terça-feira, 10 de agosto de 2010

Entrevista: Tierramystica e a Ascensão do Metal Latino


A banda Tierramystica tem mostrado ao longo de seus quase três anos de existência à que vieram. Formado após a saída de Ricardo Chileno (Ocarina, Charango, Violão e Vocais de Fundo) e Fabiano Muller (Guitarra, Quena e Violão) do grupo Toccata Magna (que estava recebendo ótimas críticas), a banda resolveu apostar num Metal que respeita e se orgulha de ser Latino.

A mescla de instrumentos andinos, aliados à temática das letras de cunho espiritual e dando vazão à sentimentos sobre o povo latino de antigamente e contemporâneo, tem feito com que o sexteto formado por Fabiano Muller, Ricardo Chileno, Alexandre Tellini (Guitarra, Zamponã e Violão), Rafael Martinelli (Baixo, Quena e Vocais de Fundo), Duca Gomes (Bateria), Luciano Thumé (Teclados) e Gui Antonioli (Vocal e Percussão) adquira muito reconhecimento dentro e fora do Brasil, inclusive sendo convidados à fazerem a abertura de três shows do Scorpions no Brasil, além da bem sucedida turnê com o Epica em terras nacionais.


Tivemos o prazer e honra de conversar com Alexandre Tellini, que entre outras coisas, falou da banda (e também Toccata Magna), dos shows como banda de abertura para Epica e Scorpions, além de planos para o futuro do Tierramystica.


Road to Metal: De onde surgiu o nome da banda? Quem o sugeriu?

Alexandre Tellini: O nome foi criado e sugerido pelo Ricardo Chileno. O nome sugere nossa terra, cheia de misticismos, lutas e riquezas. Porém Tierramystica não precisa necessariamente ser a nossa amada América, pode ser um lugar especial, pode até nem ser um lugar e ser um ponto específico dentro de nossas almas, um ponto ou um momento que seja ímpar, que nos faça sentir livres. É difícil explicar.


RtM: Quais os antecedentes musicais dos integrantes do grupo?

Tellini: O Fabiano Müller e o Ricardo Chileno foram os fundadores e criadores da fusão Heavy Metal e música andina. Possuíam um projeto anterior chamado Toccata Magna que acabou se dissolvendo com a saída deles (o que era óbvio, já que todos que acompanhavam a banda sabiam que eles eram os únicos integrantes que realmente amavam a fusão com a música andina, não queriam utilizá-la apenas pra dizerem que a banda possuía um diferencial). O Gui já tocou com Deus e o mundo e tem o seu trabalho na Anaxes e no Soulspell paralelamente ao Tierramystica. Já eu, o Duca, o Luciano e o Rafael já tivemos vários projetos, mas nenhum com o cunho profissional que temos com o Tierramystica.


RtM: “New Eldorado” foi o primeiro trabalho lançado pela banda. Sabe-se que houveram várias prensagens que se esgotaram. À que vocês devem esse sucesso logo de inicio?

Tellini: Uma banda deve se apresentar, e isso o Tierramystica sempre fez, desde os primórdios. Todos estão cansados de ver por aí bandas que nunca fazem shows, existem apenas por existir. Com apenas 2 meses já tínhamos uma demo na mão e uma agenda de mais de 10 shows, e quando você toca as pessoas começam a te conhecer, a se interessar pelo teu trabalho e a querer consumir a banda. No nosso segundo show estávamos tocando pra 800 pessoas num ginásio em Santa Maria, nessa ocasião vendemos todos os CD´s que havíamos levado para lá.


RtM: Tivemos a oportunidade de vê-los em três shows. Em dois deles, vocês executaram alguma música do grupo Toccata Magna, que tinha como membros Fabiano Muller e Ricardo Durán, que hoje trabalham com a Tierramystica. Vocês estão executando alguma ainda? Os fãs antigos não pedem por elas?

Tellini: Fizemos uma nova versão de “Children of the Sun” entitulada de “Winds of Hope [Suyanawayra]”. Ela ficou linda e desejamos muito executá-la ao vivo. Fora isso não existe a menor possibilidade de tocarmos alguma música da Toccata já que vemos hoje que os fãs estão completamente voltados para o trabalho do Tierramystica. “New Eldorado”, “Celebration to the Sun” e “Spiritual Song” sempre são muito pedidas. Claro que em todo show pinta alguém que já conhecia a fusão pelo trabalho anterior do Fabiano e do Chileno.

RtM: As letras das canções seguem algum tema em comum, além da temática latina/andina?


Tellini: Acreditamos na profundidade das canções... Não faz sentido pra nós colocar em uma música que vem do fundo de nossas almas uma mensagem do tipo: “beber e quebrar tudo” ou falar sobre coisas que não tem nada a ver com a nossa realidade aqui na América do Sul como vikings – fadas – duendes e etc... A galera dá valor demasiado para o que vem de fora e esquece que flauta não significa só música celta, os índios daqui já tocavam as quenas, antaras, toios, ocarinas e zamponhas.

Todas nossas músicas possuem um cunho espiritual por trás da temática latina/andina. As letras são todas muito humanas e podem significar coisas diferentes para pessoas diferentes. A maioria dos integrantes da banda já passou por muitos momentos duros na vida e isso de certa forma se reflete nas músicas, onde depositamos muita energia. Quando as músicas estão prontas elas já pedem por si só o conteúdo das letras... É incrível.

RtM: “New Horizon” marca a estréia da banda com disco completo, além de Gui Antonioli (que canta também com a Anaxes) nos vocais. Como se deu essa aproximação e a adaptação dele ao som da banda?


Tellini: Quando abrimos o show do Symphony X em Porto Alegre a Anaxes também tocou. Houve uma aproximação legal de ambas as bandas e uma excelente interação (como é raro de ver no meio do metal, a maioria das vezes por pura frescura de pessoas que só querem complicar e bancarem a famigerada figura do “rock star”). Quando estava no camarim aguardando o fim do show da Anaxes eu ouvi ele cantar e pensei: Esse cara canta demais!

Então na primeira oportunidade que tive convidei ele pra ingressar no Tierramystica e o Gui prontamente aceitou. Se encaixou perfeitamente tanto na parte musical como no jeito dele de ser, agregador, brincalhão e claro um grande adorador da música e da cultura latina.

RtM: Em relação às turnês, vocês tem sido a banda preferida aqui do RS para abrir grandes shows e turnês, entre elas os shows do Symphony X, Angra - Sepultura e a turnê brasileira do Epica este ano. Como vocês acabam sendo contatados para essas aberturas?


Tellini: Cada abertura é diferente da outra. No caso do Epica iríamos abrir apenas o show de Porto Alegre. Como o empresário deles já nos conhecia de idos tempos acabou pintando o convite pra abrir os outros 3 shows (Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro).

RtM: Como foram os 4 shows da banda abrindo para o Epica? Percebeu-se que muita gente, especialmente do sudeste, passaram a acompanhar a banda após isso.


Tellini: Esperávamos uma boa recepção do público, mas foi algo muito além disso. Vou te dar um exemplo: Ver uma casa lotada vir abaixo com a passagem andina da “New Eldorado” foi algo emocionante pra nós, ou quando os integrantes do Epica nos convidaram a subir ao palco com eles após o último show da tour no Rio e ouvimos o nome “Tierramystica” ser gritado a plenos pulmões. O público está carente de bandas novas que realmente tenham algo pra dizer, que passem uma mensagem verdadeira. As pessoas viram isso no Tierramystica e de cara se identificaram com a banda. A prova viva disso foi termos que retirar os CD´s do merchadising após o nosso show em Curitiba porque corríamos o risco de chegar em São Paulo e no Rio sem um CD na mão... Tivemos que estipular uma quantidade pra cada show. Antes dos shows de São Paulo e do Rio de Janeiro tinha gente entrando em contato conosco pelo Orkut querendo reservar a Promo. O Cohen (tecladista do Epica) assistou todos nossos shows do backstage e chegou para o Gui após o show de São Paulo e perguntou: “Como vocês fizeram isso?”.

RtM: Recentemente foram anunciados como banda de abertura da turnê de despedida do Scorpions aqui no Brasil. Isso tem alguma relação com o fato da banda Toccata Magna ter tocado no Live’n Louder que tinha como headliner o Scorpions? Como estão sendo os preparativos?


Tellini: Sim e não (risos), pois a produtora em questão é a mesma do Louder. Em contra partida creio que a aceitação do público durante as aberturas para o Epica tenha sido o principal fator pra que o convite por parte da produtora ocorresse. Quanto aos preparativos estamos trabalhando para fazer 3 grandes shows, com cenário, o “A New Horizon” na mão, camisetas e claro como não pode faltar 15 dias enfurnados num estúdio ensaiando sem parar.

RtM: Por fim, quais os planos a médio e longo prazo da banda? Novo álbum ano que vem, ou continuidade da turnê?

Tellini: O Tierramystica não pára nunca, é uma correria desenfreada desde Fevereiro de 2008. E assim será... Queremos tocar em algumas praças novas ainda esse ano pra levar nossa sonoridade para os quatro “suyos” do Brasil. Voltar para o Rio de Janeiro está nos planos também, fizemos muitos fãs por lá, mas depende de vários fatores. Queremos fazer alguns festivais no início do ano que vem e aí sim, vamos sentar, vermos o que cada um tem composto e fazer o nosso segundo álbum.


RtM: Agradecemos pela entrevista e bom trabalho para vocês! Conte com o blog Road to Metal! Obrigado.

Tellini: Muito obrigado, nós agradecemos. Parabéns pelo blog e viva a América!

Entrevista conduzida e editada por EddieHead

Fotos: Turnê de 2010 por Moita Rock, Rock Road, Abstratti Produtora e Orkut Oficial da Banda.

Myspace: http://www.myspace.com/tierramystica

2 comentários:

Pamela Dasher disse...

Demais! Banda trabalhando por um som profissional e de muita qualidade. Promete!

caco disse...

grande banda...sem mais....nota 10