segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Cobertura de Show: Odin’s Krieger Festival – 01/11/2025 – Carioca Club/SP

Odin’s Krieger Festival mistura humor com medieval em shows de Nanowar of Steel e Heidevolk

O humor italiano e o folk metal viking holandês combinam muito bem, e festival, que também contou com outras apresentações diversas nacionais, valeu a pena presenciar

O Odin’s Krieger Festival já é tradicional! Ano após ano, a festa atrai apreciadores de costumes e da cultura medieval fantástica, além de adeptos da história e mitologia nórdica, celta, e todo tipo de história e fé pagãs. Mesmo sem shows, só o encontro temático dessa ou dessas tribos já seria sensacional, mas com grandes apresentações, tudo fica melhor. Tivemos!

Embora, devo dizer, o público parecesse abaixo do que tivemos em 2024, ainda era respeitável, com mais da metade do Carioca Clube cheio. Bem, era de se esperar, já que as atrações do ano anterior eram mais populares, com Dogma e Wind Rose. Neste ano corrente, tivemos ainda um repeteco: O Heidevolk já havia estado no mesmo festival alguns anos antes.


OAKLORE FAZ TRIBUTO AO FOLK “GEEK”:

Uma aguardada atração nacional era o Oaklore, um grupo de música folclórica que já se tornou conhecido no circuito de eventos “folk”. Talvez uma das coisas mais legais deles, é que você vai se sentir “em casa” quando estiver em seus shows: grande parte de seu repertório é de temas musicais que somos acostumados a ouvir no nosso dia-a-dia (bem, ao menos quem é ligado em videogames, filmes e séries), com canções que vão de Senhor dos Anéis, uma das grandes inspirações da existência do grupo, segundo o que disseram no palco - bem, podemos compreender isso, já que o filme, do qual tocaram temas no show, é uma das maiores obras audiovisuais do gênero. Pessoalmente, fiquei extremamente emocionado ao tocarem um mix de temas de The Witcher 3, que é meu jogo preferido. Tão bem executado foi, que chegou a ser emocionante para fãs da franquia, do personagem Geralt of Rivia, e desse universo fantástico. Excelente apresentação, que serviu perfeitamente como “esquenta” para o que viria.

*Priscila Ramos - @agendametal

Vale frisar que, no meio tempo entre os shows, não há nenhum tipo de tédio! vários stands de lojas dos mais variados produtos, comuns, exóticos, artesanais, que iam de hidromel a velas aromáticas. Tem para todo tipo de público, e isso já vem de ano após ano - sempre ótimas opções, embora muitas vezes pagando um preço bem salgado.

*Priscila Ramos - @agendametal

NANOWAR OF STEEL TRAZ BOM HUMOR, HITS HILÁRIOS, E… VAMPETAÇO!:

Sejamos diretos: você nunca vai rir tanto em um show de rock quanto no do Nanowar of Steel! Conhecido recentemente pelo engraçadíssimo hit Norwegian Reggaeton, que parodia tanto o reggaeton latino, quanto o black metal norueguês, foi a primeira vez que a banda italiana esteve no Brasil, depois de muitos pedidos. Valeu a espera!

Sandra Rosato

A banda entrou com o visual mais bizarramente divertido possível: cada um dos integrantes com uma fantasia mais “zoeira” que a outra, sendo o vocalista Mr. Baffo o ápice, vestido com quase um cosplay de “loli” de animes - só imagine um sujeito barbado fazendo isso, é sensacional! Apesar da zoeira, todos tocam absurdamente bem, e as músicas são executadas exatamente como deveriam.

Sandra Rosato

Alguns momentos completamente absurdos fazem parte da festa. O outro vocalista, Potowotominimak colocou uma máscara do monstro Cthulhu, da obra de HP Lovecraft, durante a canção The Call of Cthulhu, com um telefone em mãos. Entenderam o trocadilho?! Ou o momento incrível quando um sujeito vestido do pássaro “malvado” Cacciatore entrou no palco, na canção Il Cacciatore della Notte. Também tivemos um “wall of love”, uma espécie de wall of death, mas onde todos se abraçam - ainda com Careless Whisper, de George Michael, de fundo, seguido pelo cover do cantor inglês da música de mesmo nome.

Sandra Rosato

Mas provavelmente o momento mais sensacional do magnífico show foi quando alguém atirou uma bandeira com a foto do ex-jogador Vampeta nu, apenas com a foto de Varg Vikernes, do Burzum, tampando suas genitais, em referência ao episódio quando o dito vocalista de black metal falou mal de brasileiros no twitter, e os usuários brasileiros começaram a lhe mandar fotos do ensaio do ex-atleta para a extinta revista G Magazine - ficou conhecido como “Vampetaço”. Eles realmente exibiram aquilo no palco!

Sandra Rosato

Seu grande hit, Norwegian Reggaeton, claro, foi um dos pontos mais altos. Todos sabiam cantar a música! Os sorrisos e risos eram nítidos por todos os cantos. Realmente, eles roubaram a cena, mesmo não sendo a atração principal da noite.

Sandra Rosato

Entre as apresentações, tivemos uma bela apresentação de dança, que serviu muito bem de aquecimento, além de uma batalha esportiva de espadas, o que fez com que não ficasse nada cansativa a espera para o próximo show.

Sandra Rosato

HEIDEVOLK FECHA A NOITE COM BOA APRESENTAÇÃO DE FOLK METAL, MAS OFUSCADA PELA ANTERIOR:

Trocamos o humor pelo verdadeiro folk metal. Diretamente da Holanda, um dos maiores celeiros de bandas bem sucedidas do mundo, o Heidevolk fazia sua segunda participação no Odin’s Krieger Festival. Claro que, pela proposta do evento, de celebrar a cultura medieval e nórdica, seriam a atração principal.

Sandra Rosato

Afiada, a banda veio ao país agora divulgando seu álbum Werderkeer, e não decepcionou. O som que apresentam faz todo o sentido para o evento, e logo de começo já era ovacionada pelo público. Uma coisa bem curiosa é que apesar de fazerem um som mais rápido, onde seria comum o uso de vocais agudos, os holandeses usam dois vocalistas com vozes extremamente parecidas e graves. Por um lado, isso dá um contraste, e deixa com uma certa cara “ritualística”, mas por outro, uma das vozes acaba ficando redundante, já que não há contraste entre ambas. No fim das contas, funciona. Outro ponto interessante é o idioma; não é comum ouvirmos músicas no idioma neerlandês, mas a banda prova que pode, sim, funcionar bem, a depender do estilo.

Sandra Rosato

O setlist foi conservador, mesmo longo. Tivemos, de começo, duas do último disco, como era de se esperar: Hagalaz e Klauwen Voorut. Não demorou para virem clássicos, com Winter Woede, Urth e A Wolf in my Heart. No geral, tudo muito completo, contemplando vários períodos de sua carreira.

Sandra Rosato

Terminamos o show com Vulgaris Magistralis, versão para a banda de rock holandesa Normaal, e a saideira com um grande clássico, Nehalennia, do já distante ano de 2010. 

Sandra Rosato

Ótimo show, com belo som, e um público muito animado, e diversos mosh pits ao longo do show. Apesar do brilho, o fato do Nanowar of Steel ter feito uma apresentação inédita e extremamente divertida, que roubou a cena, ficou parecendo que quem deveria ter sido a atração final eram eles. De toda forma, o conjunto de ambas foi muito bom, e tudo foi muito bem aproveitado. Ambas bandas já têm um lugar no coração dos brasileiros, e podem voltar a qualquer momento, que será uma boa pedida de show!

Sandra Rosato

Texto: Fernando Queiroz

Fotos: Sandra Rosato (*exceto onde indicado)

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Okf Produções

Press: Tedesco Comunicação & Mídia


Nanowar of Steel – setlist: 

Sober

The Call of Cthulhu

Pasadena 1994

Wall of Love

Disco Metal

Uranus

HelloWorld.java

Il Cacciatore della Notte

Norwegian Reggaeton

Armpits of Immortals

La Polenta Taragnarok

Vahlallelujah


Heidevolk – setlist:

Hagalaz

Klauwen Vooruit

Winter woede

Urth

A Wolf in My Heart

Schildenmuur

De strijd duurt voort

Het Wilde Heer

Wederkeer

Het bier zal weer vloeien

Het Gelders volkslied

Hulde aan de kastelein

Ostara

Krijgsvolk

Tiwaz

Saksenland

Drink met de Goden (Walhalla)

Drankgelag

Vulgaris magistralis

Nehalennia

domingo, 9 de novembro de 2025

Dorsal Atlântica: Campanha do Novo Álbum Termina Nesta Semana

 

Capa Provisória 

A miséria da nobreza. O nobre miserável. Este é o tema central do novo álbum da lendária DORSAL ATLÂNTICA, que está prestes a nascer, e você ainda pode fazer parte dessa história!

Campanha está no ar no CATARSE e se você acompanha as redes do Road to Metal - inclusive nosso site, onde a campanha está em destaque, já deve ter visto a respeito. Neste fim de semana a campanha ultrapassou os 80%, e novamente, a exemplo de ações anteriores, como o retorno da Dorsal com "2012", a banda tem alcançado êxito nos financiamentos coletivos, contando com o apoio dos fãs. 

Carlos Lopes, o fundador e mentor da Dorsal, enfatiza que só é possível novos álbuns se houver o apoio do público, pois isso é uma resposta que os fãs desejam ouvir novas músicas, e que banda continua relevante.



SOBRE O TÍTULO DO ÁLBUM 

MISERE NOBILIS" soa como uma sentença em latim, um grito apocalíptico contra os grandes impérios, uma ode à resistência brasileira e latino-americana.

“Panis et Circenses. Spartacus. Alea Jacta Est.”

A Dorsal segue o mesmo caminho desde 1981: música pesada com consciência, coragem e verdade.


O PROJETO

Cinco anos após o aclamado Pandemia, a Dorsal Atlântica está pronta para voltar ao estúdio — mas só se você apoiar.

Iniciada dia 13 de setembro, e com final agora dia 12 de novembro, os fãs tiveram, e ainda têm,  a missão de garantir que o novo álbum seja gravado em dezembro e lançado em CD em abril de 2026.


AS MÚSICAS

Confira alguns dos temas que estarão  no “Misere Nobilis”:

Agora ou Nunca – um canto revolucionário.

Helen – homenagem à punk assassinada em São Paulo.

Caverna de Platão – crítica e reflexão filosófica.

CLT – “A Constituição está acima da Bíblia.”

Festa da Selma, O Grande Ciclo de Saturno, Bola Dividida, e a faixa-título Misere Nobilis.


POR QUE APOIAR

Desde 1981, a Dorsal Atlântica tem sido sinônimo de independência, integridade e resistência no Metal brasileiro.

Cada álbum é uma declaração — e este não será diferente.

Ao apoiar, você não apenas garante o novo disco, mas mantém viva uma das vozes mais autênticas da música pesada nacional.

Algumas das recompensas da campanha 


COMO FUNCIONA

Acesse o link: CAMPANHA MISERE NOBILIS 

Escolha sua recompensa e participe dessa nova revolução sonora. As opções incluem desde somente o CD, que terá o nome dos apoiadores no encarte, a pacotes que incluem camiseta, o livro de contos tributo ao Dorsal, HQs, e até um ítem único: o pano de fundo de palco da turnê do “Pandemia”.

⚠️ Caso o valor total da campanha não seja atingido, o Catarse reembolsará todos os apoiadores.


A DORSAL ATLÂNTICA RESISTE. O  "VÂNDALO" AINDA INCOMODA MUITA GENTE 🤘

MISERE NOBILIS está vindo.

O destino foi lançado: Alea Jacta Est.


Siga o Dorsal e Perfil Oficial do Carlos Lopes no Instagram:

Dorsal Atlântica 

Carlos Lopes 


Confira vídeo da campanha no YouTube 






sábado, 8 de novembro de 2025

Volúpia: "Déjà Vu", a Chama Não se Apaga

 


A história da Volúpia é daquelas que parecem saídas diretamente dos capítulos esquecidos do metal brasileiro. Formada no Rio Grande do Sul nos anos 80, época em que havia aquela vertente do Hard e Metal com letras em português , e aqui se destacavam o Astaroth e Câmbio Negro, por exemplo.

Porém, devido àquelas dificuldades que todos conhecemos no meio Metal e underground, como a falta de estrutura, apoio, recursos…tudo ainda mais complicado naquela época, a Volúpia acabou sucumbindo ao destino de tantos nomes promissores da cena e entrou em um longo hiato.


Mas a chama não se apagou, ficou aguardando ser alimentada para enfim voltar a arder. Em 2016 a Volúpia retorna reformulada e disposta a registrar o material produzido durante sua história, e claro, voltar aos palcos.

Após alguns singles e vídeo, a banda entrega finalmente seu primeiro full-length, “Deja Vu”, um disco que faz jus à espera e carrega o peso da história com orgulho. O título é certeiro: ouvir o álbum é sentir que o tempo nunca apagou a chama,  apenas a deixou amadurecer.

O debut traz 11 faixas de um Hard/Heavy vigoroso e de refrãos marcantes, com as músicas que foram compostas em épocas distintas, porém soando atuais. As letras trazem temas pessoais, sociais e do cotidiano.


Após a intro instrumental que leva o nome do álbum,  temos a paulada “Rebelião”, com riffs afiados estilo NWOBHM, cozinha pesada, vocal enérgico e uma letra que reflete a insatisfação de quem nunca se conformou. É um começo que vibra como manifesto e anuncia que o Metal feito no sul segue vivo e pulsante.

“Poderes e Forças”, vem na sequência e mantém a adrenalina alta. Com uma letra bem atual, falando sobre os poderes que as “telas” podem exercer sobre as pessoas. Hard vigoroso, com melodias e refrão marcantes. 

“Brilho de Luz” é outro destaque, sendo inclusive escolhida para ser o vídeo de divulgação. Balanceamento muito bem equilibrado de Hard e Metal, trazendo ênfase nas melodias e o acréscimo de teclados de fundo. Cadenciada, melodiosa e pesada é daquele tipo que funciona muito bem ao vivo, inclusive com aqueles trechos típicos que convidam o público a cantar junto.


Destaco também “A Noite”, a qual traz um clima mais sombrio e introspectivo. A canção mistura melodia e peso, evocando o melhor do hard/heavy brasileiro dos anos 80. O refrão, carregado de emoção, e o riff principal, são daqueles que ficam ecoando na cabeça. E tenho que enfatizar o trabalho de guitarras de Luciano, seja no riff marcante e direto, como nos solos e trechos introspectivos e viajantes.

E o Rock/Hard vibrante e de sonoridade alto astral de “Lembranças”, tem nuances do rock gaúcho dos anos 80, mas com mais peso, seguida por “Rolando no Asfalto”, faixa mais acelerada e mais acessível, mostrando que a Volúpia entrega uma diversidade bem legal, transitando pelo Hard, Heavy Metal e Rock Pesado.

“Deja Vu” é um álbum direto e sem exageros, valorizando o som orgânico. Guitarras com timbre quente, refrãos marcantes, baixo pulsante e bateria consistente sustentam um vocal cheio de personalidade. O resultado é um disco honesto, vibrante e com alma, algo cada vez mais raro.  

Texto: Carlos Garcia 
Fotos: Divulgação


Volúpia é:
César "Five" Louis: bateria
Luciano Reis: guitarra
Marco Canto: vocal 
Ricardo Lampert: baixo

Faixas:
Déjà Vu 
Rebelião 
Poderes e Forças 
Brilho de Luz 
Último Entardecer 
Louca Juventude 
A Noite 
Filme Antigo 
Lembranças 
Rolando no Asfalto
Adrenalina 







Cobertura de Show: Masterplan – 31/10/2025 – Fabrique Club/SP

Noite de 31 de outubro, dia de Halloween, o Fabrique Club, em São Paulo, foi o palco perfeito para o retorno triunfal da banda alemã Masterplan ao Brasil, após uma ausência de exatos dez anos. Fundado em 2001 por músicos experientes do cenário do power metal, como o guitarrista Roland Grapow, que fez história no Helloween, o show do Masterplan misturou seus hits com clássicos da ex-banda do guitarrista. 

O público, embora não lotasse o local, foi surpreendentemente caloroso e receptivo, criando uma atmosfera de festa que se alinhava perfeitamente ao espírito do Halloween. O evento destacou o talento de Grapow e companhia, que não decepcionaram os fãs mais saudosistas, e ainda contou com a presença dos brasileiros do Seventh Seal e Trend Kill Ghosts, que abrilhantaram a noite.

A abertura da noite ficou por conta dos veteranos do Seventh Seal. Contando com Leandro Caçoilo, também vocalista do Viper, os caras entregaram uma apresentação potente, marcada pelos vocais poderosos e agudos do frontman, que dominaram o Fabrique Club com técnica e carisma.

O setlist começou com “Beyond the Sun” e “Mechanical Souls”, passando por “Back to the Game” e pela faixa homônima “Seventh Seal”, que mostrou toda a essência da banda. Destaque também para “Pleasures of Sin” e “Grace”, esta última originalmente gravada com a participação de Roland Grapow, mas que, infelizmente, foi executada sem ele ao vivo. 

O encerramento com “The Seed of Dissent” deixou o público pronta para o Masterplan, provando que o Seventh Seal está em plena forma e que o heavy metal brasileiro continua resistente.

Na sequência, quem subiu ao palco foi o Trend Kill Ghosts, banda paulista que trouxe uma pegada moderna de power metal com uma boa presença de palco. Apesar de enfrentar problemas técnicos, como a ausência de graves em “Like Animals” e guitarra baixa durante parte do set, a banda mostrou profissionalismo e não deixou a peteca cair. Com uma performance intensa, músicas como “Rebellion” e “Facing My Ghosts” conseguiram empolgar o público, que respondeu com aplausos. 

“Deceivers” e “Puppets of Faith” mantiveram o ritmo, mostrando uma banda segura de suas composições, enquanto “Poisoned Soul” fechou a apresentação em alto astral, deixando claro que, com o som devidamente ajustado, o Trend Kill Ghosts tem uma apresentação competente. Mesmo com os contratempos, o show foi uma boa amostra do potencial e da entrega da banda no palco.

Era hora dos anfitriões da noite, e o show começou com força total, abrindo com “Rise Again”, uma faixa que imediatamente aqueceu o ambiente e trouxe o power metal melódico que define o Masterplan. Seguiu-se “Enlighten Me”, com seus riffs pesados e refrãos cativantes, e “Spirit Never Die”, uma ode à resiliência que ecoou como um hino para a própria banda, retornando após uma década com força total. 

Grapow reforçou isso com o poderoso line-up atual, formado por Rick Altzi (vocal), Axel Mackenrott (teclados), Jari Kainulainen (baixo) e Marcos Dotta (bateria).

Durante a apresentação, canções como “Lost and Gone” e “Crimson Rider” trouxeram um equilíbrio perfeito entre peso e intensidade, com Grapow brilhando em seus solos precisos e cheios de emoção. “Back for My Life” chegou iluminada por um mar de celulares e emocionou com seu tom dramático. 

O público, caloroso, ovacionava a banda. Em um momento curioso, o vocalista Altzi chegou a dizer que, por ser noite de Halloween, tocariam algo do Helloween. No entanto, se confundiu, e tocaram “Kind Hearted Light”, uma faixa que até lembrava a ex-banda de Roland.

Então, era chegada a hora do primeiro som do Helloween da noite. E foi nada menos que a faixa-título “The Time of the Oath”. O público vibrou e participou desde o primeiro riff, gritando os famosos “hey, hey” e cantando o refrão. 

A escolha foi ótima, porque é uma música que o Helloween, infelizmente, não toca mais. Roland foi ao microfone para anunciar que, em 2026, o Masterplan irá lançar um disco novo e que a próxima música fala que manter os sonhos vivos é se manter vivo. Em seguida, executaram “Keep Your Dream Alive”, um hard rock inspirador que manteve a chama acesa.

E o que falar de “Heroes”? Muito comemorada pelos fãs, é mais um clássico dos alemães com pitadas de Helloween para ninguém colocar defeito. Sem deixar a energia cair, trouxeram outro momento nostálgico: “The Chance”, também do Helloween, com uma poderosa execução que fez o Fabrique tremer, coroando a comunhão entre o passado e o presente de Grapow.

Sem sair do palco, o encore manteve o nível altíssimo. A versão estendida de “Crawling From Hell” mostrou a força do repertório do Masterplan ao vivo, com riffs intensos e uma melodia contagiante que foi cantada exaustivamente durante a execução. Além disso, aproveitaram o momento para apresentar os integrantes, e rolou até um trecho de “Burn”, do Deep Purple, para o delírio dos presentes. 

Mas tudo que é bom tem um fim, e, para encerrar, “The Dark Ride”, mais um tributo à era Helloween de Grapow, foi simplesmente apoteótica — um final épico para um show que misturou peso, emoção e história.

O Masterplan entregou uma apresentação madura, energética e repleta de sentimento, mostrando por que ainda é um dos nomes mais respeitados do power metal europeu. Roland Grapow, carismático e afiado, provou que o tempo não diminuiu sua paixão pela música, e sua conexão com o público brasileiro permanece intacta.

Entre clássicos, vocais marcantes e um clima de celebração, a noite de Halloween no Fabrique Club foi um presente para os fãs de metal melódico — uma viagem por duas eras douradas do gênero, conduzida por quem ajudou a escrevê-las.


Texto: Marcelo Gomes

Fotos: Leandro Almeida para o Onstage

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: LBN Agency / Vênus Concerts

Press: Tedesco Comunicação & Mídia


Seventh Seal – setlist:

Beyond the Sun 

Mechanical Souls 

Back to the Game 

Seventh Seal 

Pleasures of Sin 

Grace 

The Seed of Dissent


Trend Kill Ghosts – setlist:

Like Animals 

Rebellion 

Facing My Ghosts

Deceivers 

Puppets of Faith           

Poisoned Soul


Masterplan – setlist: 

Rise Again 

Enlighten Me 

Spirit Never Die 

Lost and Gone 

Crimson Rider 

Back for My Life 

Kind Hearted Light 

The Time of the Oath (Helloween cover) 

Keep Your Dream Alive 

Crystal Night 

Soulburn 

Heroes 

The Chance (Helloween cover) 

Crawling From Hell 

The Dark Ride (Helloween cover)

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Cobertura de Show: Stoned Jesus – 25/10/2025 – Jai Club/SP

Stoned Jesus celebra 15 anos de banda com show impecável em São Paulo

Evento, que contou com abertura dos brasileiros do Pesta, fez parte da turnê latino-americana e marcou o retorno da banda ucraniana à capital paulista após oito anos

Oito anos se passaram desde a última vinda do Stoned Jesus, banda ucraniana de Stoner Metal e Doom Metal, ao Brasil. Desta vez, a apresentação em São Paulo, realizada no último dia 25 de outubro na Jai Club, localizada na Zona Sul, fez parte da “Latin American Tour 2025”, turnê que celebra os 15 anos de banda e, ao mesmo tempo, divulga o mais recente álbum do trio, “Songs to Sun”, lançado em 19 de setembro deste ano. A apresentação contou com a abertura da banda belo-horizontina Pesta e foi produzida pela Solid Music Entertainment e a Caveira Velha Produções.

A turnê em questão abrangeu, além de São Paulo, outras cinco cidades brasileiras: Rio de Janeiro (21), Porto Alegre (22), Florianópolis (23), Curitiba (24) e Belo Horizonte (26). A extensão se deu com Buenos Aires, na Argentina (28), Santiago, no Chile (29), e Cidade do México, no México (31). São Paulo, que foi a quinta da turnê, contou com uma Jai Club cheia desde a banda de abertura e que, no show principal, lotou a pista praticamente por um todo, deixando pouquíssimos espaços de circulação.

O Pesta, também em ritmo de divulgação de lançamento recente, o álbum “The Craft of Pain” (outubro de 2025), fez uma apresentação impactante, com quatro faixas consolidadas de seu repertório geral e duas do disco novo, sendo uma delas a estreante ao vivo. O quarteto foi amplamente elogiado pelo público, que viu um show impactante e muito bem executado pelos músicos por um todo.

Já o Stoned Jesus, que desta vez veio como atração principal, fez uma terceira passagem pela capital paulista digna de headliner, com um repertório de 11 músicas com todas as fases dos 15 anos de carreira da banda. Yurii Kononov, baterista que entrou no lugar de Dmitry Zinchenko em 2024, foi a novidade e teve impacto positivo ao vivo, dominando as faixas tanto nos ritmos mais lentos quanto nos mais intensos, parecendo um baterista de Heavy Metal e de Jazz ao mesmo tempo e em momentos distintos por conta da forma que toca no palco. Da mesma forma, o peso do baixo de Andrew, que também entrou para o Stoned Jesus em 2024, no lugar de Sid, foi notável em diversas faixas e ambientações 

Por último e não menos importante, o frontman Igor Sidorenko foi impecável em todos os momentos e funções possíveis: do vocal aos riffs e solos de guitarra, dos alertas engraçados para ajustes instrumentais às interações com os fãs na pista. Foi por conta dele que a galera ecoou coros líricos e das letras das músicas e, no melhor dos momentos, gerou um mosh pit no meio de uma Jai Club lotada, garantindo a diversão ainda maior de boa parte dos que participaram da roda. O susto que tomou na última música, “Electric Mistress”, ou certas exigências de som, iluminação e do pedido contra fumaças em geral, de nada mudou seu comportamento no palco, que garantiu, junto com os demais, uma noite memorável na capital paulista.


Pesta

A banda mineira de Stoner Metal e Doom Metal Pesta fez seu retorno a São Paulo após sete meses, quando abriram para o Pentagram junto com o Weedevil. O grupo, que se apresentou em quarteto, teve como fator novo o lançamento do terceiro álbum de estúdio, “The Craft of Pain” (2025), contando com duas das faixas - uma delas tocada ao vivo pela primeira vez - entre as seis tocadas na noite. 

Thiago Cruz (vocal), Marcos Resende (guitarra), Anderson Vaca (baixo) e Flávio Freitas (bateria) começaram pontualmente e, com uma Jai bem ocupada, começaram o show com “Moloch’s Children”, do álbum “Faith Bathed in Blood” (2019), e a estreia de “Mirror Maze”, do novo álbum - e que conta com participação do guitarrista Scott "Wino" Weinrich na versão de estúdio -, ao vivo. Enquanto a primeira teve um ritmo mais lento e sombrio, a segunda puxou um Stoned Metal mais agitado.

“Black Death”, do disco de estreia “Bring Out Your Dead” (2016), veio na sequência e agitou o público, seja pelo início marcado pela sequência de repetições do riff com três fortes batidas da bateria (que aumentaram na terceira vez), seja pelo ritmo envolvente no restante da faixa, com Thiago Cruz focando em um bom vocal lírico ao longo da faixa. A dobradinha do primeiro álbum se formou com “Words of a madman”, marcado por um bom refrão e a cadência suave e impactante dos músicos que foi o suficiente para puxar não só a atenção do público, como os primeiros balanços de cabeça da noite. 

O show prosseguiu após um pequeno discurso de agradecimento de Thiago, que reforçou o prazer que ele e a banda têm ao tocar em São Paulo. “Shadows of a Desire”, single do álbum mais recente do Pesta, veio com a mesma pegada sombria da sonoridade, com ritmo calmo ao longo da faixa e com uma aceleração de ritmo nos minutos finais, contando com bom solo de Marcos Resende. 

O guitarrista do Pesta também trouxe ótimas distorções da guitarra após o riff da última faixa da noite, “Witches’ Sabbath”, assim como outro bom solo dentro da faixa que apresentou um exemplo primordial da inspiração vocal e sonora em bandas de Doom Metal dos anos 1970 e 80. Foi com o poderio desta música, na reta final, que uma espécie de Jam aconteceu para finalizar o show e sacramentar uma abertura que trouxe os sinceros aplausos de um público que, seja pela primeira vez ou além da segunda, apreciou e se impactou positivamente com um grande nome do Doom  e do Stoner Metal nacional atual.

Stoned Jesus

A rápida configuração dos instrumentos do trio ucraniano deu a eles um tempo maior para a passagem de som no palco. Isso se deu principalmente pela adaptação que, aparentemente, foi feita no kit de bateria de Flávio Freitas, trazendo algumas adições de pratos que se adaptassem à sonoridade do Stoned Jesus.

Cada acorde testado era comemorado por um fã diferente na pista da Jai Club que, cada vez mais cheia, tinha poucos espaços de circulação que não fossem no corredor que direcionava aos banheiros. Fãs arriscaram alguma interação com a banda, com gritos esporádicos de “Jesus Chapado” ou elogios com palavrões (“f*da pra c*ralho!”, “Do c*ralho” e afins) aos testes da banda. A situação resultou em uma resposta mais que engraçada do vocalista Igor Sidorenko, que respondeu um deles: “Don't use that kind of language, or i’m gona ‘kick your c*zinho’” - “Não use esse tipo de linguagem, ou eu vou chutar o seu c*zinho”, em tradução livre.

Os testes seguiram até 20h30, contando até mesmo com trechos de músicas da banda mais extensos. Às 20h32, o show começou de fato, com os acordes calmos e simples de “Bright Like the Morning”, faixa do disco “Seven Thunders Roar”, que abriu o setlist de 11 faixas da turnê. Junto a Igor Sidorenko (vocal, guitarra), também estavam Andrew Rodin (vocal, baixo) e Yurii Kononov (bateria), que começaram a tocar aos poucos dentro da faixa e, numa questão de 2 minutos, entrelaçaram com o vocalista e guitarrista o ritmo introdutório da faixa, após pedidos de aumento do volume do microfone. E quando a música em questão foi para seu ritmo mais intenso, o público acompanhou fortemente com coros que ecoaram principalmente nos refrões da faixa.

O tom brincalhão de Igor reapareceu na música seguinte, "Porcelain”, que começou sob linhas de baixo de Andrew. No caso, um fã mais exaltado da parte da frente comemorou por mais tempo que os demais e o frontman do Stoned Jesus fingiu uma irritação e gesticulou tanto para que ele ficasse quieto, quanto apontando para o companheiro de banda para que o fã escutasse os acordes que ecoaram a Jai Club. A graça, claro, se converteu em risos rápidos das pessoas na pista, que francamente admiraram a progressão instrumental do trio. Yurii Kononov, como em diversos outros momentos do show, mostrou calma e precisão em suas linhas, principalmente com os pratos, o que ajudava no ambiente misterioso da primeira parte da música. Da mesma forma, nos momentos mais intensos, soube dosar pratos e caixas de forma primorosa.

“Shadowland” foi a primeira das duas faixas do mais recente álbum do Stoned Jesus, “Songs to Sun”, a tocar no setlist. Parte dos presentes na Jai Club começaram a balançar as cabeças desde o início da faixa e se envolveram no misto envolvente entre os riffs de Igor e o ritmo de Yurii, ora acompanhando a guitarra, ora com viradas poderosas e porradas nos pratos para a faixa. 

Em seguida, “Thessalia”, única faixa do álbum “Pilgrims” (2018), veio em seguida com uma proposta semelhante de início calmo, baseado na condução de Yurii e Andrew, porém rapidamente transitado para um ritmo mais agitado após o grito de “São Paulo, are You ready?”, ao estilo Korn, puxado por Igor e incrementado com a guitarra potente. Foi o suficiente para tirar alguns fãs do chão, que arriscaram pulos no mínimo espaço que tinham, assim como fez com que outros voltassem a balançar a cabeça com intensidade ao longo da faixa. Já “Thoughts and Prayers” veio na sequência, antecedida de um discurso de Igor em relação à guerra entre a Ucrânia, país de origem do trio, e a Rússia, e sobre como buscam arrecadações para os afetados no país do Leste Europeu. A faixa, referente ao álbum de 2023 “Father Light”, é justamente um clamor por esperança e resolução, ao mesmo tempo que uma crítica ao contexto de guerra, com ritmo que tem uma pequena pegada Blues Rock sem comprometer com a base Stoner e Doom da banda e que, na Jai Club, contou com coros líricos do público em determinados momentos e um ótimo solo por parte do guitarrista e vocalista do Stoned Jesus.

Igor também fez alguns alertas sobre a fumaça na Jai, por conta de possíveis pessoas que estavam fumando no local e quanto a como aquilo poderia prejudicá-lo. O pedido foi atendido e, aparentemente, foi um ponto que ajudou o vocalista e guitarrista a ficar mais à vontade durante o restante da apresentação, que prosseguiu com “Silkworm Confessions”, do álbum “The Harvest” (2015), numa das performances mais enérgicas da noite, encabeçada por um riff e ritmos potentes ao longo da faixa, mudanças de ritmo periódicas e uma tonalidade vocal “à la Ozzy” de Igor, que também colocou um chapéu de um fã pela primeira vez na noite. Ele também protagonizou uma regência lírica com as vozes do público, assim como teve, perto da reta final da música, um solo rápido e bem “palhetado” durante sua execução.

“Black Woods” foi amplamente comemorada após as primeiras notas tocadas por Igor Sidorenko. O músico chegou a tirar seus óculos - e não os colocou mais - para a faixa em questão. Quando o instrumental completo veio, múltiplas cabeças balançaram por toda a pista da Jai Club por todos os minutos do riff inicial e além dele. O líder do Stoned Jesus fez um solo poderoso no meio da faixa e conduziu muito bem a faixa, que só mudou de ambientação e ritmo nos três minutos finais, contando com os gritos de hey do público a pedido de Igor e, no final, com o poderio do pedal duplo e dos pratos de Yurii para um encerramento apoteótico. Ou o início do caos na Jai Club.

E este caos se deu justamente porque a faixa seguinte foi “Here Come the Robots”, outra do disco “The Harvest”, com ritmo agitado e contagiante o suficiente para diversas camadas de agitação da banda e do público presente no show: a comemoração generalizada a partir do riff, os pulos na sequência, o coro que ocorreu durante toda a letra e, principalmente, o mosh pit pedido por Sidorenko no meio para o final da faixa, executado por boa parte do público que estava entre a frente e o meio, além dos que também se deslocaram do fundo para o bate-cabeça. Teve espaço para isso? Teve, porém, comprometendo o corredor do canto da pista e, talvez, as leis da impenetrabilidade. De todo modo, o momento foi único e marcou o grande ápice da noite.

Os ânimos do público e da banda logo deram espaço para o silêncio pedido pelo frontman do Stoned Jesus e a calmaria dos acordes iniciais da também comemorada “I’m the Mountain”. Além destas linhas e do instrumental pesado ao longo da parte inicial, houve outro coro do público em cima da letra da música, com os primeiros versos ecoados sem o suporte do vocalista e com a ênfase nos versos que tinham o nome da música em destaque. Junto a isso, as variações de ritmo ao longo dos pouco mais de 13 minutos de música, contaram muito com a condução de Yurii Kononov e Andrew que, seja nos momentos mais calmos, seja nos mais intensos, foram grandes destaques junto aos solos e acordes gerais de Igor, de modo que a banda foi amplamente ovacionada ao final.

A pequena pausa que a banda deu, em direção ao camarim, foi rápida a ponto de os três integrantes voltarem após dois minutos, rumo ao bis. Os gritos do público ecoavam na Jai Club, com tentativas de puxar um coro em nome da banda e outros elogios. De todo modo, Igor, Yurii e Andrew logo iniciaram “Low” que, apesar de ter uma temática sensível e melancólica na letra, trouxe um ritmo de Stoner Metal poderoso e conciso o suficiente para levantar o público novamente. A faixa também teve um “momento Black Metal”, onde toda a sonoridade do trecho lembrava músicas do subgênero do Heavy Metal, com blast beats, e palhetadas rápidas, somadas a um grito estridente de Igor. O retorno para o ritmo Stoner se deu com uma boa condução de pedais de Yurii, nem muito rápidos, nem muito lentos, até os momentos finais da faixa.

“Electric Mistress” fechou a noite com mais um riff impactante, somado com um último “Are You ready?” conjunto de Igor e Andrew, desaguando em uma sonoridade contagiante da banda. Os versos do refrão, todos iniciados com o nome da faixa em questão, foram gritados pelo público. E essa dinâmica foi ainda mais explorada por Igor Sidorenko em dois momentos distintos da faixa, mais “parados”, em que ele contou até cinco antes de o público, em coro conjunto e intenso, gritar “Electric Mistress” e ele complementar com o restante dos versos. Tudo foi muito bem dinamizado e, quando voltou para o instrumental geral da banda na segunda vez, Sudorenko ainda tomou um susto por algo que aconteceu na parte da frente do palco - e que não deu para ver, precisamente, se envolveu apenas o equipamento e os pedais, ou se pode ter sido algo em relação a um fã das primeiras fileiras -, todavia se recompôs para um final com sonoridade explosiva e digna de um encerramento apoteótico.

As quase uma hora e 20 minutos de show do Stoned Jesus passaram muito rápido, mesmo com músicas que tinham mais de dez minutos. E isso tudo graças a um conjunto de fatores já citados que tornaram a apresentação memorável para os que esperaram tanto tempo pela volta da banda ao solo brasileiro: sonoridade impecável - mesmo com os mínimos problemas rapidamente corrigidos, sob a condução de Igor Sudorenko -, uma banda que executou todas as músicas de forma primorosa, o cuidado com os detalhes de cada membro e um público que, seja para cantar, aplaudir ou para moshar, entreteu e foi entretido da melhor forma junto ao trio. Foi uma apresentação digna de headliner de evento e que, com certeza, deixou o desejo por mais do Stoned Jesus em breve.


Texto: Tiago Pereira 


Edição/Revisão: Gabriel Arruda 



Pesta – setlist:

Moloch’s Children

Mirror Maze

Black Death

Words of a Madman

Shadows of a Desire

Witches’ Sabbath


Stoned Jesus – setlist:

Bright Like the Morning

Porcelain

Shadowland

Thessalia

Thoughts and Prayers

Silkworm Confessions

Black Woods

Here Comes the Robots

I'm the Mountain

Bis

Low

Electric Mistress

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Cobertura de Show: Michale Graves – 31/10/2025 – Basement/CWB

Michale Graves em noite de Halloween!

Nesta sexta-feira, dia 31 de Outubro, noite de Halloween, Curitiba recebeu Michale Graves, lendário ex-vocalista do Misfits. O show faz parte da turnê “Something Wicked Tour 2025”, e chegou ao Brasil pela Caveira Velha Produções.

A expectativa para este show era grande, a notícia do “Sold Out” alguns dias antes do evento, aumentaram a curiosidade. Afinal, o local é um pouco mais intimista, sem espaço para área de pit, ou seguranças, deixando público e artista cara a cara. A noite prometia ser longa, afinal era esperado a execução na íntegra de “American Psycho” e "Famous Monsters”, clássicos álbuns do Misfits, da década de 90.

Ao chegar ao local, por volta das 19:50, que convém dizer, tem como referência o Cemitério Municipal da cidade. Coincidência? Para os mais empolgados, é apenas questão de localização mesmo, por tratar-se do Centro Histórico, reduto underground de bares e casas de show de pequeno porte. 

O evento não contou com banda de abertura, e seu início estava marcado para às 20:30. Por volta das 20 horas o interior do Basement já estava cheio, e ainda iria aumentar, visto que muitos estavam na área descoberta da casa, pois o calor estava complicado de aguentar. Ali já era visto que realmente haveria a lotação máxima esperada. 

Após um pequeno atraso, sobe ao palco o carismático Michale Graves e banda. A presença de palco do vocalista é impressionante, ocupa muito bem o espaço total do espaço. Inclusive ao verificar a quantidade de pessoas e o calor no local, fez questão de avisar para todos se respeitarem, e que, caso precisassem de ajuda era só pedir. 

Também solicitou à casa, para verificar se o público da frente precisava de água durante todo o show. Enfim, precauções importantes para a situação, e vindas da própria atração principal torna mais fácil o entendimento de alguns fãs mais rebeldes. Mas afinal, o que seria de um show de punk horror sem a rebeldia? 

Logo no início, já haviam todas punk e fãs sendo carregados até palco, para pularem novamente na sequência, Uma animação nunca vista no local. Inclusive o próprio Michael comentou que o público superou suas expectativas na empolgação. O calor humano era tanto que a maquiagem do vocalista quase derreteu por inteira, e também o fez abrir mão de seu famoso chapéu.

A apresentação inteira estava cheia de euforia, que se intensificava cada vez mais, só respirando entre as músicas, uma conversa ou outra com a platéia e uma sessão de autógrafos improvisada. A clássica “Dig up Her Bones” logo nos primeiros minutos foi fora de série, e na sequência somente loucura entre o público, tudo voava, cerveja, bonés e até os próprios fãs. 

O frenesi não tinha fim, “Punk Rock Is Dead”, todos cantando a plenos pulmões a maravilhosa “Scream!”, uma pausa para o romantismo com “Saturday Night”. E quando todos achavam que não podia melhorar, quase fechando a noite, os acordes de “War Pigs” surgiram para animação dos presentes. 

Por fim, pode-se dizer que foi uma noite insana na capital paranaense, com público fiel, enérgico, mas respeitoso. Michale Graves surpreendeu pela simpatia e carinho com os fãs, mas com muito profissionalismo. Merecendo assim, um lugar dentre os shows mais excepcionais do ano em Curitiba.


Texto: Paula Butter 


Edição/Revisão: Gabriel Arruda  





Michale Graves – setlist:

Abominable Dr. Phibes

American Psycho

Speak of the Devil

Walk Among Us

From Hell They Came

Dig Up Her Bones

Last Caress

Lost in Space

Shining

Crimson Ghost

Dust to Dust

Punk Rock Is Dead

Where Eagles Dare

Forbidden Zone

Scream!

Saturday Night

Descending Angel

Hunting Humans

Resurrection

Pumpkin Head

Skulls

Fiend Club

When We Were Angels

Don't Open 'Til Doomsday

Bis 

Halloween

Hybrid Moments

Helena

War Pigs (Black Sabbath cover)

Payout: Acid Suspiria

 

Por Denis A. Lacerda

Nota: 08.0/10.0

Já faz um bom tempo do meu último encontro com a banda de Speed Metal PAYOUT! O ano era 2022 quando conheci o excelente EP "Tales from the Cactus Crypt" e de lá pra cá estava órfão de um material mais completo dos caras! “Acid Suspiria” ainda não é este tal material completo que me referi, mas é o Single do que virá a ser o seu debut álbum de inéditas! Não preciso nem dizer que a minha ansiedade está a mil por hora, porque realmente havia gostado muito do meu primeiro contato com o trio.

“Acid Suspiria” continua e evolui o que foi apresentado no material anterior. Se por um lado este fator é jogar no terreno seguro, agradando os seus fãs já convertidos, por outro pode não vir a agregar ouvintes que busquem por algum tipo de diferencial. Tudo em “Acid Suspiria” soa o mais tradicional possível, dentro de uma produção suja, rústica, porém completamente inteligível. Então, se você conhece o trabalho da PAYOUT, certamente vai continuar adorando os caras, porque está tudo dentro dos conformes e nos seus devidos lugares.

O novo disco dos caras sairá no primeiro semestre de 2026, através de uma das maiores gravadoras do país, a Eternal Hatred Records, do pessoal da MS Metal. Desta forma podemos esperar que o disco n ovo tenha uma amplificação enorme dentro da nossa cena! Já mencionei a minha ansiedade?! Pois é, ela continua a milhão por aqui!

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Primal Fear: Dominação Total

Reign Phoenix Music (Imp.)

Por Paula Butter

Mais um lançamento de Power Metal em destaque para 2025. Estamos falando do Primal Fear, uma banda com bastante tempo de estrada, em torno de 25 anos, e com ninguém menos do que Ralf Scheepers no comando. O tempo parece estar ao lado do vocalista, visto que sua voz está mais em forma do que nunca. Mas o que esperar de mais um lançamento do gênero? Após ouvir o álbum, as primeiras impressões são “tudo”! Mais uma vez, o Primal Fear entrega uma obra com qualidade, e claro, um toque de modernidade, sem comprometer o tradicional som da banda. 

No decorrer das 13 faixas do álbum “Domination” temos peso, melodias, sons épicos, letras motivadoras e gritos de liberdade e revolta. E claro, a voz de Ralf, inconfundível, tornando o Primal Fear único. 

Temos o single “The Hunter” bem característico da banda, mas com uma potência e dinâmica ainda maiores do que antes. Talvez seja a entrada dos novos integrantes, a guitarrista Thalía Bellazecca e o baterista André Hilgers, ou mesmo a experiência e técnica impecável dos integrantes, destaque também para Magnus Karlsson dando tudo de si. 

A fórmula do videoclipe e das letras não foge muito ao grito de revolta, que a maioria das bandas está exaltando atualmente, mas com aquele tempero secreto que só Ralf e companhia conseguem. 

Destaque para “I Am The Primal Fear” com pedais duplos rolando solto logo no início, já antecipadamente nos mostrando o que vem na sequência. Potência e vocais proeminentes, esta música entrega muito. Também considero uma pérola a faixa “Eden”, bem instrumental, com variedades de ritmos, o famoso suspiro, onde o bruto e o progressivo unem-se para formar algo único. 

Convém também falar sobre a alternância de ritmos durante a audição do álbum, tornando a experiência muito agradável para qualquer ouvinte. Importante citar “Tears of Fire”, canção mais tradicional, flertando com o hard rock oitentista. Temos “Heroes and Gods” com um tom bem estilo épico de Power Metal, com temas bem típicos do gênero, e inclusive com passagens bem pesadas, deixando-a muito peculiar. 

Fica impossível não citar todos os presentes, que “Domination” traz, então, mesmo deixando a escrita mais longa, vamos lá! A faixa “Scream”, deixa os vocais em segundo plano, espaço para os riffs e acordes mais elaborados, com um toque de Thrash Metal para completar o contexto da música. Já “The Dead Don’t Die” e “Crossfire” trazem um pouco mais de nostalgia, lembrando o início do Power Metal com pitadas do Metal tradicional. Inclusive esta última tem apelo forte para ser tocada ao vivo. 

Por fim, temos a excelente “March Boy March” com sons de início de batalhas e rituais e na sequência os riffs empolgantes e épicos. a obra fecha com uma balada sinfônica e vocais mais envolventes, e apesar da curta duração, tem seu posicionamento muito bem encaixado em todo o contexto da obra. A conclusão é inevitável, um presente de Natal antecipado para os fãs de longa data e para os novatos do gênero.

Heiko Roith