O ano de 2012 trouxe como uma das grandes revelações da cena nacional a banda oriunda de Urussanga Santa Catarina, Symbolica que, sem medir esforços, já saiu lançando seu disco de estreia, sendo muito bem recebido tanto pela imprensa quanto pelos fãs de Heavy Metal forte, dosando melodia e agressividade, em uma produção de dar inveja e com talentos experientes.
Também pudera, reunir no mesmo grupo os guitarristas Zeka Junior e Diego Bittencourt, além do baixista Lucas Pavei, do aclamado baterista Marcelo Moreira (Almah) e do vocalista mundialmente conhecido Gus Monsanto (Adagio, Revolution Renaissance) só podia render um álbum de alto nível, “Precession” (2012), e shows enérgicos aumentando a legião de fãs.
Num verdadeiro e descontraído bate-papo, tivemos o prazer de conhecer mais sobre a Symbolica através de seus fundadores Zeka e Diego, além do sempre solícito vocalista Gus Monsanto. Confira abaixo!
Road to Metal: O Symbolica é composto por músicos bastante experientes da cena Metal, tendo passagens por diversas bandas, como Enforcer, Adagio, Burning In Hell, Alcoholic Trendkill e Revolution Renaissence. De um modo geral, enquanto compunha o “Precession”, a banda sentiu algum tipo de influência dessas bandas? Até que ponto a experiência contribui ou não para uma nova etapa, como um novo disco de uma nova banda?
Zeka Jr - Bom, quando iniciamos o trabalho de pré produção do "Precession" estávamos trabalhando com riffs, liks, trechos e passagens harmônicas e melódicas que havíamos sido criados ainda como Enforcer, porém houve bastante criação durante as prés mas ainda pensando em quem assumiria os vocais, quando os planos foram mudando e resolvemos mexer em algumas peças para formar o SYMBOLICA.
Cena do primeiro vídeo clipe oficial da banda "Enjoy the Ride" |
Diego Bittencourt – É sempre difícil começar algo do marco zero. Ainda mais que nossa proposta inicial era fazer algo diferente do que fazíamos em nossa banda anterior, o Enforcer. As nossas influências, minha e do Zeka, são um pouco diferente das bandas citadas. Sem contar que tínhamos muito material antigo onde re-adaptamos pro que acabou se tornando o disco Precession.
Gus Monsanto - O Symbolica é um trabalho totalmente diferente de todas as bandas das quais eu participei até hoje. É a mais pesada de todas e ao mesmo tempo em que eu fatalmente leve minha bagagem onde quer que eu vá, é um trabalho único, em que me coloco de maneira diferente de tudo o que eu fiz anteriormente.
Road to Metal: Diego Bittencourt e Zeka Jr. já tocavam juntos na banda Enforcer, mas como ocorreu o contato com Lucas (Alcoholic Trendkill), Marcelo Moreira (atual Almah) e Gus Monsanto (ex-Adagio, Revolution Renaissance)? Sobre Gus, fato de ser um vocalista com uma consolidada carreira internacional não os deixou receosos de receber o rótulo de projeto e não uma banda em si?
Zeka Jr. - O primeiro a ser contactado foi o Gus, através do Diego, quando gravamos a Around Us que supostamente seria um single, para posteriormente lançar o full album. Depois desta gravada em meados de 2011, Everaldo, nosso antigo baterista, decidiu pular fora do projeto, pouco antes da saída do baixista Rodrigo Zilli, então eu e Diego entramos em acordo de convidar Marcelo Moreira para gravar as baterias e posteriormente o Lucas que já era nosso conhecido e amigo daqui da região.
Diego – Estávamos numa situação desconfortável, sem vocalista. Me lembro de sentarmos e colocarmos sugestões de possíveis cantores num papel. Me lembrei de um disco do Adagio que tinha em casa, o Dominate e mostrei ao Zeka. Busquei por outros trabalhos do Gus e a ideia de ter a voz dele no disco foi ficando cada vez mais forte, tomando forma. Foi então que fiz o contato com ele e mostrei algumas demos. Tudo foi jogo rápido, em questão de dias ele já estava na nossa cidade pra gravar o que seria uma espécie de “test-drive” pra sua voz no Symbolica, e deu certo! (risos)
Gus - Topei o test-drive, (risos). Receoso, por ser muito diferente do que eu havia feito antes, mas de peito aberto... Finalmente, foi uma combinação muito acertada, tanto musicalmente como num âmbito pessoal.
Banda segue em divulgação de seu álbum de estreia com shows regulares |
Road to Metal: Lendo algumas entrevistas de vocês descobrimos que Moreira gravou tudo em três dias. Isso é um absurdo (risos). O fato dele ter um trabalho sólido como baterista do Almah é mais um benefício do que um “atrapalho” para a banda (em termos de agenda, experiência em estúdio e afins)?
Zeka Jr. - O Moreira é um músico muito experiente e profissional, e não iria colocar seu nome em um trabalho que não fosse somar para a bela carreira que ele tem. A escolha dele deve-se ao fato deste dois aspectos, já que ele já havia rodado SC anteriormente com Burning In Hell e produzindo alguns workshops. Eu acompanhei as gravações das baterias em SP e te digo que na verdade o trabalho foi gravado em 1 dia e meio (risos), ficando a outra metade do primeiro dia para timbrarmos a batera. O cara é f…!
Diego – Vejo isso como fator positivo, Moreira é um músico de longa data, com muita experiência. O fato dele tocar no Almah apesar de correr o risco de “confronto” de datas continua como sendo positivo devido ao fato da imagem que ele possui no cenário do metal nacional.
Gus- Moreira é, além de uma referência no país, em se tratando de bateria heavy metal, um super compositor e um cara MUITO engraçado. Acabei de assistir ao último clipe do Almah e rachei de rir com o Moreira, porque a vibe dele tá transparente ali!
Álbum debut lançado em 2012 e aclamado internacionalmente (resenha aqui). |
Road to Metal: "Precession" foi lançado ano passado. De lá para cá, como anda a aceitação do público e da imprensa mundial? Percebe-se que a banda tem investido na divulgação, como os vídeos clipes, shows mais ou menos regulares, promoções de merchandising, etc. Como esse investimento financeiro, afetivo e de tempo influi a aceitação do álbum?
Zeka Jr. - Sim, estamos divulgando bem o material, tanto aqui como lá fora, já enviei material para muitos países através de pedidos feitos pelos nossos contatos, quanto para distribuição principalmente nos EUA até o momento, e agora em abril eu e Moreira estivemos fazendo um trabalho de divulgação na MusikMesse, uma das maiores feiras mundiais de instrumentos, produção, gravação e afins, em Frankfurt na Alemanha e o feedback tem sido bem promissor para o próximo ano. É um investimento feito com dedicação onde logicamente espera-se frutos.
Diego – Apesar do lançamento da banda ter sido algo que podemos tratar como “grande” em suas proporções, acho que o maior retorno vem com o tempo. Começamos com o pé direito, mas temos muito caminho a trilhar. A carreira do Symbolica em pouco mais de um ano já teve conquistas importantes.
Gus - Foi um super primeiro passo. Estamos ansiosos pelo prosseguimento da jornada.
Road to Metal: Ao ouvir “Precession”, é fácil ficar impressionado com a pegada moderna, mas sem abrir mão do Heavy Metal puro, um equilíbrio muito difícil de ser conquistado. Quais bandas mais atuais chegam a ser uma influência para o Symbolica?
Zeka Jr. - Posso dizer que de minha parte quanto ao som que conseguimos com "Precession" , talvez Nevermore, os discos solo do Labrie, Allen and Lande, porém ali tem riffs arquivados de boa data (risos).
Diego – Por mais que eu escute do rock n roll clássico ao black metal, é difícil apontar nomes. No quesito instrumental eu concordo com o Zeka quanto ao Nevermore e o trabalho solo do LaBrie e adicionaria Evergrey e Testament.
Gus - Acho que o Symbolica é uma banda de Heavy Metal. Antenada, atual, mas com um sabor clássico ao mesmo tempo. Faz sentido??? (risos).
Road to Metal: Uma das curiosidades dos fãs sobre bandas com membros de várias origens é de como é a logística de shows do grupo. Falando nisso, temos a banda como oriunda de Santa Catarina, mas conta com o baterista Marcelo Moreira que é gaúcho (mas está morando em Florianópolis/SC), com o vocalista Gus Monsanto (que vive no Rio de Janeiro), por exemplo. Como fica a logística para a realização de shows? Vocês ensaiam regularmente, ou se preparam pouco antes de alguma apresentação?
Zeka Jr. - Sim a banda é oriunda de Urussanga/SC, mas o único de Urussanga sou eu, o Diego mora próximo em Criciúma e o Lucas próximo também em Morro da Fumaça, Moreira é perto, mas quanto a isso não é nada complicado quando se trata de 5 músicos com muuuitos anos rodados na área, mas devido ao fator do Gus ser o que está mais afastado, normalmente nos reunimos para ensaios poucos dias antes dos shows e fazemos uma geral.
Gus Monsanto (vocal) |
Road to Metal: E ainda falando de "Precession", como membros responsáveis pela maior parte das composições, gostaríamos que nos contassem um pouco sobre os temas abordados no álbum. Temos, por exemplo, a bela capa do disco, que traz elementos egípcios, relacionados ao espaço e à tecnologia. Contem-nos mais sobre o conceito ou conceitos do disco.
Zeka Jr. - Poderíamos aqui escrever um livro sobre o que gira no contexto do CD, mas tentando resumir, a capa e o encarte foi desenhado pela Luciana Lebel uma grande artista do RJ, com temas que enviei buscando uma conotação da influência e contato com outras civilizações desde o início da humanidade, bem como de levantar a poeira para o que vem acontecendo no mundo há muitos séculos, um final de era, buscando alertar sobre isso tudo, sobre o que a fé cega sem contestar, e mostrar que as respostas estão dentro de cada um sem seguir religião alguma, com o apoio da ciência e sim descobrir sua potencialidade como Humano hominal em busca do cyborg, do homem máquina e da potencialidade do Humu Futurus. E Innuendo fechou perfeitamente com o contexto do CD.
O baterista Marcelo Moreira |
Diego – Invertemos a questão lírica no Symbolica. Antigamente eu quem escrevia a maior parte das letras. Nesse disco devo ter escrito apenas uma sozinho e umas outras três em parceria. Acho a proposta lírica que o Zeka apresentou muito forte e ele tem total conhecimento no assunto.
Gus - Até escrevi algumas coisas com o Zeka, mas foi meramente colocar cerejas no bolo que ele já havia começado a fazer muito bem.
Road to Metal: O álbum “Precession” possui uma temática muito interessante envolvendo a devastação da humanidade o domínio das máquinas em um mundo de caos. Como vocês chegaram nesse conceito e a sonoridade se adaptou à temática e por isso tem elementos mais modernos ou na realidade os arranjos já estavam prontos e o conceito veio depois?
Zeka Jr. - O conceito do álbum já estava girando neste tema, porém alguns trechos das letras foram feitos durante as prés e a grande maioria foi trabalhado 2 meses antes da gravação do álbum.
Road to Metal: Em recente entrevista para a Roadie Crew, Zeka falou do desejo em realizar uma turnê europeia com alguma outra banda. Há algum plano alinhavado? Se pudessem escolher, qual banda que gostariam de excursionar juntos?
Zeka Jr. - Estamos estudando algumas propostas e avaliando os custos dos investimentos para essa tour, mas dizer quais bandas gostaríamos de excursionar é bem difícil (risos) pois há grandes nomes no mercado do Metal atualmente, o que for para acontecer vai acontecer ;)
Road to Metal: Agradecemos pela ótima entrevista. Este espaço final está livre para mensagens de vocês.
Zeka Jr. - Gostaria de agradecer ao pessoal da road to Metal que tem sempre apoiado nosso trabalho, aos fans que compraram o CD, curtiram as mídias e foram aos shows e aqueles que ainda não tiveram essa oportunidade solicitem ao promoter mais próximo de vocês para entrar em contato com o SYMBOLICA, para que possamos fazer um metal aí para vocês. Stay Heavy \m/
Diego – Muito legal fazer esse bate-papo e compartilhar algumas curiosidades sobre o Symbolica, obrigado a todos!
Gus - Tudo de bom e obrigado por estarem conosco!
Entrevista: Eduardo Cadore e Renato Sanson
Revisão/edição: Eduardo Cadore
Fotos: divulgação
Acesse e conheça mais sobre a banda
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