sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Entrevista: Red Front Revolucionando o Underground



Red Front é a banda que está revolucionando o underground nacional com seu som agressivo, simples, mas feito com o coração, fazendo a alegria dos bangers sedentos pelo verdadeiro Metal.

E o reconhecimento não vem apenas dentro do Brasil. Recentemente a banda atacou com shows na Argentina, além da sua turnê de grande sucesso pela Europa divulgando seu disco de estréia, o álbum “Memories of War”. Como não bastasse, a banda formada por Léo (vocal), Marcelo (guitarra), Oscar (guitarra), Mark (baixo) e Daniel (bateria)  fechou patrocínio com ninguém menos que a Meteoro amplificadores, considerada a melhor empresa do ramo no Brasil.

Mas isso tudo é resultado de muito esforço e de um trabalho de qualidade, fazendo da banda uma nova referência quando o assunto é som pesado underground.

Como a entrevista aconteceu antes da turnê e da divulgação da parceria, ficamos devendo para uma próxima oportunidade esses assuntos.

Então, tivemos a honra de entrevistar Oscar (guitarra) e Léo (vocal), que com muito bom humor e descontração nos falam dos shows realizados na Europa neste ano de 2011, sobre seus temas anti – colorido e sobre a cena metal nacional.


Road to Metal: Como surgiu está idéia de criar o drink Red Front (que por sinal é bem inusitado, feito a base de cachaça e gelatina)?

Oscar: A idéia surgiu pra ficar mais chapado do que normalmente já somos algo que deixasse doidão mais rápido e por mais tempo, hehehehe. Estava sozinho em casa e resolvi fazer algumas receitas com cachaça, ai tive a idéia de fazer uma gelatina, fiquei muito bêbado depois que tomei mais ou menos 1 litro dela, ai percebi que tinha criado algo mais forte que o oxi. hahahahahha!

Léo e Daniel com a gelatina/drink, muito cobiçada. Para ganhar num show, tem que gritar "xoxota" (rs)


Léo: É o nosso jeito de quebrar o gelo com a galera antes dos shows, tem gente que chama pra tomar uma gelada, o RED FRONT chama pra tomar uma gelatina! auhauhuahuhua

RtM: E além desta mistura explosiva, vocês também trabalham fortes contra a cena “emo”, pois até um boneco emo vocês criaram para destruição nos shows e alem das camisetas anti - coloridos, nos contem como surgiu essas idéias?

Oscar: A idéia surgiu em um sonho que tive, sonhei que estávamos no programa da Lucianta Gimenez e a galera estava descendo a lenha em nós por que tínhamos feito esse boneco de malhação do emo, eles falavam que éramos agitadores sociais, anarquistas, que fazíamos apologia à violência, que tínhamos hemorróida, que éramos froidianos, urologistas e todas essas coisas horríveis a nosso respeito, hahahaha! Quando acordei achei interessante a idéia e a anotei em um papel, no dia seguinte peguei umas roupas velhas da minha mamãe querida e fiz um boneco. Não preciso nem dizer que quando jogamos ele no show não sobrou nem um pedaço do fdp. Tomará que um dia esse sonho se realize e o Red Front possa ir à Lucianta Gimenez pra fazer apologia contra os emos e ver umas gostosas. Hahahahaha!


RtM: “Memories Of War” foi lançado em novembro de 2010, já se passou um longo período de divulgação e shows. Como está sendo repercussão entre os fãs com este trabalho e também como está a receptividade da critica especializada?

Oscar: Temos um ano do lançamento do cd e até agora não temos do que reclamar estamos tocando direto (todo final de semana), a galera tem dado força e gostado do nosso trampo e a mídia especializada também está elogiando muito o trampo. Muito bom pra quem não sabe nem afinar a guitarra direito! Hahahaha

Léo: O Memories é como um filho, e esse filho só nos deu orgulho até agora, o público se identificou com as músicas e as resenhas são sempre positivas sobre o álbum, mas já aviso esse ainda não é o nosso melhor, Memories Of War funcionou como uma descoberta para banda a partir dele é que definimos qual é a cara do RED FRONT daqui pra frente, para o próximo vocês podem esperar muito mais violência nas composições!

A banda no frio europeu


RtM: Falem como foi está turnê pela Europa de divulgação do álbum que contaram com mais de 30 shows.

Oscar: A tour na Europa foi a realização de um sonho, quando recebemos o convite pensamos que era pegadinha do malandro e nem demos bola, ai o cara começou a mostrar documentos e provas, foi quando vimos que realmente se tratava de uma coisa séria! Ficamos na Europa entre janeiro e fevereiro de 2011, passamos em 13 países, fomos presos, pegamos um frio de congelar a bunda, mas valeu muito à pena porque fumamos os melhores baseados do mundo, tomamos muita cerveja, fizemos shows insanos pra casa cheia, fizemos turismo sexual, enfim na Europa é onde realmente a cena acontece de verdade, foi muito gratificante chegar a lugares que nunca imaginávamos e ver a galera cantando a letra das músicas e tudo mais, além das européias serem um TESÃO!!!!

Léo: A tour na Europa aconteceu de uma hora para outra, um dia estávamos por aqui tocando e no outro estávamos no cú do mundo no meio da Polônia pegando um frio de -15º, uhauhahuahu foi a viagem das nossas vidas e foi muito bom fazer essa viagem com os meus quatro irmãos de banda, queremos voltar para lá o mais rápido possível!



RtM: Já faz algum tempo que muitas declarações sobre a cena nacional estão sendo divulgadas, muitas delas em forma de protesto. Recentemente Edu Falaschi (Angra, Almah) deu uma declaração um tanto polêmica após a apresentação do Almah no festival que comemoraria o dia do “metal nacional”. O que vocês pensam a respeito?

Oscar: Penso que ele tem razão em muitos pontos. Lógico que não podemos ser radicais como ele foi, mas o desabafo dele a meu ver serve pra nós (músicos, fãs, promotores, casas, etc) abrirmos os olhos e começarmos a valorizar um pouco mais o metal nacional, que quer queira ou não sofre muito pra se manter vivo! Quem tem banda, ou trabalha no ramo sabe que isso que estou falando é verdade, quem não concorda é porque não vive a cena underground de verdade!

Léo: É apesar de todos os xingamentos e palavras duras que o Edu usou ele tem razão em muitas coisas, a galera precisa acordar olhar em volta e conhecer bandas como Woslom, Kamala, Ace 4 Trays, Necrofobia, Nervochaos e até mesmo o Claustrofobia, Korzus, Torture Squad, porque tem muita gente por ai que gosta de metal no Brasil não conhece ou até conhece mas nunca teve vontade de ir em algum show dessas bandas (estou citando aquelas bandas que fazem mais parte do nosso universo Thrash/Death, mas no Brasil existem centenas de bandas boas o bastante para bater de frente com qualquer banda gringa por ai em todos os estilos dentro do metal), nessas horas é que falo sobre o exemplo da Suécia, a 15 anos atrás a Suécia não tinha uma cena metal forte, mas com o apoio do público de lá eles conseguiram fazer com que a cena crescesse tanto que hoje ela é uma das mais importantes do mundo! Talento e capacidade pra isso nós temos, vamos apoiar as bandas brasileiras, vamos dar a elas a oportunidade de mostrar aos gringos que aqui se faz o melhor metal do mundo!

Capa do aclamado disco de estreia da banda


RtM: Se tratando de shows fora do país, vocês acham que turnês em outros países podem abrir mais as portas para vocês no cenário nacional?

Oscar: Com certeza, infelizmente isso é fato e temos a história pra nos provar isso (ver exemplos de Sepultura, Angra, Krisiun, etc). Apostamos muito no mercado exterior porque além de ser muito mais promissor do que o nacional, ainda ajudará com a divulgação aqui no Brasil!

Léo: Tocar lá fora é currículo, as pessoas acabam prestando mais atenção ao seu som a partir do momento em que você tem uma experiência fora do país, todas as bandas do Brasil merecem essa oportunidade.

RtM: Vocês vem se destacando bastante no meio underground que por sinal é muito concorrido, o que vocês acham disso? Pois a cada ano que passa está mais difícil sobreviver no underground...

Oscar: Ficamos muito contentes em estar se destacando na cena, pois tocar é algo que adoramos fazer e continuaríamos fazendo mesmo se esse reconhecimento não estivesse acontecendo. Fazemos o nosso trampo por amor à música pesada e se estamos agradando é como juntar o útil ao agradável! Esperamos que continue melhorando cada vez mais...

Léo: Nossa maior preocupação é com o público, tudo o que fazemos no show é baseado naquilo que observamos na galera, por isso criamos a gelatina para nos aproximar deles, por isso criamos a malhação do colorido e por isso abordamos temas como maconha, cerveja, metal e mulher durante nossas apresentações, é disso que a galera gosta e é sobre isso que se trata o RED FRONT, cinco moleques sem nada na cabeça gritando sobre os problemas do mundo e sobre aquilo que vivenciamos e isso parece estar agradando a galera!

RtM: Ainda sobre a tour na Europa... Ouve uma situação bem inusitada em um show na Polônia onde vocês subiram no palco só de cuecas. Nos contem sobre este fato histórico.

Oscar: Hahahahaha... Essa foi mais uma prova do que o álcool faz com o ser humano! Chegamos em Varsóvia, a capital da Polônia e estávamos arrumando o palco com o caras do Headbanger (banda que deu suporte pra gente durante a tour), estávamos conversando e comentamos que em uma oportunidade tínhamos tocado de cueca aqui no Brasil, eles duvidaram, é lógico, e fizeram uma aposta pra gente tocar de cueca novamente (valendo a conta das bebidas), é claro que aceitamos na hora, afinal beber de graça não tem preço, hahahahha. Quando chegou a hora do nosso show vimos que a casa já estava lotada e que teríamos que ficar de cueca na frente de muita gente e ainda por cima num frio de menos 15 graus caso quiséssemos beber de graça. Como já tínhamos bebido bastante, já estávamos “alegres” e nem um pouco dispostos a pagar a conta, nem nos importamos e começamos a tirar a roupa, na hora o público não entendeu nada, mas o pior de tudo é que depois de um tempo a galera curtiu a idéia e começou a tirar a roupa também. No fim do show tinha um monte de gente correndo de cueca e inclusive umas minas de calcinha e sutiã pelo bar, foi muito engraçado!

RtM: “Circle Of Hate” é o primeiro vídeo clipe de vocês. Como surgiu à ideia de gravar um vídeo e quais vantagens trazem a banda?

Oscar: A idéia veio de uns amigos nossos que na época cursavam faculdade de rádio e TV, eles propuseram fazer o clip de graça em troca de divulgação. Tivemos muitas dificuldades pra fazer, mas no fim das contas acabou dando certo. Um clipe traz muitas vantagens pra uma banda porque a imagem acaba facilitando a compreensão de uma música e ajuda muito na divulgação, além de mostrar para as pessoas que somos muito bonitos e charmosos. Hahahahaha

Léo: Apesar de tudo ter sido feito no susto o resultado foi muito positivo, o clip da Circle ajudou a criar nossa identidade visual com a galera, quando uma pessoa que nunca viu o RED FRONT o assiste o cara já pensa “opa essa banda ai é pra se destruir no bate-cabeça” e é isso mesmo que queremos nos shows, queremos ver a molecada se destruindo nas rodas sem dó nem piedade!

RtM: Com o sucesso do álbum vocês tiveram a oportunidade de abrir grandes shows, entre eles Destruction e Death Angel. Como foi está experiência?

Oscar: A experiência de tocar com bandas que você é fã desde criança é única, pois eles eram e são ídolos desde que começamos a ouvir metal e sempre foram referencia no estilo! Só temos que agradecer essa oportunidade e torcer pra que coisas assim aconteçam mais vezes.

Léo: O Oscar falou tudo, poder dividir o palco com aqueles caras que você sempre ouviu quando era moleque não tem preço, ouvir elogios a sua banda então fazem toda a correria e trabalho valer a pena!

RtM: A Red Front já pensa em um novo álbum?

Oscar: Já temos algumas coisas adiantadas para um próximo álbum, temos duas músicas prontas e também tenho umas oito escritas e gravadas em casa, só esperando pra começar a mostrar pro resto da banda e acertar os detalhes, espero que em 2012 já tenhamos coisas novas ai pros headbangers.

Léo: 2012 o bicho pega, durante essa ultima tour que fizemos na Argentina gravamos a música Devil’s Son no MonstruoVerde Studio, o dono tocou junto com a gente em Rosário gostou da banda e fez o convite, logo teremos esse material em mãos direto da terra dos Hermanos para vocês sentirem como será o esquema do próximo álbum.

RtM: Quais os planos futuros da banda?

Oscar: Os planos são continuar tocando o máximo possível, gravar um cd de tributo a algumas bandas que curtimos fazer a nossa tour pelos EUA, enfim se manter ativos como banda. Queremos muito visitar o norte e o nordeste do Brasil que todos dizem que tem uma cena forte e ainda não tivemos a oportunidade de tocar por lá.

Léo: Ano que vem ou o RED FRONT vai para o Nordeste ou eu vou sozinho pra lá! UAHUHAUAHHAU Quero muito conhecer a cena de lá, todas as bandas amigas que já tocaram por lá nos disseram que os shows são insanos, então é pra lá que nos vamos! auhuahahuhuaa

RtM: Agradecemos a vocês pelo tempo cedido e deixamos o espaço final a Red Front.

Oscar: Eu que tenho que agradecer pela oportunidade e pela força que vocês dâo para o Red Front. Todos vocês estão convidados a ir num show nosso, curtir um barulho, tomar uma gelatina Red Front, malhar um colorido e de quebra ainda ver umas gostosinhas. Abraços a todos e obrigado de verdade!

Léo: Tamo junto e misturado galera, muito obrigado a todos vocês que vão ao myspace ouvir nossas músicas, que curtem nossas palhaçadas no facebook e no twitter, que comentam nosso clip no youtube e que quando encontram com a gente nos shows nos dão força agitando o máximo possível nas rodas ou cantando junto com o RED FRONT, a vocês o nosso muito obrigado! GRANDE ABRAÇO A TODOS!

Entrevista: Renato Sanson
Introdução: Renato Sanson/Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação, Guilherme Kazava (massacre do "emo")

Acesse e conheça mais sobre a banda
Faça aqui o download da demo
Confira o vídeo clip de Circle Of Hate

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