quinta-feira, 29 de novembro de 2012

KISS: 13 Anos de Espera e Mais um Show Memorável na Capital Gaúcha!


"You Want The Best, You Got The Best! The Hottest Band in the World: KISS!". Essa frase poderia parecer um tanto pretensiosa, mas o tempo e os fãs acabaram por confirmar e dificilmente alguém discordaria hoje, que a famosa frase de abertura dos shows dessa verdadeira lenda, pois pode-se contar nos dedos da mão quantos grupos são capazes de levar ao público um espetáculo tão completo.

A última passagem da banda por terras gaúchas foi em 1999, no Jóquei Clube em Porto Alegre, arrastando cerca de 20 mil fãs, sendo que na época a banda estava na tour de divulgação do "Psycho Circus" (1998), contando com telões com efeitos em 3D, além da formação original com Peter Criss e Ace Frehley e abertura dos alemães do Rammstein, proporcionando um espetáculo memorável, então os fãs do RS aguardavam com ansiedade um retorno.

Pois bem, após confirmado os shows da banda no Brasil, passando por Porto Alegre dia 14/11/12, foi-se criando grande expectativa, e notava-se a empolgação do público, que chegou a tomar um susto devido a troca do local do show, inicialmente marcado para o estádio do São José (popular Zequinha), ao ar livre, favorecendo o tipo de espetáculo da banda, foi alterado para um local fechado, o Ginásio do Gigantinho, também com capacidade menor de público. Muitos temiam por um show menor e desfalcado da grande maioria dos efeitos de palco, tirando parte do brilho do espetáculo.

A produtora publicou nota garantindo que a equipe da banda aprovou o local e que não haveria qualquer decréscimo no show. Porém a produtora não contava que com a mudança de local, poderia prejudicar alguns bangers em especifico, como as pessoas portadoras de necessidades especiais, como o nosso redator Renato Sanson, que é cadeirante.

Todos sabem que o Gigantinho não tem a minima acessibilidade, sendo que quando foi anunciado o show no Zequinha, teria a área especial para pessoas com deficiência, mas transferindo ao Gigantinho isto seria nulo. Ainda na chegada nos deparamos com mais um problema, mesmo credenciado para cobrir o evento, nosso colega Renato foi barrado para ficar na tal "área de imprensa", por ser cadeirante.

Vale ressaltar que, na verdade, a área de imprensa não pode ser utilizada pelo pessoal credenciado, pois a produtora deixou apenas o fotógrafo deles com acesso a área, sendo que quem estava credenciado teria que ficar na pista VIP (outra palhaçada que inventaram), sendo que a mesma estava lotada, e estava quase impossível se locomover, ou até mesmo respirar, principalmente para quem ficou mais à frente.

Com todos esses problemas, a área destinada as pessoas com deficiência  era no minimo ridícula, pois era um palanque no fundo do Gigantinho, onde você não tinha acesso, tinha que ser posto lá em cima, sem poder descer, pois o tal local, não era adaptado, mas vale ressaltar a ajuda dos bombeiros que estavam no local fazendo a segurança, pois fizeram a gentileza de colocar nosso Roader Renato nas cadeiras laterais, onde conseguiu pelo menos ver o show. Com tantas adversidades e amadorismos, infelizmente este é o tal país da Copa, que ainda não consegue ter o mínimo de acessibilidade para as pessoas.

Chegado o grande dia, centenas de fãs de todas as idades, muitos apresentando pinturas com as tradicionais máscaras do grupo, alguns chegaram a ter queimaduras do sol, devido a ansiedade de conseguir o melhor lugar possível, chegando muito cedo e sem a devida proteção.

Após um atraso quanto ao horário previsto para a apresentação e alguma confusão na entrada do público e na entrada do pessoal credenciado para cobrir o evento (mostrando mais alguns problemas, que, como os demais, não ficaram bem explicados, parecendo que a produtora não estava preparada para um evento desse porte, mas, felizmente, nada de muito grave ocorreu), entramos no ginásio por volta das 19:30h, já notando que o palco não estava completo, principalmente a plataforma que o Paul canta "Love Gun", quando é transportado por cima do público, mas essa já desconfiávamos, devido ao espaço no gigantinho.

Com muito atraso e poucas explicações, já passado da hora prevista para o início do show principal, pouco mais das 21hs, o Rosa Tattooada sobe ao palco para fazer o show de abertura, enquanto eles não entravam no palco, o público se distraiu vaiando a produção e assistindo os técnicos do Kiss ainda arrumando alguns detalhes, inclusive com alguns pendurados numa altura bem razoável!


Os gaúchos do Rosa Tattooada mostraram a nova formação e desfilaram seu competente Hard Rock, servindo para aplacar um pouco a revolta e o cansaço da espera. Bem recebidos pelo público, na maioria, lógico, gaúchos, mas tinha gente de vários estados, aproveitou o fator local, agitando a galera com canções conhecidas, como seu principal "hit" "O Inferno Via Ter Que Esperar", a qual o vocalista Jacques Maciel pediu um presente para o público, já que a banda estava completando 24 anos de estrada (teve uma galera que fez algumas piadinhas maldosas!), solicitando a todos que cantassem com ele a música, no que foi atendido com muita empolgação, deixando a banda emocionada.


Fim da abertura e mais espera, vindo a informação da produção que devido a parte do equipamento da banda ter ficado retida no Paraguai, o show iria atrasar mais um pouco!! Mais uma vez muitas vaias e ficamos a assistir o vai-e-vém dos técnicos, descendo as estruturas para ajustes, inclusive montando a plataforma usada na abertura. Cansado, o público já chiava, mas a espera e a fadiga valeriam a pena.


Aos primeiros acordes de "Rock and Roll" do Zeppelin nos alto-falantes, já sabíamos que a hora estava finalmente chegando. A movimentação atrás do pano que cobria o palco já agitou o público, e logo em seguida, todos berraram com todas as forças (que pareciam reestabelecidas) a famosa frase: "You want the best...", o pano desce e diante do incrível novo palco, todos já ficam em êxtase, e, como se fosse possível, o alvoroço foi ainda maior quando os quatro mascarados surgiram! Gene Simmons, Paul Stanley e Tommy  Thayer descendo do alto, aos primeiros acordes de "Detroit Rock City", em uma plataforma, como se fosse uma nave espacial, ou algo do tipo, e Eric Singer, na plataforma da bateria, tudo recheado com muitas luzes e explosões!!! 


Realmente impressionante o espetáculo proporcionado, era visível a empolgação e a alegria nos rostos dos presentes, alguns vendo a banda pela primeira vez, e, vale ressaltar, pessoas de todas as idades, inclusive crianças.

Sem tempo para entender se o que estava acontecendo era real, "Shout it Out Loud" é também cantada a plenos pulmões pelo público, enquanto, ao mesmo tempo, tentava observar tudo que ocorria no palco, pois os caras, destacando, claro, Paul Stanley e Gene Simmons, esbanjam carisma, correndo pelo palco, Tommy está muito bem e Eric a toda hora fazia malabarismos com as baquetas, e, somado a isso, o palco fantástico, com um telão gigantesco ao centro, e várias telas menores ao fundo, além claro, dos efeitos pirotécnicos e luzes incríveis. É um espetáculo sonoro e visual sem igual no Rock And Roll!


Paul Stanley estava bastante rouco, porém, com toda sua experiência tirou isto de letra, em nada prejudicando sua performance, já que em muitos momentos o público cantava por ele, assim como o entrosamento do grupo, que sempre dava aquela ajuda nos backing vocals nas horas certas. Aliás, falando em entrosamento, é incrível também a coordenação dos movimentos ensaiados entre os membros, inclusive a equipe responsável pelos efeitos, pois juntamente com alguns movimentos dos músicos, vários efeitos eram acionados. 


Após a terceira música, "Calling Dr Love", é hora de tocar pela primeira vez para o público brasileiro uma das novas, o primeiro single do álbum "Monster" (2012), "Hell or Halleluja" é bem recebida, sendo cantada por muitos presentes. "Wall of Sound", mais uma das novas, também agradou, sempre com os telões mostrando imagens relacionadas a música que está sendo tocada, além de imagens do público presente, que a esta altura era só sorrisos, sendo que os mais felizardos que estavam mais a frente, puderam pegar palhetas jogadas pelos músicos, as quais serão um belo souvenir desta grande noite.


"Hotter Than Hell" foi um dos grandes destaques, com todos novamente cantando junto com a banda, e os efeitos foram impressionantes, com os telões e telas mostrando chamas, e também chamas verdadeiras que eram expelidas, com o calor batendo nos nossos rostos, inclusive até o pessoal da arquibancada disse que sentiu o vapor, deixando o clima literalmente "Hotter Than Hell"!!!

"I Love It Loud", como era de se esperar, foi cantada a plenos pulmões também. Uma dos grande hits da banda, do álbum "Creatures of the Night", que trouxe a tour da banda pela primeira vez ao Brasil, em 1983, que a plataforma da batera era em forma de tanque de guerra! "Outta This World", mais uma das novidades, seguindo um estilo bem Kiss clássico também, serviu para Tommy fazer o tradicional solo, seguido dos efeitos com a guitarra soltando fogos do headstock, quando somente o guitarrista e Eric ficaram no palco, e este, por sua vez, também pegou uma bazuca, para delírio da platéia, efetuando disparo de fogos!



Depois era a vez de mais um dos momentos já tradicionais, "God of Thunder", com a famosa encenação de Gene, que cospe "sangue" e iluminado por luzes esverdeadas, proporciona um espetáculo visual que assusta muito mais que vários grupos de Black Metal (opinião compartilhada por muitas pessoas!).

Mesmo que a parte em que ele é içado à estrutura tenha sido suprimida, com certeza foi memorável para quem viu ao vivo pela primeira vez e, mesmo para quem já viu, é sempre impressionante como ele encarna o personagem!


"Psycho Circus", muito ovacionada, é o último dos clássicos criados pela banda e já se torna obrigatória nos set-lists; "War Machine", que a banda dedicou ao seu "exército", que já era pesada, ficou ainda mais, tocada com afinação mais baixa; "Love Gun" trouxe o gigantinho à baixo, sendo outro dos pontos mais altos, e é daquelas músicas que o refrão teimam em grudar horas na cabeça, aliás, o Kiss é especialista nisso, pena que também não teve o voo de Paul por cima do público, onde ele vai parar em uma plataforma no meio da pista (não sabemos direito se foi por causa das condições do Ginásio, como espaço e altura, ou pelo atraso da liberação dos equipamentos na fronteira);

Em seguida, Paul Stanley aparece solitário no palco, e começa a dedilhar "Stairway to Heaven", brincadeira que ele já vem fazendo há um bom tempo, em seguida perguntando se o público quer ouvir uma música do Kiss. Começa então a tocar a intro de "Black Diamond", que é cantada em uníssono, e o "Starchild" então pede para que repitam com ele o trecho novamente! Emocionante! Ou seja, outro momento que todos esperam, mas que é sempre emocionante, ainda mais estando ali, participando.

Quando a música chega em sua parte mais bombástica, na parte cantada por Eric, onde a plataforma de bateria é elevada sob muitas luzes, explosões e fumaça, o público parecia que iria invadir o palco! Realmente, os caras sabem dar espetáculo, não canso de repetir, e as luzes, os efeitos e os telões desse novo palco estão realmente incríveis!


Pausa para um fôlego e chega o encore final, começando com "Lick it Up", talvez o maior hit da fase "desmascarada" e onde adotaram aquele visual bem Glam, tendo ainda uma citação ao The Who durante a música, com a banda tocando um trecho de "Won't Get Fooled Again". Sem tempo de respirar, "I Was Made For Lovin' You", cuja versão atual é menos "disco" e mais Hard, fez todo mundo cantar, como era de se esperar, e a apoteose final, com "Rock and Roll All Nite", foi algo realmente inesquecível, uma mistura de emoções, pois, apesar da alegria e fascinação por aquele momento, com cerca de dez mil vozes cantando junto, luzes e explosões, chuva de papel picado, sabíamos que estava chegando o final.


Em  meio a muita fumaça, papel picado, explosões e luzes, Paul ameaça quebrar a Gibson Explorer que empunhava, a cada movimento do "Starchild", girando a guitarra como se fosse despedaçá-la, era detonada uma explosão em perfeita sintonia, até que Paul finalmente parte o instrumento golpeando-a no chão, para delírio da plateia. Após a banda se despedir, agradecer e deixar o palco ovacionada, demorou um tempo até todos acreditarem que realmente tinha acabado, pois ninguém queria sair dali, até que nos conformamos e saímos, tendo ao fundo, no telão, a frase: "Brazil, KISS Loves You", todos felizes de ter participado dessa festa inesquecível e memorável que só o Kiss é capaz de proporcionar, e minimizando e até esquecendo alguns deslizes da produção, que, com certeza, não devem se repetir em outros eventos. (Veja abaixo vídeo feito pelo Road Team em meio a festa do final)



Agradecemos a Hits e Débora Tessler
Fotos: Edu Defferrari, Ton Müller e Road to Metal Team
Texto: Carlos Garcia e Renato Sanson

Acesse aqui a fantástica galeria de fotos feitas por Ton Müller.

Set List

Detroit Rock City
Shout It Out Loud
Calling Dr. Love
Hell Or Hallelujah
Wall of Sound
Hotter Than Hell
I Love It Loud
Outta This World
(Solo de guitarra e bateria - Tommy e Eric)
God of Thunder
Psycho Circus
War Machine
Love Gun
Black Diamond

Encore:
Lick It Up
I Was Made For Lovin' You
Rock and Roll All Nite




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