sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Metallica: Biografia Intimista Relata a História da Banda




Escrever biografias deve exigir muito trabalho e dedicação, mesmo para quem está acostumado a desenvolver tal modalidade de escrita.

É o caso de Paul Stenning, autor de “Metallica: All That Matters (A História Definitiva)”, obra que saiu este ano no Brasil pela editora Benvirá.

Já conhecido pelos trabalhos como biografo de outros grandes nomes do Rock, como Iron Maiden e AC/DC, Paul traz um retrato intimista da banda de James Hetfield e Lars Ulrich, desde a infância dos mesmos, com especial destaque dessa dupla, até a chegada da banda ao Rock and Roll Hall of Fame, em 2009.

Os 4 jovens tomando o mundo com seu som rápido e pesado

Quase 400 páginas foram o bastante para que, após a leitura, pudéssemos sair sabendo de coisas muito importantes vivenciadas pelo grupo da Bay Area, definitivamente nos mostrando que o sucesso não vem sem muito suor e trabalho.

Percebe-se que Stenning tem uma notória admiração por James, retratando-o como uma pessoa de grande personalidade, que enfrentou uma infância repressiva (seus pais seguiam a chamada Ciência Cristã), passando pelo seu abuso de álcool (dando a entender que realmente a banda mais bebia do que propriamente fosse usuária pesada de drogas ilícitas), tanto é que a edição brasileira traz James na capa.

Cliff Burton, morto em 1986
A tradução para a língua portuguesa deixa o texto de fácil entendimento, não causando aquela impressão presente em alguns trabalhos de que você não entendeu o que acabou de ler, embora seja identificado alguns erros gramaticais, mas nada que comprometa a obra, em absoluto.

Interessante também o livro nos localizar no contexto sócio histórico dos anos 70 e 80, época crucial para o surgimento do Thrash Metal, ainda classificado como Speed Metal pelos norte-americanos.

Das beberragens e mudanças de formação (e, sim, fala-se de Dave Mustaine, atual Megadeth, sendo perceptível que Paul não gosta dele), à primeira turnê europeia (graças aos contatos do jovem dinamarquês Lars), da onde veio o roubo do equipamento e o frio e a fome, superados para seguir-se aos lançamentos, cada vez mais maduros, de “Ride the Lightning” e “Master of Puppets”.

Mas, definitivamente, um dos pontos marcantes dessa história, foi a morte do baixista Cliff Burton. É de emocionar os depoimentos da banda, amigos e pais de Cliff, além do relato fiel do que aconteceu naquele dia trágico durante a turnê pela Suécia, quando o ônibus da banda tomba, jogando o querido e talentoso baixista na pista, esmagando-o e matando-o:

Relato do acidente que matou Burton é um dos pontos mais emocionantes da obra

“No quarto de hotel, Hetfield demonstrou sua raiva e dor da única forma que conhecia – com violência. Berrando o mais alto que conseguia, estilhaçou duas janelas do quarto. Assim que chegaram, todos foram beber – apesar de ainda ser cedo, de manhã – em uma tentativa desesperada de bloquear a dor e o choque.
James Hetfield, que se sentia o mais próximo de Cliff, lidou com a perda como se fosse uma mãe chorando a perda de um filho. Saiu às ruas de Copenhague, na região do hotel, e, inebriado pela bebida, começou a gritar pelo amigo morto. Mais tarde, Kirk contou: ‘Quando ouvi aquilo, comecei a chorar’”.

Paul aproveitou para tecer comentários a cada lançamento, como se escrevesse resenhas dos discos, mas tudo dissolvido dentro do texto claro e coerente, fazendo a leitura fluir com rapidez e interesse.

Paul considera positiva a fase "Load" e "Reload" da banda, na 2º metade da década de 90

A chegada de Jason Newsted, o tratamento desleal que a banda lhe dava, relatado pelos próprios músicos remanescentes, mostram uma faceta tranquila e talentosa do baixista, que deixou a banda, por não aguentar o fato de não poder colaborar nas composições, culminando com a entrevista polêmica para a Playboy norte-americana e a luta de Lars contra a Napster.

Interessante também é acompanhar um pouco do que aconteceu para o nascimento perturbador de "St. Anger" (2003), verdadeira bizarrice na história da banda, até sua recuperação com "Death Magnetic" (2008) e sua coroação no Rock and Roll Hall of Fame.

Em 2009, Jason se reúne com o Metallica para entrar para a história reconhecida do R&R
Minha intenção não é oferecer um resumo da obra, mas indica-la obrigatoriamente aos fãs da banda e também àqueles que desejam saber um pouco mais sobre esse movimento (com foco na banda, claro) que foi o Thrash Metal norte-americano tomando o mundo aos acordes da banda.

Stay on the Road

Edição: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação



Ficha Técnica
Livro: Metallica: All That Matters (A Biografia definitiva) 
Autor: Paul Stening
Ano: 2012
Editora: Benvirá

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