manter o projeto sendo capitaneado por apenas um músico?

Acaba sendo mais fácil registrar as ideias quando você não depende unicamente de um estúdio, o grande problema são os equipamentos, a evolução da qualidade de gravação de cada álbum depende muito do equipamento que você tem naquele momento, muitas vezes isso compromete o resultado final e atrasa o lançamento das musicas.


“Banned from Light” é o mais recente trabalho da Noldor, trazendo grandes composições e estruturas cheias de feeling. Como se deu o processo criativo do mesmo?

Grande parte das musicas saíram de forma espontânea, eu sempre costumo tocar e gravar as ideias, eu deixo a estrutura principal pronta e vou adicionando o que falta até levar as musicas para o software de mixagem para o resultado final, compor é um processo prazeroso e de momentos, eu sempre aproveito para criar algo quando sinto vontade e então guardo as musicas para um uso futuro.


Como está sendo a repercussão do álbum em si?

Está sendo uma surpresa, eu não esperava um feedback tão incrível sobre este trabalho, isso me motiva a continuar e evoluir como musico, o apoio do público é muito importante e influencia bastante no trabalho do artista, só queria agradecer a todos que estão apoiando, divulgando e ajudando esse projeto de alguma forma, vocês são demais!


Em termos líricos a Noldor aborda em suas letras transtornos psíquicos e a complexidade mental dentro de nós. Comente mais a respeito.

Eu sempre tento trazer letras com duplo sentido, tanto oculto, quanto interno, você pode interpretar de forma apocalíptica, mas também como uma guerra interna, todos nós lutamos contra nossos demônios todos os dias, e quem tem distúrbios psíquicos passa por isso em dobro, o que eu imagino em minhas letras quando eu escrevo, são as 2 faces da destruição humana, os dois lados da moeda, o seu fim pode ser por causas externas, mas também por si próprio. Acredito que nenhum horror consegue ser tão brutal quanto os criados por nós mesmos, para muitas pessoas a mente é o próprio pesadelo.


Estamos atualmente assolados pela pandemia, o que isso implicou nos projetos musicais?

A pandemia atingiu os músicos de forma inesperada, eu tinha feito uma reserva para melhorar o home-studio, infelizmente tive que pausar e usar a reserva para outros fins.

Na questão de shows e eventos, eu tinha algumas apresentações com a Hardgainer e uma possível continuação no processo de gravação da Neshamot, ambos foram adiados e estão parados, sem shows, sem ensaios... É complicado, mas espero que fique tudo bem no final, a arte não pode parar.


Existe a possibilidade da Noldor se tornar uma banda completa para shows em um futuro próximo?

Sim, com certeza, estou amadurecendo essa ideia e fazendo mais amizades no meio musical dentro do estilo, provavelmente isso ocorra em breve.


Links:

Streamings:


quinta-feira, 2 de julho de 2020

Captain Black Beard: Celebrando o Hard/AOR e Pop Rock 80's



O novo trabalho do Captain Black Beard tem sua line-up mais uma vez modificada apenas com Christian Ek (guitarra) e Robert Majd (baixo) de remanescentes. A proposta continua a de celebrar o pop rock americano dos anos 80. 

Em comparação ao último registro, a produção harmonizou melhor os arranjos, principalmente a guitarra que ficou menos abafada e pesada. Pra esse tipo de som acabava esmagando os demais instrumentos.

Outra coisa notável é a volta do vocal masculino, agora na responsabilidade de Martin Holsner, o qual lembra diversas vezes a voz de Paul Stanley.


As 10 canções compartilham baterias redondinhas repletas de reverb, brass de sintetizador e riffs no dever de pavimentar o canto de Holsner naquele clima anos 80 do KISS.

Eu poderia destacar abaixo as seguintes canções:

Headlights: Uma estranha cruza de KISS na era do "Lick It Up" enquanto os sintetizadores remetem o single "Gloria" de Laura Branigan. O solo apesar de curtinho reflete a essência oitentista usando bends expressivos e tappings.

Lights And Shadows: Apresenta melodia inspirada ao lado de múltiplas vozes no auge da música. Guitarras ganham um papel extra, elas roubam cena nos breves momentos.

Disco Volante: O cantor encarna de vez Paul Stanley. Teclados estridentes se fundem aos pratos com direito a pequenos arpejos. Na reta final a guitarra soa melódica e se sincroniza com outra.

Tonight: É uma balada potente, cria uma montanha russa sentimental de momentos tristes e revigorantes. A voz e rápidos momentos da guitarra tornam a canção poderosa. Infelizmente abusam além da conta dos sintetizadores e se prendem demais ao clichê. Apesar da qualidade, pode soar um pouco datada para a maioria, parecendo trilha de algum filme da Sessão da Tarde.

Time To Deliver: Uma das melhores canções. A voz se destaca entre as outras do trabalho. O riff pesadão cavalgado é entrecortado pela bateria pura que divide espaço com a voz. Os fraseados finais na guitarra infelizmente terminam sufocados.

Midnight Cruiser: Inicia com um baixo rugindo. Sintetizadores se fundem melhor com a guitarra para produzirem um caminho empolgante até o núcleo da música. Vale mencionar a passagem do teclado tocando uma ideia barroca antes da guitarra solar. Casaria muito bem com algum racha de carros à noite. O ponto alto do disco.


Chegando a um veredito, "Sonic Forces" reverencia totalmente o som de uma época, às vezes se aproximando de uma caricatura involuntária. O álbum também não tenta construir um papel para cada faixa. Todas soam previsíveis pela semelhança.

Na parte técnica, você nota os sintetizadores brigando com prato pelas faixas de frequência. Se por um lado, a guitarra no último registro soava incompatível e agora mais assertiva,  por outro ela termina sufocada no excesso de reverb e ganha um papel mínimo. Até em discos do Poison e Dokken elas eram imprescindíveis para a extravagância do seu som.

Numa visão geral, eu recomendaria para quem deseja revisitar uma era ou saudosistas do Hard Rock sintetizado.

Texto: Alex Mattos (Canal Rock Idol)
Edição: Carlos Garcia

Banda: Captain Black Beard
Álbum: "Sonic Forces" 2020
Estilo: Hard Rock, AOR, Pop Rock
País: Suécia
Selo: AOR Heaven/Metal Heaven

Canais Oficiais da banda:
Site Oficial
Youtube