quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Entrevista: Hellish War - O Metal Verdadeiro Nunca Morrerá


País ingrato. Tendo uma banda que é puro Heavy Metal, que pouco é reconhecida entre seus conterrâneos, mas “idolatrada” nos países onde o Heavy Metal é levado a sério e não é “coisa de adolescente”, a Hellish War segue quase anônima aqui no Brasil, enquanto lança discos aclamados pela crítica e fãs mundo afora, até o ponto do grupo gravar seu primeiro disco ao vivo, claro, na Alemanha (só podia!), pois lá a banda formada por Roger Hammer (vocal), Vulcano (guitarra), Daniel Job (guitarra), JR (baixo) e Daniel Person (bateria) tem voz e vez.

Embora com apenas 3 discos, sendo um deles o álbum ao vivo “Live in Germany” (2010), a Hellish War é uma das referências quando o assunto é Heavy Metal tradicional, cuja idolatria pelo Metal e seus hinos beira o fanatismo, tão devotos quanto os gigantes Manowar.

A verdade é que os discos “Defender of Metal” (2001) e “Heroes of Tomorrow” (2008) são obras-primas do Heavy Metal e cujos hinos ao vivo lá no Velho Mundo fizeram jus ao verdadeiro e real Heavy Metal.

Com satisfação e no meio de muito trabalho, Roger Hammer, vocalista da banda, concedeu um tempo e atenção ao Road to Metal na entrevista que você confere abaixo.

Já podemos adiantar que o cara não tem papas-na-língua, fala o que precisa ser dito. Dentre os assuntos, comenta sobre o novo trabalho em processo de gravação, as mudanças entre os discos, alfineta as bandas que voltaram à ativa por dinheiro, além de ser claro, mais uma vez, dizendo que o Brasil não é (ainda) o país do Heavy Metal!

Confira então mais uma entrevista exclusiva: Hellsih War!


Road to Metal: Hail Hellish War! Em nome do blog Road to Metal, queríamos agradecer a banda por ter arrumado um tempinho para conversar com a gente. Para começar, gostaríamos de perguntar como foram os primórdios do Hellish War? O foco da banda sempre foi tocar Heavy Metal tradicional ou no inicio a banda explorava outras vertentes como o Metal melódico?

ROGER HAMMER - O Hellish War começou em 1995 como um power trio. Devido a mudança de membros, acabou se tornando um quinteto que já tem 10 anos com a mesma formação.

No início, podemos dizer que o som era mais voltado ao speed metal, depois fomos focando cada vez mais ao heavy metal tradicional, mas ainda com pitadas de speed. Metal melódico nunca foi a nossa praia.


RtM: Recentemente entrevistamos o Violator e uma mesma pergunta se encaixa para o Hellish War: como a banda encara a critica de muitos pseudo-críticos de que o som de vocês seria datado?

ROGER HAMMER - Já ouviu aquele ditado? O que seria do verde se todo mundo gostasse do amarelo? Rs. Acho válido certas críticas. Independente de boas ou ruins, fazem com que nós cresçamos como músicos e assim procuremos fazer algo cada vez melhor. É difícil atingir a perfeição, mas sempre estamos tentando melhorar para agradar cada vez mais pessoas.

RtM: Sendo uma banda fiel ao Heavy Metal tradicional, como vocês encaram as constantes renovações que o Heavy Metal sofre, com novos estilos e alguns que nem mereciam ser chamados de metal? E ainda nessa linha de pensamento, como a banda vê os constantes revivals de bandas clássicas da década de 80?

ROGER HAMMER - Realmente tem muita porcaria por aí que me faz ter vontade de vomitar. Mas tem coisa boa também, como, por exemplo, o Jorn Lande! Gosto muito do trabalho dele! Já o revival de bandas clássicas, o que dizer? Parece que tudo não passa de marketing, algo planejado por gravadoras ou empresários e não pelos próprios músicos. Muitas vezes sem a formação original ou sem inspiração.

RtM: Quais foram as principais diferenças ente os álbuns “Defender of Metal” (2001) para seu sucessor “Heroes of Tomorrow” (2008)? Tive a impressão que o primeiro CD é um pouco mais voltado para o Power Metal, enquanto o segundo é 100% Heavy Metal tradicional. Vocês concordam com essas definições?

ROGER HAMMER - Não muito. Eu particularmente acho o “Defender of Metal” bem heavy, apesar de ter musicas com 8 e 9 minutos de duração. O “Heroes of Tomorrow” também, mas já é algo mais direto, sem muitos rodeios.

RtM: Como foi o trabalho de divulgação da Megahard Records? Vocês tiveram alguns problemas com essa gravadora, não é mesmo? E como foi assinar o contrato com a Pure Steel Records?

ROGER HAMMER - O trabalho de divulgação no começo foi muito bom, mas depois começou a dar merda. A gravadora quebrou e não quiseram nos liberar! Tivemos que esperar o vencimento do contrato que assinamos de cinco anos de exclusividade.
Já o contrato que assinamos com a Pure Steel Records da Alemanha, foi graças aos contatos que o nosso manager, Eliton Tomasi (Som do Darma), tem lá fora. Através dele conseguimos fechar um contrato que agradou a todos, não correndo os mesmos riscos de passar o que passamos com a antiga gravadora.


1º disco ao vivo gravado no Swordbrothers Festival, na Alemanha

RtM: O HELLISH WAR mantém a mesma formação por um longo tempo. Qual o segredo para essa longevidade que é uma coisa cada vez mais rara nas bandas hoje em dia?

ROGER HAMMER - Amizade, sintonia de idéias, respeito, amor pelo heavy metal. Tudo isso fez com que permanecêssemos juntos por tanto tempo! E com certeza ainda ficaremos juntos por muito mais tempo!

RtM: Na questão de aberturas de shows no Brasil (UDO e Saxon) ou festivais internacionais (SwordBrothers Festival) a banda já é veterana. Mas qual foi a experiência que vocês mais curtiram? E deu para trocar idéia com os outros músicos?

ROGER HAMMER - Foram várias! Mas nada se compara ao privilegio de ir tocar no Mundo Velho, onde é o berço do Heavy Metal. Os lugares onde passamos, as amizades que fizemos, os shows que tocamos... sempre vão estar em nossas memórias. Fizemos amizade com vários músicos, principalmente com a banda Custard da Alemanha e o Omen dos Estados Unidos. Os caras são muito bacanas!

RtM: Focando agora o mais recente trabalho “Live in Germany” (2010), o que mais motivou a gravação do primeiro CD ao vivo na Alemanha? A reação do público, a qualidade da gravação ou outros fatores? E não foi cogitada a gravação de um DVD contendo essas apresentações?

ROGER HAMMER - Como era a nossa primeira viagem ao Mundo Velho, queríamos registrar aquilo de uma forma que pudéssemos compartilhar essa alegria com os nossos fãs. E nada melhor do que um Cd ao vivo. Cogitamos de gravar um DVD também, mas achamos melhor deixarmos para um lançamento futuro.

RtM: Existem muitas diferenças entre os públicos do Brasil comparados a outros países como da Alemanha? Ou a reação do publico geralmente é parecida?

ROGER HAMMER - Eu achei a mesma coisa. Tanto o publico daqui do Brasil como o da Europa são bem calorosos! A diferença é que lá tem mais lugares pra tocar com ótima estrutura em termos de som e luz. Aqui no Brasil há muitos lugares que deixam a desejar nesse sentido.

RtM: Ainda referente ao Live in Germay, como foi pensada a escolha do set list? E ficou de fora alguma música que o pessoal da banda curte tocar?

ROGER HAMMER - Nós nos baseamos no repertório que tocamos com frequência aqui no Brasil. Já eram musicas que tocávamos há um bom tempo. Já estávamos acostumados a tocá-las com facilidade. Queríamos ter colocado também no Cd as músicas “Memories of A Metal” e “Die for Glory”, mas havíamos tocado ambas um dia antes no mesmo festival e por isso deu diferença na captação do som. Por esse motivo achamos melhor deixá-las de fora.

RtM: Pesquisando outras entrevistas dadas pela banda, achei uma declaração bem forte onde vocês deixavam bem claro que o Brasil não é o país do Heavy Metal. Atualmente vocês acreditam que esse cenário vem mudando? E o que impede o heavy metal nacional de ter o merecido destaque?

Brasileiros preparam novo disco de estúdio ainda este ano


ROGER HAMMER - Infelizmente o Brasil não é mesmo o país do heavy metal! Aqui as pessoas só valorizam porcarias como Axé, Funk, Sertanejo, etc. Isso impede de termos um espaço melhor e maior aqui. Mudando está, mas acho que vai demorar um pouco ainda para as coisas chegarem num nível ideal.

RtM: Tendo contrato com gravadoras internacionais, como você vê a questão da pirataria e do download na internet? Até que ponto isso prejudica as bandas?

ROGER HAMMERAssim como a qualquer músico profissional, os downloads e a pirataria nos prejudicam em termos de vendagem de Cds. É algo que já saiu do controle e acho difícil mudar isso. Por outro lado, em termos de divulgação, a era digital trouxe muitos benefícios! Antes você tinha que juntar algumas moedas pra poder comprar uma revista de metal nas bancas. Hoje, você acessa a internet em qualquer lugar e pode ter informações sobre bandas, festivais, etc...

RtM: Recentemente a banda fizer uma turnê pelo nordeste. Existem planos para shows aqui na região sul?

ROGER HAMMER – Após o excelente show que fizemos em Campina Grande, na Paraíba, tocaremos na quinta edição do festival Triumph Of Metal em Pouso Alegre, Minas Gerais, no dia 05 de Novembro. Mas, na verdade, nesse momento estamos concentrados nas gravações do nosso próximo Cd, "Keep It Hellish"! O álbum será lançado na Europa em fevereiro do ano que vem pela Pure Steel Records. Depois disso, com certeza, iremos fazer novos shows pelo Brasil, inclusive pelo Sul. Também faremos uma nova turnê européia em 2012.

RtM: Sendo antes de mais nada headbanger, você poderia tecer alguns comentários sobre algumas bandas seminais da história do Heavy Metal?

ROGER HAMMER - Iron Maiden sempre será Iron Maiden! Independente se fizerem Cds melhores ou piores do que os clássicos do passado. Nenhuma outra banda conseguira atingir o patamar que essa banda atingiu, principalmente nos dias de hoje. Quem sabe o Hellish War!? : )
O
Running Wild pra mim sempre será umas das melhores bandas de heavy metal que já existiram! Foi bom ter acabado antes que começasse a fazer merda!
Em relação as outras, me desculpe, mas não conheço muito bem para poder comentar.


Puro e Verdadeiro Heavy Metal: HELLISH WAR!

RtM: Obrigado pela entrevista. Ter uma banda como a Hellish War entre nossas postagens é uma honra para nós do Road to Metal. Gostaria de deixar algum recado para os leitores do nosso blog?

ROGER HAMMER - Obrigado a todos os fãs de heavy metal! Que continuem apreciando o estilo sem se deixarem enganar por outros que não vão muito longe. Metal Forever.


Entrevista: Harley

Fotos: Eliton Tomasi, Divulgação e Jorg Muller

Introdução/revisão: Eduardo Cadore


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