quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Resenha de Shows: RS Metal Union Prova que o Underground Tem Força

RS Metal Union obteve sucesso na sua 1º edição


Mesmo com uma chuva chata que ameaçava deixar os headbangers em casa, Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre/RS, teve uma noite de muito Metal underground em 29 de setembro.

Imortal Perséfone abriu o evento de forma apática e sem empolgar o público ainda pequeno

Fechando o mês, 5 bandas foram escaladas que representam uma parcela do Metal extremo da região, já que a proposta do RS Metal Union, capitaneado pelo nosso Road member Renato Sanson e por João Henrique (Metal Celebration), era justamente esta: celebrar o underground gaúcho na sua forma mais extrema.

E o Bar do Adão estremeceu com a Imortal Perséfone, grupo de Black Metal que iniciou os trabalhos dessa noite, que por pouco não fora cancelado, já que o (ir)reponsável pelo som avisou, poucas horas antes, que não compareceria com seu equipamento, o que exigiu da dupla de organizadores verdadeira manobra para que o festival acontecesse, o que atrasou um pouco o seu início.

Assim, a Imortal Perséfone tocou para um público muito tímido e restrito, pouco empolgando e, pelo que se viu, destoando bastante em relação às demais bandas que, estas sim, agitaram o público. Se a banda foi prejudicada por fazer a abertura? Quem sabe, mas a verdade é que fica difícil “agitar” em um show onde a própria banda fica imóvel, numa tentativa de soar “macabra” que, para algumas pessoas, chega a beirar o ridículo. Mas estaria sendo injusto em dizer que ninguém gostou, pois algumas pessoas se postaram a frente do palco e bateram cabeça, afinal, há gosto para tudo.

Evil Emperor "agredindo" com seu Death Metal furioso

O festival começa a tomar a forma merecida quando a Evil Emperor (menos pose, muito mais som) sobe ao palco e com seu Death Metal brutal, faz tremer a base e coloca finalmente o público maior a agitar aos comandos do simpático vocalista Rodrigo Volkweis, que à certa altura, pula do palco e passa a cantar no mesmo nível do público). O grupo desfilou canções e seu debut álbum “Evil Emperor”, já resenhado aqui e que, sem sombra de dúvidas, figurará entre os maiores clássicos do underground extremo gaúcho de todos os tempos.

Com a Evil Emperor o massacre dos pescoços começaram e, posso dizer, não batia cabeça tanto há um bom tempo. Os riffs certeiros e empolgantes de Rikardo Schoroeder mostraram para quem quis ver (e ouvir) que Death Metal pode ser o som mais brutal da face da terra, sem precisar apelar para outros subterfúgios, sem falar no massacre direto da bateria de André Rodrigues, seguido sempre por Rodrigo Linn no baixo.

A 3º banda destoava bastante das demais, tanto que o próprio vocalista da CxFxCx comentou que sentia-se honrado de estar dividindo o palco, pela primeira vez, com grandes nomes do Metal extremo gaúcho. Mas, mesmo que a sonoridade do grupo fosse diferenciada (uma postura e sonoridade que remete ao Crossover Thrash norte-americano dos anos 90), a banda agitou muito em cima do palco, com letras em português que te convidam à reflexão, além de muito headbanging, pois o grupo, com seus 21 anos de história, esbanja energia e era difícil ficar parado, além de que havia várias pessoas que sabiam cantar suas músicas, algo admirável de se ver e mostrando que a CxFxCx possui fãs de todas as idades.

CxFxCx levou à galera aos mosh em quase todas as músicas

Talvez a banda mais esperada, a Sacrario estava marcando presença, acompanhando as demais bandas e sempre sendo lembrada pelos grupos anteriores e o público, sedento pelo Thrash Metal dessa lendária banda, mal podia esperar quando Gustavo Stuepp (baixo), Everson Krentz (bateria), Fabbio Weber (guitarra e vocal) e Ricardo Lemos (guitarra) subiram ao palco, já tarde da madrugada (por volta das 4 horas).

No detalhe, Éverson detonando na bateria e Gustavo no baixo

Mas se as pessoas sentiam o cansaço, este se dissipou aos dedilhados iniciais de “Prelude to the End”, seguida da faixa-título do mais recente álbum da banda, “Beyond the Violence” (2012), que à exemplo das duas bandas anteriores, também gerou mosh pits, mas estes, com certeza, mais intensos e empolgantes, até as meninas entraram junto, pois o Thrash Metal rápido e incisivo da canção não exige menos do que isso do público.

Seguiram-se pedradas atrás de pedradas e o headbanging rolava solto, em músicas como “Urban Assault” (também do disco deste ano), “Stigma of Delusion” (do álbum de 2010 de mesmo nome), “Empire of Lies” e “Drug Addiction” (ambas do “Catastrophic Eyes”, de 1999) e, para não quebrar o ritmo, dois covers clássicos na sequência, fazendo quem ainda estava parado, saltar junto no mosh pit: “Bonded by Blood” (Exudos) e “People of the Lie” (Kreator). Aliás, a banda estava divulgando seu EP edição limitada que estava á venda durante o evento também, e que traz a versão em estúdio para o clássico do Exodus já citado e mais três faixas.

Infelizmente, devido ao atraso do evento, a banda teve que reduzir um pouco seu set, restando apenas mais a trinca “Merciless Tyrant” e “Dead in Human Form”, fechando a divulgação de “Beyond the Violence”, um dos melhores lançamentos do ano, sem sombra de dúvidas e, como não podia deixar de ser, “God Against God”, que possui vídeo clipe e serviu como uma despedida em alto nível dessa grande apresentação e que fez valer os 500 KMs viajados por este redator para conferir essa grande festa.

Grupo divulgou novo EP e o álbum "Beyond the Violence"

Mesmo que todo mundo moídos após o massacre das bandas, ainda pudemos conferir, não sem certo prejuízo pelo fato de algumas pessoas terem ido embora e todos estarem cansado, a banda Steel Grinder, que fez bonito, mesmo que com um som alto demais, que ora ou outra deixava o vocal sem condições de entender. Mas a mensagem a banda passou: tocar o mais puro Heavy Metal tradicional oitentista.

Banda Steel Grinder fechou o festival perto do amanhecer

O saldo final deste festival foi mais que positivo, afinal, apesar das dificuldades que o underground enfrenta, foi importante ver a participação na raça e na força tanto das bandas quanto do público, este prestigiando todas as bandas, curtindo, revendo os amigos e estabelecendo novos contatos. Nós do Road to Metal nos sentimos honrados de termos participado desta primeira edição que, temos certeza, não será a única. Além disso, dos festivais underground sempre saímos com muitas histórias para contar e isso só consegue quem o vive.

Stay on the Road

Fotos: Road to Metal (proibida a utilização sem citar a fonte)

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