sábado, 31 de maio de 2025

Cobertura de Show: Stone Temple Pilots – 22/05/2025 – Terra SP/SP

O Stone Temple Pilots é uma banda de rock alternativo formada em 1989, na Califórnia. É uma das bandas de maior sucesso dos anos 90, chegando a vender mais de 40 milhões de álbuns pelo mundo inteiro. E, na quinta-feira do dia 22 de maio, eles se apresentaram em São Paulo no Terra SP.

O show contou com Velvet Chains como banda de abertura. O Velvet Chains foi formado em Las Vegas em 2018, e conta com um som mais voltado ao hard rock. A banda começou seu show no horário, as 20:10, e desde a primeira música era possível ver o clima morno que ia ficar durante toda sua apresentação.

A plateia não estava muito animada durante todo o show do Velvet Chains, apenas gritando quando o vocalista, Chaz Terra, conversava em português com quem estava presente. 

A banda chegou a tocar seu novo single, lançado esse mês, chamado “Ghost in the Shell”, e Chaz ainda brincou perguntando se os 5 fãs deles presentes no show já tinham assistido o novo clipe da música.

O momento mais emocionante de todo o show deles foi na última música, quando o guitarrista desceu do palco pra tocar no meio do povo. Mas, mesmo assim, a maior parte das pessoas não ligou muito para a situação. Vale ressaltar que todos os integrantes tinham uma boa presença de palco, não deixando de entregar seu melhor, mesmo com uma plateia meio fraca.

Após o show do Velvet Chains, a casa começou a lotar cada vez mais, enquanto o público aguardava pela atração principal da noite. E, as 21:30, a banda subiu ao palco com a música “Unglued”, do seu segundo álbum, “Purple”. Mas a emoção começou mesmo nas duas músicas seguintes, “Wicked Garden” e “Vasoline”. Também começou o coro de toda a plateia gritando “STP! STP!”, mostrando seu amor pelo grupo, e os recebendo novamente em nosso país.

A banda conta com quase a mesma formação desde o início, com exceção apenas do vocalista. O vocalista original da banda, Scott Weiland, saiu do STP em 2013 e acabou morrendo em 2015 por conta de uma overdose, e desde 2017 quem assume os vocais é o Jeff Gutt. E mesmo com a pressão de ter que cantar as músicas de Weiland para os fãs, ele consegue entregar ótimos vocais com uma enorme presença de palco, chegando a cantar duas músicas na grade, junto com o público, a “Down” e a “Silvergun Superman”.

O set contou, no total, com 17 músicas, que passaram pelos primeiros quatro álbuns do STP, contando com diversos clássicos. Mas é um pouco estranho que mesmo com dois álbuns gravados com Gutt no vocal, não contou com nenhuma música de sua fase com a banda.

Após agitar tudo com “Meatplow”, tocaram “Still Remains” em homenagem ao Scott Weiland. E foi durante a sequência de “Still Remains” e “Big Empty” que vimos os irmãos DeLeo brilharem. Mesmo que tenham sido bem ativos durante todo o show, essas duas em especial mostraram o talento de Robert e Dean no baixo e na guitarra, respectivamente. 

Alguns dos maiores destaques seguintes do setlist foram a clássica “Plush”, “Dead & Bloated” e a “última” música, “Trippin’ on a Hole in a Paper Heart”. Mas não demorou 5 minutos pra que voltassem ao palco para tocarem as verdadeiras últimas músicas do set no bis.

A sequência final fez todos presentes no local esquecerem que era uma quinta-feira a noite, simplesmente agitando a casa inteira. Finalizaram o show com “Sex Type Thing”, do “Core”, álbum de estreia da banda, onde Gutt fez um stage dive para finalizar a música e o show.

O STP conseguiu entregar um ótimo show pra alegrar esse fim de mês, que vai ficar na cabeça de todos os que puderam ir por um bom tempo. E mostra que, mesmo sem o Weiland, e que seja impossível achar alguém igual a ele mesmo, conseguiram alguém que tem um enorme respeito por Scott, e que honra o legado dele enquanto mostra seu talento.



Fotos: Divulgação 

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Rider 2



Stone Temple Pilots – setlist:

Unglued

Wicked Garden

Vasoline

Big Bang Baby

Down

Silvergun Superman

Meatplow

Still Remains

Big Empty

Plush

Interstate Love Song

Crackerman

Dead & Bloated

Trippin' on a Hole in a Paper Heart

Bis

Kitchenware & Candybars

Piece of Pie

Sex Type Thing

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Cobertura de Show - Gloria & Treze Black - Porto Alegre RS - 17/05/2025

 


No dia 17 de maio, o Espaço Marin, em Porto Alegre, recebeu uma noite muito aguardada pelos fãs de metalcore. Um encontro que carregava uma expectativa enorme, reunindo quem há tempos esperava viver esse momento ao lado de bandas que fazem parte da sua própria história dentro da cena.

Localizado no coração da capital, o Marin une estrutura sólida com uma atmosfera intensa. O som bem ajustado, a proximidade do palco e um ambiente que permite tanto a movimentação das rodas quanto a conexão direta entre banda e plateia criaram o cenário perfeito para o que estava por vir.

Nem o frio gaúcho, sempre presente nessa época, foi capaz de diminuir a energia. Do lado de dentro, a casa lotada vibrava, ocupando cada espaço — da pista aos mezaninos — em clima de pura expectativa.


A Treze Black Abre a Noite e Mostra ao que Veio!



Quem abriu a noite foi a Treze Black, formada por Diandro Soares (vocal), Gabriel Leão (guitarra), Bruno Chaves (baixo) e Felipe Krauser (bateria). E não precisou de muito para conquistar quem estava ali. 

Com uma sonoridade pesada, direta e cheia de atitude, a banda deixou claro que é dona de uma identidade forte, que dialoga com diferentes referências e fala direto com quem está na linha de frente. Quem chegou sem conhecer, aprendeu rápido.

O show ganhou ainda mais força com participações especiais, como o Johnny, vocal da Die For You, que se juntou à banda para um cover de “Bodies” que levou o público à loucura. 

E, no encerramento, a presença de Robbert, da Abysunn, que fez dueto com Diandro em “Roots Bloody Roots” selou uma apresentação que deixou marca. O clima, que já estava quente, virou puro movimento, gritos e braços erguidos.

Mas foram as músicas autorais, como “Submerso” e “Antivírus”, que mostraram o peso real da Treze. A resposta do público foi impressionante — rodas constantes, gente pulando, e, talvez o mais simbólico, uma galera mais jovem se entregando como se estivesse ali há anos. A Treze Black não só correspondeu — se firmou.






"O Espaço Marin Virou Templo." - Gloria Entra em Palco 


Quando o Glória subiu ao palco, formado por Mi Vieira (vocal), Peres Kenji (guitarra), Vini Rodrigues (guitarra) e Leandro Ferreira (bateria), o sentimento era quase palpável. A espera foi longa, e dava pra sentir no olhar de cada pessoa ali o quanto esse momento era especial. 


Afinal, não era só mais um show — era o reencontro do Glória com Porto Alegre, dentro da turnê comemorativa de [Re]Nascido, álbum que desde 2012 representa um marco na trajetória da banda.

Mais do que uma das maiores referências do metalcore nacional, o Glória carrega também um papel fundamental dentro do movimento emo no Brasil. 

Seja pela estética, pelas letras que transitam entre a agressividade e a vulnerabilidade, ou pela capacidade de transformar dor, amor e conflitos internos em catarse coletiva, a banda consolidou-se como trilha sonora de uma geração inteira que se encontrou — e se formou — na cena alternativa dos anos 2000 e 2010.

A abertura com “Bicho do Mato” foi o estopim. A vibração do público parecia coisa acumulada por anos — e transbordou de uma vez. E quando veio “Vai Pagar Caro Por Me Conhecer”, ficou claro o quanto essa espera valeu a pena.

O setlist foi certeiro. Além das faixas do [Re]Nascido, o Glória resgatou clássicos que acompanham sua história, entregando uma sequência intensa, honesta e carregada de significado. Não era só música — era memória, era resistência, era a reafirmação de tudo que construiu a relação da banda com seus fãs.

O encerramento com “Minha Paz” foi aquele momento que transforma qualquer noite em algo inesquecível. Depois de tanto peso, intensidade e entrega, vieram os abraços, os olhos marejados, os sorrisos apertados. Porque, no fim, tudo isso também é sobre pertencimento. Sobre saber que, não importa o tempo que passe, esse som sempre vai ser casa. 


E se existe um momento que sintetiza tudo isso, é a citada “Minha Paz”. Mais do que uma música, ela é uma verdadeira declaração de amor dentro do universo emo — um hino afetivo que, desde seu lançamento, embala casais de olhos delineados, corações partidos e mãos entrelaçadas. 

Naquele refrão cantado a plenos pulmões, fica evidente que, no meio de tanto peso, breakdowns e gritos, há espaço — e muito — para o amor. Um amor que também carrega cicatrizes, mas que encontra no outro a própria paz


Quando as luzes se apagaram, ficou a certeza: Porto Alegre esperou — e foi recompensada. O Espaço Marin virou templo. O Glória entregou tudo. E a Treze Black provou que faz parte, com mérito, desse momento da cena.


Texto: Melissa Freitas

Fotos: Vinny Vanoni

Realização: Seven Music

Agradecimentos especiais a Priscila Guerra e assessoria Seven Music 


terça-feira, 27 de maio de 2025

Cobertura de Show: UpFront Festival – 11/05/2025 – Carioca Club/SP

O que era para ser o último show do The Exploited em solo brasileiro acabou se tornando um capítulo à parte. 

Anunciado como parte da turnê de despedida que passou por Curitiba, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, o encerramento em São Paulo, no Upfront Festival (realizado no Carioca Club), foi marcado por imprevistos, adaptações e uma grande demonstração de respeito coletivo à história da banda.

No dia anterior, durante o show no Rio de Janeiro, Wattie Buchan passou mal no palco e precisou ser socorrido após vomitar sangue em plena execução do set. A cena chocou o público, e a notícia logo correu entre os fãs. Assim, em São Paulo, a expectativa já era tensa: seria mesmo a última apresentação? E Wattie conseguiria se apresentar? A resposta veio ainda antes do início do show — um video publicado  nas redes sociais por Wattie foi exibido e o vocalista não subiu ao palco. A apresentação seguiu, mesmo sem seu líder histórico. E isso, de certa forma, mudou o tom da noite.

A abertura do festival foi feita com propriedade pelas bandas nacionais Escalpo, Urutu e Punho de Mahin. O Escalpo entregou um set rápido e direto, mostrando que o crust punk brasileiro ainda pulsa com força. O Urutu trouxe uma mistura de punk com metal extremo, fazendo a ponte entre agressividade e discurso político em canções como "Parasita" e "A Pátria que nos mata". Já o Punho de Mahin levantou o público com seu punk antifascista carregado de referências afrocentradas, com destaque para "Mãe África" e "Invasores".

O line-up internacional teve uma presença marcante antes do momento do Exploited: O The Chisel, representando o punk britânico atual, trouxe uma pegada mais Oi! e street punk que agradou os fãs mais jovens — "Retaliation" e "Not the Only One" foram cantadas em coro por uma boa parte da plateia.




O Ratos de Porão, uma das maiores instituições do punk/hardcore brasileiro, pegou o horario "nobre" - sendo a penultima banda da noite, com João Gordo ainda dando conta do recado mesmo após alguns shows "cansado demais". O grupo entregou a lista de quase sempre, "Crucificados pelo Sistema","Necropolitica", "Brasil"  e etc. A performance do Ratos serviu como preparação perfeita para o que viria a seguir.



Quando chegou o momento da entrada do The Exploited, já havia um burburinho no ar sobre como seria o show sem Wattie. O que aconteceu, no entanto, foi menos um show da banda e mais uma grande jam em tributo ao legado dela. Músicos convidados assumiram os vocais em diferentes momentos. João Gordo (Ratos de Porão) puxou "Cop Cars" e "Fuck the System" com propriedade e presença de palco, fazendo jus à crueza e energia exigidas por essas faixas. Outras músicas como "Army Life", "Dead Cities" e "Sex and Violence" foram distribuídas entre vocalistas como Jão (RDP), Mark (Fang) e membros do The Chisel e do Punho de Mahin.


A banda de apoio (formada pelos membros restantes da formação atual) segurou firme a base instrumental. Mesmo sem a figura icônica de Wattie, o público respondeu com respeito, entendendo o peso simbólico do momento. Os mosh pits não pararam, e a plateia — embora frustrada pela ausência do frontman — abraçou a proposta de um encerramento coletivo, improvisado, mas digno.


O que era para ser a despedida do The Exploited virou um tributo espontâneo. E talvez esse tenha sido o único jeito possível de encerrar uma trajetória tão marcada pela urgência, pela saúde frágil e pela entrega total ao palco. Wattie não esteve ali fisicamente, mas sua presença foi sentida em cada grito, em cada acorde e em cada roda que se abriu. Foi, ao mesmo tempo, despedida e homenagem. Um fim imperfeito — como deve ser no punk.


Texto: Filipe Moriarty 

Fotos: Raíssa Corrêa (Sonoridade Underground)

Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Realização: Agência Sob Controle

Press: Tedesco Comunicação Mídia 


The Exploited – setlist:

Dead Cities

UK 82

Fight Back

Chaos Is My Life

Why Are You Doing This to Me

Alternative

Class War

Beat the Bastards

Never Sell Out

Fuck the System

Dogs of War

Rival Leaders

(Fuck the) U.S.A.

Punks Not Dead

Sex & Violence

sábado, 24 de maio de 2025

Arch Enemy: Em Seu Reinado Mais Maduro

Por Eduardo Okubo Junior 

Com trinta anos de carreira, o Arch Enemy lançou seu 12º álbum, Blood Dynasty, que traz músicas que refletem bem essa longa trajetória: a agressividade e velocidade do baixo (Sharlee D'Angelo), guitarras poderosas (Michael Amott e o estreante Joey Concepcion), uma bateria pesada e rápida, cheia de blast beats (a cargo de Daniel Erlandsson), além da voz cada vez mais madura e forte de Alissa White-Gluz.

O álbum já começa com tudo, na faixa "Dream Stealer", que tem uma introdução sinfônica com órgão gótico, seguida de uma pancada rápida, pesada, com um refrão que gruda nos ouvidos.

Depois vem "Illuminate the Path", uma música que lembra o Power Metal, como se fosse uma faixa do Hammerfall. A voz limpa de Alissa fica maravilhosa aqui (sei que tem quem goste e quem não goste).

"March of the Miscreants" é cheia de mudanças de ritmo e passagens diferentes. Começa no Death Metal, passa pelo sinfônico e termina com solos de Death. É interessante prestar atenção nas várias vozes que Alissa interpreta nessa faixa.

"A Million Suns" mostra como o Arch Enemy evoluiu, incorporando mais melodia e harmonia ao som. Além das guitarras, há arranjos de cordas nesta música. As guitarras no começo são incríveis, trabalhando juntas de forma espetacular.

"Don’t Look Down" é uma das músicas que, se tocada ao vivo, certamente vai fazer o público rodar. Começa bem rápida e agressiva, com destaque para os rugidos de Alissa.

Temos também "Presage", um interlúdio instrumental só com cordas, que serve como uma bela introdução para a faixa-título, "Blood Dynasty". Essa é menos rápida, mas tem riffs contagiantes e solos lindos do Michael Amott.

"Paper Tiger" lembra quase um Heavy Metal clássico, tanto na parte instrumental quanto na interpretação de Alissa, que alterna entre vocal limpo e gutural, trazendo um pouco do estilo da Angela Gossow no passado.

Vem ainda "Vivre Libre", que é algo bem único na discografia da banda: um cover gravado em estúdio, uma balada com a voz limpa de Alissa em destaque, cantada em francês — claro, por ser um clássico (de 1985) da banda francesa de Heavy Metal Blaspheme. Essa é minha música favorita do álbum (me julguem!). Lembro até hoje do meu primo me apresentar a essa faixa antes mesmo de muitos leitores nascerem, e foi com encantamento que ouvi essa música pela primeira vez.

Outra faixa que mostra como o Arch Enemy vai além do Death Metal é "The Pendulum". Aqui há uma pegada mais próxima do Metal Sinfônico, lembrando o Iron Maiden. A bateria tem um toque de Power Metal e os solos do Michael Amott estão incríveis.

Por fim, temos "Liar & Thieves", que fecha o álbum. É uma música rápida e ótima para abrir rodas no show. Depois ela desacelera um pouco com guitarras melódicas. E, por ironia do destino, já tenho visto essa faixa abrindo alguns shows da nova turnê. Ah, sim... a turnê... #ComeToBrasil




Cobertura de Show: Dogma – 24/05/2025 – Manifesto Bar/SP

Dogma encerra turnê brasileira com show explosivo em São Paulo

Após a comentada apresentação no festival Bangers Open Air e a passagem por diversas cidades e estados do país, a banda Dogma chegou a São Paulo para o encerramento da turnê brasileira, que ocorreu no Manifesto Bar no último dia 15. Com um setlist enérgico, o grupo não apenas demonstrou sua habilidade musical, como também conquistou ainda mais fãs com uma performance que mesclou uma sonoridade provocativa a elementos sensuais e transgressores. Foi uma celebração do pecado e da liberdade, em que a banda explorou temas como o desejo e a rebelião, deixando o público em êxtase.

A performance do Dogma constituiu um verdadeiro espetáculo teatral, repleto de momentos instigantes que intensificaram a atmosfera do Manifesto Bar. Formado por Lilith (voz), Lamia (guitarra), Rusalka (guitarra), Nixe (baixo) e Abrahel (bateria), o grupo iniciou a apresentação com as faixas “Forbidden Zone” e “Feel the Zeal”, que conquistaram o público de imediato com riffs pesados e uma energia arrebatadora. A balada “Be Free”, seguida de “My First Peak”, evidenciou a versatilidade da banda ao unir boas melodias a um hard rock cativante.

Canções como “Made Her Mine” e “Banned” foram executadas com tamanha intensidade que fizeram o público vibrar, provando que o Dogma não se destaca apenas pela estética performática, mas também pela inegável qualidade musical. O breve solo de bateria de Abrahel surgiu em momento oportuno, proporcionando um respiro ao público diante da apresentação intensa. Em seguida, a banda executou “Carnal Liberation”, que culminou em um ápice teatral no qual foram incorporados elementos visuais que reforçavam a temática do pecado. O cover de “Like a Prayer”, de Madonna, foi uma grata surpresa, adaptado com arranjos pesados que mantiveram o caráter provocativo da canção original.

É inegável que o Dogma sabe como oferecer um grande espetáculo. Durante a faixa “The Tribute” — um medley instrumental com trechos de “Walk” (Pantera), “The Trooper” (Iron Maiden), “Master of Puppets” (Metallica), “Symphony of Destruction” (Megadeth), “South of Heaven” (Slayer) e “Laid to Rest” (Lamb of God) —, a banda demonstrou habilidade técnica e energia contagiante. Cada nota foi executada com precisão, elevando as músicas a um patamar de excelência que impressionou até os fãs mais exigentes do metal. Na sequência, “Bare to the Bones” manteve a intensidade, enquanto “Make Us Proud” revelou um lado mais sombrio da banda, com influências que remetem ao Black Sabbath.

Durante uma das músicas, a vocalista e a guitarrista se beijaram, criando uma atmosfera carregada de tensão sexual e rebeldia, em consonância com a temática de pecado presente em faixas como “Pleasure from Pain”. Elas dançaram de forma provocativa, com movimentos coreografados e sensuais que transformaram o show em uma experiência quase ritualística. Essa ousadia não se tratava de mera exibição, mas de uma extensão das letras da banda, que exploram a libertação carnal e a transgressão, tornando cada momento do espetáculo uma declaração artística ousada e memorável.

No encerramento da apresentação, tornou-se evidente que o Dogma está consolidando uma base de fãs cada vez mais fiel. O público do Manifesto Bar respondeu com entusiasmo, cantando junto as faixas “Father I Have Sinned” e “The Dark Messiah”, demonstrando verdadeira devoção às suas “santidades”. Esses momentos finais, carregados de emoção e provocação, reforçaram o vínculo entre a banda e seus seguidores, muitos dos quais presenciaram pela primeira vez o fim dessa jornada iniciada no Bangers Open Air. É impressionante observar como o grupo transforma seus shows em experiências pessoais, conquistando novos admiradores a cada parada.

Com uma performance teatral que provoca e instiga, aliada a composições de qualidade, o Dogma não apenas encerrou sua turnê brasileira com excelência, como também solidificou sua presença na cena da música pesada, consolidando-se como um dos nomes mais promissores do gênero. 


Texto: Marcelo Gomes


Edição/Revisão: Gabriel Arruda 


Dogma – setlist:

Forbidden Zone

Feel the Zeal

Be Free

My First Peak

Made Her Mine

Banned

Carnal Liberation

Free Yourself

Like a Prayer (Madonna cover)

Bare to the Bones

Make Us Proud

The Tribute (Metallica, Iron Maiden, Pantera, Slayer, Megadeth, Lamb Of God)

Pleasure From Pain

Bis

Father I Have Sinned

The Dark Messiah

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Cobertura de Show: Fabio Lione – 18/05/2025 – Teatro APCD/SP

Fabio Lione encerra turnê com casa cheia e entrega noite de nostalgia e potência vocal

Encerrando a primeira etapa da turnê Symphony of Enchanted Lands, o vocalista italiano Fabio Lione passou por São Paulo com três apresentações no Teatro APCD, na zona norte da cidade. Foram dois shows no sábado, 17, e o terceiro e último no domingo, 18 de maio. Com ingressos esgotados em todas as sessões, o espetáculo celebrou um dos álbuns mais marcantes do power metal sinfônico, executado na íntegra, além de incluir outros sucessos do Rhapsody of Fire e alguns covers. A realização foi da Estética Torta.


Dogma: visual provocativo, presença morna

Não conhecia a Dogma até o barulho recente nas redes após sua apresentação no Bangers Open Air, no início de maio. Foi justamente esse buzz que despertou a curiosidade para ver o que a banda formada por cinco mulheres que se apresentam com figurinos de freiras e corpse paint tinha a oferecer no palco. A proposta visual é clara: provocar, romper com códigos religiosos, causar estranhamento. Mas ali, no palco do Teatro APCD, no último show da turnê de Fabio Lione em São Paulo, essa estética ousada não encontrou a mesma força na performance.

A Dogma passou a integrar a turnê de Fabio Lione na semana seguinte ao Bangers, acompanhando o vocalista em várias datas pelo Brasil até a reta final, em São Paulo. No show de domingo, a impressão foi de que a banda ainda buscava firmar sua presença ao vivo dentro desse novo contexto. A estética chamou atenção, mas não sustentou sozinha a conexão com a plateia, que parecia mais curiosa do que empolgada.

Num primeiro momento, a apresentação soou morna. A presença de palco era calculada, quase ensaiada demais, o que tirava parte da espontaneidade que esse tipo de show demanda. Musicalmente, a Dogma aposta em um hard rock com elementos góticos e melódicos. Embora tecnicamente bem executadas, as faixas carecem de impacto ao vivo, especialmente diante da promessa visual transgressora.

A produção da banda, que mistura elementos teatrais com simbologias religiosas e provocação sexual, chama mais atenção que o som em si. E isso acaba jogando contra, porque se cria uma expectativa de intensidade que não se cumpre plenamente no repertório nem na performance.

Ainda assim, houve evolução ao longo da apresentação. Aos poucos, o público foi entrando no clima, reagindo melhor às últimas faixas e aplaudindo com mais entusiasmo. Para quem viu a banda pela primeira vez, como eu, ficou a impressão de que ainda há um caminho a ser trilhado entre a proposta imagética e a entrega musical, algo que pode amadurecer nos próximos shows, especialmente se a banda souber usar o interesse que vem crescendo desde o festival.


Dogma – setlist:

Forbidden Zone

My First Peak

Made Her Mine

Banned

Carnal Liberation

Like a Prayer (Madonna cover)

Bare to the Bones

Make Us Proud

Pleasure From Pain

Father I Have Sinned

The Dark Messiah


Fabio Lione – Symphony of Enchanted Lands em São Paulo

O espetáculo com lotação esgotada nos dois dias em que tocou em São Paulo — dois shows no sábado, 17, e o terceiro no domingo, 18 — trouxe a turnê do álbum Symphony of Enchanted Lands cantado na íntegra, além de outros sucessos do Rhapsody of Fire e alguns covers.

Em conversas com amigos, comentamos que, embora a voz do Fabio Lione no Angra não fosse ruim, muitas vezes faltava aquele alcance e potência que ele demonstra no Rhapsody of Fire. Nesta turnê, fica claro que a voz de Lione continua impressionante. Eu, fã desde os meus 12 anos, me senti várias vezes transportada para aquelas sessões de RPG e encontros com amigos embalados por músicas de dragões e terras médias.

Fabio Lione, um front man muito simpático e comunicativo, usou todo o seu bom português durante a apresentação que durou quase duas horas. A empolgação do público foi constante do início ao fim, sem queda de ritmo ou desânimo, demonstrando a força do repertório e a conexão entre artista e fãs. Em diversos momentos, Lione interagiu e pediu ajuda do público em refrões e palmas, até desceu ao meio da plateia para cantar e interagir diretamente com os fãs, fortalecendo essa troca que deixou a noite ainda mais especial.

A banda de apoio estava afiada e empolgada, acompanhando com precisão e energia cada música, o que só elevou o nível da apresentação. O entrosamento entre os músicos era evidente, o que garantiu uma performance técnica e cheia de vigor do começo ao fim.

No entanto, uma questão que merece reflexão foi a escolha do teatro como palco para a apresentação e o estímulo, em alguns momentos, do Fabio Lione para que o público se levantasse. Muitos atendiam ao convite, mas logo se sentavam novamente. Na segunda parte do show, ficou evidente que essa empolgação vinha dos fãs, mas que infelizmente não condiz com o formato do espetáculo proposto para um teatro. Quando compramos um ingresso para um show nesse tipo de espaço, há uma expectativa por um formato que permita a todos aproveitar o espetáculo da melhor forma possível. Além disso, muitas pessoas frequentam esses locais por questões de acessibilidade ou mobilidade, o que torna essa situação ainda mais importante para reflexão.

Ainda assim, isso não diminuiu a magnitude do show, que foi magnífico e cumpriu com excelência o que prometia: uma celebração da obra do Rhapsody of Fire em uma apresentação técnica, emocionante e cheia de significado para os fãs que acompanharam o vocalista nessa turnê especial. Foi uma noite para se elogiar.

Fabio Lione encerrou a apresentação com agradecimentos calorosos e a promessa de novas turnês trazendo outros clássicos do Rhapsody of Fire cantados na íntegra. Fica a expectativa para que em breve possamos reviver essas jornadas épicas ao som da banda, em mais uma celebração da música e da fantasia.

Aguardaremos ansiosos por esses próximos encontros e novas oportunidades de mergulhar nesse universo tão particular e cativante criado por Fabio Lione e seus músicos.




Edição/Revisão: Gabriel Arruda


Realização: Estética Torta



Fabio Lione – setlist:

Epicus Furor (Rhapsody of Fire)

Emerald Sword (Rhapsody of Fire)

Wisdom of the Kings (Rhapsody of Fire)

Heroes of the Lost Valley (Rhapsody of Fire)

Eternal Glory (Rhapsody of Fire)

Beyond the Gates of Infinity (Rhapsody of Fire)

Wings of Destiny (Rhapsody of Fire)

The Dark Tower of Abyss (Rhapsody of Fire)

Riding the Winds of Eternity (Rhapsody of Fire)

Symphony of Enchanted Lands (Rhapsody of Fire)



Set 2
In Tenebris (Rhapsody of Fire)

Knightrider of Doom (Rhapsody of Fire)

Land of Immortals (Rhapsody of Fire)

The Wizard's Last Rhymes (Rhapsody of Fire)

Rain of a Thousand Flames (Rhapsody of Fire)

Lamento Eroico (Rhapsody of Fire)

Holy Thunderforce (Rhapsody of Fire)

We Are the Champions (Queen cover)

Dawn of Victory (Rhapsody of Fire)