terça-feira, 23 de outubro de 2012

Entrevista: Save Our Souls





Bandas com vocalistas femininas tendem a gerar um certo pré-conceito, com algumas pessoas esperando uma sonoridade já rotulada como Gothic ou Symphonic Metal, deixando pouco espaço para a inovação.

A banda gaúcha Save Our Souls não caiu nesse papo e, desde seu EP “Find the Way”, tenta mostrar uma mescla entre o Metal Progressivo e o Metal Sinfônico, mesmo que rotular a banda acabe limitando a dimensão do grupo formado por Melissa Ironn (vocal e teclados), Marlon Lago (guitarra), Andrêss Fontanella (bateria) e Jackson Harvelle (baixo).

Para contar um pouco sobre sua história, as aberturas para nomes importantes como Soulspell Metal Opera e Paul Di’anno, além do futuro show como open act do Nightwish na capital gaúcha (evento da Urânio Produtora) que acontece dia 09 de dezembro, falamos com a vocalista e o guitarrista do grupo, num papo que você confere agora.

Banda em busca de visibilidade

Road to Metal: Ao apresentar uma banda com uma frontwoman, logo o rótulo “Gothic Metal” é o mais evidente, entretanto, ao ouvir a sonoridade da banda, é possível identificar outros elementos como Prog, Heavy e até mesmo Thrash Metal. Como vocês definem a sonoridade da Save Our Souls?

Melissa Ironn: Realmente as pessoas costumam rotular bandas com vocal feminino, principalmente com a presença de teclados mais melódicos. Mas a Save Our Souls busca um diferencial através do equilíbrio de tudo o que cada um de nós tem dentro de si. Todos nós temos nossas influências e cada integrante tem suas particularidades e é isso que nos diferencia de outras bandas, afinal não somos um grupo de fãs de determinado estilo, mas cada um tem seu estilo e juntos conseguimos mesclar tudo isso numa medida que não evidencia nem mais isso nem mais aquilo, formando uma atmosfera única da banda, a identidade da Save Our Souls. Em geral nosso som se tem influências nesses estilos heavy e trash metal, prog e uma linha mais melódica também em função dos vocais e teclados, mas sem perder a força e o peso de riffs mais crus e ousados que não encontramos todo dia em bandas com uma frontwoman, de fato.

Marlon Lago: É bem o que a melissa falou. Nós procuramos sempre pegar a melhor intenção de cada um, e fazer esta mescla de sonoridades este é o nosso diferencial, cada um com suas influências em estilos que podemos dizer totalmente diferentes e que juntos formam o som da S.O.S, o rótulo não adianta, vai ter sempre, não estou lembrando quem nos falou este rótulo uma vez, mas sei que ficou “Gothic Prog Metal”.

A tecladista/vocalista Melissa
RtM: Abertura de shows não é uma novidade para a banda, afinal de contas, vocês já tem no currículo grandes nomes como Hangar, Souslpell e Paul Di’anno, porém sabemos que a missão de uma banda de abertura nunca é fácil pois parte do público esta lá pela banda principal. Como vocês trabalham essa questão?

Melissa Ironn: Ser banda de abertura é algo muito intenso, pois envolve um grande trabalho de preparação para que a gente possa oferecer o melhor. Mas o fato é que ser banda de abertura não é fácil porque na verdade quando você é uma banda de abertura, você está aproveitando um espaço extremamente reservado onde as pessoas estão lá para ver seus ídolos. Por isso nem sempre você pode contar que vai tocar pra tantas pessoas quantas as que compraram os seus ingressos, porque muitas costumam ir ao local do show pouco tempo antes da banda principal, e nem podemos ter tantas expectativas quanto à receptividade do público, pois a galera nem sempre agita tanto quanto todo mundo enquanto banda gostaria, porque é lógico que as pessoas que estão lá, guardam suas energias para a atração principal.

O mais importante de tudo é ser profissional, no sentido de manter o foco no trabalho, na qualidade e nunca exagerar nas expectativas, afinal a vida não é um Guitar Hero (risos), a gente não pode achar que vai subir no palco e imediatamente cativar as pessoas como num passe de mágica e se tornar um ídolo. A banda de abertura tem que ser profissional, segura e realista para enfrentar tudo o que envolve esse momento.




Marlon Lago: Tentamos sempre manter o foco no trabalho, não pensando em sair de lá grandes e reconhecidos na rua (apesar de já ter acontecido e ter sido muito legal), o próprio show do Paul Di’anno tinha uma expectativa bem grande pelo menos de minha parte, pois iriamos tocar para um público que foi lá ver o primeiro vocal do Iron [Maiden], Heavy Metal! E chega uma gurizada tocando uma mistura de vários estilos com uma mulher no vocal, mas no fim foi ótimo, foi o primeiro show de abertura da banda e podemos considerar que foi muito boa a receptividade do público.  

RtM: Ainda citando aberturas, a SOS será open act do Nightwish em Porto Alegre/RS (evento da Urânio Produtora). Qual a expectativa para esse show e atual formação da banda finlandesa agrada vocês?

Melissa Ironn: Já fazem alguns meses que nós estamos bastante ansiosos por isso (risos), principalmente agora com a nova formação, nós acreditamos que isso vai acabar trazendo um público ainda maior para o show. E isso com certeza vai nos beneficiar, pois lá nós teremos um grande e importante espaço para mostrar o nosso trabalho, estamos trabalhando muito pra isso.

Somos muito gratos por essa oportunidade concedida pela Urânio Produtora e estamos fazendo de tudo pra tornar esse momento único e especial.

Banda durante show de abertura para o Kamelot

Marlon Lago: Nervosiiiismo!!!! (risos) Mas é um frio na barriga bom, sabe. Podemos dizer que vai ser a maior abertura que fizemos até agora, e de todos os shows que fizemos creio que seja o público que mais tem a ver conosco.

RtM: A banda possui certo reconhecimento dentro da cena underground gaúcha, sobretudo, especialmente por terem tocado no interior. O grupo se apresentou em Ijuí/RS em 2010, sendo uma total novidade para a região, mas arrancou bons elogios. Como moradores da capital, o que podem dizer da cena e público do interior? Na ocasião, tivemos um público reduzido, devido ao período do ano e ao local onde foi realizado o evento ao lado de Soulspell e Tierramystica.

Melissa Ironn: Bom, eu preciso ser bem franca nessa resposta... Foi notável a diferença entre o público que nós encontramos no interior do estado e o público aqui da capital. As pessoas lá em Ijuí, e acredito que em outro locais no interior, elas valorizam muito mais as atrações que lá ocorrem, afinal não é todo dia que acontecem shows de rock e metal por lá. Em Ijuí nós fomos muito bem recebidos, conquistamos alguns fãs que imediatamente nos procuram para nos cumprimentar, elogiar e tirar fotos, e foi uma sensação incrível de missão cumprida, sabe? Isso não acontece todo dias aqui na capital. É claro que não estou desmerecendo o reconhecimento que nós já tivemos aqui na capital, como na abertura do Kamelot, por exemplo, aquela foi uma noite incrível, vendemos muitas cópias do nosso EP, muito mais do que esperávamos (risos) e as pessoas demonstraram carinho e respeito por nós. Mas aqui na capital ainda existe um certo distanciamento, principalmente com bandas como a nossa que ainda estão percorrendo um longo caminho pelo reconhecimento, e isso fica mais evidente nos shows de abertura e de bandas nacionais, como foi naquele caso, é sempre um grande desafio esse tipo de evento. As casas de show realmente lotam aqui na capital por atrações internacionais e o foco do público é principalmente nelas.

Marlon Lago: O show de Ijui foi muito... é... show! (risos), descemos do palco, pessoal pedindo para tirar foto e durante o show do Tierra e da Soulspell também pessoal continuava querendo tirar fotos... nossa! Público muito louco (no bom sentido). 

RtM: Ouvindo as músicas da SOS, é fácil a identificação de todo um cuidado com a composição e arranjos. Poderiam comentar um pouco como é o processo de composição da banda?

Melissa Ironn: Bah, isso é até meio difícil de explicar (risos)! Bom, na nossa formação, desde o início estivemos presentes eu, o Andrêss Fontanella (baterista) e Marlon Lago (guitarrista e back vocals). Quando começamos a compor nossas primeiras músicas, éramos muito jovens e ainda não tínhamos noção do que realmente queríamos e nem de onde estávamos nos metendo (risos)! 

Não é fácil compor uma boa música, na verdade convivemos o tempo todo com dúvidas a respeito disso, pois não escrevemos somente para nossa satisfação, mas também para as pessoas, um público alvo. E na hora de compor colocamos as cartas na mesa e se inicia o jogo! Geralmente algum de nós traz alguma ideia, seja de letra, um riff de guitarra, uma melodia de voz, etc. Não existe fórmula de compor! Na Save Our Souls tudo acontece muito naturalmente. A partir do primeiro “esboço” mantemos o foco em cima do que esperamos daquela nova música e assim começamos a trabalhar e dar forma a ela até a hora de todo mundo tocar, olhar nos olhos um do outro e dizer “essa música tá ficando foda, cara!” (risos). É simples assim, compor pra nós trata-se de colocar pra fora a música que toca dentro da gente, só que num trabalho em equipe e devo dizer até que é um trabalho em família, pois é assim que nos sentimos hoje e isso facilita muito essa conexão que nós temos uns com os outros na hora de compor.

Marlon lago: Isso é bem estranho mesmo. Já tentamos em uma ocasião, sentar e todos dentro de uma sala tentar bolar um riff e iniciar ou dar continuidade a uma musica... mas não adianta, é em estúdio, no ensaio que acontece... temos certo pelo menos duas musicas que eu e o batera estamos tocando algo por tocar e simplesmente acabou virando uma música, mas como a Melissa falou, muitas vezes é trazido uma letra uma melodia no teclado e a partir dali começa o trabalho.

Primeiro registro da banda em EP

RtM: Já fazem três anos que saiu o EP “Find the Way”. Visto hoje, como vocês avaliam esse trabalho e o mesmo atingiu o resultado na mídia que vocês esperavam?

Melissa Ironn: Exatamente, já faz um tempinho... Na verdade aquele foi o nosso primeiro trabalho de estúdio, a gente não sabia nada (risos)! Foi realmente uma experiência, mas no final nos rendeu bons frutos. É claro que hoje nós pensamos que temos músicas muito melhores do que aquelas, e acho que a cada novo trabalho nós vamos pensar a mesma coisa, isso é normal! Mas todo trabalho vale a pena, e apesar de ter sido um trabalho tão inexperiente, conseguimos expor nosso trabalho em diversos blogs e sites e inclusive tivemos boas oportunidade de execução ao vivo, como as aberturas que fizemos, por exemplo, e que nos renderam boas críticas e excelentes releases.

RtM: Melissa Ironn divide os vocais e os teclados na formação da banda. Vocês já pensaram em anexar um tecladista para deixar Melissa mais livre nos vocais? E a propósito, a banda está com formação estabilizada e fixa?

Melissa Ironn: Na verdade eu sou tecladista muito antes de ser vocalista! Toco desde muito pequena, tinha apenas 5 anos de idade quando toquei minhas primeiras melodias no teclado, o canto surgiu mais tarde... Mas eu só me sinto completa na Save Our Souls fazendo as duas coisas, porque essa sou eu, entende? Não consigo me ver sendo apenas mais uma com um microfone na mão e tão pouco deixar de me expressar através do canto. A Save Our Souls já nasceu assim com uma vocalista/tecladista e mesmo com vários comentários sobre isso, não temos pretensão de colocar um tecladista na banda para que eu possa cantar livremente, mesmo porque é exatamente assim que eu me sinto livre.

Quanto à formação da banda, nós tivemos a grande felicidade de encontrar nosso mais novo integrante no início deste ano, que é o nosso baixista Jackson Harvelle e devo dizer que agora nos sentimos realmente completos. Não que outros que integraram a Save Our Souls não tenham feito um bom trabalho, pois é claro que fizeram e somos muito gratos por isso! Mas agora a sensação que nós temos em relação a essa nova formação é que a banda nunca esteve tão completa e tão forte.

Marlon Lago: Quanto a teclado/voz, já recebemos este tipo de “crítica” por pessoas que nos apoiam e nos ajudam exatamente pelo que você citou, a liberdade da Melissa nos vocais... e tenho que admitir que há alguns anos atrás cheguei a pensar nisso e concordar com as pessoas, porém hoje já mudei este conceito.....velho, a guria toca teclado que é um diabo!(risos) até de olhos vendados treinamento ala Daniel Sam já rolou (risos)! E não vejo outra vocalista no lugar dela em qualquer uma das situações, seja o teclado ou a voz.... já não seria mais a S.O.S, quanto a formação está firme e forte.

RtM: Quais são os planos para esta reta final de 2012? Teremos um debut álbum completo da SOS?

Melissa Ironn: Temos um show marcado para o dia 03 de novembro em São Leopoldo, será uma espécie de aquecimento para a abertura do Nightwish que faremos dia 09 de dezembro. Nesse show vamos apresentar nosso trabalho além de alguns covers pra animar a galera!

Passados os dois shows, cairemos direto no estúdio no iniciozinho de 2013 para iniciar a gravação do nosso debut álbum, que inclusive já tem todas as composições e já estamos trabalhando na arte da capa. A previsão de lançamento é ainda no primeiro semestre de 2013, mas vai depender do andamento do trabalho, por questões de produção, mixagem, masterização e burocracias a parte.

RtM: Obrigado pela entrevista, boa sorte no show com o Nightwish e gostaríamos que deixassem algum recado para os leitores do Road to Metal.

Melissa Ironn: Nós que agradecemos o convite, é sempre bom ter um excelente espaço como esse pra mostrar um pouco mais da gente que as pessoas às vezes não conseguem ver.

E aos leitores da Road to Metal, estão todos convidados ao show do dia 03 de novembro na Embaixada do Rock em São Leopoldo, e também não percam o show de abertura que faremos dia 09 de dezembro junto ao Nightwish, não deixem de conferir que com certeza vai valer a pena! Contamos com a presença de todos nesses shows!

Abraços a todos! 

Entrevista: Luiz Harley
Edição/revisão: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação

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