Esqueça tudo que você tinha em mente quando pensava em Black Metal, pois de Duque de Caxias/RJ vem uma banda que tem ganhado muitos créditos no underground. Com nome Velho e formada em 2008 dá jus ao nome, pois a primeira impressão que o som do grupo te passa é que realmente soa “velho”. No mais novo lançamento “Senhor de tudo/Vida longa ao Primitivo” (2013) a banda nos leva de volta aos anos 80, lembrando aquela explosão de raiva que Venom e outros grupos do gêneros causaram na época.
O álbum, que é dividido em duas partes, uma gravada em 2012 produzido por Rafael Lopes e a outra parte gravada em 2009 produzido por Luiz Henrique Queiroz, trazem temáticas arrepiantes com letras que te levam para um outro patamar, falando de mortos-vivos, misantropia, histórias macabras cantadas em português, todas escritas pelo guitarrista Thiago Caronte exceto a musica “Coma Induzido” escrita por Valéria Teneba, guitarrista na primeira fase da banda onde foi gravado "Vida longa ao Primitivo".
Lado A: “O Senhor de Tudo!” (Gravado durante o segundo semestre de 2012)
O CD já começa com riffs impressionantes, na música “Uma trilha sem pegadas” mostra realmente o que eu já tinha citado sobre as letras, uma história macabra que envolve mortos-vivos, sacrifícios e toda a crueza do som que faz essa música digna de abrir um disco. A rapidez entra em ação na segunda faixa intitulada “O poder é real”, o interessante que ela é rápida, os pratos do baterista Thiago Splatter não param quietos em nenhum instante, e mesmo com a gravação soando “velha” a letra é inteiramente audível, realmente é uma composição espetacular pra quem aprecia velocidade.
Bom, “Perto dos portais da loucura” é um petardo, uma das melhores que já ouvi nos últimos tempos, mostra toda a influência Punk que a banda tem, os riffs são geniais, a condução é muito levada a sério na bateria, colocada nos momentos exatos, sem exagero, sua letra é de longe a menor e melhor que já vi, na hora do refrão eles compuseram um riff que fica na sua cabeça, só existe uma palavra para descrever: GENIAL!
Aquele estilo “gélido” das bandas europeias de Black Metal do fim dos anos 80 inicio dos 90 é encaixado com muita sabedoria na faixa “Senhor de Tudo”, é uma composição não muito longa, mas bem executada tem uma consistência forte, sem quebradas chatas.
Lado B: “Vida longa ao Primitivo” (Gravado em outubro de 2009)
Nessa segunda parte do álbum, o som é diferente do primeiro, ainda soando aquele lance bem misantropo, mas de uma forma variada, na faixa “O Único Caminho” a banda conseguiu mesclar aquela rapidez com partes mais lentas, sua letra de total desprezo com a humanidade conseguiu começar esse “Lado B” do CD muito bem.
As letras de insanidade são postas com bastante força nessa segunda parte, isso se nota em “Newton misantropo”, que fala de um homem louco, insano a ponto de se suicidar, “-mas é um amigo meu” diz Thiago Caronte, guitarrista e vocalista do Velho. A música é bem rápida com viradas sensacionais na bateria e destacando o baixo que é bem audível nessa faixa.
“A Mesma Velha História” é uma bela mostra do que eu acho sobre bandas que fogem dos clichês típicos do gênero, quem ouve esse som sabe que ela é extrema, mas extrema de uma forma muito diferente, é um extremo “anos 80”, não tem como ouvir esses riffs sem passar um momento “retro” em sua mente.
“Mais um ano esfria” é uma das mais interessantes da segunda parte do álbum é de uma agressividade “monstra” no vocal, cantada com muita raiva, os pedais duplos não param, é realmente sensacional, tem uma levada bem suave na guitarra, mas a mistura colocada deixa ela muito forte e agressiva.
“Coma induzido” é a única composição que não é escrita pelo guitarrista Thiago Caronte, e sim pela guitarrista Valéria Tenebra que fez parte da primeira formação da banda, essa música começa com um ritmo bem cadenciado, com bastante quebras de ritmos, oras é cadenciado, oras extrema e isso a deixou muito interessante, sem ficar maçante e enjoada.
Para quem pensa que terminou é só deixar o CD rolando que logo começa uma “faixa escondida”, um baita cover da conceituada banda de Black Metal Norueguesa Darkthrone, a música é muito conhecida dentro dos fãs do estilo, em grande classe o Velho fecha o CD com “Under a Funeral Moon”.
Para quem não conhecia agora não tem desculpas para não ouvir, sua sonoridade pode não agradar todo mundo, mas o mundo do underground agradece por mais esse petardo.
Texto: Patrick Souza
Revisão/edição: Renato Sanson
Fotos: Divulgação
Ficha Técnica
Banda: Velho
Álbum: Senhor de Tudo/Vida Longa ao Primitivo
Ano: 2013/2009 Respectivamente
País: Brasil
Tipo: Black Metal
Selo: Cianeto
Formação do “Senhor de Tudo” e atual:
Thiago Splatter (Bateria)
Rafael Lopes (Baixo/Vocal)
Thiago Caronte (Guitarra/Vocal)
Formação de “Vida longa ao Primitivo”:
Thiago Splatter (Bateria)
Valéria Tenebra (Guitarra)
Thiago Caronte (Guitarra/Vocal)
Raphael Fonseca (Chaos) (Baixo)
Tracklist
01 Uma trilha sem Pegadas
02 O poder é Real
03 Perto dos Portais da Loucura
04 Senhor de Tudo
05 O Único Caminho
06 Newton Misantropo
07 A mesma Velha História
08 Mais um Ano Esfria
09 Coma Induzido
(Bônus Track – Under a Funeral Moon/Darkthrone - cover)
Acesse e conheça mais a banda
Ouça "Vida longa ao Primitivo" aqui.
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