segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Entrevista: Brutal Morticínio Uma das Atrações do 1º Underground War Fest
O blog Road to Metal esta cobrindo os preparativos para a primeira edição do esperado festival de death/Black Metal promovido pela agência Metal Army. Trata-se do Underground War Fest, a ocorrer no dia 16 de outubro de 2010 na cidade de Ijuí, no Rio Grande do Sul. Você pode conferir demais informações aqui no blog.
Enquanto o festival não vem, tivemos a honra de conversar com a banda Brutal Morticínio, de Novo Hamburgo/RS, uma das principais atrações do festival. O grupo formado atualmente por Tormento nos vocais, Mielikki no baixo, Tyrant na Guitarra e a participação especial de Mephistopheles na bateria, é um dos grandes nomes da cena gaúcha, tendo tocado inclusive em São Paulo e apresenta um Black Metal característico cru e sem frescuras, cantado em português.
Nessa entrevista, Tormento conta mais sobre a banda, sua fundação e trajeto, a cena Black Metal do sul, bem como sobre o incrível debut do grupo e sua proposta temática, além das expectativas em participar do Underground War Fest. Confira!
Road to Metal: Primeiro gostaríamos de agradecer a disponibilidade da banda em responder à algumas perguntas. O blog Road to Metal busca sempre que possível destacar as bandas do underground nacional.
Dêem um panorama geral de como surgiu a banda e suas influências musicais e ideológicas.
Brutal Morticínio: Saudações a todos do Road to Metal, primeiramente gostaríamos de agradecer o espaço que tem dado as bandas do metal extremo do RS e em especial a Brutal Morticínio.
A horda surgiu em 2006, na cidade de Novo Hamburgo no Rio Grande do Sul, o nome foi escolhido com base nas mortes causadas pelos invasores cristãos na América. Propomos, ideologicamente, a redenção dos costumes tribais de nossos ancestrais indígenas, logicamente, adaptados aos novos tempos e a expulsão total dos elementos cristãos. As nossas letras retratam exatamente isso. A lembrança dos guerreiros que tombaram na batalha contra os opressores cristãos e o ódio ancestral que sentimos por esta sociedade estruturada na hipocrisia e na mentira.
Quanto à musicalidade propomos um estilo de metal negro, na linha old school como Sarcófago, Hellhammer e Darkthrone, ou seja, buscamos sempre uma sonoridade ríspida, direta e sem frescuras.
RtM: Vocês começaram como um trio, partindo algum tempo depois para um quarteto. Como se deu essa mudança?
BM: A horda, desde a sua fundação em 2006, passou por várias alterações, atualmente contamos comigo Tormento nos vocais, Mielikki no baixo, Tyrant na Guitarra e tem a participação especial de Mephistopheles na bateria.
As mudanças ocorreram por circunstâncias diferenciadas, conhecíamos Tyrant a algum tempo e queríamos dar mais peso com uma segunda guitarra, por isso foi integrado a horda. Durante algum tempo nos estabelecemos com um quinteto Tormento nos vocais, Mielikki no baixo, Tyrant na Guitarra, Mephistopheles na outra guitarra e Dark Beherit na bateria.
Entretanto tivemos alguns problemas de horário e outras para manter aquela formação. Permanecemos por algum período apenas eu Mielikki e Tyrant, quando em comum acordo com Mephistópheles resolvemos fazer estas apresentações, e desta vez ele novamente na bateria, agora como um quarteto.
RtM: Quais foram/são as maiores dificuldades para uma banda de Black Metal na região de vocês?
BM: A cena da região do vale dos Sinos infelizmente é bem pequena e conta com poucas bandas reais, a cena do RS como um todo é muito boa e vasta, as melhores hordas concentram-se, em nossa opinião, na Serra. Há algumas bandas que realmente são importantes para o metal extremo que são do vale dos sinos, mas citarei as que são de nossa convivência a Serbherus, a Movarbru, Sombriu,e a Imortal Perséfon, Podemos dizer que são quase inexistentes zines circulam por aqui e o número é ainda menor dos que são produzidos na região,o que dificulta a circulação das idéias e do propósito das hordas. Acho que as maiores dificuldades são, sobretudo para divulgação, pois na região são pouquíssimos os lugares que abrem as portas para o metal extremo, e outra característica marcante das hordas da região é de que fazemos o som em português, e por isso ainda encontramos ainda mais portas fechadas. Gostaria de deixar claro, estas são as maiores dificuldades, poderiam ser outras, porém somos intransigentes em nossos princípios e jamais faríamos mudanças a fim de nos adaptarmos a padrões. Pois temos uma postura, cada um de nós tem suas próprias idéias, mas estamos juntos tocando, justamente pelos aspectos quais possuímos em comum em nossas convicções.
RtM: Em 2008 lançaram o álbum "Despertar Dos Chacais; O Outono Dos Povos". Vamos dedicar um tempo a ele. O título é forte e marcante. Qual a mensagem que querem passar com ele e quem sugeriu tais títulos?
BM: A idéia geral do álbum era de fazer uma homenagem aos ancestrais guerreiros que morreram na guerra contra a invasão européia sobre a América. Os temas principais do álbum são ligados ao anticristianismo, resistência/revoltas, bem como nossa percepção diante dos fatos históricos relacionando-os aos momentos presenciados hoje. Buscamos trazer a tona o questionamento a respeito do covarde morticínio causado pelos invasores, enfatizando a presença sim de resistência em muitos povos da América, ao contrário do que é na maioria das vezes é colocado. A forma que tratamos destes aspectos representa nosso pensamento, o importante para nós em nossas letras é a sinceridade, a arte para ser negra deve ser sincera.
A idéia sobre o título foi minha e de Mielikki, é uma representação sobre o final de um modelo, de um ciclo para os povos da América. Os nossos ancestrais sofreram frente a estes chacais há 500 anos. A única alternativa honrosa, para nós povos da América é resistirmos a este modelo a esta religião maldita, não é simplesmente nossa ideologia é nosso dever histórico.
RtM: Em relação às letras, o grande diferencial da banda é apostar em músicas na língua portuguesa. Por que dessa escolha?
BM: Como eu havia mencionado antes a proposta da horda é fazer um metal extremo e primitivo voltado, sobretudo para os verdadeiros guerreiros da América do Sul. O idioma reflete a nossa realidade, pois falamos de nossos ritos, guerras e revoltas, entretanto isto saiu de forma espontânea, não quer dizer que não venhamos a fazer algum som em inglês, espanhol ou outro idioma, mas continuaremos majoritariamente fazendo as letras em português.
RtM: Sabemos pelo Myspace da banda que a crítica de vocês ao cristianismo vai além do que as bandas de Black Metal costumam fazer. A posição contrária de vocês é muito bem fundamentada, criticando a tomada das terras nativas brasileiras pelos cristãos europeus. Falem um pouco sobre essa temática. Ela estará sempre presente nas composições futuras do grupo ou apenas no álbum citado?
BM: O Brutal Morticínio surgiu para falar sobre estas questões, da cultura revolta e guerras do RS, Brasil e da América Latina. Podemos citar algum tema um pouco diferenciado em nossas futuras letras, entretanto ele terá em maior parte de suas composições os temas que lembrem esta chacina realizada na colonização da América e toda a nossa revolta e sentimento de vingança sobre isso. É uma questão de honra e de compromisso.
RtM: Muitas vezes vamos com certo preconceito ouvir bandas independentes. Não é mais meu caso, mas confesso que me surpreendi muito positivamente com o trabalho do grupo. Destaco “A Escuridão Me Conforta”, “Estúpido e Podre Homem-Branco-Cristão” e “E a Morte Triunfa...”. Gostaria de saber quais músicas do disco vocês costuma m tocar ao vivo e quais os que acompanham a banda curtem mais?
BM: Ainda sobre o álbum, agradecemos a colocação que fez, pois pensamos em cada detalhe na produção do artefato, ordem dos sons, layout da digipack, construção das intro’s, enfim.... Buscamos fazer o som e um material voltado as origens do metal negro. Sobre as músicas no momento trabalhamos em algumas composições novas, que soam um pouco mais melancólicas, mas paradoxalmente são mais rápidas e ríspidas. Estas novas músicas temos exibido nos últimos shows, além é claro das antigas que foram gravadas no despertar dos chacais...
Os sons que a galera tem mais curtido são A Morte Triunfa, A Eterna Marcha da Devastação e Estúpido e Podre Homem Branco cristão, é gratificante ver que algumas vezes os guerreiros que estão no público sabem as nossas letras, é muito legal pois é uma resposta positiva e de certa forma uma aceitação à nossa expressão, bem a nossa dedicação ao underground da América Latina.
RtM: O blog Road to Metal está cobrindo a primeira edição do Underground War Fest, que acontecerá em Ijui/RS na noite de 16 de outubro deste ano. Quais as expectativas da banda para se apresentar no festival, visto que contará com outras bandas de respeito e até mesmo uma atração internacional?
BM: Estamos com uma grande expectativa para este grande evento que ocorrerá em Ijuí, a escolha das bandas foi perfeita! Além disso dividiremos o palco com amigos e bandas quais já tivemos algum contato, como o pessoal da Abate Macabro, Ancient Ritual, Dark Torment, Southern Warfront, entre outras. Como eu mencionei exibiremos alguns sons novos e as músicas do Despertar dos Chacais... Levaremos em torno de umas cinco horas e meia de Novo Hamburgo, onde partimos, até Ijuí, o que será um atrativo extra e é sempre legal tocar pelo interior do RS.O pessoal aqui também está entusiasmado com o show, pois será uma noite de metal negro, como há tempos não ocorre. Principalmente se tratando de um evento como dito com uma atração internacional que já esteve no país, apreciamos, porém a maioria aqui não conseguiu prestigiar.
RtM: Deixamos nossos agradecimentos e esperamos ansiosos pela banda no Underground War Fest. Vocês tem um espaço para deixar uma mensagem à quem acompanha o blog. Valeu!
BM: Gostaríamos, mais uma vez de agradecer o espaço que dedicou a Brutal Morticínio, também ao destaque que tem dado em seu blog para a nossa horda. É sempre um prazer responder as entrevistas dos zines blogs e demais propagadores do metal extremo que realmente entendem do que estão falando e procuram se interar sobre os temas que estão sendo abordados.
Longa vida ao Road to Metal nos vemos em Ijuí
Força e Honra
Para conhecer melhor sobre o Brutal Morticínio:
No Myspace
No Orkut
No Twitter
Confira o vídeo clipe oficial de "Estúpido e Podre Homem Branco Cristão":
Estúpido e Podre Homem Branco Cristão
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