terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Arandu Arakuaa: Não Dá Para Ficar Indiferente

Trabalho é recheado de ótimos momentos, mas sofre com passagens deslocadas e quebradas

Difícil resenhar trabalhos como este álbum de estreia da banda brasiliense Arandu Arakuaa, “Kó Yby Oré” (2013), que saiu via Ms Metal Records. Isso porque a banda faz uma sonoridade jamais ouvida dessa forma, que é unir o Metal com elementos indígenas, mas indo aos extremos de cantar na língua nativa dos Tupi, fazendo uma verdadeira salada sonora.

Com o EP de estreia, muito se ouviu de elogios ao grupo, mas desde lá a proposta não me agradou. Conversando com amigos redatores, ouvi de alguns que minha ideia iria mudar com este full lenght. Infelizmente, não foi o que aconteceu, apesar de que me serviu para constatar uma coisa: não tenho cabeça tão aberta para aceitar tamanha mistura.

Proposta original e louvável, mas que soa muito estranha para ouvidos seletos

A parte técnica e instrumental é bastante interessante, com momentos bem legais, cujas melodias merecem altos elogios, mas tudo vai por água abaixo com os vocais guturais, totalmente fora dos eixos da sonoridade de Zândhio Aquino que, quando traz vocais femininos de Nájila Cristina, como na belíssima “Aruanãs”, com ótimas melodias e o ápice final com a chegada de um Baião, fazem valer a audição do álbum. Ouça o começo de “A-kaî T-atá” e me diga se não é de uma sensibilidade incrível. O problema é que a música (assim como a grande maioria) decai com a chegada dos vocais guturais, muito deslocados, desnecessários e que poluem o som (isso que gosto de vocais guturais, quando casam com o instrumental).

A proposta é louvável, até pela postura dos músicos em sempre defender as origens, algo que extrapola o aspecto sonoro, cravado forte nas letras (imagino eu, pois não sei Tupi e você provavelmente não entenderá nada), mas, infelizmente, está fadado a ser um grupo “cult”, aclamado por quem gosta de músicas estranhas e misturas sem limites. Para quem quer Metal com certo padrão, vai passar longe. 



A verdade é que Arandu Arakuaa tem tudo para fazer história, mais pela sua proposta do que por cativar pelo som, cheio de altos e baixos (se apostassem em vocais limpos, os mesmos apresentados no disco, teria mais fé no grupo) que comprometem o trabalho final, na opinião deste humilde redator, que acaba indo na contra-mão de todas as resenhas que foram lidas até agora. Vai ver o louco sou eu. Ouça pela experiência e, se gostar, seja feliz e acompanhe a banda. Se não gostar, respeite e deixe-os de lado. Eu seguirei na esperança de material futuro mais “organizado”, valorizando sempre a cultura indígena, mas não esquecendo que os ouvidos prezam por sons com certa ordem. Até lá, sigo vendo no Glory Opera a verdadeira banda de Metal a valorizar a cultura indígena.

Stay on the Road

Texto/edição: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação
Assessoria: Ms Metal Press

Ficha Técnica
Banda: Arandu Arakuaa
Álbum: Kó Yby Oré
Ano: 2013 
País: Brasil
Tipo: Avant-Garde/Metal Folclórico
Selo: Ms Metal Records


Formação
Nájila Cristina (Vocais, Maracá)
Zândhio Aquino (Guitarras, Violão, Viola Caipira, Vocais Tribais, Teclados, Maracá, Apito)
Saulo Lucena (Baixo, Maracá)
Adriano Ferreira (Bateria, Percussão, Maracá)



Tracklist:
01. T-atá îasy-pe
02. Aruanãs
03. Kunhãmuku’i
04. A-kaî T-atá
05. O-îeruré
06. Tykyra
07. Tupinambá
08. îakaré ‘y-pe
09. Auê!
10. A-î-Kuab R-asy
11. Kaapora
12. Gûyrá
13. Moxy Pee Supé Anhangá

Acesse e conheça mais sobre a banda

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