quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Iced Earth: Para Espalhar a Praga

Estamos diante de um dos melhores trabalhos em 30 anos de banda

Desde que Stu Block entrou no Iced Earth, substituindo a verdadeira voz da banda, Matthew Barlow (hoje no Ashes of Ares), o grupo tem encontrado novamente seu caminho, ampliando sua legião de fãs e tocando em muitos países pela primeira vez, como no Chipre, onde rendeu até mesmo o DVD ao vivo “Live In Ancient Kourion” (2013).

Stu Block (vocal) mostra seu lado mais agressivo e grave em novo disco, sem usar quase agudos

Mas a grande expectativa estava voltada para o sucessor de “Dystopia” (2011), anunciado em 2013 e que sai no próximo dia 6 de janeiro com o nome de “Plagues of Babylon”. E podendo ouvi-lo já há alguns dias, uma certeza surge: Jon Schaffer (guitarra e backing vocals) e banda se superaram!

Com o aperitivo já dado no EP “The Plagues” (confira resenha aqui), o Iced Earth já mostrava que estava com um álbum muito pesado nas mãos, provavelmente o disco mais agressivo, em todos os sentidos, da carreira que completa 3 décadas de história neste ano que começa agora.

A formação que gravou o disco, ainda com o brasileiro Saini (último à direita)

Como de praxe, algumas mudanças na formação entre o disco anterior e este novo lançamento não foram capazes de desestabilizar a banda, já que Freddie Vidales (baixo) e Brent Smedley (bateria), este considerado clássico na banda, deixaram o grupo durante as turnês do “Dystopia”.

Para “Plagues of Babylon”, a chegada do novo baixista Luke Appleton e do baterista brasileiro Raphael Saini (que apenas gravou o álbum e participou de uma turnê, sendo substituído por ninguém menos que Jon Dette) caíram como uma luva, mostrando que Schaffer sabe selecionar os melhores para acompanhar a banda e, dessa formação que segue com Troy Seele nas guitarras, nasceu esse que é o primeiro grande lançamento de 2014 e, certamente, o veremos nas listas de melhores de 2014 daqui 12 meses.

São canções de grande peso, com riffs bastante carregados, cavalgados, como sempre, pelo talento do líder nato Jon, que com muita gana está numa de suas melhores fases de inspiração, pois na década passada passou por momentos em que estava mais interessados em compor discos com enredos complexos, esquecendo de caprichar nas seis cordas. Neste, parte do disco segue a saga iniciada em “Something Wicked This Way Comes” (1998), noutra parte traz canções avulsas.

Com o carro-chefe “Plagues of Babylon” iniciando este futuro petardo, você já se impressiona com a postura atual do grupo, que retorna a flertar de muito perto com o Thrash Metal, sem falar em letras carregadas, cuspidas e escarradas, na melhor forma feita por bandas de Metal extremo. E a primeira coisa se evidencia e que será comprovada ao longo do álbum: Stu Block, que exagerava nos vocais agudos no disco anterior, aqui praticamente os deixou de lado, utilizando-os aqui e acolá, em pontos bem estratégicos, o que deu espaço para o melhor da sua voz, que é o timbre grave e rasgado.

A formação que sairá em turnê mundial, com o renomado Jon Dette (ex-Slayer, Testament, Exodus) à esquerda

“Democide” vai colocar brilhos nos olhos dos fãs mais antigos da banda, já que ela parece ter sido tirada das gravações de “Burnt Offerings” (1995) e vai mantendo o pique dado pela faixa de abertura, sem deixar a velocidade de lado, com interpretação marcante de Stu, a bateria de Saini que parece que vai derrubar paredes merece sempre menção, pois foi um trabalho primoroso. Se faltava uma faixa para acompanhar “Violate” nos shows, esta deverá ocupar seu lugar.

E enquanto você já está impressionando e com a certeza que as duas faixas até agora já valeriam o disco todo, você toma outra bofetada: “The Culling”. Que faixa, meus amigos! Mais cadenciada que as anteriores e com grande melodia no refrão (lembrando a fase mais recente do grupo), certamente irá agradar os fãs, no disco e ao vivo também. 

Ainda não havia mencionado, mas “Plagues of Babylon” é um disco com algumas participações especiais, como Michael Poulsen (Volbeat), Russel Allen (Symphony X, Adrenaline Mob) e Hansi Kursch (Blind Guardian), este último companheiro de Schaffer no projeto Demons and Wizards e que aqui participa de várias faixas em backing vocals e a principal dela é “Among the Living Dead”, já lançada no EP, e que também massacra os pescoços de qualquer headbanger que se preze. Ouça e se impressione com os gritos de Hansi!

“Resistance” parece sido tirada do álbum “Framing Armageddon” (2007), porém trazendo Stu cantando bem grave. Uma boa faixa. Já a seguinte, “The End?” é, quem sabe, o ponto máximo do disco, com seus mais de 7 minutos, além de ser a faixa mais longa do trabalho, mostra a capacidade de ousadia do grupo que, com a experiência que esse nome tem, não é de surpreender. Depois da faixa-título, minha canção favorita.



Como não poderia deixar de ser, há sempre espaço nas composições da banda para as chamadas “baladas Heavy” e é deste disco aquela que, provavelmente, poderá concorrer com clássicas como “I Died For You” e “Watching Over Me”. Falo de “If I Could See You”, já presente no EP e nos shows da banda, é o momento mais bonito do disco. Na linha, mas com menos brilho, ainda temos “Spirits of the Time”, que, na verdade, é regravação do projeto de Schaffer Sons of Liberty e podia ter ficado de fora do disco (quem sabe presente no EP apenas) e “Peacemaker”, esta uma ótima canção, mas ainda aquém das demais do disco.

Das composições que, se não se destacam como outras, tornam o álbum sólido, com maior heterogeneidade, há “Chtulu”, onde temos vocais limpos de Stu e um clima mais sombrio, assim como “Parasite” que, de algum modo, me remeteu aos grandes sons do “Horror Show” (2001).

A versão de luxo traz o cover de “Highwayman”, da banda de próprio nome, e é aqui que a banda encontra Russel e Michael, além de que Schaffer lidera os vocais. São apenas 3 minutos, mas que como bônus veio a calhar.



“Plagues of Babylon” me impressiona ainda mais do que o fez seu antecessor, cumprindo uma antiga promessa do próprio Schaffer, que falou que a banda superaria a si mesma com o novo disco e a verdade se confirma neste incrível trabalho. Agora, com uma turnê mundial por iniciar (apenas um show no Brasil, em São Paulo, em 23 de março), a praga chamada Iced Earth deve, finalmente, se espalhar por todo o mundo e a banda alcançar o patamar de um dos maiores nomes da cena dos últimos anos! Eu já sou fã e este trabalho só reforçou isso. Ouça com sangue nos olhos!

Stay on the Road

Texto/edição: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: Iced Earth
Álbum: Plagues of Babylon
Ano: 2014 
País: EUA
Tipo: Heavy/Thrash Metal
Selo: Century Media

Formação
Jon Schaffer (Guitarra e Backing Vocals)
Stu Block (Vocal)
Troy Seele (Guitarra)
Luke Appleton (Baixo)
Raphael Saini (Bateria)



Tracklist
01. Plagues Of Babylon
02. Democide
03. The Culling
04. Among The Living Dead
05. Resistance
06. The End? 
07. If I Could See You
08. Cthulhu
09. Peacemaker
10. Parasite
11. Spirit Of The Times
12. Highwayman
13. Outro

Acesse e conheça mais sobre a banda

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