quinta-feira, 21 de julho de 2011

Entrevista: Andragonia – Eminente no Metal Progressivo Brasileiro

Banda paulista tem se destacado no cenário nacional

Um dos grupos que mais tem se destacado desde 2010 é a Andragonia, banda de São Paulo, que tem apostado numa sonoridade de alta qualidade, investindo muito em ótimas composições, técnica e divulgação.

Com conquistas na bagagem, como ser eleita uma das grandes revelações de 2010, a banda foi formada pelo trio de produtores Thiago Larentes (guitarra), Yuri Boyadjian (baixo) e Daniel de Sá (bateria), que já trabalharam com bandas pouco bem vistas pelo público Metal (como Cine e Hori), mostrando que são habilidosos também fora dos palco.

Completando o time, o professor Ricardo DeStefano nos vocais e Cauê Leitão (guitar) na outra guitarra, a Andragonia cai firme na divulgação de eu primeiro disco, o elogiado “Secrets in the Mirror” (2010), contando com ótima divulgação através de vídeo clipes oficias e muito bem produzidos.

Técnica, alto profissionalismo e músicas que realmente empolgam fazem da banda um dos principais nomes dessa nova safra de grupos que buscam “reinventar” o Metal Progressivo, mesmo mantendo as características básicas.

Sem mais delongas, confira nossa entrevista exclusiva com Ricardo, Cauê e Yuri que, muito solícitos, falaram sobre o começo da banda (não é apenas um projeto de produtores), o debut album, o sucesso de seus vídeos oficiais e, claro, o desejo de tocar em todo o Brasil (produtores, atacar!).


Road to Metal: Para começarmos, a origem da banda não deixa de ser singular. Como surgiu a idéia de produtores musicais formarem uma banda? Como foram os primeiros ensaios?

Yuri: No começo do Andragonia o único produtor musical era o Daniel. Eu o Thiago tínhamos empregos “regulares”, trabalhávamos em empresas. Então até mesmo por conta dos compromissos profissionais tínhamos um horário de ensaio bem apertado. Ensaiávamos durante a semana, à noite, só quando tinha um show ou alguém tinha alguma musica nova.

RtM: “Secrets in the Mirror” é um lançamento de muita consistência e um grande trabalho no cenário nacional. Sendo assim, quais objetivos vocês tinham com esse lançamento e como a banda reagiu à recepção tão calorosa do público e mídias especializadas?

Ricardo: Muito obrigado pelos elogios! Na verdade, desde a minha entrada na banda, nós já estávamos trabalhando na composição das faixas que faltavam para fecharmos o cd e, desde então, nós já sabíamos que tínhamos um bom material nas mãos. Restava finaliza-lo da melhor maneira possível, por isso mesmo, nós não aceleramos o processo de composição, e acabou levando na demora da finalização e lançamento do mesmo. Quando o disco foi lançado, mesmo cientes do potencial do nosso trabalho, estávamos muito ansiosos pela receptividade. A cada resenha, a cada elogio, a cada comentário, mesmo contentes, fomos cada vez mais nos surpreendendo com as notas, até porque, a cada comentário, as pessoas sempre nos apresentam considerações e comentários muito distintos uns dos outros.


Capa do primeiro disco da banda, lançado em 2010

RtM: É visível que tanto nas letras como na arte gráfica que a banda se esmera com muito profissionalismo. Quais são os simbolismos presentes na capa de “Secrets in the Mirror” e como foi o processo de criação dela?

Ricardo: De forma bem geral, quisemos colocar na capa elementos que resumissem o caos que é a narrativa do cd. Mais do que uma capa bonita, nós quisemos uma capa que chamasse a atenção e que refletisse mesmo a sensação de você estar vivendo em uma situação de profundo desequilíbrio e confusão mental.

RtM: Mantendo a escalada de sucesso, vocês logo gravaram um vídeo-clipe e esse mesmo veio a veicular tanto no Youtube quanto em canais da grande mídia como a MTV. Na opinião de vocês ainda é vantajoso para uma banda gravar vídeos clipes?

Ricardo: Vale muito a pena! Atualmente, a internet passou a ser o maior canal de divulgação de uma banda e, além da música, divulgar a imagem também é muito importante! No nosso caso, o Youtube nos ajudou demais! Até então, nós ainda não tínhamos conseguido entrar na MTV e divulgamos o vídeo de todas as formas possíveis na internet. Ou seja, conseguimos nos divulgar e trabalhar independente da MTV que, graças a deus, apareceu e ajudou a nos alavancar mais ainda.

RtM: Falando em vídeos, a Andragonia lançou dois para promover o disco. Contem-nos sobre o processo de criação e gravação dos vídeos para “Undead” e “Silent Screams”.

Yuri: O clipe da Undead foi algo bem despretensioso. Fizemos sem nenhuma grande aspiração e não tínhamos idéia de que poderíamos estar na MTV poucos meses depois. Gravamos vários takes em duas horas, pois tínhamos que devolver o teatro, então corremos contra o tempo naquele dia. O Plínio, da Pier 66, fez um excelente trabalho de edição e ficamos muito contentes. Já no clipe da Silent Screams fomos mais criteriosos. Vendo que o clipe da Undead teve uma boa aceitação, resolvemos até mesmo fazer uma “radio edit” da música pra tornar o formato mais viável. Contamos ainda com a participação do nosso amigo Toni Laet como protagonista e foi bem interessante ter um ator no clipe. Pretendemos continuar trabalhando com clipes, pois graças à acessibilidade que todos têm à internet hoje em dia, é uma boa forma de divulgar e consolidar o nome da banda.

RtM: Mas a banda também gravou um vídeo-tributo. Trata-se de uma versão pesada, claro, para o clássico “Johhny B. Goode”, de Chuck Berry. Provavelmente é uma das músicas mais regravadas, tanto que bandas como Motorhead e Judas Priest fizeram tributo ao Berry com essa canção. Mas a versão da Andragonia ficou uma releitura muito interessante. Vocês gravaram até um vídeo para ela. Nos contem de quem e como surgiu essa ideia e se pretendem regravar mais clássicos nesses moldes.

Cauê: Foi bem legal fazer essa releitura desse clássico! Procuramos tocar com a nossa pegada e dar a cara do Andragonia. A principio, gravamos para participar de uma comemoração de 85 anos do Chuck Berry, onde ia rolar um concurso e premiações. Depois, gostamos do que fizemos e aproveitamos a música, e sempre temos tocado ela nos shows onde a galera sempre responde bem. Quem sabe, mais pra frente, a gente pode fazer outras releituras de clássicos como esse, gostamos muito dessa idéia de pegar a música e interpretá-la do nosso jeito.

Cena do descontraído vídeo em homenagem à Chuck Berry

RtM: O som Andragonia pode ser considerado como Prog Metal? Porém, ao longo das faixas podemos ver influências distintas de outros elementos como Heavy e Thrash sendo assim quais são as principais influências da banda?

Ricardo: Bom, essa pergunta é curiosa mesmo. Nós mesmos temos a idéia de que somos uma banda de Prog Metal, mas temos muitos elementos que nos diferem um pouco do Prog Metal propriamente dito. Temos influências das mais diversas, tanto como grupo, como individualmente. Em linhas gerais, podemos pegar bandas como Iron, Metallica, Judas Priest, Rush, Megadeath, Journey, Gotthard, Symphony X, Freak Kitchen, Nickelback, Dream Theater, Ark, Helloween, entre muita coisa, mas muita coisa mesmo.

RtM: Uma das grandes surpresas ao ouvir esse trabalho de estréia é a participação do Bj do Tempestt. Como foi esse contato entre vocês? E quais outras bandas vocês apontariam como destaque na cena nacional?

Ricardo: O BJ é um grande amigo meu! Durante as gravações do álbum, nós conversamos a respeito de uma participação e chegamos a idéia de convidá-lo, que para nossa felicidade, ele topou na hora!
Foi uma experiência maravilhosa, não só em termos de resultado, mas como aprendizado mesmo! Foi uma grande honra poder contar com seu talento em nosso trabalho! Quanto a outra pergunta, temos muitas bandas de destaque na cena, como Shadowside, Deventter, Auras, Santarém, Hybria, Planeshift, Doxo, Caravellus, e Tempestt.

RtM: Vocês já tiveram a experiência de fazer apresentações acústicas que, com certeza, exigem certas adaptações e mudanças. Quais são as principais diferenças comparadas a um show regular? E falando em shows, como vocês definem o Andragonia ao vivo?

Ricardo: Nós nos divertimos muito trabalhando nesse formato acústico, justamente pelo que foi comentado que é essa adaptação e várias mudanças nos arranjos das músicas. Quando começamos a trabalhar nesse formato, nós não economizamos idéias mesmo! Interessante isso porque algumas músicas ficaram parecidas com as originais, enquanto outras praticamente se transformaram em novas músicas, criando uma atmosfera bem interessante para esse tipo de apresentação. Já, quando tocamos ao vivo, nós soamos mais pesados e mais agressivos do que em estúdio. Acredito que a veia mais visceral da banda contribua muito para isso, porque a nossa energia é muito forte ao vivo.

[Nota do Redator: a banda chegou a abrir nesse formato a apresentação de Anneke van Giersbergen (ex-The Gathering) & Danny Cavanagh (Anathema) na cidade de Campinas/SP].

RtM: Como foi abrir o show do Symphony X, afinal, os caras são grandes no Prog Metal mundial, e deu tempo de trocar algumas idéias?

Cauê: Foi uma experiência incrível dividir o palco com uma banda do porte do Symphony X! Gostamos muito do som deles! Em particular, o Michael Romeo é uma grande influência, então foi muito legal! Trocamos algumas idéias com eles, não muita por causa da correria do show, mais saímos de lá com a sensação de dever comprido e muito felizes pela aceitação da galera que vibrou e gritou bastante durante o show!

Banda no Via Funchal (São Paulo, Brasil) na abertura para Symphony X

RtM: Ano passado foi um ano importante para a banda. Além da gravação do primeiro disco, a Andragonia foi escolhida pelos leitores da Roadie Crew, maior revista especializada do Brasil, como uma das melhores bandas nacionais daquele ano (8º posição), revelação nacional (5º posição), além de 8º posição com melhor disco nacional e 10º como melhor show. Qual a importância disso para a banda, já que os fãs os colocaram como um dos grandes nomes do Metal brasileiro?

Cauê: Cada membro da banda já tem uma estrada na música de bastante tempo. As vezes, as pessoas podem achar que, logo com o primeiro disco, agente conseguir tudo isso pode ser meio rápido, mais não. Estamos na música há alguns anos e estamos muito felizes por tudo que aconteceu! Continuamos trabalhando duro e lutando pra conseguir cada vez mais espaço, mesmo com pouco apoio, porque uma banda de som autoral e ainda tocando um estilo como esse, pra conseguir alguma coisa tem que ser guerreira e amar muito o que faz e é o que fazemos e procuramos transmitir! Agradeço por toda a força dos fãs e podem ter certeza que o Andragonia vai lutar e buscar cada vez mais!


RtM: Quais são os próximos passos da banda agora em 2011? Teremos uma chance de ver o Andragonia no sul do país?

Ricardo: A nossa intenção é levar e tocar o “Secrets” em todos os cantos do país. A cena do Sul do país é forte, e todas as bandas que já tocaram aí comentaram. Estamos aguardando e esperando por contatos do Sul sim! Vai ser um enorme prazer tocar no Sul!

RtM: Obrigado pela entrevista. Para nós é um prazer poder falar com bandas de qualidade e que possuem um futuro de sucesso. Para acabarmos, a banda pode deixar algum recado para os leitores do Road to Metal?

Ricardo: Eu que agradeço pelo espaço e pela entrevista! Para os leitores do Road To Metal: Continuem apoiando e prestigiando as bandas nacionais. Muito obrigado a todos os fãs que tem nos apoiado!

Cauê: Galera, eu só tenho a agradecer a força de vocês! Isso nos anima, e nos da força pra continuarmos. O Andragonia está sempre lançando coisas novas, fiquem ligados! E, nesse ano, tem muita coisa para acontecer.Valeu!

Yuri: Obrigado ao Road to Metal e seus leitores por nos prestigiar! O Brasil tem muitas bandas novas no meio do metal que merecem atenção pela sua qualidade e por sua vontade de levar uma nova proposta musical ao publico. Abram os olhos! Os maiores responsáveis pela cena são vocês!


Entrevista: Harley

Introdução/edição: Eduardo Cadore

Fotos: Divulgação

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Leia nossa resenha de “Secrets in the Mirror”

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