A cena Hard Rock americana nesta década em que vivemos não tem mais aquele domínio de revelar grandes bandas, o que era sempre uma atrás da outra. Aproveitando toda essa decaída na terra do Tio Sam, o reino sueco está surpreendendo os amantes do estilo exportando várias bandas boas, justa causa em que podemos considerar que o país é o berço do Hard Rock do mundo. E já que hoje os Estados Unidos não tem bandas para poder afrontar os suecos, o jeito é dar atenção aos grandes nomes do passado, e um deles ainda está na estrada, que é o nada menos que o vocalista e compositor Ron Keel.
Fundador do Steeler e da sua banda Keel, na qual gravou dois discos clássicos, "The Right To Rock" (1985) e o "The Final Frontier" (1986), cuja produção de ambos foi feita pelo baixista Gene Simmons (Kiss), o vocalista, que até muitos nunca ouviram falar, tem uma média pequena de fãs aqui no Brasil, mas que é muito querido no seu país natal. Digo isso porque quando eu estava participando de uma feira de vinil na cidade onde resido (Mauá/SP) nos finais de semana de cada mês, eis que surgiu uma pessoa e retira o "The Right To Rock" na caixa e manda o organizador colocar o disco na vitrola. E após uma faixa executada, o rapaz faz um comentário curto sobre a banda, falando que quase ninguém o conhece, infelizmente. Creio eu que, caso eu e ele estejamos errados, que façam retirar as nossas palavras. E lembrando que, também, ele já fez uma audiência pra ser o vocalista do Black Sabbath, mas não foi escolhido.
Quando não tem compromissos com sua banda, ele dedica boa parte do seu tempo com sua carreira solo, onde mostra todas as influências com música Country, Blues e Rock Clássico, tendo já dois discos lançados. E desde 2007, a sua discografia solista ficou parada. Dos palcos ele nunca deixa de estar presente, mas a espera foi tanta por um novo disco que, em janeiro deste ano, o vocalista lança o seu mais novo trabalho, que leva o nome de "Metal Cowboy", que já está sendo considerado um dos melhores de sua carreira.
Produzido por R. Bernard Man e pelo próprio Ron Keel, o disco apresenta uma sonoridade do que hoje chamamos de Southern Rock, estilo que veio de bandas como Lynyrd Skynyrd e The Allman Brothers, onde guitarra, dobro, piano e os backing vocals bem cheios, são os principais motores do gênero, que tem um número enorme de público, tanto nos shows e nos eventos dedicados aos amantes da motocicleta. "Metal Cowboy" apresenta muito bem essa característica. E quem é bastante fã das duas bandas que citei acima, compensa bastante ter o disco em mãos e ouvir do começo ao fim, que também olhando para a capa, já vai saber qual o tipo de sonoridade é passada no álbum.
O disco começa muito bem com a faixa "Long Gone Bad", que tem uma leve introdução de dobro acompanhado por slides bem simples de guitarra, mas que, logo em seguida, entra ótimos riffs para dar mais gás ao longo e durante a boa parte da música. E do jeito que ela começou, ela encerra da mesma maneira; "Wild Forever" tem um clima bem alto-astral, tanto no instrumental como no vocal que, se caso for tocada ao vivo, vai ser cantada por muitos durante o show, principalmente nos refrãos.
Para colocar todo o seu mal em ação é recomendado ouvir a faixa "My Bad", onde o banjo de Ron Keel toma conta da música. Mas junto com a guitarra bem cadenciada, ela ficou ainda melhor, o que em minha opinião é uma das melhores faixas do disco. E ela é perfeita pra ouvir pilotando uma Harley Davidson; "What Would Skynyrd Do" tem uma pegada bem cinematográfica, bem no clima de filmes de faroeste, que tem um perfeito solo de piano na ponte final da música. Nos backing vocals tem a presença ilustre da Renée Keel, esposa do vocalista.
É preponderante que Ron Keel fez um trabalho perfeito em todos os quesitos neste seu novo disco. O que mais me chamou atenção é da maneira como ele canta, que é de uma forma simples e direta, o que muitos vocalistas de hoje não são capazes de respeitar o limite de voz. Muitos preferem impor alcances agudos e, em determinados pontos, gritados. E dessa maneira natural que o vocalista é um dos principais nomes do Hard Rock mundial, que é um pouco despercebido pelos brasileiros.
Momentos inspirados ficam por conta de "The Last Ride", que já logo no primeiro riff, já vai querer bater cabeça do começo ao fim. Além de ser bastante pesada, ela dispensa qualquer comentário; e "Evil Wicked Mean & Neasty" lembra muito as raízes oitentista, com o refrão e os backing vocals que rementem aos do Def Leppard.
O momento balada fica por conta de "Just Like Tennessee" e "Singers, Hookers & Thieves", que são ótimas pra quem gosta de ouvir uma boa música quando está dirigindo ou viajando. Essa última tem a participação do vocalista Paul Shortino (King Kobra e ex-Quiet Riot) fazendo um dueto com o Ron Keel. Além destas, as duas músicas também ganharam versões acústicas, que estão presentes na versão digipack.
"Metal Cowboy", ao lado de "The Right To Rock" e "The Final Frontier", já se torna um dos melhores trabalhos de sua carreira. Com a ampla acessibilidade que temos hoje, quem sabe o seu nome começa a ser visto muitos, principalmente para os brasileiros?
Texto: Gabriel Arruda
Edição/revisão: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação
Ficha Técnica
Banda: Ron Keel
Álbum: Metal Cowboy
Ano: 2014
País: Estados Unidos
Tipo: Southern Rock/Hard Rock
Gravadora: Wild West Media
Tracklist:
01. Long Gone Bad
02. Wild Forever
03. My Bad
04. What Would Skynyrd Do
05. Just Like Tennessee
06. The Last Ride
07. When Love Goes Down
08. Singers, Hookers & Thieves
09. Evil Wicked Mean & Nasty
10. The Cowboy Road
11. 3 Chord Drinkin Song
12. My Bad (Radio Version)
13. Just Like Tennessee (Unplugged)
14. Singers, Hookers & Thieves (Solo Acoustic Version)
Acesse e conheça mais sobre a banda
Nenhum comentário:
Postar um comentário