sábado, 9 de outubro de 2010

Dimmu Borgir: Menos Peso, Mais Sinfonia


Os noruegueses do Dimmu Borgir passaram neste ano e no anterior por grandes mudanças. Primeiramente, a banda colhia ainda os frutos do estrondoso sucesso de “In Sorte Diaboli” (2007) ao mesmo tempo em que se distanciava ainda mais de seu som inicial e, conseqüentemente, mandava embora de vez os fãs mais radicais que esperavam ansioso pela volta do Black Metal sinfônico inicial da banda.



Em segundo lugar, a briga entre os integrantes que dividiu a banda. De um lado, Shagrath (vocal), Silenoz (guitarra) e Galder (guitarra), do outro, Mustis (teclados) e Vortex (baixo e vocal) (o batera Metalhammer era apenas um músico contratado).

Várias foram as vezes em que tal disputa tomou os sites sobre a banda e da mídia especializada, pois a combinação entre os músicos era tanta que ninguém jamais imaginou que um dia o grupo se separasse dessa forma.



Alegações de um lado, como às de Vortex que acusavam os guitarristas e vocalista de usarem idéias dele e de Mustis para as músicas sem os devidos créditos, à retaliações de Shagrath de que a banda sempre fora ele e a dupla de guitarristas (o vocalista e Silenoz são os únicos membros fundadores na banda).

Ficou uma incógnita se a banda, com a nova formação (que só fora devidamente apresentada quando do lançamento do primeiro single há algumas semanas), seria capaz de lançar um álbum com a maestria e qualidade dos anteriores, afinal, o clima sombrio e sinfônico da banda estava intrinsecamente ligado à figura do “macabro” tecladista Mustis.



Enquanto o trio primeiro se declarava a banda em si, e que não sentem mais necessidade de terem outros integrantes, as declarações dos mesmos era de que os fãs e o mundo estariam diante do mais marcante e sombrio disco do grupo.

Lançaram “Gateways” (confira resenha aqui), single contando com a participação da vocalista Agnete Kjølsrud (Djerv, ex-Animal Alpha) e que, com apenas uma música e um vídeo clipe “perturbador”, deixou muitos fãs divididos, pois as mudanças eram nítidas.



Já o disco, lançado na Europa em 24 de setembro, causou outra impressão. “Abrahadabra” (2010), composto e gravado no meio desse turbilhão de mudanças, precisa de algumas audições para ser captado fundamentalmente. O título e temática do álbum remete ao comumente chamado “O Livro da Lei”, do ocultista Aleister Crowley e que significa algo como “Criarei assim que falar”.



Suas 10 canções (o álbum conta com mais dois bônus) ficam num purgatório entre o que a banda fizera nos seus dois últimos trabalhos e o novo, o que ainda está por vir. Assim, se você esperava uma volta às origens, o álbum vai completamente ao oposto disso.

A banda, que usou a Orquestra Kork e seus 51 membros, além de 38 do coral Schola Cantorum Choir, contando com o compositor Gaute Storaas, nos brinda com um álbum sinfônico mas que soa natural, o que é um ponto positivo.



É nítida que a banda não tem apostado muito no peso das músicas, especialmente com várias passagens mais cadenciadas e lentas. O clima realmente ficou obscuro, embora os teclados de Shagrath estejam menos impactantes que de Mustis, mas ainda é cedo para dizer o quão importante ou não o álbum será para a banda.

Uma das grandes novidades e que tem divido muito os fãs é a participação de Snowy Shaw, uma das lendas do Metal e multinstrumentista. O cara protagonizou um curioso evento: ele saiu da sua atual banda Therion e entrou no Dimmu Borgir, ficando lá apenas um dia, no qual gravou os baixos e os vocais limpos para depois voltar ao Therion (!?). Para acompanhar a banda ao vivo, estão Cyrus no baixo e Brat nos teclados.



Alguns destaques ficam para “Born Treacherous”, que após a introdução dá um clima mais Black Metal pro álbum, “Ritualist” (para mim uma das gratas surpresas do disco e a interessante contribuição de Snowy Shaw nos vocais) .

Mas os maiores destaque e que são canções que mostram o que o Dimmu Borgir ainda consegue fazer, como ninguém na cena Black Metal Sinfônica, que é criar canções com um apelo quase que psicológico e que nos capta desde seu inicio. Falo especialmente de “Dimmu Borgir”, canção que não vi ainda ninguém reclamar e para muitos fãs está sendo colocada como a melhor do álbum, “Renewal” (com um riff empolgante e uma das mais pesadas do disco e a melhor participação de Shaw como vocalista) e “A Jew Traced Through Coal” (com os melhores corais do disco). Só ouvindo para saber.



Vale citar o cover muito singular e interessante para “Perfect Strangers” (Deep Purple), de longe a melhor releitura que a banda já fizera de algum clássico do Rock (superando “Metal Heart” do Accept e “Burn in Hell” do Twisted Sister), tendo um dueto vocal de Shaw e Shagrath, bastante liderado pelo primeiro. Sensacional.

Definitivamente o disco menos pesado da carreira da banda, ao mesmo tempo que é o mais sinfônico. Talvez um peso adicional, especialmente na parte instrumental das guitarras e bateria de Daray (ex-Vader, Vesania) (particularmente muito fraca no disco) poderia colocar “Abrahadabra” como um disco clássico logo de cara.



Entretanto, longe de ser um dos melhores trabalhos da banda, e abaixo da expectativa que o grupo anunciava, mostra que a banda ainda tem o que expandir na sua sonoridade e, se faltou peso, foi a real união perfeita entre orquestra e sinfonia com o Metal extremo (mesmo que estejam se distanciando do Black Metal...).

Stay on the Road

Texto: EddieHead

Ficha Técnica

Banda: Dimmu Borgir
Álbum: Abrahadabra
Ano: 2010
País: Noruega
Tipo: Black Metal Sinfônico

Formação

Silenoz (Guitarra)
Shagrath (Vocal e Teclados)
Galder (Guitarra)

Músicos Contratados

Daray (Bateria)
Snowy Shaw (Baixo e Vocal Limpo)

Músicos Ao Vivo

Cyrus (Baixo)
Brat (Teclados)



Tracklist

01. Xibir
02. Born Treacherous
03. Gateways
04. Chess With The Abyss
05. Dimmu Borgir
06. Ritualist
07. The Demiurge Molecule
08. A Jewel Traced Through Coal
09. Renewal
10. Endings And Continuations
11. Gateways (Orchestral)
12. Perfect Strangers (Cover do Deep Purple)

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