terça-feira, 24 de abril de 2012

Atrocity & Yasmin: Música Sem Fronteiras e Sem Preconceitos


O Atrocity, banda alemã liderada pelo músico e produtor Alexader Krull, sempre foi uma banda sem medo de mudar ou ousar, arriscando a levar o rótulo de "Ame ou Odeie", lançando trabalhos distintos, que vão desde um Thrash/Death cru e pesado encontrados em primeiros trabalhos como "Blue Blood" e "Hallucinations" , que é um álbum conceitual sobre o uso de drogas, a um em parceria com o grupo gótico/eletrônico Das Ich, e ainda os dois "Werk 80", onde gravaram versões Metal de músicas dos anos 80!

Em 1995, no mesmo ano que lançaram o álbum em parceria com Das Ich, também veio à tona "Calling The Rain", MCD de pouco mais de 37 minutos, contando com a irmã de Alex, a talentosa Yasmin Krull, que já havia participado do álbum "Blut". A inclusão dos vocais femininos chamou bastante a atenção, pois na época, ainda não era algo tão comum, e, tanto os fãs como a banda gostaram muito do resultado, levando a produzirem um trabalho com mais músicas em parceria com Yasmin.


Em "Calling The Rain", a participação e colaboração de Yasmin foi muito maior, com a vocalista compondo e tocando flautas.

O álbum ganhou muito destaque e foi muito elogiado, trazendo canções inspiradas e predominantemente acústicas, algo bem diferente para uma banda que até então era tida como Death Metal.

Como não foi algo muito comum para a época, o estilo ali encontrado chegou a ser chamado de "Ethno Metal", claramente pelas melodias étnicas e folk. O próprio Alex declarou que achou engraçado o termo, criado pela imprensa, que geralmente tem a necessidade de rotular, até para tentar situar o ouvinte, e apesar de não gostar de rótulos, aceitou o título, pois "Caling The Rain" pode-se dizer que é um trabalho que engloba "World Music" e ritmos étnicos, então as resenhas eram bem cabíveis.

Como falamos, o álbum teve muito destaque e foi muito bem recebido, e o Atrocity passou a ser visto de uma outra forma, como uma banda sem medo de ousar e estava subindo a um outro patamar.


Os destaques do álbum são a faixa título, que também ganhou um vídeo, e tem todos os elementos que aguçaram os sentidos da cena quando do lançamento. Percussões, guitarras acústicas, flautas, cânticos folclóricos, tudo criando um clima mágico e místico; "Back From Eternity", é mais melalcólica, sem deixar o trabalho de percussões de lado, destacando o refrão, em que Alex canta em um tom grave, que deve ter servido de influência para muitas bandas de Gothic Metal, e, mostrou que sabia muito mais do que berrar furiosamente; "Land Beyond The Forest", tem guitarras plugadas e vem com mais peso, mas traz os climas étnicos e folk, no que podemos até chamar de "Folk Metal"; "Migrants' Shade", segue uma linha muito parecida com a faixa título, destacando os vocais em contraponto dos irmãos.
Uma maravilhosa pérola musical, que deixou todos com aquele gosto de "quero mais".


Após o lançamento de "Werk 80 II", Alexander decidiu que o próximo trabalho seria novamente em parceria com Yasmin, sentiu que a hora havia chegado. 

Em 2010, 15 anos depois do lançamento de "Calling the Rain", após um período de composições e gravações realizadas no "Mastersound", "After the Storm"  vê a luz do dia, trazendo, finalmente, a continuação natural daquela aclamada peça, trazendo a mesma atmosfera, porém, contando com uma produção melhor e mais madura, sem falar que desta vez, ao invés de um mini-álbum, fomos presenteados com um full-lenght.

Produzido, gravado, mixado e masterizado pelo próprio Alexander, que também escreveu todas as letras, "After the Storm" traz um apanhado de canções repletas de magia e mística, trazendo influências celtas,  envoltos em em sons acústicos, flautas e percussões.


Os vocais etéreos de Yasmin, e o tom grave e "dark" da voz de Alex, fluem em perfeita sintonia. Pode ser um CD difícil de digerir para alguém que não está acostumado ao trabalho do Atrocity, ou simplesmente por aqueles que preferem a faceta mais pesada da banda, como nos primeiros discos, mas os fãs da banda, que certamente possuem uma mente mais aberta, aprovaram, assim como fãs de trabalhos que seguem essa linha mais atmosférica, contendo influências étnicas e folk. 

A chamada para promoção do álbum dizia: "Ethno Meets Metal". Olha aí o rótulo aquele, comentado no início. Realmente, pode até ser usado para dar uma idéias da sonoridade contida no álbum, mas o que você vai encontrar é bem mais, e é daqueles trabalhos para serem ouvidos com atenção e que precisa, e merece, várias audições.


Destaques? "Call of Yesteryear", "After the Storm" e "The Otherworld" podem servir de carta de apresentação para você que não está familiarizado com essa faceta da banda, ou não ouviu o trabalho e não sabe o que esperar.

Música inspirada e sem fronteiras, e que não pare neste álbum. Em se tratando de Alexander Krull, podemos esperar, ou melhor, não sabemos o que esperar, mas que venham novos trabalhos em conjunto com sua irmã igualmente inspirada e talentosa, Yasmin Krull.

Vale lembrar que recentemente a Napalm Records lançou uma edição dupla, com slipcase, contendo os dois trabalhos em versão digipack, um belo item para fãs e colecionadores, digno da música ali encontrada, sendo que na edição remasterizada de "Calling the Rain", contida nessa edição dupla, foi incluída "Desert Land" como bônus, faixa gravada em 2000 para uma coletânea.

Texto: Carlos Garcia
Revisão: Lars Lannerback
Edição: Carlos Garcia



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